Harry Potter e o segredo de Slytherin escrita por Absolem the oracle


Capítulo 16
Capítulo 15 - As aranhas de Hagrid




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O verão se espalhou lentamente pelos jardins que cercavam o castelo. O céu e o lago, os dois, ficaram azul-clarinhos, e flores do tamanho de repolhos se abriram repentinamente nas estufas. Mas sem a visão de Hagrid caminhando pelos jardins com Canino nos calcanhares, a paisagem vista das janelas do castelo não parecia normal. Aliás, era pouco melhor do que o interior do castelo, onde as coisas pareciam terrivelmente erradas.

Harry, Rony e Meredith ate tentaram visitar Hermione, mas as visitas à ala hospitalar agora não eram permitidas.

- Não queremos mais nos arriscar. - Madame Pomfrey disse com severidade, por uma fresta na porta da enfermaria - Não, sinto muito, há grande possibilidade de o atacante voltar para liquidar os pacientes...

Com a saída de Dumbledore, o medo se espalhou como nunca antes, de modo que o sol que aquecia as paredes do castelo por fora parecia se deter nas janelas de caixilhos. Quase não se via na escola um rosto que não parecesse preocupado e tenso, e qualquer risada que ecoasse pelos corredores soava aguda e artificial e era rapidamente abafada.

Harry repetia constantemente as ultimas palavras de Dumbledore "Só terei realmente deixado a escola quando ninguém mais aqui for leal a mim... Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem". Mas de que adiantavam essas palavras?

A quem exatamente pediriam ajuda quando todos estavam tão confusos e apavorados quanto eles?

A dica de Hagrid sobre as aranhas era muito mais fácil de entender. O problema era que não parecia ter restado uma única aranha no castelo para se seguir.

Harry procurava por todo lado aonde ia, com a ajuda (um tanto relutante) de Rony e a prontidão de Meredith. Eles eram atrapalhados, é claro, pelo fato de não poderem andar sozinhos, tinham que se deslocar pelo castelo com um grupo de alunos da Grifinória. A maioria dos seus colegas parecia satisfeita em ser acompanhada de aula em aula por professores, mas Meredith achava isso muito irritante.

Havia, porém uma pessoa que parecia estar se divertindo muito com a atmosfera de terror e suspeita. Draco Malfoy andava se pavoneando pela escola como se tivesse acabado de ser nomeado monitor-chefe. Meredith, Harry e Rony não entenderam por que ele andava tão satisfeito até a aula de Poções, duas semanas depois de Dumbledore e Hagrid terem ido embora, quando, sentados atrás de Malfoy, ouviram ele se gabar para Crabbe e Goyle.

- Eu sempre achei que meu pai era a pessoa que iria se livrar de Dumbledore. - ele disse sem se preocupar em manter a voz baixa - Falei com vocês que ele achava que Dumbledore era o pior diretor que a escola já tinha tido. Talvez a gente tenha um diretor decente agora. Alguém que não queira manter a Câmara Secreta fechada. MacGonagall não vai durar muito tempo, ela só está substituindo...

Snape passou por Harry, sem fazer comentários sobre a cadeira e o caldeirão vazios de Hermione. Logo Meredith tomou o lugar dela.

- Professor... - Draco perguntou em voz alta - Professor, por que é que o senhor não se candidata ao lugar de diretor?

- Vamos, Malfoy. - Snape respondeu embora não conseguisse refrear um sorrisinho - O Prof. Dumbledore foi apenas suspenso pelo Conselho. Quero crer que estará de volta conosco logo, logo.

- É claro. - Draco disse rindo - Acho que o senhor teria o voto do meu pai, professor, se quisesse se candidatar. Vou dizer ao meu pai que o senhor é o melhor professor que temos, professor...

Snape sorriu enquanto andava pela masmorra, felizmente sem ter visto que Simas Finnigan fingia vomitar no caldeirão.

- Na verdade... seria... interessante o Prof. Snape ser diretor. - Meredith falou desatenta, alto o suficiente para Rony, Harry, Draco e Snape escutarem.

- O que? - Harry a olhou surpreso e ela se desculpou constrangida, mas Snape parecia gostar do comentário.

- Fico surpreso que os sangues-ruins não tenham feito as malas. - Draco continuou - Aposto cinco galeões que o próximo vai morrer. Pena que não tenha sido a Granger...

O sinal tocou nesse instante, o que foi uma sorte por que ao ouvir as últimas palavras de Draco, Rony tinha saltado do banquinho e, na agitação para reunirem mochilas e livros, seus esforços para se atracar com Draco passaram despercebidos.

- Me deixe agarrar ele! - rosnou Rony, enquanto Harry e Dino o seguravam pelos braços. - Nem estou ligando, não preciso da minha varinha, vou matar ele com as mãos...

- Vamos depressa, tenho de levá-los à aula de Herbologia. - Snape disse rispidamente à classe e logo saíram, com Harry, Rony e Dino fechando a fila, Rony ainda tentando se desvencilhar. Os amigos só acharam que era seguro soltá-lo quando Snape já levara a turma para fora do castelo e estavam atravessando a horta em direção às estufas.

Depois levou os alunos da Sonserina para a aula de história da magia. Meredith decidiu fugir da turma. Foi andando para perto da sala de Lockhart quando viu Rony e Harry fugindo do grupo comandado pela Prof. Sprout.

- Teremos que usar a capa da invisibilidade outra vez - Harry disse a Rony - Podemos levar Canino conosco. Ele está acostumado a entrar na floresta com Hagrid, talvez possa ajudar.

- A capa é? - Meredith chegou sorrateira.

- Ah! - Rony se assustou - Certo... - concordou enquanto que revirava a varinha nos dedos, nervoso.

- Encontramos aranhas. E ela estavam indo pra floresta. - Harry disse calmo.

- Nem adianta tentarem fugir. - Meredith disse animada - Eu vou junto!

- Hum... Não dizem que tem... Não dizem que tem lobisomens na floresta? - Rony perguntou nervoso quando se sentavam nos lugares de sempre, no fundo da classe de Lockhart.

- Mas lá também tem coisas boas. Os centauros são legais, e os unicórnios... - Harry pareceu tentar amenizar a situação.

- Ele nunca me percebe aqui? - Meredith perguntou indignada com Lockhart.

Rony nunca esteve na Floresta Proibida antes. A experiência de Harry e Meredith não foi das melhores dentro daquele lugar sinistro.

Lockhart entrou aos saltos na sala, e a classe ficou olhando para ele. Todos os outros professores na escola pareciam mais sérios do que o normal, mas Lockhart estava, no mínimo, animado e confiante.

- Vamos, garotos! - ele exclamou sorrindo para todos os lados - Por que essas caras tristes?

Os garotos trocaram olhares tensos, mas ninguém respondeu.

- Vocês não percebem... - Lockhart falou lentamente, como se todos fossem um pouco retardados -... que o perigo passou! O culpado foi levado embora...

- Só se for pros sangues-ruins.... o perigo pra você ainda esta bem aqui... - Meredith resmungou.

- Quem disse? - Dino perguntou em voz alta.

- Meu caro rapaz, o Ministro da Magia não teria levado Hagrid se não estivesse cem por cento convencido de que era culpado. - Lockhart disse num tom de voz de alguém que explica que um mais um são dois.

- Ah, teria levado, sim! - Rony disse ainda mais alto do que Dino.

- Me lisonjeia dizer que sei um tantinho mais sobre a prisão de Hagrid do que o senhor, Weasley .- Lockhart disse num tom presunçoso.

Rony começou a dizer que achava que não, mas parou no meio da frase quando Meredith o chutou com força por baixo da carteira. Harry olhava feio para ele.

- Não estávamos lá, lembra? - Meredith falou baixo, mas furiosa.

A animação desagradável de Lockhart, suas insinuações de que sempre achara que Hagrid não prestava, sua confiança de que a história toda agora chegara ao fim, irritou tanto Harry que ele teve vontade de atirar Como se Divertir com Vampiros bem no meio da cara boba do professor. Em vez disso contentou-se em rabiscar um bilhete para Rony: Vamos hoje à noite.

Rony leu o bilhete, engoliu com força e olhou de esguelha para a carteira vazia em que Hermione normalmente se sentava. A visão pareceu fortalecer sua decisão, e ele concordou com um aceno de cabeça. Passou o bilhete para Meredith.

A sala comunal da Grifinória andava sempre muito cheia ultimamente, porque a partir das seis horas os alunos da casa não podiam ir a lugar algum. E, também, tinham muito o que conversar, por isso a sala só se esvaziava depois da meia-noite.

Harry foi buscar a capa da invisibilidade no malão logo depois do jantar e passou a noite sentado em cima dela, esperando a sala se esvaziar. Fred e Jorge desafiaram Harry e Rony para umas partidas de snap explosivo, e Gina se sentou para apreciar, muito quieta na cadeira que Hermione geralmente usava. Os dois amigos perdiam todas as partidas de propósito, tentando terminar o jogo depressa, mas mesmo assim, já era mais de meia-noite quando Fred, Jorge e Gina finalmente foram se deitar.

Harry e Rony esperaram até ouvir os ruídos distantes das portas dos dormitórios se fechando antes de apanhar a capa. Meredith se atirou pelo buraco atrás do quadro e logo os três estavam debaixo da capa correndo pelos corredores do castelo.

Foi outra travessia difícil do castelo, evitando esbarrar nos professores. Finalmente chegaram ao saguão de entrada, puxaram o trinco das portas de carvalho, esgueiraram-se entre as duas folhas tentando impedir que elas rangessem e saíram para os jardins banhados de luar.

- Claro... - Rony disse abruptamente quando atravessavam o gramado -... podemos chegar na floresta e descobrir que não há nada para seguir. Aquelas aranhas talvez nem estivessem indo para lá. Sei que parecia que se deslocavam naquela direção geral, mas...

A voz dele foi emudecendo cheia de esperança.

- Quieto!- Meredith disse com raiva. Já não aguentava mais a covardia de Rony.

Os garotos chegavam à casa de Hagrid, que parecia triste e pobre com as janelas às escuras. Quando Harry empurrou a porta, Canino ficou louco de alegria de vê-los. Preocupados que ele pudesse acordar todo mundo no castelo com seus latidos fortes e ressonantes, eles lhe deram quadradinhos de chocolate, que grudava os maxilares, de uma lata em cima do console da lareira.

Harry deixou a capa da invisibilidade em cima da mesa de Hagrid. Não precisariam dela na floresta escura como breu.

- Vamos, Canino, vamos dar um passeio. - Meredith disse abrindo a porta, e Canino saiu de casa dando saltos de felicidade atrás deles, correu para a orla da floresta e levantou a perna contra um enorme carvalho.

Harry puxou a varinha, murmurou "Lumos!" e brilhou uma luzinha na ponta, suficiente para deixá-los ver o caminho à procura das aranhas.

- Bem pensado! - Rony disse - Eu acenderia a minha também, mas você sabe, provavelmente iria explodir ou fazer outra maluquice qualquer...

- Eu acendo a minha... - Meredith procurou a varinha no casaco - Lumos... - sua varinha agora ajudava a iluminar o caminho.

Harry bateu no ombro de Rony, apontando para o capim. Duas aranhas solitárias corriam para longe da luz da varinha procurando a sombra das árvores.endeu a mão gorducha e Harry a apertou.

- Muito bem - suspirou Rony resignado com o pior. Estou pronto. Vamos.

Então, com Canino correndo à volta, cheirando raízes e folhas de árvores, eles se embrenharam na floresta. Orientados pelas luzes das varinhas de Harry e Meredith, seguiram o fluxo constante de aranhas que iam pelo caminho. O seguiram por uns vinte minutos, sem falar, procurando ouvir outros ruídos que não fossem os dos gravetos estalando ou das folhas sendo pisadas. Então, quando a floresta se tornou mais denso que nunca, tanto que já não era possível ver as estrelas no alto, e a varinhas brilhava solitária num mar de trevas, eles viram as aranhas que os guiavam abandonarem o caminho.

Harry parou, tentando ver onde as aranhas estavam indo, mas nem as duas varinhas tinham luz o suficiente naquela escuridão. Eles nunca se embrenharam tão fundo na floresta. Lembravam-se vivamente de Hagrid aconselhando a não se afastarem do caminho da floresta da última vez que Harry e Meredith estiveram ali. Mas o guarda-caça estava a quilômetros de distância, provavelmente sentado em uma cela de Azkaban, e também lhe dissera para seguir as aranhas.

Alguma coisa úmida encostou na mão de Harry, e ele deu um pulo para trás, esmagando o pé de Rony que trombou com Meredith tentando puxar o pé para trás, mas era apenas o nariz de Canino.

- Rony! - Meredith disse com raiva caída no chão.

- Que é que vocês acham? - Harry perguntou indeciso

- Já chegamos até aqui. - Rony disse.

- Pelo menos vamos ate o fim. Tentem fazer isso valer a pena, por que nós vamos ter sérios problemas quando voltarmos. - ela batia as mãos nas roupas limpando algumas folhas secas.

Então os três acompanharam as sombras velozes das aranhas entrando pelo meio das árvores. Não podiam mais andar muito depressa, havia raízes e tocos de árvores no caminho, pouco visíveis na escuridão quase total. Harry sentia o hálito quente de Canino em sua mão. Mais de uma vez tiveram que parar para que pudessem se agachar procurando as aranhas.

Caminharam pelo que pareceu pelo menos meia hora, as vestes agarrando nos galhos baixos e espinheiros. Passado algum tempo, repararam que o chão parecia estar descendo, embora o arvoredo estivesse mais denso que nunca.

Então Canino soltou de repente um latido que ecoou por todos os lados, fazendo Harry, Rony e Meredith darem um pulo de fazer a alma se soltar do corpo.

- Que foi? - Rony perguntou alto olhando a escuridão à volta e segurando o cotovelo de Harry e o pulso de Meredith com força.

- Tem alguma coisa se mexendo ali adiante - Harry sussurrou.

- Escute... Parece uma coisa grande... - Meredith falou atenta dando um passo a frente e ficando ao lado de Rony.

Eles escutaram. A uma certa distância para a direita, a coisa grande estava partindo galhos à medida que abria caminho por entre as árvores.

- Ah, não! - Rony gemeu desesperado - Ah, não, ah, não, ah...

- Cale a boca - Harry mandou muito nervoso - A coisa vai ouvir você.

- E você, apaga essa varinha! - Meredith deu um tapinha em Harry, e já tinha apagado a sua.

- Me ouvir? - Rony exclamou numa voz estranhamente aguda - Ela já ouviu o Canino!

- Que acha que ela está fazendo? - Harry perguntou apertando a varinha.

- Não sei! - Rony falou com um certo desespero.

- Provavelmente está se preparando para atacar. - Meredith disse se escondendo atrás de Harry e Rony.

Os três esperaram, mal atrevendo a se mexer.

- Você acha que foi embora? - Harry cochichou.

- Sei lá... - Rony tentava ver algo na escuridão.

- Fiquem quietos! - Meredith falou em um cochicho raivoso.

Então, para a direita, eles viram um clarão repentino tão intenso, na escuridão, que os três ergueram as mãos para proteger os olhos. Canino latiu e tentou correr, mas ficou preso num emaranhado de espinhos e latiu ainda mais alto.

- Harry! - Rony gritou com a voz esganiçando de alivio - Meredith é o nosso carro!

- Andem! - Meredith puxou os dois.

Harry e Rony andavam aos tropeções em direção à luz, esbarrando e tropeçando nas coisas enquanto eram puxados e um instante depois saíram numa clareira.

O carro do Sr. Weasley estava parado, vazio, no meio de um círculo de árvores grossas sob uma ramagem densa com os faróis acesos. Quando Rony avançou boquiaberto, ele foi ao encontro do garoto, exatamente como um enorme cão turquesa cumprimentando o dono.

- Estava aqui o tempo todo! - Rony disse encantado andando em volta do carro - Olhe só para ele. A floresta fez ele virar selvagem...

As laterais do carro estavam arranhadas e sujas de lama. Pelo jeito ele passou a rodar na floresta sozinho. Canino pareceu não gostar nada do carro e ficou colado em Harry, que sentia o cão tremer. A respiração mais calma outra vez, Meredith guardou a varinha nas vestes e Harry fez o mesmo.

- E nós achamos que ele ia nos atacar! - Rony disse se apoiando no carro e lhe dando palmadinhas - Fiquei muito tempo imaginando onde ele teria se enfiado!

Meredith apurou a vista à procura de sinais de aranhas no chão iluminado, mas todas fugiram da claridade dos faróis.

- Perdemos a pista. Vem, vamos tentar encontrar algumas aranhas. - Harry disse.

Rony ficou calado. Nem se mexeu. Tinha os olhos fixos em um ponto a uns três metros acima do chão da floresta, logo atrás de Harry e Meredith. Seu rosto estava lívido de terror. Meredith puxou Harry para que ele visse o que aterrorizava Rony.

Harry nem teve tempo de se virar. Ouviu um som estalado e alto, Meredith se jogou para um canto e Harry foi pego. Era difícil de acreditar que aquela criatura existia. Debatendo-se cheio de terror ele foi carregado para cima e Rony caiu no chão com as pernas bambas, e Canino desatou a choramingar e uivar no instante em que Harry estava sendo levado para o meio das árvores escuras.

Atrás de Rony havia outro igual, que o pegou. Ele não tinha forças para gritar. Meredith ate tentou correr, mas foi surpreendida por um deles e agarrada. Até Canino havia sido pego, e não adiantava se debater.

Ela nunca soube quanto tempo ficou nas garras do bicho. Só soube que de repente a escuridão diminuiu o suficiente para deixá-lo ver que o chão coberto de folhas agora estava pululando de aranhas. Esticou o pescoço para o lado e percebeu que tinham chegado à borda de uma vasta depressão, uma depressão que fora desmatada, de modo que as estrelas iluminaram claramente a cena mais estranha que ela já viu.

Aranhas, aranhinhas como aquelas que cobriam as folhas embaixo. Aranhas do tamanho de cavalos, com oito olhos, oito pernas, pretas, peludas, gigantescas.

Os maciços espécimes que carregavam Harry e Meredith desceram uma encosta íngreme em direção a uma teia enevoada em forma de cúpula, bem no meio da depressão, enquanto suas companheiras corriam de todos os lados, batendo as pinças ansiosas à vista do carregamento.

Meredith caiu no chão de quatro quando a aranha o soltou. Rony e Canino caíram com um baque surdo ao lado dele. Harry foi deixado um pouco mais atrás, mas logo se arrastou para perto dos outros. Canino não uivava mais, se encolhia em silêncio onde caíra. Rony estava com os olhos arregalados, branco-azulado e seus lábios tremiam com um grito preso na garganta.

Rony estava em choque mas Harry e Meredith puderam perceber que a aranha tentava falar. Foi difícil entender, porque ela batia as pinças a cada palavra.

- Aragogue! - a aranha chamou - Aragogue!

E do meio da teia enevoada em forma de cúpula, emergiu lentamente uma aranha do tamanho de um filhote de elefante. Haviam fios cinzentos na pelagem do seu corpo e nas pernas negras, e cada olho, em sua cabeça era branco leitoso. A aranha era cega.

- Que é? - disse batendo rapidamente as pinças.

- Homens. - a aranha que apanhou Harry disse.

- É Hagrid? - a aranha disse se aproximando com os oito olhos leitosos se movendo.

- Estranhos. - a aranha que trouxe Meredith a olhou como se fosse um animal exótico.

- Mate-os! -Aragogue respondeu preocupado - Eu estava dormindo...

- Somos amigos de Hagrid! - Harry gritou.

Meredith sentia que o coração parecia ter saltado do peito e ido bater na garganta.

Clique, clique, clique fizeram as pinças das aranhas por toda a depressão.

Aragogue parou.

- Hagrid nunca mandou homens à depressão antes. - disse lentamente.

- Hagrid está enrascado! - Meredith disse respirando muito rápido - Foi por isso que viemos.

- Enrascado? - a aranha idosa exclamou e havia alguma preocupação no clique das pinças - Mas por que os mandou?

Harry pensou em se levantar, mas decidiu o contrário; achou que as pernas não o agüentariam. Então falou do chão, o mais calmo que pôde.

- Na escola acham que Hagrid andou fazendo uma... Uma coisa com os alunos. Levaram ele para Azkaban.

Aragogue bateu as pinças furiosamente, e a toda volta da depressão o som foi repetido pela multidão de aranhas. Era como um aplauso, exceto que, era uma situação sinistra.

- Mas isso foi há anos! - Aragogue disse preocupado - Anos e anos atrás. Lembro-me muito bem. Foi por isso que o fizeram sair da escola. Acreditaram que eu era o monstro que morava na chamada Câmara Secreta. Acharam que Hagrid tinha aberto a Câmara e me libertado.

- E você... Você não veio da Câmara Secreta? - Meredith falou não tão surpresa quanto deveria.

- Eu! - Aragogue disse surpreso batendo as pinças zangada - Eu não nasci no castelo. Vim de uma terra distante. Um viajante me deu de presente a Hagrid quando eu ainda estava no ovo. Hagrid era só um garoto, mas cuidou de mim, me escondeu num armário do castelo, me alimentou com restos da mesa. Hagrid é um bom amigo e um bom homem. Quando fui descoberta e responsabilizada pela morte da garota, ele me protegeu. Tenho vivido aqui na floresta desde então, onde Hagrid ainda me visita. Ele até me arranjou uma esposa, Mosague, e você está vendo como a nossa família cresceu, tudo graças a bondade de Hagrid...

Harry falou com o resto de coragem que tinha.

- Então você nunca... Nunca atacou ninguém?

- Nunca. - a aranha falou rouca - Teria sido o meu instinto, mas por respeito à Hagrid, eu nunca fiz mal a um ser humano. Não conheço parte alguma do castelo a não ser o armário em que cresci. A nossa espécie gosta do escuro e do silêncio...

- Mas então... Você sabe o que matou aquela garota? - Meredith perguntou - Porque a coisa que matou ela está de volta atacando pessoas outra vez...

Suas palavras foram abafadas por uma eclosão de cliques e o ruído de muitas pernas longas se agitando com raiva. Grandes sombras escuras moveram-se a toda volta.

- A coisa que mora no castelo. - Aragogue disse - É um bicho que nós aranhas tememos mais do que qualquer outro. Me lembro muito bem como supliquei a Hagrid que me deixasse ir embora, quando senti a fera rondando pela escola.

- O que é? - Harry perguntou.

Mais cliques altos, mais movimentos; as aranhas pareciam estar fechando o cerco.

- Nós não falamos nisso! - Aragogue disse com rispidez - Não mencionamos seu nome! Eu nunca disse nem a Hagrid o nome daquele temível bicho, embora ele tenha me perguntado muitas vezes.

Harry não quis insistir no assunto, não com as aranhas se aproximando por todos os lados.

Aragogue parecia ter-se cansado de falar. Estava recuando lentamente para sua teia em forma de cúpula, mas as outras aranhas continuaram a se aproximar devagarinho de Harry, Rony e Meredith.

- Bem, então vamos embora. - Meredith disse rápido, temendo o que poderia acontecer.

- Embora? - Aragogue falou lentamente - Acho que não...

- Mas... Mas...

- Meus filhos e minhas filhas não fazem mal a Hagrid, porque eu assim ordeno. Mas não posso negar a eles carne fresca, quando ela entra com tanta boa vontade em nosso ninho. Adeus, amigo de Hagrid.

Harry virou-se depressa. A poucos passos se erguendo acima deles, havia uma parede maciça de aranhas, dando cliques, os muitos olhos brilhando nas cabeças.

Mesmo enquanto pegava a varinha, Meredith percebeu que não ia adiantar. Haviam aranhas demais, mas quando Harry tentou se levantar, pronto para morrer lutando, ouviu uma nota alta e longa, e um clarão de luz atravessou a depressão.

O carro do Sr. Weasley roncou encosta abaixo, os faróis acesos, a buzina tocando, derrubando aranhas para os lados. Várias foram atiradas de costas, as múltiplas pernas sacudindo no ar. O carro parou cantando os pneus diante dos garotos e as portas se abriram.

- Apanhe o Canino! - Harry gritou para Meredith e arrastou Rony, mergulhando no banco da frente

Meredith pegou o cão de qualquer jeito e andou em passos curtos e rápidos até o carro, entrando pelo lado do carona. Jogou canino para o banco traseiro e sentou junto com Harry no banco do carona.

Rony nem tocou no acelerador, pois o carro não precisou disso, o motor roncou e eles partiram, atropelando mais aranhas. Subiram a encosta a toda velocidade, saíram da depressão e logo estavam correndo pela floresta, os ramos fustigando as janelas do carro enquanto ele rodava com inteligência pelos vãos mais largos, seguindo um caminho que obviamente conhecia.

Olharam para Rony. Ainda estava aterrorisado, mas sem os olhos arregalados ou o grito preso na garganta.

- Você está bem?

Rony olhava fixo para frente, incapaz de responder.

Eles rodaram pelo mato rasteiro, Canino uivando alto no banco de trás, e Harry viu o espelho lateral se partir ao tirarem um fino de um grande carvalho.

Depois de dez minutos com o carro fazendo curvas impossíveis que os jogavam para os lados, as árvores foram se espaçando eles puderam novamente ver pedaços do céu.

O carro parou tão de súbito que eles quase saíram pelo pára-brisa. Tinham chegado à orla da floresta. Canino se atirou contra a janela e sua ansiedade para sair era tanta que quando Harry abriu a porta, ele disparou por entre as árvores para a casa de Hagrid com o rabo entre as pernas. Harry desceu e Meredith rolou para fora ficando deitada na grama, passado pouco mais de um minuto, Rony pareceu recuperar a sensibilidade nas pernas e o seguiu, ainda de pescoço duro e olhar fixo. Meredith se levantou devagar e deu uma palmadinha de agradecimento no carro enquanto ele dava marcha a ré na floresta e desaparecia de vista.

Voltaram à cabana de Hagrid para apanhar a capa da invisibilidade. Encontraram Canino tremendo debaixo de um cobertor no seu cesto. Quando Harry e Meredith saíram de novo, encontraram Rony vomitando violentamente na horta de abóboras.

- Siga as aranhas... - Rony disse fraco, limpando a boca na manga - Não vou perdoar o Hagrid nunca. Temos sorte de estar vivos.

- Aposto como ele pensou que Aragogue não faria mal aos “amigos” dele. - Meredith disse cínica.

- Tenho certeza de que Hagrid nunca ia nos colocar lá se não acreditasse nisso.

- Este é exatamente o problema de Hagrid! - Rony retrucou dando murros na parede da cabana - Ele sempre acha que os monstros não são maus por natureza, e olhe onde é que ele foi parar! Numa cela em Azkaban! - Rony tremia sem parar agora - Para que foi que ele nos mandou lá? Que foi que descobrimos? Eu gostaria de saber.

- Que Hagrid nunca abriu a Câmara Secreta. - Harry disse atirando a capa sobre Rony e Meredith o cutucou no braço para fazê-lo andar - Ele era inocente.

Rony bufou. Evidentemente, criar Aragogue em um armário não correspondia à idéia que ele fazia de ser inocente.

- E que... O monstro é muito pior do que imaginamos. - Meredith disse sombria - Ate as aranhas gigantes tem medo da... coisa.

Quando o castelo surgiu mais próximo, Harry ajeitou a capa para ter certeza de que os pés dos três estavam escondidos, depois entreabriu as portas de entrada, que sempre rangiam. Atravessaram cautelosamente o saguão de entrada e subiram a escada de mármore, prendendo a respiração ao passar pelos corredores que as sentinelas vigilantes percorriam.

- Não dá pra eu ir ate a Sonserina. Tem gente demais nos corredores. - Meredith cochichou e os garotos a levaram sem reclamar.

Finalmente alcançaram a segurança da sala comunal da Grifinória, onde o fogo da lareira se consumira até virar uma cinza luminosa. Tiraram a capa e subiram a escada em caracol para o dormitório.

Rony caiu na cama sem se dar o trabalho de tirar a roupa.

Harry se sentou na borda de sua cama de colunas, pensando em tudo que Aragogue dissera.

- A coisa que se esconde em algum lugar do castelo. Parece uma espécie de monstro Voldemort . - Harry baixou a voz.

- Talvez... - Meredith respondeu pensativa.

- Não sei o que mais podemos fazer. Tinha Estamos em um beco sem saída. Riddle apanhou a pessoa errada, o herdeiro de Slytherin escapou, e ninguém sabe dizer se era a mesma pessoa ou outra diferente, que abriu a Câmara desta vez. - ele parou e respirou fundo - Não há mais ninguém a quem perguntar..

- Rony - Meredith falou baixo - Rony...

Rony acordou com um ganido como o de Canino, correu os olhos arregalados à volta e viu Harry e Meredith.

- Por que acordou ele? - Harry perguntou.

- Aquela garota que morreu. Aragogue disse que ela foi encontrada no banheiro - Meredith disse se incomodando um pouco com os roncos de Neville - E se ela nunca saiu do banheiro? E se ela continua lá?

Rony esfregou os olhos, franzindo a cara. E então Harry também entendeu.

- Você não acha que... Não a Murta Que Geme?

- Quem sabe? - Harry falou com um brilho no olhar.

- Amanha falamos disso. - Meredith disse devagar - Me empreste a capa. Te devolvo no café da manhã.

Harry pareceu indisposto a emprestar a capa, mas cedeu devido as circunstâncias de vigilância dos corredores.

- É melhor nós agirmos logo. - Meredith disse antes de sumir.


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