Eu estava em um parque onde costumava ir aos finais de semana. Estava cansada de toda essa semana de trabalho, mas ainda gostava de fazer coisas relacionadas ao trabalho, como desenhar coisas novas no parque, desenhos arquitetônicos.

Avistei o banco onde estou costumada a sentar e observar a paisagem, fazendo novos desenhos; por mais que eu fizesse isso, nunca me cansava. Caminhei distraidamente e avistei uma barraca de sorvete. O dia estava quente então decidi comprar um, mas ao chegar lá, um rapaz virou e esbarrou em mim, derrubando meus blocos de folhas e estojo.

— Olha por onde anda — disse o cara rudemente. Parecia com pressa.

— Uma ajuda e um pedido de desculpa cairiam bem — respondi no mesmo tom grosseiro. Olhei para cima e vi seu rosto coberto por uma máscara hospitalar, óculos de sol em sua mão. Era ele. Quem eu queria encontrar de qualquer forma, mas havia cansado de ser essa garota tosca com esse desejo tão fútil, afinal, eu só o conhecia pelas fotos, pelas músicas e vídeos. Ele sempre mexeu comigo, mas depois de tudo o que já pensei em relação a isso, já não era tão forte esse sentimento e tê-lo encontrado desse jeito, quando eu menos esperava, sendo tão grosso comigo, minha afeição e desejo de conhecê-lo se desfizeram totalmente.

Peguei rapidamente minhas coisas do chão e sai dali sem olhar para trás, mesmo com a pessoal que mais queria conhecer atrás de mim.

Fui até o banco em que sempre sento e abri meu bloco, olhei a paisagem daquele parque pelo banco que ficava na beira de um lago e comecei a desenhar. A imagem dele não saia da minha cabeça e logo me peguei desenhando seu rosto. Apaguei rapidamente e recomecei o desenho. Reproduzi o lago rapidamente e levantei o desenho para analisá-lo melhor, inclinei a cabeça imaginando o que eu poderia acrescentar, mas a imagem dele veio em minha mente de novo. Eu não ia conseguir me concentrar.

Guardei minhas coisas e fui em direção ao outro lugar que mais gosto no parque, um espaço onde há pessoas dançando dança de rua. Observei atentamente e veio uma ideia em minha mente. Corri de volta para o banco e comecei a desenhar esse espaço de uma forma mais moderna, apropriado para a dança de rua.

Sorri ao terminar meu trabalho e voltei para o que estava fazendo antes. Dei uma olhada no lago e comecei a desenhar.

— Não está nada mal — ouvi uma voz atrás de mim. Era a voz dele.

— Obrigada — disse friamente. Vi que ele sentou ao meu lado, mas o ignorei. Já havia imaginado esse momento tantas vezes, mas quando me dei conta da minha idiotice, pensar nisso, estar vendo isso acontecer, me deu raiva.

— Você não me conhece? — perguntou ele.

— Não — respondi.

— Como você não me conhece? — perguntou ele novamente, pasmo — Deve ser estrangeira pelo sotaque, mas ainda assim você deveria me conhecer.

— Por que eu deveria conhecer? — perguntei.

— Meu grupo é um dos mais conhecidos na Coréia e mundo afora. Todos me conhecem — disse ele.

— Então por que não tem nenhuma fã te perseguindo?

— Estou disfarçado — ele deu de ombros. Eu finalmente olhei para ele e o vi de máscara e óculos escuro —. Sou o Yoseob. Todos sabem quem eu sou.

— Isso mesmo. Todos sabem quem você é, mas não te conhecem — disse eu —. Se conhecessem deixariam de gostar de você.

— Então você sabe quem sou eu? — perguntou ele.

Ignorei e continuei meu desenho.

— Preciso do trabalho de uma arquiteta. Está interessada? — disse ele após observar meu desenho — Doojoon já estava pensando em reformar algumas coisas, mas queremos fazer isso por conta própria. Você aceita?

— Só um minuto — peguei meu celular para ver os dias em que poderia estar fazendo isso, mas foi a escolha errada. Meu papel de tela era uma foto dele ainda.

Olhei para ele e ele sorria debochadamente.

— Não — respondi —. Não aceito.

— Não vi nada, não falarei nada sobre o que eu não vi. Você aceita? — perguntou ele sorrindo.

— Você está tentando me provocar? — perguntei.

— Não — respondeu ele —. Só estou tentando ser legal — ele deu de ombros —. A resposta dê ao nosso líder pessoalmente — ele inclinou a cabeça para o meu lado. Virei para olhar e Doojoon estava ao meu lado com aquele sorriso lindo.

— Como...? — comecei, mas não consegui terminar a pergunta. Eu não conseguia acreditar que isso estava mesmo acontecendo — As fãs podem ver você.

— Não se preocupe...

— Doojoon — um grito histérico o interrompeu e, de repente, havia muitas pessoas a minha volta, esmagando-me e empurrando. Não sabia o que fazer, até que senti uma mão em meu braço, puxando-me para longe.

— Meu caderno... — comecei a falar.

— Não dá tempo agora — disse Yoseob, puxando pelo braço.

Fomos correndo até uma van. Ele me empurrou para dentro e saiu correndo.

Antes de eu começar a entrar em desespero por estar em um lugar desconhecido, ouvi uma voz vinda de trás de mim.

— Olá — disse Kikwang com seu sorriso que mata qualquer um.

— Oi — cumprimentei-o sem jeito —. Desculpe, eu não pretendia entrar, mas...

— Não se preocupe — disse ele —. Yoseob disse que traria uma garota.

Ficamos em silencio até Yoseob aparecer com Doojoon. Yoseob colocou uma blusa em cima de mim e me puxou para seu peito, tapando todo meu rosto.

— O que você está fazendo? — reclamei quase gritando.

— Aguente um pouco. Isso é necessário se você ainda quiser ter uma vida normal — disse Yoseob.

Fui o caminho todo desse jeito, até chegarmos a uma casa, bem bonita por sinal, logo percebi que era o bairro onde fica minha casa.

— Entre — disse Doojoon —. Essa é nossa casa. Queria falar um pouco com você.

— Mas...

— Por favor — pediu Doojoon.

— Tudo bem — acabei cedendo. Era difícil recusar a um pedido com a expressão que ele fez.