As mãos dele continuavam trêmulas, e ela as segurou até que John adormeceu, então com certa dificuldade, ela deitou a cabeça de John no chão e se levantou. Dirigiu-se até a sacada do prédio o começou a olhar a ‘paisagem’, pensou e chegou a conclusão de não teria coragem para pular – coisa que cogitava fazer quando chegou ao prédio – era alto de mais, e ela agora pensava em seu filho, não tinha idéia de como criá-lo, sentia que não tinha condições, nem psicológica nem financeira, pra fazer isso, no entanto teria que dar um jeito.

Começou então a pensar em John. “Mas que momento curioso para conhecê-lo” – pensou; e sentiu seu coração apertar quando o imaginou pulando dali, e apertou tanto que ela resolveu voltar a ficar perto dele. Deitou-se ao lado de John e percebeu como ele é lindo. “Bom, não nas atuais condições” – Pensou e sorriu, afinal, ele estava um tanto maltratado, mas tinha que certeza que por trás de todas as cicatrizes, havia um lindo homem.

No entanto Emily foi acordada de seus devaneios, quando ao passar a mão na testa John, sentiu que o mesmo suava frio, a tremedeira que antes estava em suas mãos, passou para o corpo inteiro, ele rangia os dentes com força, e quando ela chegou mais perto para ver tentar acordá-lo, foi surpreendida pelos grandes olhos do rapaz se abrindo de supetão.

-... Não... To legal. – Ele disse, mas ainda assim tentou se levantar.

- Espera John, fica deitado, você REALMENTE não está bem! – Ela começou a se assustar.

-... Branquinha. - Ele murmurava quase num choro.

- Para John, deita aí... Você vai acabar desmaiando! – Ela implorava, e ele com dificuldades, se levantou, e jogando pedras e entulhos para os lados parecia procurar algo. Emily se levantou e tentava segui-lo, mas ele parecia cego.

-... Branquinha, Emily... Eu... Preciso. – Um John esgotado e molhado de suor largou-se no chão, desesperado. Ela se ajoelhou à sua frente.

 - Eu... Não sei o que fazer. – Emily chorava. – Ou melhor, eu sei. – Ela se levantou obstinada.

- O que você vai fazer? – John perguntava com dificuldade.

- Vou achar a merda da branquinha! – Ela disse nervosa, no entanto tendo a mesma atitude que John tivera antes, e começou a vasculhar por entre os entulhos do prédio, chorando ou gritando quando ao invés do procurava encontrava baratas ou ratos. E depois de tanto procurar, voltou correndo, chorando, ao encontrar um pequenino saco plástico com uma quantidade minúscula do pó branco. – Aqui está... Foi só o que eu achei. – Ela disse mostrando a ele como um troféu.

-... É pouco. – ele disse triste. – Mas to ótimo. Eu... Preciso da sua ajuda.

- Mas? – Ela perguntou um tanto indignada.

- Eu estou tremendo muito... Não consigo fazer sozinho... Me ajuda, por favor. – Emily respirou fundo e mais uma vez secou as lágrimas antes de responder.

- O que eu tenho que fazer?

- Ahm... ok... – Ele parecia tenso também, sua ânsia pela droga era imensa, mas não tinha certeza se queria que ELA fizesse isso para ele. Retirou uma colher, um isqueiro e uma seringa do bolso e começou as instruções. – Põe o pó no colher e acende o isqueiro embaixo dela, vai virar um liquido.

Ela fez, com certo receio, mas parecia estar fazendo certo até ali.

-   Agora coloca isso dentro da seringa. – Ela seguia suas instruções, não de boa vontade, mas ele realmente não estava bem, então tentava fazer o mais correto possível. – Ok, agora, - Ele levantou a manga de sua blusa. – Injeta aqui. – John lhe mostrou o braço, cheio de marcas vermelhas, e veias saltadas, Emily ficou em choque, não podia.

- Eu... Não consigo...

- Consegue sim, vai, não é difícil, as veias já estão acostumadas, não vai demorar pra entrar... Por favor, Emily! – Ele suplicava.

E em meio a lágrimas, Emily espetou o braço dele com a agulha e despejou o liquido.

- Pode tirar! – Disse entre um gemido de alivio e uma alta risada e que ecoou pelo andar.