013 – Herói?

[David]

 O desgraçado acertou dois tiros no meu peito. Odeio quando eles são bons de mira, sempre acertando pontos vitais. Sempre demora mais para regenerar quando o dano é desferido em algo que eu realmente preciso, como meu coração, por exemplo. E o pior é que a droga da minha blusa de frio vai ficar manchada de sangue por culpa desse bastardo. O ladrão de rua tremia de puro medo, provavelmente estava em estado de choque. Acho que foi por eu não ter reagido aos tiros da maneira esperada. Como maneira esperada eu quero dizer, caído no chão morto. Mas ao invés disso, eram as balas, danificadas pelo impacto que estavam agora tombadas no chão frio do beco.

– O... O que é você?

Lembrei que eu parecia um tanto assustador para ele. No momento eu usava uma mascara de halloween, uma de caveira pra ser mais exato, adoro caveiras mortas-vivas de desenho animado, sempre me fazem rir. Não era exatamente isso que o cara estava fazendo no momento, digo, rindo de um desenho animado. O capuz da blusa de frio estava levantado e a luz do beco deixava sombras sinistras na face da mascara. A idéia era me tornar irreconhecível. Não queria que ninguém soubesse quem eu realmente era. Por isso respondi a pergunta do individuo usando um codinome que eu havia criado.

– Siadk. Esse é meu nome. Lembre-se dele quando chegar no inferno. – Confesso, foi bem clichê, mas ninguém ia julgar isso no momento.

E então o acertei com meu taco de baseball de alumínio. Aposto que o infeliz nem chegou a ver o que o tinha acertado. Quando ele caiu desacordado no chão eu o amarrei. Claro que não iria matá-lo. Eu seria muito pior que ele se eu fizesse isso.

Peguei uma parte da grana que ele tinha roubado naquele dia. Sabe como é, ‘ladrão que rouba ladrão...’

Em seguida usei um celular que estava com ele para ligara pra policia. “Um a menos, ótimo.” Talvez um dia eu limpe North Gare dessas pragas. Aquele era meu objetivo desde que eu descobri meus poderes. A idéia de poder ajudar as pessoas da minha maneira e ainda sair intacto me enchia a cabeça dia após dia. Já estava me mandando do beco quando um jornal caiu na minha frente.

– Como diabos... – Eu disse pra mim mesmo olhando para cima.

As duas paredes que cercavam o local eram de armazéns, nenhuma das duas tinha janelas para aquele lado. Da onde tinha vindo aquele jornal? Não me importei muito, não costumo me preocupar demais com a maioria das coisas. Peguei o jornal. A manchete dizia:

“ATAQUE DE VAMPIRO CONTINUA”

Não pude evitar a risada alta.

“Finalmente. Um inimigo à altura!”

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