A Year In Paris escrita por Luisa di Ângelo


Capítulo 4
Sob as estrelas


Notas iniciais do capítulo

Oooi!! Desculpem a demora, mas essa semana era semana de provas.

Muito obrigada a Bruna Uzumaki e a ZChan pelos reviews XD

E muito obrigada meesmo a vick664, minha nova beta linda e maravilhosa *-* Ela tirou os erros, alem de me obrigar a escrever (Sem ela o cap so sairia semana que vem) e me deu ótimas idéias *-*



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Eu simplesmente fiquei um minuto inteiro ali, olhando. Subitamente minha audição estava melhor, e eu ouvia tudo o que eles diziam, mas nada da musica.

"Ryler, você sabe que eu não fiz aquilo por querer..."– repetia o cara, insistentemente se desculpando e pedindo outra chance.

"Não, Liann! Você sabe o que fez? O quanto já me machucou? Eu não vou te dar outra chance. Me solta."

“Não estou te obrigando a ficar aqui. Você pode sair quando bem entender. Só estou te beijando, isso não o impede de sair. Vamos, doce, só uma chance..."– Dizia o menino, Liann.

“...”

Não sei por que, mas me incomodou ele não responder. Só sei que tudo voltou: De repente, a musica estava alta demais, as pessoas esbarrando em mim estavam muito irritantes, o calor era insuportável e o suor que cobria todo o local era nojento. Eu tinha necessidade de sair dali. Com Ryler.

– Com licença. - Disse, cutucando grosseiramente o ombro de Liann.

– O que foi?! – Respondeu, claramente irritado, virando os olhos castanhos em minha direção. Assim que ele viu minha altura, e o olhar que eu usava - que nem eu sei qual era - se afastou uns centímetros de Ryler. Ele aproveitou para sair dali e se esgueirar para o meu lado.

– Aaron? – Perguntou, olhando de mim para Liann rapidamente e repetidas vezes.

– Ryler, eu queria ir embora, acho que não estou bem. Não sei onde é a saída.

– OTIMO! Eu também queria sair, vamos, por aqui. – Disse, puxando a minha camisa e me arrastando dali, se afastando do loiro o mais rapido que podia. Logo saímos por uma porta, em direção a rua. Ele não parou de me puxar até chegarmos na esquina. E mesmo assim, ficou olhando pra trás, ofegante.

– O que foi? – Perguntou, vendo que eu o encarava.

– Nada.

– Lógico que foi algo, você disse que estava mal e queria sair. O que foi? – perguntou, erguendo uma sobrancelha. Droga!

– Eu... Er... Estou com dor de cabeça. – Respondi.

– Hmm... Deve ser o barulho. Eu conheço um lugar que é bem legal, vamos lá, no caminho agente compra um remédio. - sorriu.

Disse, e me puxou para um ônibus. Eu nunca andara de ônibus, mas parece que ele estava acostumado, porque tirou um bilhete único* da carteira e passou na catraca. Depois ficou olhando pra mim com uma cara de pastel.

– Eu não tenho dinheiro. – respondi. Ele abriu um sorriso pequeno e passou o bilhete pra eu passar. Ele se sentou no banco e eu fiquei em pé. Embora ficasse olhando a todo o momento para as pessoas sentadas, procurando o tal de Liann, acho, a viajem foi tranqüila. Passamos por uns três pontos e descemos. Ele comprou um remédio para dor de cabeça e me obrigou a tomar.

Logo depois, fomos andando ate um morro, meio deserto, em silencio. Seguimos a rua até as casas acabarem, e entramos em um descampado. No meio, tinha um lago rodeado por árvores. Tinha uma grade, mas ele pegou uma chave a abriu um portãozinho de metal.

– Aaah! – Suspirou, e literalmente se jogou na grama, se esticando. – Senta, seu bobo! – disse, batendo com a mão ao seu lado, olhando com um sorriso idiota para as estrelas. Só ai eu percebi que tinha mais duas pessoas lá, com telescópios profissionais. Era um campo de observação. Me sentei e ficamos num silencio confortável, olhando as estrelas.

– Sabe, conheci esse lugar á oito anos. – Disse, de modo sonhador. Parece que ele queria conversar. Eu resolvi por em pratica a educação que Afrodite tentou me dar.

– Como?

– Da primeira vez que eu fugi de casa.  - se virou pra mim - Eu tinha 14 anos, meus pais moravam do outro lado da cidade. Eu arrumei a mochila da escola com tudo que achei que ia precisar, ou seja, comida e um travesseiro. Peguei o ônibus para o mais longe possível, e depois de correr parei aqui. - Fez uma pausa - A moça ali, - disse, apontando para uma das duas pessoas com o telescópio. – se chama Anna, e ela e o assistente Martin são donos do local. Eu acabei dormindo na sombra de uma árvore, e ela me encontrou de manhã. - deu de ombros - Como eu acabei me explicando pra ela e pedindo desculpas, ela me deixou pra lá.

 - Mas como eu acabei fugindo muitas outras vezes... - Recomeçou, de olhos fechados, depois de um tempo -  quando ela resolveu cercar o gramado, me deu uma chave. E eu acabei meio que cuidando daqui, quando eu tenho tempo, venho pra olhar as estrelas e cuido um pouco do jardim, dou comida para a família de gansos... - indicou o lago, onde uns 3 ganços e vários filhotinhos nadavam.

Quando terminou o discurso, acenou para a mulher de cabelos compridos castanhos no telescópio, que devolveu o aceno.

– Nossa, falei demais, desculpe!

– Tudo bem. - Respondi.

Depois disso, ficamos a noite conversando e olhando as estrelas.

Ryler tem uma visão um tanto... Diferente do mundo. Ele é sincero, além de falar mal de tudo quanto é político. Ele diz que quer paz, mas não aquela paz fingida, em que tudo da certo. Ele diz que isso é impossível, e que tem que existir guerra pra existir paz. Disso eu gostei, devo adimitir.

Ele estava falando confortávelmente sobre que seria bem melhor se o presidente não destruísse cada árvore que deixasse cair uma folha no carro dele, quando eu arrisquei uma pergunta.

– Ryler.

– Sim?

– Você acredita em Deus? - Perguntei, sem o olhar.

– Não. – Me espantei. Essa tinha sido rápida. – Quer dizer, acho que existe alguma coisa que fez um átomo explodir e criar o mundo... Mas ainda acho que alguém vai achar uma explicação cientifica para isso.

– Então tudo tem explicação cientifica?

– Sim.

– As estrelas? - Me virei pra ele.

– Bolas de fogo que flutuam no espaço.

– O arco-íris?

– Raios solares através de água.

– Hmm... Musica?

– Depende, a voz ou os instrumentos?

– Sei lá. Uma árvore crescendo?

– Fotossíntese.

– Você não acredita em nada que não possa ser provado?

– Não. - Sorriu, triunfante.

– Nossa. – Comentei. Ele era definitivamente muito diferente de todos os mortais com quem já conversara.

Depois de jogar mais um pouco de conversa fora, fomos embora. Pegamos novamente um ônibus, diferente, e depois de um tempo estávamos na esquina do dormitório. Fomos para o apartamento e eu abri a porta. Quando já estava dentro, ouvi algo parecido com um ofego e um grito atrás de mim.

– A-Aaah! – Gritou Ryler, enquanto tropeçava no carpete e caia encima de mim, com seu peso acabei caindo no chão. A primeira coisa que fiz foi dar uma joelhada nele e o jogar no chão, o estranho é que o ofego que minha joelhada deveria causar não foi de dor, mas sim um gemido contido. Ainda caído, olhei de forma curiosa pro menino ao meu lado, que corou e saiu correndo para o quarto, dizendo algo sobre estar com sono.

Dei de ombros e fui tomar um banho. Logo depois fui dormir. Acordei no dia seguinte, com algum barulho na cozinha. Me levantei devagar ainda com sono, e segui o barulho.

Quando cheguei à cozinha, advinha o que era? Sim, era Ryler.

Com um garfo.

Fazendo compridos e provavelmente muito dolorosos arranhões nos braços.

Assim que os arranhões começavam a sangrar um pouco, ele largava o garfo e jogava alguma coisa no machucado, não sei, mas desconfio que era algo que arda, como limão ou água oxigenada. E enquanto jogava o liquido, mordia a boca pra conter barulhos, observando a pele arranhada.

Deuses, eu moro com um masoquista louco e desequilibrado.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Me deixem feliz? O Ryler é gato?

Deixem um review ou cabeças vao rolar.