— Emily? Emily? Emily? — Ouvi e senti alguem me balançando. Olhei para o lado e vi Harry deitado, ainda dormindo. Anne estava me chamando, na verdade quase me matando de tanto me balançar.

— Emily? Meu Deus, você está viva! Nunca mais faça isso comigo, eu achei que eu ia te perder para sempre, que eu nunca mais ia te ver, que você ia perder a memória. Nunca mais me dê um susto desses, nem em mim, nem nos garotos e nem na sua mãe. Pelo amor de Deus, nunca mais... — Ela falou e eu então a interrompi.

— Anne, por favor. Você já está ficando chata. — Falei e ri. — A culpa não é minha nem de Harry, eu nem sei o que aconteceu. — Eu falei.

— Como assim não sabe o que aconteceu? — Anne perguntou e eu senti que era sério.

— Eu não sei. — Respondi.

— Vocês estavam no carro de Harry, e então capotou e foi parar do outro lado da estrada, e você foi jogada para fora do carro. Meu Deus, nem sei como você ainda esta viva. — Ela me contou e mesmo assim eu não conseguia me lembrar. Eu só não conseguia.

Nesse momento uma médica entrou na sala e pediu para Anne se retirar. Ela disse que queria falar em particular comigo. Estranho. 

— Senhorita Emily, eu tenho uma noticia boa para você,e uma ruim. — Ela falou.

— Por favor, a boa primeiro. — Falei, séria.

— A boa é que seu amigo já vai acordar. — "Amigo". — E a ruim, é que você perdeu o seu bebê. — Ela falou e eu senti meu mundo desabar. Eu não queria ter, mas como assim? Perdi o meu filho?

— Co-como assim? — Perguntei.

— Você não esta mais grávida, senhorita. Eu sinto muito. — Ela falou e se retirou. Eu estava em choque, completamente em choque. Mesmo nunca tendo visto essa criança, eu a amava. Era algo meu. Algo fruto de mim. E eu simplismente perdi.

Sentei novamente ao lado de Harry e segurei a sua mão. Segurando ela era o unico jeito que eu me sentia segura. Me sentia protegida. Pelo meu ponto de vista, isso ia facilitar minha vida.Eu ia poder voltar a trabalhar, a fazer a minha faculdade. Tudo normal. Mas pelo outro, ia tirar algo que já fez parte dela. Deixei cair uma lágrima na mão de Harry e de repente ele a apertou. Um sorriso se formou imediatamente no meu rosto e logo ele foi abrindo os olhos. Harry estava vivo. E ele não tinha sequela alguma.

— Amor, o que a gente está fazendo aqui? — Sorri novamente quando ele me chamou de amor. Ele falou isso calmamente, como se tivesse aprendido a falar agora.

Expliquei tudo para ele.

— Me desculpa, isso é tudo culpa minha. — Ele falou, abaixando a cabeça.

— Nada é culpa sua. Ninguém tem culpa disso. — Eu falei. 

— Tem sim. Eu tenho culpa disso. — Ele murmurou.

— Você não tem culpa de nada e para de falar isso, pronto. — Falei.

— Posso parar de falar, mas isso nunca vai sair da minha cabeça. — Ele disse.

— Vai sim. — Falei e dei um beijo nele. Então voltei a me sentar na cadeira ao lado dele. Nesse momento, os meninos, Anne e Julie entraram fazendo a maior festa do mundo. Sorri com o fato de existirem pessoas no mundo que se importam comigo. Louis estava vestido de cenoura, e entrou com um bolo gigante em forma de gatinho. Quem ele acha que ia comer aquilo? Só se fosse para engordar dois dias.

— Estão comemorando o que? — Harry perguntou.

— Vocês dois estarem vivos e por que amanhã vocês já podem sair daqui. — Liam respondeu.

— Jura?— Falei. 

— Sim... — Anne respondeu.

— Quero minha cama logo. Não essa cama dura.E a minha casa — Falei e todos deram risada. Era tão bom estar entre amigos e 1 traidor. Deixa esse de fora.

— Sua casa? Quer dizer a nossa né? — Harry disse.

— Eu vou para a minha ué, com a minha mãe. — Falei.

— Não, você vai para a nossa e tá tudo certo. — Harry falou.

— Mas e ... — Eu ia falar mas "e o zayn" só que Harry me interrompeu.

— Shiu. — Ele falou e então eu fiquei calada. Era melhor. Senti que haviam olhos me observando, e logo me virei para Zayn. Era ele, e não estava com uma cara feliz. Muito ao contrário, estava com uma cara de bravo/assustado. Eu juro que fiquei com um pouco de medo.

— Olhando pra mim por que? — Perguntei.

— Por que a gente tem que conversar. — Ele disse.

— A gente já conversou tudo que tinha para conversar lá no altar, desculpa. — Eu falei e então ele se calou. 

Eu acho que tinhamos dado inicio a uma nova guerra. Uma guerra que não ia ser tão fácil assim. Zayn não ia me perdoar tão rápido pela humilhação e eu não ia o perdoar tão rapido pela humilhação e pela traição. Bem, estamos quites.

No final da tarde eles foram, embora, tinha acabado o horário de visitas. Harry dormia como um anjo, decidi dormir também. Alias, amanha vai ser um grande dia.

Acordei com a enfermeira abrindo as janelas e um sol no meu rosto. Como é ruim acordar assim. 

— Como está a mocinha? Pronta para ir pra casa? — Ela me perguntou e eu senti como se ela estivesse falando com uma garotinha de 10 anos.

— Mal posso esperar. — Sussurei.

Me levantei e fui até o banheiro, Anne tinha trazido algumas roupas para mim. Até que ela tinha escolhido uma roupa bem legal, confesso. Quando sai de lá Harry já tinha se levantado. Nos abraçamos e então saimos da sala. Eu mal podia imaginar como estaria a saida desse hospital. Eu mal podia imaginar como estariam as revistas e os jornais. E a internet? Isso tudo ia ser dificil, mas eu estava com ele. Com ele eu poderia enfrentar tudo. Bastava acreditar. Saimos correndo em direção ao primeiro taxi e então eu deitei a minha cabeça em seus ombros enquanto suas mãos acariciavam meu cabelo. É, eu estava protegida e estava do lado do unico. O unico que poderia me fazer feliz. Com ou sem filho, com ou sem tudo. Eu estava com ele e isso por mim, bastava.