Holmes não dormira sequer um minuto naquela noite. Havia mais um assassinato, o primeiro. E parece que ele cometeu um erro... Esse erro, que Holmes pensava era Jennifer Mars, a garotinha de cinco anos que jurava ter visto mais uma pessoa naquela noite.

Sete horas da manhã, Watson e Holmes estavam prontos para pegar um táxi e ir ao orfanato Great Ormond Street, onde encontrariam a garota.

- Ela deve ter 17 anos agora Sherlock, você acha que ela se lembra de alguma coisa? - Holmes havia pensado nisso, mas chegou à conclusão de que ela não teria enviado a mensagem se não soubesse de algo que a dupla e a Yard não sabiam.

- Ela sabe Watson, não teria enviado o sms se não soubesse de algo. Ela quer a verdade... Devo imaginar como é corrosivo o poder da dúvida...

- Não é meio desumano mexer com essas lembranças? - Watson perguntou, pensando no psicológico de Jen.

- Não somos nós que mexemos nisso Jonh, - Sherlock começou,- ela mesma que o fez. - Mesmo que eu duvida que ela um dia tenha esquecido. O táxi demorou a chegar ao orfanato e quando chegaram, o relógio marcava 7: 50 PM.

Holmes e Watson pediram que o táxi esperasse e subiram os degraus do prédio. Pressionaram a campainha e logo uma freira de cabelos grisalhos e olhos azuis abriu a porta.

- O que desejam?

- Estamos procurando Jennifer Mars. - Disse Watson, - Somos do jornal The Times e desejamos fazer uma pequena reportagem sobre os acontecimentos de doze anos atrás...

- Oh, não sei se é uma boa idéia, Jennifer nunca aceitou muito bem o que a policia lhe disse naquela noite. E nas outras inúmeras vezes em que ela tentou provar que alguém matará seus pais... - Watson ia dizer algo, mas Holmes se intrometeu na frente, dizendo:

- Minha senhora, sabemos que vamos reviver o pesadelo pessoal da Senhorita Mars, mas nossos empregos estão em jogo aqui, e eu teria que insistir que nos deixe vê-la. - Mac pareceu pensar por um ou dois segundos e abriu um pequeno sorriso.

- Oh sim, mas infelizmente ela está na escola agora... - Holmes deixou bem a mostra que estava chateado com esse fato, mas Watson, sabendo que se corressem conseguiriam falar com ela antes da aula, perguntou:

- E onde ela estuda, madre?

- Ah, em uma escola a algumas quadras daqui... Royal Elizabeth. - Holmes não pode deixar de pensar que esse nome era ridículo.

- Obrigada madre, vamos indo. - Mac sorriu e disse:

- Vão com Deus. - Por sorte, ela não pode ver a cara de ateu de Holmes, que não consegui acreditar em uma força maior que não fosse, bem... Ele. Os dois correram para o táxi e pediram para ele guiar a escola de Jennifer Mars.

Como Watson havia previsto, ainda tinham alguns minutos para interrogar a garota, mas não pareciam encontrá-la. Viram um pequeno grupo de meninas chegando e Holmes foi até elas.

- Vocês poderiam nos dizer quem é Jennifer Mars? - As garotas deram alguns risinhos, a morena, que Holmes deduziu que era a líder, disse:

- O que os senhores querem com ela? Irão prender a aberração? - Aberração? Pensou Watson, a pobre garota já perdeu os pais e tem que agüentar a escola...

- Não, precisamos apenas falar com ela. - Disse Watson.  Tanto Jonh quando Sherlock não haviam gostado de Madeline, mas a seguiram quando ela encontrou Jennifer.

- Pierre Russeau. O alune de intercâmbio. - Holmes viu a loira se virar para uma mesa especifica quando a mulata disse isso.

- Vejamos... Ele anda fumando maconha e bebendo quase todos os dias, se não todos os dias. Traiu a namorada com alguma líder de torcida, mesmo que eu não preciso desse dom estranho para saber quem foi, isso fica bem óbvio. - Sherlock percebeu a morena metida reclamar baixinho, mas ignorou, estava fascinado com o fato de conhecer outra pessoa que tivesse a capacidade de observar.. - Ele... Ele está tendo problemas com o dinheiro, provavelmente vem da droga e da bebida, anda dormindo pouco, e voltará essa semana para França pois seus pais descobriram que ele estava tento alguns probleminhas aqui. - Jonh estava igualmente fascinado, se não mais. De início achou que Holmes tivesse nascido com um cérebro mais desenvolvido, agora via que na realidade, era apenas o que Sherlock vivia dizendo: Observação.

- Bem, continuo apenas vendo, não observando com... - A voz da mulata se extinguiu quando viu as garotas que estavam ali. Jennifer se virou para ver o que havia acontecido e pareceu desconfortável quando viu as garotas, tão desconfortável que não pareceu ver Sherlock Holmes e Jonh Watson.

- Vejam só, a aberração fez de novo. - Aberração. Eu tive apelidos melhores. Holmes pensou.

- Eu já pedi para você parar de falar isso Covington. - Jennifer disse, um pouco furiosa. Watson pode ver um pouco de guerreira na garota, algo diferente do que via nas outras adolescentes que estavam ali.

- Me obrigue, Mars.

- Você sabe que eu posso, não é? Alias vai querer estraga esse bronzeamento artificial tão de cara? - A morena revirou os olhos, se voltando para Holmes e Watson e dizendo:

- Bem, essa é Jennifer Mars. Não sei o que querem com ela, mas cuidado. - Cuidado com o que, exatamente? Pensou Holmes, rindo.

Dr. Watson ia dizer alguma coisa mas o sinal soou e as duas garotas sorriram se desculpando e se viraram para ir em direção a aula. Em algum momento, Jennifer pareceu ter algum problema e digitou uma mensagem no celular da amiga. Tão logo a amiga leu, concordou e saiu, Jennifer subiu no skate que levava na mochila na direção do portão de saída.

- Ela está fugindo! - Disse Sherlock, feliz. - Vamos Watson. - E os dois se colocaram a correr em direção a loira.

- Para onde? - Perguntou Watson. Jennifer havia sumido no parque. Holmes sorriu, sabendo exatamente onde a loira iria e caminhando tranquilamente pelo parque.

- Não deveríamos correr? - Perguntou Jonh, estupefaço com a calma de Sherlock.

- Não. Ela sabe quem somos, e sabe que a encontrarei. Ela apenas quer nos levar em um lugar mais... Reservado do que a escola. - Ela pensava como Sherlock, e isso o intimidou. Como, uma jovem poderia pensar como ele?

A dupla caminhou pelo parque e logo viram a entrada do Cemitério de Highgate. Holmes entrou e foi até a guarita do guarda.

- Por favor, poderia me dizer a localização do casal Mars? - O guarda digitou o sobrenome Mars no computador e teve a resposta desejada.

- Deve seguir reto e dobrar a direita depois da quinta entrada. Seguir reto por mais duas e entrar a esquerda. Você verá uma garota lá, é a filha deles... Jennifer é uma boa garota, mas não consegue se desapegar dos pais.

- A conhece? - Perguntou Holmes

- Sim, trabalho aqui desde que os pais dela foram enterrados. Acabamos amigos depois de tantas visitas delas, por vezes eu ia lá e a encontrava dormindo com os olhos inchados. Ela odeia que as pessoas a vejam chorando. Normalmente eu esperava meu expediente terminar e a levava para casa, mas ela parou de vir com tanta freqüência, estranhei vê-la aqui hoje, já que ontem foi o aniversário de morte deles. - Sherlock e Jonh agradeceram e seguiram pelos túmulos, na direção que o guarda havia lhes indicado. Quando chegaram a loira os esperava deitada na grama, olhando para o céu.