Projeto Hoshi escrita por dreamerbee, Clube TMJ


Capítulo 8
Capítulo 8




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Até que enfim! Por favor, gente, me acompanhem no coro de Aleluia!

"AAAAAleluia! AAAAAAAleluia! Aleluia! Aleluia! A-LEE-LU-IÁ!"

Nem eu aguentava mais esperar por esse capítulo! rs Mas agora ele está aqui, e estamos todos vivos e bem! (espero)

Como sempre, não esqueçam das notas do final do capítulo! A nota desse capítulo é especialmente importante pra compreensão da fic, portanto, não deixem de ler!

Boa leitura!

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21 de fevereiro - 15:17 no HST (Hoshi Standart Time)
 
  Monica não podia conter interjeições de espanto ao olhar a paisagem imponente que corria por sua janela, a uma velocidade incrivelmente alta. Os prédios eram espantosamente altos e bonitos, naquele mesmo estilo minimalista que predominava por todo o Cruzador.
  O próprio veículo no qual ela estava viajando era um espanto, afinal. Quase caiu para trás ao vê-lo na saída da Academia, com o painel eletrônico piscando "Setor 2 -  2ª Gradação". Olhou em torno, contemplando o interior branco e azul-claro do Leviabhus. A estrutura era basicamente a de um ônibus da Terra, com algumas diferenças: era imenso, com fileiras de quatro cadeiras ladeando um corredor central; mas ao mesmo tempo movia-se de maneira incrivelmente suave, correndo rápido sem atritos ou trancos para os passageiros. Milagres da anti-gravidade, proporcionados pelas avenidas magnéticas que revestiam a Hoshi. Além disso, o Leviabhus escolar não fazia paradas nos pontos, seguindo reto em direção ao Setor 2, a ala residencial.
  Ela não pôde deixar de boquiabrir-se ao ver a enorme praça, erguendo-se em uma explosão de tons de verde, no meio dos cruzamentos das avenidas magnéticas.
  - É lindo, não é?! - ela ouviu Júlio murmurar, também impressionado, no banco ao lado do seu - É uma pena que tenhamos visto cada vez menos disso no nosso planeta natal...
  - Sim - Monica concordou brevemente - É muito triste ver a Terra ser destruída do modo que está sendo. E o pior é que não podemos fazer nada para parar essa situação. Agora, com a terraformação e as tecnologias desenvolvidas na Hoshi, as pessoas pararam de se preocupar com o meio ambiente. Tenho medo que o Cruzador cause mais problemas do que ofereça soluções...
  A discussão seguiu nesse ritmo até o Leviabhus parar em frente a dois grandes edifícios, prédios de apartamento revestidos de vidro, cuja fachada lia "Residência Estudantil". Os estudantes começaram a descer do ônibus, com os recém-chegados se maravilhando e admirando a arquitetura das imensas construções e os veteranos rindo e conversando entre si, comparando as fotos do documento de identificação estudantil.
  Alguns alunos já os aguardavam na porta dos prédios. Todos usavam o uniforme normal da Academia, porém, tinham uma faixa presa ao braço direito dos seus trajes.
  - Muito bom dia a todos! - gritou a garota animada que Monica recordava ter ido dar um aviso na sua sala de aula - Meninas, por favor, dirijam-se ao prédio da direita! Meninos, dirijam-se ao prédio da esquerda! Sigam os monitores até o saguão e lá vamos distribuir vocês direitinho pelos quartos!
  Monica acenou para Júlio e Dan, que seguiram em direção ao prédio dos meninos, enquanto se misturava ao bolo de meninas que seguia atrás das três estudantes em direção ao saguão.
  Era uma verdadeira entrada de edifício, com uma parede forrada de pequenos armários e um balcão, onde uma policial funcionária da portaria estava conferindo arquivos em um microcomputador de mesa.
  - Então! - a garota extrovertida tornou a falar - Para os que não me conhecem, meu nome é Becky! Essas três - apontou para as garotas que a acompanhavam - são Shouko, Keyra e Sara! Nós fazemos parte da Representação Estudantil, então estamos aqui para ajudar vocês no que for possível.
  Ela sorriu abertamente e as garotas chamadas Keyra, Shouko e Sara concordaram.
  - Nós vamos guiar todas vocês novatas pelo prédio. As veteranas com certeza já devem saber chegar até os seus apartamentos, então peço que vão direto até a Sra. Campanella - apontou a oficial, que acenou para as meninas - pegar o número da sua locação. Bom, - prosseguiu Becky enquanto as veteranas começavam a fazer uma fila em frente à Sra. Campanella - a estruturação das residências estudantis é bem simples! Cada série de gradação tem um andar, enquanto que as faculdades têm de três a quatro andares, a depender do número de estudantes. Vocês se organizarão em duplas na divisão dos alojamentos; cada dupla tem direito a um apartamento completo com um quarto de duas camas, sala, banheiro, cozinha e área de serviço. Vocês serão responsáveis pela manutenção do apartamento, tá! As condições das casas são verificadas mensalmente, então aconselho vocês a fazerem a limpeza direitinho... Os móveis são todos padronizados e não é permitido trazer outros, mas vocês podem decorar o apartamento com quadros e posteres, contanto que os levem de volta no final do ano. Não é permitida a livre circulação de meninas pelos andares de outras gradações que não as suas, não é permitido barulho alto após as nove e meia da noite e sempre que forem deixar o prédio, vocês devem fazer a checagem com a Sra. Campanella e informar aonde vão e qual o número do seu PDA para contato. Além disso, aqueles armários ali na parede são o correio. As correspondências serão colocadas lá; vocês receberão duas cópias das chaves e pegarão vocês mesmas a correspondência. Seus responsáveis serão informados hoje mesmo dos seus novos endereços na Hoshi, para poder escrever e enviar encomendas para vocês! A nave-correio vem pelo menos uma vez por dia. Para responder, vocês devem ir até o posto de correio que fica aqui na rua mesmo. Nos seus apartamentos existem dois mapas de bolso com os principais pontos do bairro e tabelas de horário dos Leviabhus civis, então é só levá-los sempre com vocês e não precisam se preocupar quando saírem do prédio! Ah, mais uma coisa... Quem tiver bichinhos de estimação, cheque com a Sra. Campanella e informe a sua situação para ela. Eles são permitidos, contanto que não façam muita sujeira nem vão de encontro às regras de barulho alto. E é isso! Agora é o momento que vocês estavam esperando: a hora de conhecer suas novas casas!
  Cada uma de nós irá com uma gradação, portanto, procurem a sua guia! Sejam bem-vindas à nossa Residência!
  Monica olhou em torno, meio apreensiva; Shouko chamava as garotas da 3ª gradação, Becky, as do 8º ano e da 1ª gradação, Keyra já começava a se dirigir ao elevador com as meninas da faculdade. Ela rumou rapidamente para o grupo que se formava ao redor de Sara.
  - Boa tarde a todas - a menina mais velha sorriu e comprimentou, educadamente - Meu nome é Sara e eu sou da faculdade de Biologia Extraterrena. Vou levar vocês ao segundo andar, que é o andar da 2ª gradação...
  Ela dirigiu as garotas, que a seguiam em fila, para um dos quatro grandes elevadores. Apertou o botão e as portas abriram-se; as meninas entraram, acomodando-se no espaço hexagonal. Todas as garotas da 2ª gradação cabiam com folga ali. O elevador era panorâmico e voltava-se para o lado de fora do prédio. Monica contemplou, encantada, as pacatas ruas do Setor 2, com seus prédios e conjuntos habitacionais, parques e vielas tranquilas.  Um pequeno barulho e uma suave voz eletrônica informaram que já estavam no segundo andar.
  Monica olhou para o largo corredor. As veteranas já transitavam por entre os apartamentos, conversando e rindo animadamente, arrastando e abrindo malas, visitando-se, emprestando escovas de cabelo e combinando passeios...
  Sara abriu caminho em meio à confusão e levou as recém-chegadas para uma ala ainda vazia. Tirou da bolsa uma caixinha cheia de chaves eletrônicas e uma lista, pondo-se a conferir os nomes e entregando uma chave a cada uma.
  - Essa chave que estou entregando agora é emergencial, ok? Vocês devem abrir a porta com a sua identificação estudantil. Caso haja algum problema com a porta, como por exemplo dar erro quando a sua identificação passar, usem a chave e reportem à Sra. Campanella para que possamos reprogramar. É proibido passar a chave do seu apartamento para outra pessoa. Ah, e as chaves devem ser devolvidas no final do ano escolar!
  Monica logo percebeu que as veteranas deviam ter ido fazer a confirmação na lista da recepção mais para pegar a chave do que para descobrir aonde iriam morar - cada apartamento possuía uma plaqueta LCD na porta de entrada com os nomes e as turmas das suas duas ocupantes.
  Encontrou seu nome na porta do 2012, passou sua identificação na leitora óptica e entrou em sua nova casa. As malas, tanto a sua quanto a de sua nova companheira de quarto, já estavam junto à porta no pequeno corredor que levava até a sala. Ela abaixou-se, puxou a sua e olhou em torno.
  O apartamento não era tão grande quanto o quarto de hotel onde tinha estado até então... Mas todo ele passava uma idéia de aconchego. Os móveis não eram muito diferentes das da Terra, embora ainda tivessem um ar meio que impessoal, ela esperava que isso passasse com o tempo. A sala era simples, constituindo basicamente de um sofá macio e uma televisão, separada da cozinha por um balcão acoplado a uma coluna da parede, ladeado por banquinhos altos, que fazia as vezes de mesa de jantar. A cozinha e a área de serviço eram praticamente p mesmo espaço, com uma geladeira, um forno e um armário quadrado com um micro-ondas em cima dispostos ao comprido e, no fundo, uma máquina de lavar, uma pia com tanque e um varal de suspender. Voltou novamente o olhar para a sala. Do outro lado do recinto, viu duas portas. A primeira dava para o quarto, cuja mobília consistia em duas camas e duas escrivaninhas com computador. A segunda levava ao banheiro.
  Monica pôs-se a arrumar suas roupas em um dos dois grandes gavetões embutidos embaixo da cama e que serviam de armário de objetos pessoais; estava separando um dos seus uniformes da escola quando sua colega de quarto chegou.
  - Ah! - exclamou ela ao ver que Monica já estava ali - Me desculpe, estou atrapalhando? Meu nome é Rosalie - a garota estendeu a mão - Acho que seremos companheiras de quarto a partir de hoje!
  - Sim, é verdade! - Monica sorriu. Estava feliz por sua companheira de quarto parecer ser tão simpática - Me chamo Monica, muito prazer em conhecer!
  Rosalie também trouxe sua bagagem e ambas começaram a conversar e a discutir as suas experiências na Hoshi enquanto se instalavam no pequeno apartamento.
  - Quer dizer que você pulou uma série? Que incrível!
  - Aham! Acho que é por isso que eles me instalaram aqui, na área das recém-chegadas... Pra eu poder fazer amizade mais fácil.
  - Ah, deve ser.
  As duas já conversavam como velhas amigas. Monica finalmente acomodou as últimas roupas e fechou a gaveta; Rosalie já havia terminado há algum tempo e estava examinando os computadores pessoais.
  - Ei, Rosalie! Que acha da gente dar uma volta pelo andar?
  - Ah, legal. A gente podia passear depois, não é? Tô morrendo pra passar lá no shopping da Hoshi e ir em duas é melhor, fica mais difícil de se perder! Aliás... Posso chamar meu namorado pra ir com a gente?
  - Aham.
  Rosalie rapidamente batucou no seu PDA, discando o número do namorado. Monica sentou-se na sua nova cama e esperou. A conversa entre os dois foi rápida; aparentemente, ele ainda estava ocupado arrumando os seus pertences.
  - Que pena, né? Então vamos só nós duas mesmo!
  Monica concordou, mas por dentro sentiu-se um pouco aliviada. Ela também queria muito conhecer o centro comercial da Hoshi, mas ao mesmo tempo não tinha nenhuma vocação para vela...
  As duas seguiram para o corredor, onde já havia barulho e movimento; grupos de meninas que se conheciam conversavam, uma dupla tentava resolver um problema na porta, com uma passando o cartão na leitora desesperadamente e a outra avisando que estava indo reportar à Sra. Campanella, outras três comparavam blusinhas, rindo animadas.
  - Parece que as meninas já estão bem amigas...
  - É verdade, não é?
  Monica e Rosalie viraram-se para ver quem estava falando. Era uma menina morena, com o cabelo preso num comprido rabo-de-cavalo. Ela acenou para as duas.
  - Muito prazer, meu nome é Magali! Estou na mesma sala que vocês, né?
  - É verdade - Rosalie sorriu - Eu sou a Rosalie e essa é a Monica.
  - Ah, então você que é a xará da minha amiga? Minha melhor amiga e companheira de quarto também se chama Mônica! Ela está lá dentro arrumando as coisas. - apontou para o apartamento vizinho - Ela está meio cansada por causa de umas coisas que aconteceram e disse que queria ficar só um pouquinho...
  Monica notou a leve tristeza na voz da outra, mas achou que não devia pontuar isso se a própria Magali não falou nada. Afinal, tinham acabado de se conhecer. Mas queria ajudá-la mesmo assim... Adiantou-se para falar.
  - Bom, a gente estava com vontade de conhecer o shopping da Hoshi! Quer vir com a gente?
  - Ah, quero sim! - Magali pareceu se animar um pouco - Já fui lá antes, é super-legal! Se quiserem, posso mostrar as melhores lojas pra vocês...
  - Alguém falou em shopping?! - uma menina da divisa da ala das veteranas gritou, colocando a cabeça pra fora do apartamento - Eu quero ir, eu quero ir! Prazer - ela saltitou até o trio - Eu sou a Emily! Vou só chamar minha colega de quarto, peraí... KEEEEELSIIII! Vamos no shopping?
  - Aaah, vamos! - Kelsi saiu do apartamento e também aproximou-se do grupo de meninas - O Kim da 3ª gradação me chamou pra sair e eu preciso de uma blusa nova!
  - Eu conheço você! - Rosalie exclamou - Você é a cantora do show na festa de volta às aulas! O seu show foi ótimo, viu?
  - É, sou eu! Que bom, fico feliz que tenha gostado - ela embaraçou-se.
  - Então! - chamou Emily - Vamos pegar o Leviabhus?

  Magali observou o grupo de garotas que a rodeava. Ficou feliz por conhecer gente nova; esperava que ela e as meninas se tornassem amigas. Todas pareciam simpáticas e legais... Estavam ajudando-a a se preocupar menos com todos aqueles problemas que estavam na sua cabeça.
  O fato é que desde o incidente com o Robô, Mônica tinha estado meio estranha. Afastada dos amigos, não falava com Cebola e Cascão há dias. Pensativa, não sorria mais, parecia não ter motivação pra mais nada. E Magali estava muito preocupada, mas o que ela podia fazer? Sempre que tentava ajudar a amiga, ela lhe dizia que preferia ficar só. Pesava na sua consciência sair e deixá-la sozinha, mas o que fazer? Não dá pra ajudar quem não quer ser ajudada.
  - Mônica - falou para dentro da porta de entrada do seu apartamento - Estou saindo, tudo bem pra você?
  Sem resposta. Magali suspirou e seguiu as meninas em direção ao elevador.

22 de fevereiro - 09:42 no HST (Hoshi Standart Time)

  Alfredo consultou mais uma vez o papel rabiscado à sua frente. Era seu plano de ação. Uma vez na vida, abençoou sua capacidade de desorganização; ninguém além dele entenderia o que era aquilo. Consultou novamente suas opções - todas complicadas, nem todas dentro da legalidade. Aquele trabalho seria complicado. E, sem dúvida, a sua companheira de setor já tinha alguma coisa em mente. Aquela Bianca não tinha cara de quem perdia tempo.
  Suspirou e massageou as têmporas. O que faria? Precisava de alguma coisa, mais do que isso, precisava de alguma coisa rápido. E o pior é que, como recém-chegado na nave, não tinha qualquer tipo de rede de informações. O que precisava era de alguém que conseguisse aquilo pra ele...
  Não tinha jeito. Era a única alternativa possível. Tirou o PDA e discou, pressuroso. Sentiu o suor escorrer pela sua nuca enquanto esperava a ligação ser completada. Batucou na mesa com impanciência até a voz melodiosa soar do outro lado da linha.
  - Olá, Alfredo. Há quanto tempo. Achei que tivesse esquecido de mim.
  - Raissa. Sem gracinhas, por favor. Estou no meio de um serviço sério e preciso que você redirecione o curso dessa sua nave agora mesmo.
  - E eu faria isso porque...?
  - Porque eu pago bem. Muito bem. E porque esse é um dos melhores serviços que você poderia sonhar em pegar, e seria simplesmete idiotice da sua parte se recusar a fazê-lo.
  - Seu poder de persuasão me assusta, meu caro. Para onde você quer que eu "redirecione o curso dessa minha nave"?
  - Para o Cruzador Hoshi. E agora, porque o assunto é delicado e pede urgência.
  Houve uma breve pausa do outro lado da linha.
  - Você realmente vai pagar bem?
  - Provavelmente, o dobro do valor desse serviço na sua tabela. Se preciso for, o triplo. Se ainda assim você não estiver convencida, deixo você estabeler o preço. Que tal? Assim está bom para você?
  Mais uma pausa. Alfredo sentiu uma pontada no fundo do seu estômago. Seria possível à grande caçadora de recompensas Raissa Wolf recusar um trabalho que pagava tão bem?
  - ...Muito bem, Alfredo. Mas eu espero que realmente valha a pena. Talvez esse serviço vá me custar mais caro do que você pensa.
  - Não se preocupe, senhorita. Vou fazer valer a pena.
  Alfredo desligou o PDA. Uma onda de alívio invadiu-o.O jogo agora viraria a seu favor.
 
21 de fevereiro - 14: 52 no HST (Hoshi Standart Time)

  - Caramba, tô quebrado! - Zé Luís espreguiçou-se, atravessando o grande campus da Academia. A área era muito aberta e ensolarada; ele ladeava a quadra ouvindo o ruído de um jogo de futebol entre alunos da Faculdade. - Essa história de vir dar palestra é a maior roubada... Nunca mais deixo a Xabéu me meter nes... Ouch!
  Ele deu um passo para trás, massageando o nariz. Havia trombado em alguma coisa - em alguém.
  - Mas quê...?
  - Falaê, ô Sr. Comando.
  Franziu a testa. Nunca havia visto aquele homem antes. Olhou-o de cima abaixo; ele era alto e forte. Estava encarando, com os braços cruzados.
  - Me perdoe a falta de educação, mas eu te conheço?
  - Não - respondeu, ainda de cara fechada, o cara alto - Mas devia tomar cuidado comigo.
  - Ahn?
  - Te vi conversando com a Bianca. Quero você longe dela. Bem longe, entendeu? - Ele descruzou os braços e aproximou-se lentamente de Zé Luís.
  - Como é que é? Quer dizer que agora a problemática tem guarda-costas também?
  - Você chamou ela DO QUÊ? - Zé Luís sentiu um puxão na gola do uniforme e perdeu o chão; o cara o estava levantando pela gola. Ele mentalmente rezou para que o fortão não rasgasse o seu uniforme. Levá-lo até a lavanderia pra ser costurado daria um trabalho danado.
  - De problemática. Aquela mulher não é norm--
  Parou de falar ao sentir a pressão na sua gola aumentar; o cara estava se irritando. Ele sabia o que viria a seguir... Havia apanhado mais que o suficiente nos seus tempos de adolescente. Fechou os olhos com força, a espera do impacto, e mentalmente torceu para que o outro tivesse a decência de não quebrar seus óculos...
  - Adriano, larga ele agora.
  O impacto do soco não veio. Em compensação, veio o contato com o chão. Zé Luís abriu os olhos, apalpando o rosto em busca de danos inflingidos ao pobre par de óculos; não encontrou nenhum. Soltou um suspiro de alívio. Mas essa sensação durou pouco. Ao levantar-se e espanar a poeira das suas roupas, viu que a responsável pelo seu "salvamento heróico" não era outra além da pessoa sobre a qual ele e o fortão - Adriano? - estiveram debatendo.
  De repente todo o alívio configurou-se em raiva. Ainda por cima, ela queria humilhá-lo? Vir salvá-lo de repente para fazê-lo parecer mais fraco, era isso? Ajeitou a gola da blusa e virou-se para a dupla, prestes a puxar briga... Mas parou ao ver que nenhum dos dois estava lhe dando atenção.
  - Adriano, quantas vezes eu vou ter que te pedir pra parar de me perseguir? Me deixa em paz. Se puder, deixe o Alferes em paz por tabela.
  - Qualé, Bia. Você me quer e sabe disso. - ele começou a aproximar-se dela, que prontamente pôs a mão no seu ombro, sinalizando que parasse.
  - Não quis, não quero e nunca vou querer; caso contrário, estarei precisando de um sério tratamento de choque no setor de RH. Agora, passar bem. Vamos - Zé Luís sentiu um puxão na manga e, no momento seguinte, viu-se arrastado por Bianca, que seguia em linha reta e pisando duro. Ele não resistiu à vontade de alfinetá-la.
  - Não precisava vir dar uma de boazinha, sabe? Eu tinha tudo sob controle ali.
  - Ah, claro. Mas quero lhe avisar, em caso de problemas que você possa vir a ter, e provavelmente você virá a ter considerando o que eu acabei de presenciar, que o Adriano não tem pena de bater em pessoas de óculos. Aliás, não se engane: ele não vai poupar os seus óculos. Muito provavelmente, vai fazer questão de quebrá-los.
  - E o que é que esse cara queria com você?
  - Não é o que ele queria, é o que ele quer desde que me viu pela primeira vez. E, garanto a você, ele não vai conseguir.
  Ele não pode deixar de perceber que ela realmente estava falando sério. E o modo como ela estava falando sério era de assustar até aquele brutamontes do Adriano. Engoliu em seco.
  - Bom, de qualquer forma, aqui estamos - Já estavam no ponto do Leviabhus? Desde quando ele sequer conseguia andar tão rápido? - E acredito que você agora esteja me devendo uma - Ela sorriu seu sorriso ácido mais uma vez. De certa forma, era melhor vê-la assim do que com a cara fechada que estava fazendo agora a pouco. Isso o deixou um pouco mais tranquilo.
  - Te devendo uma? Nem morto que eu quero ficar com um peso desses nas costas. Como você quer que eu te pague?
  Bianca riu. Uma risada um tanto quanto sarcástica. Seria aquilo já um hábito dela?
  - Amanhã você vai descobrir. A gente se vê, Sr. Alferes.
  Ela apertou o pulso dele uma última vez antes de acenar e sair andando. O Leviabhus parou e Zé Luís apressou-se a entrar; queria sair dali o mais rápido possível, como um criminoso que foge da cena do crime.
  Amanhã? O que ela queria dizer com aquilo?
  Seria possível que tudo o que aquela mulher sabia fazer era lhe provocar?

Fim do Capítulo 8


E é o fim de mais um cap.! Que será que a Bianca quer com o pobre Zé Luís? Será que ele ainda vai levar um côro do Adriano? Qual será o plano de ação de Alfredo? O que será que eu vou comer amanhã no almoço? (Tá, esquece essa)
A resposta para essas e muitas outras perguntas, vocês encontrarão (ou não) no Capítulo 9, que vai sair... um dia. A depender da agenda da pobre autora. XDDD

Esse cap. foi grande, gordo e homérico, e muito, muito cansativo de escrever... Nossa... Tenho medo que ele tenha ficado muito chato e repetitivo, porque eu o escrevi aos poucos! Por favor, me perdoem se for esse o caso.

Mas enfim, vamos ao que interessa... Vocês repararam que os personagens da TMJ finalmente apareceram nesse cap, né? Então. Queria deixar claro pra todos vocês que a fic se passa no ano seguinte à saga Brilho de um Pulsar. Como nós ainda temos que esperar um mês pra vermos a conclusão da saga e eu, não querendo ser linchada pelos meus leitores, não vou esperar tudo isso pra atualizar a fic, terei que criar um final alternativo para Brilho de um Pulsar.
Nesse final, a Hoshi e o Império Karoton se unem para combater as forças de Lorde Kamen, com a coligação vencendo no final e o Império Karoton fazendo uma aliança política com a Terra e com a Hoshi, a primeira da sua história. O Robô e Mimi se reconciliam após a derrota de Lorde Kamen e ele, deslumbrado por novamente poder estar ao lado da pessoa que ama,  vai embora completamente absorvido por Usagi Mimi, esquecendo da Mônica e da ligação que havia se criado entre eles. Isso causa um forte impacto nela, que fica cada vez mais retraída no ano que se passa, evitando seus amigos. Cebola não tem mais coragem de falar com ela depois dos problemas que ele causou no Cruzador, Cascão tem medo de acabar ferindo sua amiga hiper-sensibilizada sem querer com as suas brincadeiras, Magali está preocupada e quer ajudar, mas Mônica recusa a ajuda. É nesse pé que os quatro amigos são chamados para fazer intercâmbio na Hoshi, pelo Astronauta em pessoa. Franja até passa nos exames da Faculdade, mas prefere ficar na Terra com Marina. O que vai acontecer com eles desde então vocês vão descobrir ao longoda fic!

É isso, obrigada por lerem e, se possível, deixem reviews! ;)

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