Emily deixou-se cair ao lado dele, que mantinha um grande sorriso no rosto, ela, no entanto tentava se recuperar do susto... Tentou, mas não consigo, a satisfação dele era tanta, que parecia outra pessoa, e não o cara desesperado que quase morrera a sua frente... Uma raiva percorreu Emily, e num ato de impulso ela começou a estapeá-lo.

- Eu te odeio! TE ODEIOOO! – Ela gritava distribuindo tapas em John sem parar.

- Ai! Para! O que eu fiz?! Ta louca?! – Ele com certa dificuldade conseguiu segurar as mãos dela, que começou a chorar.

- ...Você me assustou! Eu...Eu...pensei que você fosse morrer! Você me fez injetar essa porcaria em você! Eu não quero fazer isso de novo! – Ele soltou as mãos dela, e a envolveu num abraço desesperado.

- ...Me perdoa. – Ele sussurrava sem parar. Até que ela conseguiu conter o choro, separou-se do abraço e dessa vez ela foi quem deitou no colo do rapaz. – Nós temos um problema...

- O que é?

- ... Você está sem sua branquinha... E eu não quero passar por isso de novo!

- Droga! – John respirou fundo. – Eu preciso fazer algo... Tenho que ajudar você Emily, eu preciso ir embora... Preciso ir embora desse mundo... Mas... Não consigo deixar esse lugar sem saber se você está bem.

- ... Se eu pudesse ao menos falar com meus pais...– Emily deu um pequeno sorriso. – Mas, tudo bem John...O importante é que você não me dê outro susto desse!

- É aí que temos outro problema... – Disse um pensativo John. -... Eu não tenho mais dela...E também não tenho mais dinheiro, não sei como vou comprar mais... Veja, não tenho mais nada! – Ele dizia esvaziando os bolsos, de onde tirou apenas uma palheta, sua seringa, o isqueiro e a colher e um caderno velho e manchado.

- Hey, deixe-me ver isso? – Disse a garota sem tempo para respostas apanhando o tal caderno. O abriu e viu inúmeras anotações, coisas sem sentido, frases sem uma ordem, que não seguiam a linha, ora letras maiores, ora letras minúsculas. – O que é isso John? – Ela perguntou parecendo curiosíssima.

- Hum... Anotações, músicas, histórias e matemáticas. – Respondeu sorrindo.

- Que incrível! Bom... Pra ser sincera, eu não estou entendendo muito bem, mas é muito legal!

- É meio difícil mesmo... Às vezes nem eu entendo... – Deu de ombros sorrindo. – Mas tudo que está aí é muito importante, digamos que é única lembrança que tenho do meu apartamento... – Entristeceu-se ao lembrar. – Que pegou fogo com todas minhas demos e outras coisas.

- Nossa! Que terrível! – Ela segurou a mão de John. – Mas realmente, aqui parece que tem coisas interessantíssimas!

- Sim sim... Olhe só, - disse indo para uma página marcada. – Aqui, estão algumas letras de músicas, e as melodias também, coisas que eu nunca nem cheguei a gravar...

Emily lia atentamente uma das letras, percebia que não fazia o menor sentido, mas de repente parou, falando com certa euforia:

- John! Eu sei! Eu sei o que podemos fazer! Digo... Não é uma coisa lá muito normal, é bem estranho, na verdade, eu nunca fiz isso e pode dar errado...

- Ué, mas porque não tentar?! Acho que desde que nos conhecemos não tenho vivido nada normal! – Sorriu. – Vamos... Me diga o que é!