Como não quis atrapalhar os novos “casais” mandei uma mensagem para Emma e Liz:

“Não quero atrapalhar vocês meninas, então vou ver se consigo conversar com o Rick. Depois me encontrem.”

Liz foi a primeira a responder:

“Haha, que casais menina! Eu só to curtindo um pouco aqui! KKKKKKKKKK. Encontro sim!”

E depois Emma:

“Que? Que casais? Só vejo um casal aqui, que é a Liz e o Luke, viu o que aqui menina doida? Andy não gosta de mim e você sabe... não é momento pra draminha de Emma... bjs.”

Nem respondi, até pensei, mas depois eu falaria com a Emma...

Derick estava super concentrado andando de skate, aquilo parecia fácil, mas sei que não era. Então resolvi o chamar. Já perto gritei seu nome. Ele se virou assustado e caiu no chão de bunda. Me segurei pra não rir, pois sabia que seria delicado eu rir numa situação dessas. Ele pegou seu skate e veio em minha direção. Parou bem perto de mim.

-O que? – disse grosso.

-É... Derick... eu... queria te pedir desculpas pelo dia do hospital... eu ainda estava em estado de estresse... sei lá, eu não deveria ter feito o que fiz. Desculpa. – eu comecei a falar nervosa e estalando os dedos.

-Tudo bem... – ele falou sem nenhuma feição em seu rosto, apenas a testa franzida por causa do sol das duas horas da tarde. – É... também peço desculpas pelo... suco. – ele “quase” riu, acho que lembrando da minha cara cheia de suco de laranja.

-Foi nada... – sorri de lado.

Ficamos um pouco em silêncio e ele olhando para os lados e eu estalando os dedos mesmo sem eles estalarem. Então ele quebrou o silêncio.

-Quer ir tomar sorvete?

-É... claro. – sorri envergonhada. Ele começou a andar e eu o segui, em seguida ele parou e colocou seu skate junto dos outros – provavelmente de Luke e Drew - .

Continuamos até a sorveteria que era na frente da praça. Ele entrou pediu um sorvete de morango pra ele e perguntou do que eu queria. Chocolate, foi o que respondi.

Já sentados no banco onde estavam os skates ele puxou assunto:

-E ai... você ta melhor agora?

-É... acho que sim. Melhor do que antes, mas ainda sinto minha cabeça latejar.

-Você deveria ir pra casa, ficar um pouco mais deitada e tomar um remédio pra dor de cabeça.

-Não... estou bem. – sorri.

-Ok. Então... o que acontece com a gente? Isso de... nós brigarmos tanto? – ele disse dando uma lambida no sorvete.

-Não sei. Talvez você possa me responder, até por que, quem implicou primeiro foi você, comigo. – falei repetindo sua ação.

-Eu? Implicar? Com você? Nada a ver. Você que foi antipática comigo no primeiro dia.

-Ai meu Deus, eu antipática? Você que me chamou de anti-social! E eu que fui antipática? – eu já com a voz um pouco alta.

-Mas é a verdade. Você disse que não gostava de muitos amigos, então...

-Não Derick, você não pode ir julgando as pessoas assim. Primeiro você as conhece e depois as julga por suas atitudes.

-Ah, agora você ta me dando aula de como tratar as pessoas, é isso? – ele disse com um tom mesquinho, como na verdade, ele já era. Já vi que daí nós começaríamos mais uma discussão.

-Não é aula de como tratar as pessoas, só disse a verdade. Qualquer ser humano no mundo competente, tem de saber isso.

-Agora eu não sou competente? Ah meu, já vi que não tem como conversar com você numa boa. Você é pirada! Não dá... chega!

-Eu pirada? Você que não entende o que eu digo! Eu não te chamei de competente só disse um fato. Você que é burro e não me entende!

-Realmente, eu não te entendo! E eu não sou burro, você que é muito chata e pirada! – ele se levantou e ficou de frente pra mim. Fiz o mesmo, pois eu não seria rebaixada daquele jeito. Já estava nervosa e comecei a falar tudo que tinha vontade pra ele.

-Eu chata e pirada? Meu... vai-se-ferrar!

-Aí, de novo. Não sabe xingar as pessoas direito. Não me ofendi com isso.

-Não se ofendeu? – perguntei pasma.

-Não. – ele respondeu sem a mínima tolerância de esperar eu o xingar logo.

-Pra sua língua então: vai-se-foder!

-Olha que lindinha, falando palavrão! Vai brincar de boneca, Gabrielle! – ele se virou e saiu.

Fiquei com muita raiva dele, na hora percebi meu rosto quente, queria ir embora dali naquela hora, mas não deu, pois Emma e Liz já tinham chegado perto de mim e sem ao menos perceber minha raiva e o que tinha acontecido antes, começaram falar. Ou melhor, disputar, quem falaria primeiro. Liz começou:

-Ai meninas, o Luke é tão lindo! Ele me beija com tanto amooooor! – ela foi falando e caindo no colo da Emma. Elas estavam sentadas, foi ai que percebi que eu estava em pé, então me sentei ao lado delas.

-Tá bom minha vez! – Emma disse.

-Ok...

-O Drew tá sendo muito legal comigo. – ela disse sorrindo muito, então eu comecei a falar o que eu precisava falar pra ela.

-Desculpa amiga, mas aquela sua mensagem não tem nada a ver! Parece sim que o Andrew tá “gostando” de você. Não sei, mas que parece, parece, o que você acha Liz? – perguntei a olhando.

-Eu também acho viu Gaby... ele está mais solto com você Emma. Ele te toca. Ele conversa te olhando nos olhos. E sem contar que... meu Deus... que olhos! – Liz respondeu, e Emma só a encarou com “Não-acredito-que-você-falou-dos-olhos-do-Andy” e Liz entendeu. – Ta bom... desculpa! To saindo fora antes que você me bata! – ela se levantou e foi até Luke.

-É isso mesmo? Vocês acham isso? Será que é?  - Emma me perguntou confusa.

-Amiga... curte o máximo que você puder... uma hora vai acontecer dele dizer se é só amizade ou se ele quer algo mais. – eu a aconselhei segurando em suas mãos, passando segurança a ela.

-Ok, obrigada Gaby! – ela suspirou e disse, e em seguida me abraçou.

Sorte que elas não perceberam que eu tinha discutido com o Derick de novo, não queria que soubessem. E naquele momento as duas hipnotizadas pelos meninos, nem se quer lembraram da mensagem onde eu dizia que falaria com o Derick.

Depois eu pensei em ir embora, mas achei melhor não... precisava respirar mais um pouco, depois de passar uma noite no hospital, era o que eu precisava. Até porque amanhã eu teria de voltar pra escola. Fiquei andando devagar sozinha, pensando, quando vejo um menino... conhecido.

-Benjy? – já perto do garoto o cutuquei e perguntei.

-Gaby? O que faz por aqui? Não deveria estar em casa descansando? – ele se virou e disse.

-Na verdade, não, e você, não deveria estar trabalhando? – perguntei a Benjy, meu irmão mais velho.

-Folga hoje. – ele sorriu. – Eu vou sair com uns amigos, tchau.

-Tchau. – ele se foi.

Achei meio estranho, meu irmão na praça. Muito estranho. Ele nunca vai lá. Bom, percebi que minha dor de cabeça estava aumentando, então dei tchau às meninas de longe e fui embora.

Chegando em casa tomei um remédio e fiquei deitada ouvindo música baixinho.