O sorriso contornado de preto se formava no rosto daquela dama pálida, admirando a neve que caia em tóquio aquele ano, a fumaça saindo-lhe entre os lábios enquanto pensava em silencio deitada em seu divã:

-Yuko, esta aqui o copo de...   – um movimento brusco dos pulsos de sua chefe o fez ficar em silencio, já fazia algum tempo que estava trabalhando para ela, mas cada dia continuava sendo uma enorme surpresa com Yuko, e aquele não seria diferente.

A mulher se levantou, as camadas de seda preta se arrastando pelo chão, seu olhar parecia serio, enquanto olhava para a porta de entrada de sua “loja” e se virava logo em direção a watanuki:

-Ele esta chegando, quero que você prepare um jantar para dois o mais rápido possível – logo depois ela segue para seu quarto resmungando – não acredito que aquele cara de fuinha finalmente voltou! Como eu odeio ele! odeio!

Momentos depois ela sai de lá usando botas pretas, um longo vestido preto de manga longa, uma capa grossa de pele de algum animal e a cigarreira na mão aveludada e cheia de anéis, e assim que se senta de volta no divã, uma brisa muito fria escancara a porta, deixando a neve entrar, watanuki entra correndo para fechá-la, mas simplesmente para no ar enquanto corre:

-Senti saudades, Yuko – Um homem sentado no sofá atrás dela a faz virar, ele usa um longo casaco preto e branco, seu rosto é coberto por um capuz, mas é possível ver seu rosto, e como ele é parecido com o dela – Como vão os negócios?

-Yuri! Que surpresa, não quer descongelar meu criado para ele nos servir o jantar? – Se enguia em um salto indo até o irmão sorrindo forçada, embora sem muitas esperanças, ele nunca foi de cair nisso – Quem sabe tomar um chá?

-Yuko...   – Seu sorriso crescia conforme o frio aumentava – o que você fez com minhas tsubasas? Elas não eram suas, lembra? – De debaixo do casaco é jogado um báculo de prata, que cai fazendo um barulho surdo no chão – Kawãn já pagou sua divida, agora é hora de você e eu nos acertarmos e os fios que tecem o destino voltarem a correr da forma que deveriam.

-Desculpe, mas os fios mudaram seu sentido, eu tive de dar um deles a uma pessoa – Uma aura gélida surgia ao redor do rapaz – mas foi por uma boa causa, eu juro! Uma menina que também esta procurando por suas asas! – A aura se dissipa, mas o olhar frio dele continuava a penetrá-la, um olhar que ela odiava, pois sabia que só era dado quando ela estava errada, e ele certo.

-Bom, doce Yuko – Um sorriso sádico se escancarou em seu rosto, fazendo a sala começar a acumular neve, o chão ficar escorregadio e os moveis cristalizarem – Ou será que deveria dizer, Doce Yasmin – Nesse momento, a casa toda congelou, inclusive Watanuki, Yuri nunca foi de controlar bem seus poderes quando estava de mal-humor – Vou levar o que esta com você comigo, e até eu recuperar o outro... – um olhar, um movimento de pulso e a porta do quarto dela se quebra em mil pedaços, lá de dentro vem voando o Mokona Negro e um jóia vermelha em forma de coração – isso vem comigo – Segurando a jóia com uma mão, o Mokona em outra, deu as costas para Yuko, e logo depois sumiu com o vento, Watanuki correu para fechar a porta, o calor voltou ao corpo gélido de Yuko que ainda tremia, não de frio ou medo, mas sim de ódio:

-COMO AQUELE CARA DE FUINHA TEVE A OUSADIA DE DIZER MEU NOME.

Watanuki se vira com cara de quem não entendeu bulhufas e depois volta para preparar o jantar. A vida continua normal por aqui, yuki ira mandar o jantar ser cancelado e logo o rumo normal do destino dessas pessoas voltara.

Já em algum lugar, Yuri surge entre as asas de Mokona, diante de um homem de cabelos pretos usando um uniforme azul.