Após descobrir que Mateus e Rita haviam me traído, eu mudei completamente. Mudei a forma de agir, de pensar; mudei minha forma de ser. Tornei-me uma pessoa má, cruel, fria, que não se importava pra ninguém além de si mesma. Minha única certeza era que eu não voltaria a amar. Isolei-me do mundo cruel a minha volta.

Alguns anos depois

Virei a garota que todo cara sempre sonhou em ter. Cabelo longo, preto, ondulado, sem nenhum fio rebelde ou ponta dupla, 1m e 68 de altura, corpo definido e pele perfeita. Tornei-me a Megan Fox do futuro. Com 16 anos de idade, eu era a garota mais bela da escola onde eu estudava, recebia vários convites pra sair e nem mesmo os garotos bonitos e atraentes me interessavam mais. As líderes de torcida me invejavam e jogadores de futebol me desejavam.

Durante esses anos, minha mãe me permitiu morar em nosso apartamento, ela achou que seria uma boa experiência pra mim, contanto que eu tivesse uma babá. Quando completei 15 anos ela me deixou morar totalmente sozinha, sustentada apenas pela quantia de 150 reais por mês que ela me mandava. Era o suficiente, mas às vezes faltavam algumas coisas; só que eu nada mais me importava, eu não ligava mais para dor ou sofrimento, as únicas coisas que restaram em mim foram o ódio e o rancor. Mas todos esses sentimentos ruins pareceram desaparecer quando reencontrei alguém muito especial, alguém que me fez muita falta esse tempo todo, em quem eu nunca deixei de pensar.

— Eu não acredito! É você mesmo Samara? – falei com ela quando ela bateu na porta do meu apartamento.

— Kate! Ah! Que saudade que eu estava de você! Por que você sumiu esses anos todos? Você não me deu notícias. O que aconteceu?

— Ah, é complicado. Sabe quando você fica tão triste e ao mesmo tempo com tanta raiva que se esquece de tudo? Pois é, as desilusões da vida me trouxeram até aqui, me mudaram totalmente. Hoje, sou uma garota fria, que só se importa pra si mesma, e pra minha melhor amiga, eu nunca deixei de pensar em você! Samara, eu nunca te esqueci. – falei mostrando uma foto nossa que estava em um dos meus porta-retratos.

— Eu sei, por isso vim atrás de você, você tem que voltar. Não pode deixar coisas que aconteceram há três anos ainda atingirem você. Tudo bem; foi muito ruim, mas já faz três anos. Olha pra você, ficou a garota mais linda que eu conheço, pode ter qualquer cara que quiser e fica assim? Se isolando de tudo e de todos? Se não for pra voltar por mim, volte por você mesma.

Uma gota de lagrima caiu. Nem sabia mais como era chorar, havia meses que nenhuma só gota de lagrima caia de meus olhos.

Eu fui ao meu quarto e peguei uma mala onde cabiam todos os meus pertences. Guardei tudo e voltei pra sala de estar.

— Vamos. – falei e Samara pulou em meu pescoço me dando um abraço apertado.

— Eu sabia que você voltaria. – falou ela com os olhos brilhantes.

— Obrigada!

— Não tem por que agradecer é pra isso que os amigos servem, não é?

— É; é sim.

Chamamos um táxi e levou mais ou menos 1 hora pra chegarmos a minha casa, onde minha família estava.

— Oi Kate, resolveu voltar pra família? – falou Rita me encarando.

— Preferia não, mas voltei pela Samara, não por você!

— Ah ta... E como estava lá no inferno? – falou ela com voz sarcástica.

— Bem melhor do que aqui, pelo menos não tinha que olhar pra sua cara todo dia.

POV Rita: Nossa! Três anos que eu não via a Kate, olha só como ela ficou linda, nem eu estou tão bonita assim.

Rita me olhava com olhar de surpresa e uma pontada de inveja. Fui para o meu quarto. Ele estava do jeito que o deixei. A cama com os bichinhos de pelúcia, o forro branco e florido da cama, as paredes brancas com lilás e a minha escrivaninha com meu notebook branco. As minhas tão preciosas fotos e alguns cadernos dos anos passados.

Estava novamente me sentindo feliz no aconchego de meu quarto, no ambiente familiar que eu tanto senti saudade.

— Posso entrar? – Samara perguntou.

— Claro.

— E então, não se sente bem melhor aqui, com sua família, com seus amigos.

— É, estou feliz, obrigada Samara.

— Já disse que não tem o que agradecer, fiz o que eu deveria ter feito. O que você faria por mim; só demorei tanto por que não sabia onde você estava, e sua mãe estava viajando e tive que esperar ela voltar.

— É, minha mãe viaja muito. E então, quem você quer ver primeiro, Mateus ou Brendon?

— Na verdade, nenhum.

— Como assim? Não quer humilhá-los agora com sua beleza?

— Pensando bem... Acho que sim... Mas antes, vamos até a Emily.

— Ok; vamos lá.

Como Emily sempre deixava seu portão aberto, cheguei em sua casa e entrei com Samara. Ela estava na cozinha lavando louça. Abracei-a por trás e ela virou-se rapidamente pra ver quem era.

— Kate! Caramba! Como você está linda. Por que você sumiu? Não deu notícias, eu senti tanto a sua falta! Conte-me tudo...

— Calma... Eu vou te dizer tudo com detalhes, mas agora tenho que visitar mais duas pessoas.

— Quem?

— Brendon e Mateus. Eles vão se arrepender quando me virem tão bela.

— Isso aí... Humilhe-os!

Chegando à casa de Brendon juntamente com Samara, ele estava sentado na calçada em frente a sua casa.

Ele arregalou os olhos quando me viu.

— Kate! É você mesma?

— Não, sou uma alma penada que veio te visitar! Claro que sou eu seu idiota! Quanto tempo não?

— Também não precisa falar assim. Pois é... Você ficou tão bonita?

— É eu sei. Desde o dia em que você me desprezou eu aprendi a dar valor a mim mesma. E agora? Vai querer ficar comigo só por que estou assim... Bonita e com o corpo formado?

— Se você ainda me quiser! – Falou ele aproximando-se de mim.

— Não chega perto! Você não me quis antes e agora quem não te quer sou eu! Adeus... – Falei virando-me e deixando ele com o olhar arrependido para trás.

— Agora eu vou te deixar em casa Samara. E falar com o outro que me fez sofrer.

Cheguei na casa de Samara e esperei que ela abrisse o portão. Eram 16:37 e eu não via a hora de encarar Mateus.

Ele estava sentado no sofá assistindo o jogo de futebol de Botafogo e São Paulo.

— Olá Mateus. – Falei com a voz séria. Ele olhou rapidamente e desviou o rosto pra televisão novamente. Eu continuei o encarando e então ele tocou-se que eu estava ali.

— Kate! Nossa! É você mesma? Quanto tempo... E... – ele agora me olhava dos pés a cabeça – como você está linda!

— É... eu sei... Azar o seu não é? Você não preferiu a minha irmã, e agora? Se pergunte... Quem você vai preferir?

Ele permaneceu em silêncio me olhando.