Lua Cheia escrita por Akyra Briefs


Capítulo 10
6.2 Alerta




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Quando acordei, observei a janela aberta de meu quarto por entre a fenda disponível de meus olhos. Lá fora o céu estava tingido com uns gloriosos tons amarelados encadeados pela tonalidade azul-escuro peculiar de Forks. Eu levantei o torso e bocejei, esfregando os olhos para afugentar o formigueiro que os aguilhoava. Olhei ao meu redor para tentar me recordar de quem me tinha trazido até aqui, mas não me ocorreu ideia. Talvez Bella, já que eu tinha o pijama vestido.

Um som seco na madeira me despertou dos meus devaneios. A porta de carvalho abriu-se com lentidão e a perfeita figura de minha mãe apareceu através dela. Bella deteve-se na porta e entortou o pescoço para me fitar com ternura.

-Bom dia preguiçosa. – Num piscar, ela já se encontrava sentada ao meu lado, beijando-me a face. – Dormiu bem?

-Acho que sim.

-O dia de ontem foi longo, se você quiser dormir mais um pouco, Carlisle vai entender. – Sacudi a cabeça.

-Não, eu quero ir.

-Então enquanto você toma um banho, eu vou preparar seu pequeno almoço e ligar para o seu avô para avisar que você ainda vai lá.

Bella saiu igualmente como tinha entrado, tal como um relâmpago veloz numa noite de tempestade, desaparecendo do meu campo de visão, num piscar de olhos. Ergui-me ainda com alguma preguiça acumulada nos meus músculos dormentes e arrastei-me até ao Closet para escolher uma roupa leve – uns jeans largos e uma camisola de manga comprida cor musgo foram bem tentadores para aquela manhã.

Depois de sair do banheiro já pronta, indo diretamente para a cozinha, senti um cheirinho a panquecas impregnar o ar, fazendo o meu estômago contrair num ronco audível até na casa dos Cullen.

-Ups. - Bella riu e colocou o prato na mesa, ao mesmo tempo que eu levava a mão ao meu estômago barulhento.

Ao me sentar, reparei que o relógio da parede já marcava as 7.57. Estava uma hora atrasada para a aula de Carlisle, por isso tratei de me apressar, ainda que as saborosas panquecas me implorassem para mastigá-las devagar e apreciar o seu primoroso sabor.

-A que horas você vai ter com a Renée? – indaguei ao levar o último garfo cheio á boca.

-Hum, ainda não sei. – Ela acabou de lavar a frigideira das panquecas e encostou-se á banca, pensativa. – Como sua avó gosta de madrugar, talvez ela me ligue daqui a pouco para combinarmos.

-Por favor mãe, não deixe Alice comprar o quer que seja para mim. – Ergui-me e entreguei-lhe o prato já vazio.

Ela abanou a cabeça, divertida com a minha súplica ridícula, e pegou no prato para o lavar. Só que algo a fez parar e assentar seus dourados na entrada. Virei o pescoço para seguir o seu olhar e vi um silencioso Edward deter-se a poucos centímetros atrás de mim. Sua expressão pétrea era imperceptível, quase indecifrável. Meus olhos recaíram para um pedaço dobrado de papel branco que ele cercava entre os dedos, e que tentava esconder discretamente atrás do seu antebraço. As grandes letras pretas que consegui visualizar, deram para identificar que o que ele tanto tentava me ocultar era o jornal de Forks – provavelmente para não me alertar de alguma coisa notícia escandalosa. Estreitei a fronte, desconfiada. Bella também parecia ter percebido, mas manteve-se indiferente, voltando-se para pousar o prato na banca sem pronunciar algum tipo de sonido. Então a atenção dele incidiu sobre mim e um sorriso ténue iluminou-se no seu rosto.

-O que se passa? Algum problema?

-Nada de importante meu anjo – retrucou ainda petrificado no batente da porta da cozinha.

Eu estava tentada a roubar-lhe o jornal caso ele não fosse agir depois de ter escutado este pensamento. Seus lábios abriram-se numa fissura para expelir desnecessariamente o ar contido em seus pulmões, e revirou os olhos antes de me entregar o jornal. Peguei nele sem hesitar e abri-o. Bella encontrava-se quase colada às minhas costas, prestando igual atenção ao jornal. As letras grandes que me tinham denunciado que ele segurava um jornal, noticiavam:

Desaparecimento de pessoas do sexo masculino preocupa habitantes de Port Angeles”

A última vez que houvera uma onda de desaparecimentos assim foi há cinco anos atrás, antes de eu nascer. Jasper tinha me contado cada pormenor da história dos recém-nascidos que foram criados em Seattle por Riley a comando de Vitoria, com o intuito perverso de distrair a família Cullen para matar minha mãe – quando ela ainda era uma frágil humana. Rangi os dentes ao recordar essa história macabra. Todavia isso já não tinha nada a ver com Bella. E provavelmente não eram vampiros que estavam a causar tamanho alvoroço novamente. Ou eram?

-Sempre é um vampiro? – interrogou Bella sem ler as letras miudinhas do corpo da noticia principal.

Enruguei o cenho com a questão atestadora. Era como se eles já soubessem disso. Era como se Edward só tivesse comprado o jornal para se certificar de algo que já desconfiava.

-Ainda não sabemos. – Reparei que Edward e ela mantinham seus olhos fixos, com aspecto graves. – Pode ser simplesmente um serial-killer.

Dei uma lida rápida ao texto, recolhendo o máximo de informações úteis sobre esse suposto serial killer – se realmente seria um. Entretanto, tudo o que consegui auferir da noticia, foi que desde á três meses atrás, seis homens; cada um com a sua faixa etária diferente: Richard Craig de 41, Hugh Dudley de 13, Steven Forster de 18 anos, Derek Kent de 33 Ralph Fehur de 20 - e um caso excepcional de uma mulher de 27 anos - desapareceram sem deixar rasto algum. O último desaparecimento foi ontem. Cada corpo tinha sumido misteriosamente, e nem a polícia local tinha algum tipo de vestígio para procurar ou alguma pista sobre o paradeiro dos supostos cadáveres. Outra coluna mais a baixo, lançava a tese bem articulada de rapto, para não transtornar ainda mais a população de Port Angeles, porém, quem teria interesse em manter seis pessoas reféns no mesmo espaço, durante três meses e sem pedir resgate? Se estas seis pessoas tivessem sido raptadas pela mesma pessoa.

-Pai, eu acho…

-Foi isso que eu também pensei – concordou; sua voz estava carregada, ainda que camuflada pelo característico timbre suave. – É muita coincidência junta.

-Então se são vampiros, eles estão perto de Forks.

Num latejar imperceptível, Bella cercou-me com seus braços marmóreos e rugiu feito uma leoa que defende sua cria, como se o perigo fosse bater á porta a qualquer instante.

-Calma Bella. – Ele caminhou com lentidão na nossa direcção, com as mãos viradas para nós, num gesto de permissão para se aproximar. Seus olhos agora revelavam cautela.

Apesar de saber que não corria perigo algum ali, meus instintos humanos gritavam obstinadamente para fugir daqui. Esta minha reacção escusada era completamente ridícula. Contudo eu agradecia o meu meticuloso receio por vampiros desconhecidos graças aos Volturi.

Reparei que minha respiração afetada mantinha-se no mesmo compasso da de Bella, que continuava na sua posição defensiva, acolhendo-lhe protetoramente em seus braços. Sentia como se a qualquer instante ela fosse me colocar em suas costas e desaparecer comigo de Forks. Edward parou a um passo de nos alcançar, provavelmente a analisar Bella.

-Mãe, por Deus, já convivi com vampiros que se alimentam de…- minha voz cessou antes de completar a frase. – Que não são vegetarianos – alternei, fitando Edward - O que quero dizer, é que eu não sou tão frágil.

-Renesmee - ela inspirou meu nome, com os seus dourados apagados, como procurasse se acalmar. – Os vampiros que estiveram aqui eram amigos da família e vieram com o propósito de conhecer você e te proteger, ao testemunharem a seu favor. Outros vampiros desconhecidos poderão não ter a mesma comiseração … – sentia-a estremecer – se te apanharem sozinha. Você me entende?

-Mas nós não sabemos se são mesmo vampiros, certo? Estamos só a especular.

Eu tinha que assegurar as minhas limitadas saídas, antes que Bella as proibisse devido a algo que ainda não tínhamos certeza. Ou os Cullen já tinham? A nova troca de olhares tenazes e impacientes entre ambos confirmou as minhas suspeitas.

-Se você ficar mais descansada, eu vou falar com Emmett e Jasper, e esta noite voltamos a bater a floresta em buscar de algum indício invulgar. – Edward cortou, então, o espaço que nos separava.

-Eu vou junto – rosnou entre dentes.

-Claro. – tranquilizou-a, ao colocar-lhe as mãos sobre os ombros e inclinar um canto de seus lábios. - Agora meu amor, solte nossa menina antes que ela sufoque.

Bella baixou o olhar na minha direção e soltou-me relutante. Eu bufei aliviada e agradeci mentalmente a meu pai, que anuiu em resposta. O breve e lúgubre silêncio foi interrompido pelo toque de um celular, no bolso da calça de minha mãe. Esta respirou fundo e pigarreou para a sua voz não parecer tão tensa quando atendesse.

-Bom dia, mãe – saudou com seu tom de soprano. – Sim, claro…. – e afastou-se.

Aproveitei o fato de ela estar distraída e voltei minha atenção para o jornal. Algo não batia certo – além deste sigilo entre ambos. Se fosse um serial killer, por que procuraria matar pessoas comuns? Todavia, se fosse um vampiro, porque só caçava homens? Ou então, porque estaria ele a atacar pessoas do sexo masculino, sem ter o propósito de se alimentar deles? Porquê homens? E a mulher? Teria aparecido no local errado, à hora errada?

Edward me observava com seu sentido mais aguçado em meus pensamentos, parado ao meu lado.

-Há quanto tempo sabem disso? – Sólidos dourados recaíram sobre os meus castanhos, quando agitei o jornal quase á frente de seu nariz. – E não tente me enganar, porque eu reparei que isto não é novidade para vocês os dois.

-Desde ontem á noite – retrucou, curto, sem ter intenções de adiantar mais.

-Como? Ontem á noite estávamos…

-Jake. – A menção àquele nome me fez resfolgar assombrada. – Durante o regresso à casa, ele sentiu um cheiro estranho nas redondezas e resolveu averiguar por conta própria. – meu coração parou.

-O quê? Ele é louco? E se houvesse algum perigo? Ele podia ter se machucado. Jake não pensa? – dei por mim a esbracejar, ao passo que as palavras saiam-me de forma arremessada.

-Sam não o deixou sozinho por muito tempo, tal como o seu bando. Ambos rastrearem o resto da área, contudo não descobriram nada de relevante. – O seu cenho franziu á medida que um suspiro ameno escapava de meus lábios. – Jake me ligou durante a noite para me contar o sucedido. Foi por isso que hoje de manhã fui comprar o jornal. Quando há vampiros novos rondando por aí, não há melhor informante para esse aspecto do que o jornal, embora que indiretamente.

-Como eu odeio dormir – resmunguei ao atirar o jornal contra a mesa. – A cada manhã que acordo há sempre uma nova surpresa para me aquietar o juízo. – Ele apenas sorriu. – Alice não viu nada?

-Por incrível que pareça, não. – Edward deu ombros, cruzou os braços e espremeu os lábios com uma expressão de pesar – E é isso que está preocupando sua mãe. – seu timbre melífluo fez-me revirar os olhos. – Também não me agrada ter alguém caçando numa área tão perto daqui.

O meu pensamento vagou para longe, talvez para La Push. Jake. Meu coração não estaria quieto até me certificar que aquele doido quebrador de regras estaria bem.

-Pai, me leve a La Push. – Desta vez, foi a vez dele revirar seus olhos nas órbitas.

-Jake ainda deve de estar dormindo.

A voz melódica de Bella preencheu cada canto da cozinha enquanto avançava num passo lento e gracioso. Deteve-se perto de nós. Sua mão gélida repousou na minha face, ainda que seu olhar incidisse em Edward, agora com um meio sorriso espalhado em seu rosto.

-Eu só preciso de ir até La Push, nem que seja para vê-lo dormir. - Ao vê-los irredutíveis, resolvi partir para a ameaça, num tom descontraído: - Muito bem, já que ninguém quer me levar, eu vou sozinha. – Eu dei um passo e senti as mãos de Edward e Bella apertarem delicadamente meu ombro para me deter. – Ora, temos trato? - Meus pais se entreolharam com cumplicidade, iluminados pelo momento.

-Precisarei dizer de quem ela herdou isso? – gracejou Edward, abanando a cabeça com um sorriso discreto.

-Uma coisa é certa, não há lugar mais seguro que La Push. – Ela voltou sua cabeça, num trejeito rápido demais para acompanhar e induziu: - Espero que você se porte bem mocinha.

Um acrescente de ansiedade explodiu em meu peito, fazendo-me soltar um pequeno urro vitorioso. Bella pegou novamente no seu celular e ligou para Billy. Como ela tinha dito, Jake ainda estava dormindo, mas Billy afirmou não se importava de me fazer companhia até o filho acordar.

-Então, você ainda quer ir? Ou vai passar a tarde toda pensado?

-Só um minuto, vou buscar meu blusão e já vamos.


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Notas finais do capítulo

Como prometido, postei a segunda parte.

Espero que tenham gostado deste capitulo e por favor me deixem vossas opiniões. Eu gosto de saber o que vocês estão achando do desenrolar desta historia.

Bjokas Grandesss****



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