Capítulo 34

POV Katherine Pierce

Enfiou uma estaca de madeira perto do coração de Stefan. Ele curvou-se e grunhiu. Coloquei-me atrás de uma parede, espreitando.

-Sentes isso? É a pressão contra o teu coração. O mais simples dos movimentos, e estás morto.

-Ele só está a tentar ajudar o irmão – intervim.

-As bruxas disseram que tu tens a cura – disse Stefan com a respiração superficial. – Faz um acordo comigo: dá-me a cura e eu faço o que tu quiseres.

Klaus tirou a estaca do corpo de Stefan e ele caiu de joelhos no chão. Caminhou calmamente até á ilha da cozinha e serviu-se de um copo de sangue.

-O problema é que não sei se me és útil da maneira que és agora. És simplesmente uma peça inútil.

Bebeu um gole do sangue e foi até Stefan, agachando-se para se aproximar do seu rosto.

-Ouvi falar de um vampiro, em Crazy Block, louco e sossegado, sempre instável ao longo das décadas. Quando ele estava louco, ele era magnificente. Em 1917 ele estava em Monterrey e destruiu uma vila inteira. Um verdadeiro estripador. Parece-te familiar?

Olhei para Stefan expectante, mas ele apenas disse:

-Não sou assim há muito tempo.

-Bem, esse é o vampiro com quem posso fazer o acordo, esse é o tipo de talento que posso usar quando sair desta cidade. Katerina, vem aqui.

Esticou a mão para mim e cedi-lha. Os olhos dele ficaram amarelos e mordeu-me o pulso. Olhei para ele, chocada. O que tinha ele feito?!

-Não! Não, não! – olhei para a ferida que tinha, horrorizada.

Mordeu o pulso e colocou-o na minha boca e não tive outra opção senão beber o seu sangue. Olhei para a ferida e fiquei estupefacta ao ver que ela tinha cicatrizado.

-Queres a tua cura? Aqui está.

-O teu sangue é a cura – afirmou Stefan perante o que tínhamos acabado de assistir.

-Temos que amar a Mãe Natureza – brincou Klaus, mas eu não achei piada nenhuma. – Agora, vamos conversar, tu e eu.

Levou Stefan para a cozinha e sentaram-se nos bancos que estavam à volta da ilha.

-Queres o meu sangue? Aqui está ele. E que tal divertirmo-nos durante uma década? Tenho grandes planos para ti para quando sairmos desta cidade.

-Não sou mais assim – retorquiu Stefan.

-Que pena – disse Klaus e começou a deitar o sangue para o lava-loiça.

-Espera – pediu Stefan e Klaus endireitou o frasco.

-Assim está melhor. Quero que me acompanhes para uma bebida.

Atirou pelo balcão uma bolsa de sangue para Stefan e ele abriu-a reticente. Bebeu um gole e parou.

-Acaba. Todo ele – mandou Klaus e Stefan simplesmente ficou a olhar para ele. – Fazes tudo o que eu digo e eu salvo o teu irmão. É esse o acordo.

Stefan bebeu a bolsa de sangue toda.

-Agora tudo outra vez – disse Klaus e mandou outra bolsa de sangue para Stefan.

-És muito cooperativo – brincou Klaus e eu tive ainda mais nojo dele. – É como se gostasses.

Ofereceu-lhe outra bolsa de sangue, mas Stefan negou:

-Não mais. Não até me dares a cura.

-Não até fazermos um acordo. É a tua escolha, Stefan. Podes ficar aqui e viver a tua vida em Mystic Falls, ou podes abraçar quem realmente és, e sair desta cidade comigo e salvar a vida do teu irmão.

Stefan pegou na bolsa de sangue e rasgou-a.

-Esse é o espírito – falou Klaus e virou-se para mim. – Querida, leva isto até Damon e volta para cá.

-Queres que eu vá embora?

-Sim. E se fosse a ti…

Corri dali para fora, em direção á mansão dos Salvatore para salvar Damon.

POV Demi Gilbert

Parei junto à mansão Salvatore, antes de ir ao encontro de Klaus. Saí do carro, determinada. Não haveria ninguém que me pudesse impedir de ir com Klaus. Melinda tinha sido muito específica na carta: Klaus iria ajudar-me a descobrir qual era a minha linhagem, ele seria o meu Protetor.

Entrei em casa e estava tudo muito silencioso. Subi as escadas, em direção ao seu quarto. Ouvi a voz de Damon e Elena, e espreitei pela porta, curiosa.

-Isto é ainda mais horrível do que tinha pensado.

-Ainda há esperança – disse Elena, agarrada a Damon, com um pano branco na sua testa. Damon estava doente?

-Fiz muitas escolhas que me trouxeram até aqui. Eu mereço isto. Mereço morrer – coloquei uma mão na minha boca, procurando não soluçar.

-Não – disse Elena e deitou-se ao seu lado. – Não mereces.

-Mereço, Elena, e está tudo bem. Porque se eu tivesse feito escolhas diferentes não teria vindo parar aqui e conhecer-te. Conhecer Demi. Conhecer o amor verdadeiro. Sinto muito. Fiz tantas coisas que vos magoaram às duas.

-Está tudo bem – murmurou Elena, fungando. – Eu perdoou-te.

-Sei que amas Stefan e que sempre será Stefan, mas quero que saibas que houve uma altura em que me podias ter tido.

Ela aninhou-se no seu peito e soluçou.

-Eu sei – disse ela.

-Devias de me ter conhecido em 1864. Terias gostado de mim naquela altura.

-Gosto de agora. Da maneira que és – os meus olhos já estavam cheios de lágrimas.

Porque ia Damon morrer? Porquê? O que lhe aconteceu? Ele nesta manhã parecia tão bem!

Elena inclinou-se e beijou-o. Arfei de dor e saí dali a correr, com as lágrimas a toldarem-me a visão.

POV Elena Gilbert

-Obrigado – murmurou ele, fechando os olhos de seguida. Ele ia morrer.

-De nada – disse no mesmo tom.

-Bem, é a mim que devias agradecer – falou a minha voz, mas não era eu. Virei-me para trás e deparei-me com Katherine. – Quero dizer, fui eu que trouxe a cura.

Afastei-me de Damon, encostando-me ao pilar da cama.

-Pensei que estivesses morta – afirmou.

-E estive – disse ela aproximando-se de Damon com o frasco.

-Conseguiste a tua liberdade.

-Yap, finalmente – inclinou o frasco nos lábios de Damon e ele engoliu.

-E mesmo assim vieste aqui.

-Eu devia-te uma – deu umas palmadinhas no rosto de Damon e virou-nos as costas.

-Onde está o Stefan? – perguntei.

-Tens a certeza que te importas? – ela respondeu com outra pergunta e eu inclinei a cabeça para o lado.

-Onde está ele? – aproximei-me dela.

-Ele está a pagar por isto – levantou o frasco. – Ele entregou-se ao Klaus. Não esperaria tão brevemente por ele.

-Como assim “entregou-se ao Klaus”? – quis saber.

-Ele sacrificou tudo para salvar o irmão, incluindo tu. É bom teres Damon para te fazer companhia. Adeus, Elena – dirigiu-se à porta, mas parou antes de sair para o corredor e virou-se para mim. – Oh, não há problema amar os dois. Eu fiz.

Atirou-me o frasco e eu peguei-o no ar. Ela tinha-se ido embora e eu fitei Damon, ainda tentando compreender a informação que ela tinha dado.

POV Klaus Mikaelson

Demi apareceu no armazém à hora certa. Stefan tinha acabado de matar a sua primeira vítima de muitas que se seguiriam.

-Estou pronta – disse ela, com duas malas trolley atrás de si.

Olhei para Stefan, que a fitou surpreendido por Demi se encontrar ali.

-Agora podemos ir – afirmei.

POV Jeremy Gilbert

Desci as escadas, convencido de que tinha ouvido alguma coisa.

-Jer – virei-me para trás, mas não estava lá ninguém. Voltei a virar-me para a frente, mas encontrei quem eu não esperava. – Anna? – virei-me para trás e outra pessoa que eu julguei há muito tempo estar morta estava ali. – Vicky?

©AnaTheresaC