Luna acordou com as mãos presas em correntes muito pesadas para levantar, a garota estava suada e machucada, as costas doíam e os pulsos sangravam. Absolutamente tudo doía, principalmente a região interna das pernas. Ela escutou passos e se encolheu abraçando as pernas, tremendo de medo. Onde estaria ela? O que teriam feito com ela?

Ela então viu um garoto loiro entrar nas masmorras e sentiu uma pontada no peito, sentindo-se traída. Draco teria feito isso com ela? Ela evitou o olhar do garoto com medo e dor, ele sentou-se ao lado de Luna e observou-a com os olhos frios.

— Sinto muito... — O garoto murmurou, abraçando o corpo delicado e frágil da amada, apertando-a contra si. Luna tremia incontrolavelmente, ela tentou se levantar, afastando-se de Draco, mas as correntes a prendiam fortemente contra a parede. — Eu tentei impedi-los, juro que tentei, mas eles me espancaram e me prenderam no quarto.

A garota arriscou um olhar para o garoto, e percebeu que ele tinha muitos hematomas, o rosto do garoto, normalmente pálido, estava coberto de vários tons de roxo e amarelo. Ela tocou o rosto dele com as pontas dos dedos delicadamente, o que fez o garoto encolher-se de dor. Luna sentiu os olhos se encherem de lágrimas e Draco apertou-a contra si, apesar da dor que sentia tudo que importava era que eles estavam juntos.

Ele encostou os lábios nos dela delicadamente, ela estava com um gosto salgado, por causa das lágrimas que não cessavam em cair, sem que ele percebesse, ele também estava chorando, feliz por finalmente estar com ela, apesar de tudo.

O estômago dela roncou e Luna riu, a risada dela era como um raio de sol no meio da escuridão, o que fez o garoto sorrir também. Draco rapidamente conjurou uma bandeja com comida e água. Ela sorriu agradecida e começou a comer, em questão de minutos já tinha terminado tudo.

— Obrigada. — Luna abraçou-o satisfeita. —O que vão fazer se te virem aqui embaixo?

— Nada, na verdade, essa é a tarefa que me foi designada. — Ele sorriu gentilmente e afastou uma mecha de cabelo do rosto dela. — Eu fiquei muito preocupado, achei que você estava morta. Você não se moveu por uma semana, eu descia aqui todos os dias para te alimentar e tentar te acordar, mas você continuava a dormir... — O garoto abraçou-a com lágrimas nos olhos e beijou-a gentilmente. Luna ficou contente por ser a única pessoa que via esse lado de Draco, apesar de tudo. — Fico feliz que esteja bem.

Luna sorriu fracamente, lembrando-se vagamente de um momento em que viu o garoto conversando com ela, num sonho, ou achava que era isso.

— O que aconteceu? — Luna perguntou com os olhos marejados de lágrimas, lembrando-se de Harry e do que ele havia lhe dito, sentindo-se mais uma vez impotente, e perguntando-se se o moreno estava bem.

— Bellatrix e Grayback lhe capturaram, para conseguir informações sobre o Potter. Eles... Abusaram de você. — Draco fechou as mãos em punhos, lembrando-se do momento que foi obrigado a assistir, ele tentara impedir, mas foi torturado e trancafiado no quarto. — Sinto muito por não poder fazer nada.

Luna sentiu os olhos se encherem de lágrimas e os soluços balançarem-lhe os ombros. Ela se sentiu suja e usada, sentiu nojo de si mesma. Os braços fortes de Draco a envolveram e ela se apoiou no garoto, sentindo o perfume mentolado que emanava dele, sentindo-se mais suja do que nunca, tudo que ela queria era um banho, mas isso era um luxo pelo qual não poderia esperar, pelo menos até a guerra terminar, e isso podia durar meses.

— Draco... Você pode usar a sua varinha para me limpar... Por favor? — Ela implorou. O garoto murmurou um feitiço rápido e a garota sentiu algo como uma brisa gelada e toda a sujeira do seu corpo, mas mesmo assim, ela ainda sentia muito suja.

Luna agradeceu e abraçou o loiro, o garoto acariciava as costas dela e murmurava palavras tranquilizadoras, e ela acabou por cair na inconsciência, com as palavras doces de Draco ainda ecoando nos seus ouvidos.

O loiro conjurou um travesseiro e apoiou a cabeça dela nele antes de sair, lágrimas ainda escorriam dos olhos da garota. Ele limpou-as delicadamente e saiu das masmorras, conjurando pratos de comida para os outros prisioneiros, nem parando para conversar com eles antes de subir até o seu quarto.

Draco deitou-se na cama, olhando para o teto decorado com verde e prateado, pensando na expressão torturada de Luna e se odiando por não poder fazer nada a respeito. Ele queria ajudá-la a fugir, a sair daquele lugar horrível, mas seu lado egoísta não lhe permitia fazer isso, por que seria morto antes que pudesse pisar para fora.

O loiro passou a noite inteira pensando sobre isso e decidiu que não importava a família, mas para onde iria se decidisse fugir? O loiro grunhiu de frustração e escutou passos no andar de baixo, e a voz de uma pessoa conhecida: Granger. Um brilho passou pelos seus olhos: Perfeito. Agora era a deixa para eles fugirem.

— Draquinho! Desça aqui, quero que você veja uma coisa! — Chamou a voz da “titia” que tanto odiava.

O loiro se trocou e desceu as escadas, colocando a máscara de escárnio e desdém, embora estivesse planejando um modo de ajudar o garoto da cicatriz a escapar. Ele então viu um garoto com o rosto inchado e completamente deformado, não sabendo ao certo se era ou não a pessoa que lhe ajudaria a sair dali, ele logo confirmou que era ele por que a Granger olhava para ele com um olhar assustado e irritado. A situação seria completamente cômica se ele não estivesse em uma posição tão crítica.

— O que foi? — Draco olhou para Bellatrix com o nariz empinado, como sempre fazia ao olhar para ela, reprimindo a vontade louca de lançar um Crucio na bruxa.

— Este é o Potter? — Perguntou a tia, com os olhos negros como besouros brilhando de excitação.

— Como vou saber? — Draco sorriu desdenhoso para ela, que arregalou os olhos ainda mais, se isso era possível.

— Apenas diga, Draco, esse é o Potter? — Bellatrix lhe olhava com esperança de agradar o mestre. Draco simplesmente sentiu nojo e respondeu.

— Talvez... Talvez não... — A risada dele logo se transformou em um grito de dor quando a tia lhe enfeitiçou com a maldição da tortura. — Eu não sei!

Draco conseguiu ofegar, o que fez a bruxa lhe soltar da maldição.

— Leve-os para as masmorras, Draco. — A Comensal Da Morte lhe deu um olhar de desdém e o ajudou a levantar com uma risada de escárnio.

Draco puxou os dois integrantes pelo braço até as masmorras, colocando-os na mesma masmorra do que a namorada, a qual ele soltou, as correntes caíram com um movimento da varinha.

— Idiotas, eu vou ajudar vocês a fugir. Não me perguntem por que, mas eu vou, mas eu também vou com vocês. — Draco disse baixinho, para os comensais não conseguirem escutá-lo. Ele entregou as varinhas deles. — Consegui a varinha de vocês de volta, então vamos.

O garoto entregou a varinha para Luna, chacoalhando-a gentilmente para ela acordar, quando ela não acordou, ele pegou-a no colo sem dificuldade.

— Para onde vamos?

Harry e Hermione se entreolharam e acenaram com a cabeça um para o outro.

— Como vamos saber se você só não está fazendo isso para conseguir informações para Voldemort? — Perguntou Hermione, sussurrando.

Draco riu.

— Já viu como eles me tratam aqui? Não sou mais do que um criado. — Draco sussurrou de volta. Mas baixo ainda, relutantemente, ele adicionou. — Por favor, me levem com vocês.

Harry revirou os olhos e deu de ombros.

— Tudo bem, você está nos ajudando, afinal de contas. — Harry, Hermione, Draco e Luna (que tinha acabado de acordar) deram as mãos e desaparataram até a Casa Das Conchas, sem notar quando uma mulher morena atirou uma faca no meio do círculo deles.

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Quando chegaram lá, Harry e Hermione se abraçaram, aliviados por estar finalmente livres. Draco então ofegou quando sentiu uma lâmina de metal cravada na perna dele, caindo no chão. Luna ajoelhou-se e delicadamente tirou a faca da perna do garoto, sem hesitar. Mais sangue fluiu do machucado e Luna usou um feitiço para parar o sangramento.

Draco ofegava de dor, a faca que Bellatrix usara era muito afiada, e quase havia atravessado a perna do rapaz. Ele estava levemente consciente quando Luna amarrava uma gaze ao redor da perna dele e Harry e Hermione lhe encaravam com curiosidade, sem se mover.

Ele então escorregou até uma terra de sonhos sem sonhos, onde os olhos azuis de Luna, juntamente com a sua voz, tão calmos e tranquilos, lhe murmuravam que tudo estaria bem, que ninguém mais iria machucá-lo. Eles finalmente estariam são e salvos.