Capítulo 2

POV Demi Adams

As minhas mãos tocaram algo frio e eu abri um olho. O sol atingiu-me em cheio na cara e eu fechei-o.

-Bom dia – disse a voz mais maravilhosa do mundo.

-Bom dia – disse ainda um pouco rouca e meti-me mais para dentro dos lençóis.

-Ah, vá lá, assim vou sentir-me tentado a entrar aí dentro só para te dar um beijo – disse ele e tirou-me o lençol da cara. Os seus lábios tocaram os meus e eu queria que aquela sensação durasse para sempre. Podia passar o resto da minha vida assim e seria completamente feliz.

-Ontem foste ter com a Caroline? – perguntei-lhe quando ele afastou os seus lábios dos meus.

-Sim, fui. Por falar nisso, não queres levantar-te e ir ver como ela está?

-Não – disse automaticamente.

Bateram á porta e eu levantei um pouco a cabeça para ver melhor a porta.

-Sim?

Tia Melinda apareceu toda vestida de preto.

-Bem, não era propriamente quem eu queria ver ao teu lado esta manhã, mas vou ignorar por hoje – disse ela olhando para o Damon que acenou. – Hoje é o funeral do Mayor Lockwood. Vou sair dentro de 20 minutos e agradecia que estivesses pronta, porque vamos as duas. Damon, também estás convidado a vir connosco.

-Muito obrigado, Miss Courtney.

Tia Melinda sorriu e saiu do quarto.

-A tua tia é simpática. Quando quer – observou Damon.

Suspirei e levantei-me da cama.

-Que seca. Nem tinha sabido que o Mayor Lockwood tinha morrido – falei enquanto abria o meu closet e tirava de lá roupas muito simples. Uma saia preta, um top de alças azul com folhos, um casaco beje e uns sapatos de salto alto azuis claros. Tirei também umas leggings pretas visto ainda ser inverno e por isso ainda fazer um pouco de frio, e uma mala azul clara quase do mesmo tom dos sapatos. Tirei depois a minha lingerie e tirei do joalheiro da minha mãe a bracelete que tinha Maria Antonieta em azul claro.

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-Vou tomar um banho – disse a Damon assim que coloquei a roupa toda em cima da cama.

-Oh, que pena, eu já estava a ficar habituado aos teus caracóis.

-Se quiseres, posso deixá-los secar ao ar – disse-lhe e entrei na casa de banho.

Tomei o banho relaxadamente, hidratei a minha pele, lavei a cara e coloquei hidratante, cortei as unhas, lavei os dentes e penteei o cabelo. Depois saí e olhei para o relógio em cima da cama.

-Oh, bolas! – exclamei e só depois reparei que Damon já lá não estava. Tinha precisamente três minutos para estar pronta. Bem, parece que Damon hoje iria gostar muito do meu cabelo.

Vesti-me o mais rápido que pude e saí do quarto a correr. Desci as escadas e Damon estava ao fundo delas, encostado ao pilar das escadas. Porcaria dos saltos que nos fazem tropeçar nos momentos mais indesejáveis, porque foi precisamente isso que aconteceu. O salto desequilibrou-me e eu quase caí das escadas se não fosse Damon a apanhar-me a tempo.

-É sempre bom ter um namorado com reflexos rápidos.

-Hum-hum – acenou ele e colocou-me no chão. Deu-me num beijo nos lábios e comentou: - Cabelos molhados, han? Isso tudo foi porque eu disse que gostava do teu cabelo encaracolado?

-Na verdade é porque eu já não tenho tempo de o secar – disse-lhe e olhei para a minha tia que vinha da cozinha.

-Vamos andando? – disse ela e não esperou pela nossa resposta. Abriu a porta e nós fomos atrás dela. Entrámos no carro dela e ela guiou sem dizer nada.

Olhei para o seu semblante e percebi que havia ali algo que ela estava a esconder.

-Não sabia que o Mayor tinha morrido – comentei, tentando puxar o assunto.

-É, parece que sim – suspirou ela e os seus olhos encheram-se de lágrimas.

-Tia, o que realmente aconteceu?

-Nada – mentiu ela e respirou fundo. Entrámos na propriedade dos Lockwood e á porta estava um jipe todo o terreno preto. – Pelos vistos quando alguém morre a família junta-se.

Tia Melinda estacionou o carro e Damon entrou dentro de casa, seguido de tia Melinda, deixando-me ali completamente à nora. Olhei para Tyler que era o anfitrião e fui ter com ele.

-Lamento muito, Tyler – disse eu e ele olhou-me com um brilho estranho nos olhos.

-Tu nem sequer o conhecias.

Senti-me ofendida e ao mesmo tempo com raiva.

-Só para que saibas, realmente não o conhecia, mas não quer dizer que não compreenda a tua dor – disse-lhe e apontei-lhe um dedo acusador. – Podes estar agora todo armado em forte, mas quando anoitecer vais sentir o que é realmente perder um membro da família.

Entrei em casa com lágrimas nos olhos e entrei na primeira casa de banho que encontrei. Lágrimas escorreram pelo meu rosto e os rostos da minha mãe, do meu pai e do meu irmão apareceram-me na mente, fazendo-me contrair um soluço que queria escapar.

Bateram à porta e a maçaneta girou. Um rapaz pouco mais velho do que eu, loiro e de olhos azuis acinzentados, entrou e pareceu envergonhado assim que me viu.

-Oh, peço imensa desculpa, eu…

-Não, deixe estar – disse e forcei um sorriso. Limpei as lágrimas e pisquei os olhos várias vezes seguidas para eliminar as lágrimas dos meus olhos. – Já estou de saída.

Saí da casa de banho e dei uns passos e voltei a olhar para trás. Ele fitava-me atento e sorriu embaraçado por ter sido descoberto. Sorri de volta e olhei em frente. Havia uma porta que estava entreaberta e eu pensei que seria o esconderijo perfeito para me acalmar, visto que casas de banho afinal não são assim tão privadas.

-Nós não nos conhecemos oficialmente. Sou a Katherine – a voz de Elena soou do outro lado, mas muito mais felina e eu fiquei com a minha mão suspensa a centímetros da maçaneta para a abrir.

-Eu sei quem és tu – falou Bonnie.

-Claro que sabes – falou Katherine e eu aproximei-me mais da porta para ouvir melhor. – Tu és a melhor amiga, certo? Tenho juntado todas as peças da vida de Elena. Isobel disse-me que era mais ou menos como um puzzle. Eu sei quem são a Jenna e o Jeremy, e conheci o ex-namorado delicioso Matt que gosta da Caroline e já falei com a ninfa Demi e depois és tu. A bruxa Bennett que odeia vampiros. Saí-me bem?

Houve um breve segundo do monólogo dela e depois ela começou a gritar, portanto supus que Bonnie lhe estava a fazer qualquer coisa.

-Tenho estado por aí há muito tempo, Bonnie – falou Katherine ameaçadora. – Terás que fazer melhor do que isso!

As portas abriram-se de repente e eu deparei-me com Katherine a segurar Bonnie pelo pescoço contra a parede e com as presas de fora. Dei um pulo para trás e um grito ficou preso na minha garganta.

-Boa – falou Katherine. – Olá, Demi.

Arqueei as costas e ergui o queixo, completamente sem reação. Mãos quentes e suaves tocaram levemente no fundo das minhas costas e eu olhei para o lado. Era Stefan e eu relaxei imediatamente.

-Katherine – falou ele, completamente descontraído.

-Stefan – disse Katherine numa voz completamente doce e feliz por o ver.

-Deixa-a em paz.

-OK – disse ela e largou o pescoço de Bonnie. Aproximou-se de nós e passou um dedo pelo peito de Stefan.

Olhei para ele, sem saber o que fazer, mas ele apenas retribuiu o olhar e seguiu-a.

-OMG, Bonnie! – exclamei e corri para ela. – Aquela é a Katherine!

-Pelos vistos sim. E o que estás aqui a fazer?

-Vim acompanhar a tia Melinda – respondi-lhe. -E tu?

-Tyler é meu amigo, por isso tinha que vir. Aliás, a cidade quase inteira está aqui.

Acenei com cabeça e respirei fundo.

-Temos que encontrar a Elena – disse. – A verdadeira.

-Concordo plenamente – falou Bonnie e nós andámos as duas pela festa à procura dela. Vi Jeremy e Jenna a falarem com Mrs. Lockwood e portanto deduzi que Elena já tivesse chegado.

-Vamos ver lá fora – sugeri e saímos da casa. Elena estava com Damon a falar e parecia ser algo tenso.

-Elena! – exclamou Bonnie primeiro do que eu.

-Bonnie, Demi, o que foi? – perguntou Elena.

Não tivemos tempo de dizer nada, porque o telemóvel de Elena tocou.

-Stefan? Onde é que… Está bem, vou já para aí – ela desligou o telemóvel e olhou-nos chocados. – Katherine magoou Stefan.

-O quê? – perguntei em choque e aproximei-me de Damon. Se ela tentasse fazer alguma coisa com ele, juro que a matava.

-Eu tenho que ir para dentro… - disse Bonnie e entrou de repente sem nos deixar dizer nada.

-Temos que ir, ele pode precisar de algo – falei e Elena saiu a correr em direção ao jardim das traseiras.

Eu e Damon fomos andando mas calmamente. Peguei na mão dele e entrelacei os nossos dedos.

-Ela é assim tão má? – perguntei-lhe e ele sorriu melancólico.

-E só de pensar que eu faria tudo por ela.

-Mas agora ela não importa, não é? – eu queria garantir que ele já não tinha sentimentos por ela, porque eu sabia que Katherine tinha sido muito importante na vida dele. Não queria apagar-lhe o passado porque isso é algo impossível, mas queria garantir que não tinha que competir com uma vampira porque de certeza que o iria perder.

-Não. Não mais – disse ele e apertou a minha mão. – Agora tudo o que importa és tu.

Sorri aliviada e pousei a minha cabeça no seu ombro. Ao fundo Elena e Stefan estavam sentados num banco e falavam.

-Uh, cobre isso Fabio – falou Damon e virou o rosto para o lado. O abdómen todo de Stefan era uma mancha de sangue fresco que me fez engolir em seco. Era muito sangue. – Temos uma ex louca à solta. Melhor tomar cuidado, parece que Katherine quer roubar o teu homem.

-Damon! – repreendi-o ele sorriu.

-Não é isso que está a acontecer – disse Stefan e baixou o olhar.

-Não é? – perguntou Damon e vi que ele estava furioso com algo, mas com o quê?

-Vou procurar a Jenna e o Jeremy. Demi, vens comigo?

-Sim, claro – acenei e fui embora com Elena

POV Damon Salvatore

-Katherine tentará colocar-nos um contra o outro, sabes isso, certo? – falou ele apontando para nós os dois.

-Irmão, não te preocupes – falei. – O nosso laço é inquebrável.

-Precisamos manter-nos unidos contra ela. Porque neste momento, tu importas-te com alguém. E não irei deixar a Katherine vir aqui e destruir essa parte de ti que está, ao fim de este tempo todo, disposta a sentir algo. Ela irá tentar destruir-te. Ela irá tentar destruir-nos. E a nossa resposta quanto a isso irá definir-nos. A escolha é nossa.

-Pela Demi? – perguntei quando ele chegou ao fim do monólogo dele.

-E pela Elena. As duas merecem viver longe dos problemas que aquelas duas nos causaram – completou Stefan. – E não vou lutar contigo por causa delas, irmão. Já fizemos isso no passado e eu não quero.

Acenei com a cabeça. É, eu também não queria lutar com o Stefan por causa de duas vadias que nos tinham destruído as vidas e depois desapareceram.

-Stefan, a Demi é tudo para mim agora – desabafei. – Não conseguiria viver separado dela agora.

Stefan acenou e sorriu.

-Isso é porque estás apaixonado por ela.

Arregalei os olhos e arqueei as sobrancelhas.

-Vá lá, sabes bem que isso é verdade!

Olhei para o chão, envergonhado por ele me ter apanhado.

-Não há mal nisso – disse ele numa voz de irmão mais velho e colocou as mãos nos meus ombros. – Nós seguimos em frente. Não deixes a Katherine e a Lilliane meterem-se no meio disso.

Acenei com a cabeça e sorri, olhando para o anel que me protegia do sol. Tinha sido uma prenda de Katherine e não podia viver separado dele. Isso significava que tinha que ficar com uma parte de Katherine para o resto da vida?

POV Demi Adams

Prometi encontrar-me com o Damon em casa dele e assim que cheguei a casa, mudei de roupa para uma mais confortável e fui para casa do Damon. Estacionei o carro e entrei em casa.

Estaquei. Elena estava deitada em cima de Damon no chão.

-Elena? – perguntei, completamente chocada.

Ela olhou para mim e percebi imediatamente que não era ela. O olhar felino, o cabelo encaracolado e o sorriso maquiavélico.

-Katherine – disse e engoli em seco.

-Olá Demi – disse ela e em menos de um segundo estava cara a cara comigo. – Que bom encontrar-me contigo de novo. Como está a minha amiga Lilliane? Já a viste por aqui?

Katherine foi encostada à parede por Damon que lhe estava a pegar pelo pescoço com extrema força.

-Vai para o inferno, Katherine – disse ele e ela sorriu.

-Estás tão hot! – exclamou ela e passou a mão pelo peito dele. – Quando é que ficaste tão giro?

-Ei! – exclamei, tomando finalmente uma atitude. – Para trás, sua bitch! Ele é meu namorado.

Katherine olhou para mim angelicalmente.

-A sério? Pois fica sabendo que eu fui a primeira a cá chegar.

-Quem vai ao ar perde o lugar – disse automaticamente.

-Chega a dona e tem que o dar – respondeu ela no segundo a seguir ao meu.

-Não penses que chegas aqui e achas que tens o direito de baralhar a vida de todos! – gritei e dei um passo na direção dela.

-Sai daqui Katherine – falou Damon olhando-a bem nos olhos. – E nunca mais voltes.

-Sim, talvez vá. Mas nunca cá mais voltar… bem, não prendas a respiração à espera disso, querido.

Olhou para mim e saiu porta fora. Damon entrou na sala e pegou na sua bebida, olhando para o nada.

-Tu estás bem? – perguntei-lhe colocando a minha mão sobre o seu ombro.

-Não sei – respondeu ele e eu coloquei as minhas mãos no seu rosto. Os seus olhos tomaram os meus de assalto e não consegui desviar um milímetro do seu.

-Damon, nós vamos ficar bem – disse-lhe com os olhos ficarem desfocados devido ás lágrimas. – Nós vamos ficar.

Abracei-o e escondi o meu rosto no seu ombro. No início ele não retribuiu o abraço, mas depois envolveu-me nos seus braços e beijou-me o topo da cabeça.

-Sim, nós vamos ficar bem.