Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 61
Capítulo 61 - Falling Falling Snow


Notas iniciais do capítulo

Falling Falling Snow - Kagamine Len

http://letras.mus.br/kagamine-len/1991928/#traducao



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Já era noite, e o time de Basquete – mais Tadase – iria de volta para Seiyo no dia seguinte. O itinerário previa que eles deveriam ter ido naquela noite, mas a tempestade de neve impedia a passagem pela estrada, de modo que tiveram que ficar mais um dia. Ninguém ali tinha objeções quanto a isso, afinal, seria mais um dia sem aulas antes do recesso de ano-novo. Muito menos Nagihiko, já que ia poder ficar mais uma noite dormindo abraçado em seu namorado…

Como tiveram que passar a noite da véspera de Natal jogando, nenhum dos garotos pode aproveitar a data como queria (não que qualquer um deles, além de Nagi, tivessem namoradas com quem aproveitar), então naquela última noite antes de ir para casa, resolveram ir até o karaokê em frente ao hotel para comemorar, levando até mesmo o troféu do campeonato junto.

Algumas horas, e muitas músicas desafinadas e biscoitos em forma de Papai Noel depois, eles ainda estavam lá, rindo alto e vaiando seja lá quem estivesse cantando uma música da Hoshina Utau naquele momento.

Tadase estava absolutamente aborrecido, e qualquer um poderia ver isso estampado em sua cara, afinal, ele nunca fora bom em disfarçar o que quer que fosse. Além de ter que ficar entre dois garotos enormes que praticamente o amassavam contra o sofá, ainda tinha que ver outro garoto sentado onde ele queria estar, ao lado de Nagihiko, rindo e se divertindo com ele. Isso, por que os garotos do time eram muito maiores e mais fortes do que ele, e de alguma forma, ele acabou sendo conduzido até acabar daquela forma, sentado longe do valete. E longe das batatas fritas também…

Ele já havia cantado uma música, apenas como parte do protocolo social, aplaudira educadamente cada um que se atrevia a cantar. Não aguentava mais aquilo, embora estivesse se esforçando apenas por Nagihiko. Via agora aquele garoto Onodera, que havia falado coisas horríveis para os dois na manhã do dia anterior, conversando normalmente como se nada tivesse acontecido. Na mente dele, realmente, nada daquilo tinha acontecido de fato, mas como Tadase ainda estava aborrecido, o seu lado egoísta e inconsequente influenciava seus pensamentos. Era uma sorte que nenhum dos charas estivesse ali, ou do contrário, ele já teria entrado no chara change e feito um estrago.

Enquanto Tadase continuava tentando se distrair de alguma forma, encolhendo-se em seu casaco comprido como se desejasse sumir, Nagihiko o fitava com o canto dos olhos, preocupado, pensando em uma maneira de deixar aquele lugar sem que parecesse óbvio demais que queria apenas escapar.

— Nee, Fujisaki… - Onodera o chamou de repente, em voz baixa – Sabe, aquilo que você contou sobre o assalto…

— Sim – Nagihiko disse tranquilamente, mesmo que não conseguisse olhar nos olhos de Onodera. Pegou um pouco de comida, apenas como forma de distração – Nós fomos assaltados na rua, e você lutou com os bandidos…

— E por isso, quando acordei, estava com dor no corpo todo, e você e o Hotori-san estavam com as roupas daquele jeito, eu já entendi… - ele disse, já sabendo de cor a história que Nagihiko contou a ele como explicação – Eu fui ao posto de saúde, e disseram que estava tudo bem com a minha cabeça, apesar de ter sido um golpe forte… só que… eu venho tendo tipo uns… sonhos estranhos, sabe? Como se fossem lembranças…

— Que tipo de lembranças? – Nagihiko mediu sua voz, para parecer apenas ligeiramente curioso, e não desesperado como certamente se sentia na realidade.

— Eu não sei… eu não tenho memórias visuais, mas lembro de me sentir enojado, e com raiva… de você, por algum motivo. Acho que nós lutamos, quero dizer... E-eu bati, em você, ou algo assim, sabe?

— Ah, claro, bateu em mim… - o outro franziu os olhos, enquanto via o garoto confuso e incerto hesitar.

— Isso é tão estranho! Tem certeza de que nada assim aconteceu? – ele insistiu – Eu também… sinto como se tivesse sentido… eu não sei, inveja de você? Como se… você pudesse fazer algo que eu nunca seria capaz… ou que tivesse coragem para fazer algo que eu queria… e-eu não sei, só… senti como se devesse estar com raiva de você…

— Onodera-san… - Nagihiko o encarou, surpreso. Não esperava por uma súbita revelação como aquela, embora Onodera ainda parecesse não desconfiar de nada. Suspirou, imaginando que não poderia fazer nada naquela situação. Por mais que quisesse ajudar, não havia nada ao seu alcance agora, não se o que havia suposto com aquelas palavras fosse mesmo verdade – Não aconteceu nada, está bem? Confie em mim. Nada que valha a pena ser lembrado. Apenas… aproveite a festa!

— Hm… tem razão, eu estou me preocupando por nada… - ele riu sem graça, esfregando os cabelos da nuca. – Acho que vou cantar um pouco, então…

Nagihiko assentiu, com um sorriso, e aproveitou o momento em que Onodera se levantava, para pegar seu celular, e digitar uma mensagem rapidamente.

“Quando eu fizer um sinal, você tosse”.

O celular de Tadase tocou logo depois, e ele imediatamente leu o que Nagihiko o enviara. Concordou, mesmo sem entender nada, e quando Nagihiko discretamente mexeu afirmativamente com a cabeça, ele começou a tossir sem parar, como se tivesse se afogado com algo.

— Ah, Hotori-kun! – Nagihiko exclamou, como se estivesse o repreendendo. Todos pararam o que estavam fazendo, olhando para eles – Eu disse para você não vir hoje, se estava gripado! Olha só, você está com febre! – com cuidado, Nagihiko o ergueu do sofá, puxando-o pelo braço, e fez sinal para que ele ficasse quieto, e fechasse os olhos. – Ei, pessoal… eu vou levar o Hotori-kun, e pedir para o treinador dar algum remédio para ele, e já volto, está bem?

— Claro, Fujisaki! – o capitão Takano exclamou – o Hotori-san parecia mesmo não estar bem… é melhor que descanse. Guardaremos uma música para você.

— Pode deixar! – Nagihiko respondeu. Pegou os seus protetores de orelha, e a touca e o cachecol de lã de Tadase e foi conduzindo-o para fora do karaokê. Desceram as escadas até a rua, e quando já estavam fora do alcance da visão, Tadase se reposicionou, ajeitando o cachecol ao redor do pescoço, e fitando Nagihiko com surpresa.

— T-tem certeza disso, Fujisaki-kun? – indagou, enquanto Nagihiko enfiava a touca em seus cabelos loiros, protegendo bem os ouvidos dele. A sua respiração condensava no frio, formando uma névoa quando ele respirava.

— Do que? – Nagihiko colocava os protetores de orelhas na cabeça.

— Bem… são seus amigos lá. Achei que queria passar um tempo com eles… - o menor disse, sem entender.

— Eu já passei tempo demais com eles – Nagihiko revirou os olhos, segurando a mão de Tadase. Eles não andavam na direção do hotel, mas nenhum dos dois pareceu perceber isso. – Só tem uma pessoa com quem eu quero ficar agora, e essa pessoa realmente, realmente, não sabe jogar basquete!

— Que cruel, Fujisaki-kun! – Tadase resmungou fazendo beicinho, e Nagi riu – Mas… Está tudo bem mesmo em sair assim da festa?

— Se nós somente nos levantássemos e fossemos embora, eles perguntariam o motivo e… eu não poderia simplesmente responder que era por que eu queria levar você para um canto escuro e vazio para te beijar, certo? – ele expôs seu argumento, sensatamente, e Tadase corou até a raiz dos cabelos.

— N-não diga coisas como essas em voz alta!!! – ele reclamou, censurando Nagihiko.

— Então… você prefere que eu sussurre isso no seu ouvido? – ele indagou, provocantemente, e Tadase quase teve um ataque do coração. Nagihiko sorriu, satisfeito. O grande propósito em sua vida era trazer à tona esse delicado tom de embaraço ao rosto de Tadase.

— Eu só… prefiro que você faça isso… e não precisa dizer nada… - Tadase balbuciou, escondendo a face na gola do casaco enquanto olhava disfarçadamente para o outro lado.

— Hotori-kun… hm, vire o rosto para cá… - Nagihiko se aproximou, com um olhar distraído, perdendo-se em todo o encanto irresistível de Tadase . Tudo nele era tão adorável… que ele não conseguiria se segurar nem que tentasse. Repousou a mão na bochecha macia, tentando virá-lo na sua direção. Ele ficava tão fofo envergonhado, que o valete sentia que não precisava de mais nada por agora.

— Não… aqui na rua não… vai acabar da mesma maneira que ontem, é melhor sermos cuidadosos daqui por diante… - Tadase se esforçou em dizer, recomeçando a andar. Nagihiko assentiu, ainda que contrariado. – Ah, olha… é um parquinho… - ele apontou de repente, ao ver um lugar através de um portão, meio afastado do hotel, e que não haviam visto antes.

Todos os brinquedos do lugar, balanços, escorregadores, bancos de madeira, estavam cobertas por uma generosa camada de neve, que brilhava sob a luz da lua, cintilando em cores tristes. Os galhos secos das árvores estavam repletos de pingentes de gelo, e a água do pequeno chafariz no centro havia congelado, permanecendo estática da maneira que estava quando se movia. Tudo isso estava cercado por um alto muro, e só era possível enxergar pelas grades, também cobertas de gelo, do portão. Apesar de parecer uma imagem desoladora, vazia e fria daquela maneira, ainda parecia bonito de se olhar.

— Você quer fazer um boneco de neve? – Nagihiko propôs.

— O que?

— Você sabe! Assim como quando éramos menores…

— Mas… eu acho que está fechado…

— Isso não é problema – Nagihiko piscou um olho, e começou a correr na direção do muro, trazendo Tadase a reboque. – Nós só temos que pular o muro, como fizemos na escola naquela época, e tudo ficará bem!

Tadase não teve tempo de pensar, pois tão logo correram na direção do muro, Nagihiko já estava ajudando-o a escalar. Não era tão alto quanto o muro da sua própria casa, que ele escalara uma vez também com Nagi, de modo que acabou até sendo fácil. Nagihiko pulou logo depois, com um enorme sorriso que lembrava Rhythm. Será que cometer atos ilícitos realmente era tão divertido assim?

— E agora? – o loiro indagou baixinho, como se temesse que alguém aparecesse para repreendê-los a qualquer momento.

— Vamos fazer o boneco… - Nagihiko começou a se mexer, enrolando uma bola de neve, e fazendo-a crescer enquanto a girava pelo chão. Tadase fez o mesmo, e logo, tinham duas bolas, uma pouco menor que a outra, para ser o corpo e a cabeça.

Depois de empilhá-las, Tadase pegou gravetos para serem os braços, e Nagihiko juntou seixos redondos, para usar como olhos e boca. Arrumou também pedrinhas maiores, para os botões da camisa, e enfim, o boneco de neve estava pronto, sorrindo para eles com sua boca de pedras.

— Ficou bonitinho… - Tadase sorriu para a sua obra de arte, segurando o braço de Nagihiko com as duas mãos geladas, querendo aquecê-las.

— Quer dar um nome para ele? – Nagihiko fitou Tadase, segurando as mãos dele acima do seu braço, esfregando-as para esquentá-las.

— Hm… acho que ele tem cara de… Yukihiko.

— Yukihiko?

— É… sabe, “yuki” como “neve”. E o “hiko” do seu nome…

— Por que apenas o meu nome? Você também o fez…

— Acho que eu gosto do seu nome… - Tadase sussurrou, escondendo o rosto corado no braço de Nagi – “Nagihiko” é meu nome favorito.

Nagihiko sentiu algo agitar-se no seu peito, ao ouvir Tadase dizer seu nome com aquela voz, e a vontade de abraçá-lo, para nunca mais ter que soltar, pareceu aumentar infinitamente. Sentiu quando Tadase soltou seu braço para rodeá-lo por inteiro, e o segurou. Sentou com ele no banco mais próximo do muro, de onde quem estava na rua não poderia enxergá-los, e aconchegou o menor em seus braços, protegendo-o do frio.

— Seria bom um chocolate quente agora, não é? – sugeriu, acariciando a cabeça por cima da touca marrom. – Eu acho que tinha uma máquina automática aqui perto…

— Não… não saia de perto de mim agora… - Tadase sussurrou, fechando os olhos, e Nagihiko foi incapaz de não atender a esse pedido.

— Nee, Hotori-kun – ele chamou, depois de algum tempo apenas em silêncio, apreciando o calor de Tadase se espalhando pelo seu corpo – Sabe, antes, quando o Onodera estava falando comigo?

— Ah, sei… ele se lembrou de alguma coisa? – Tadase sobressaltou, afastando-se para ver melhor o rosto de Nagihiko.

— Não… ele acha que estava sonhando, e acreditou na história do assalto… - Nagihiko sentou para trás, trazendo o loiro junto – É só que… ele disse uma coisa, eu acho que talvez… bem, pode ser apenas uma suposição, mas pareceu que ele disse aquelas coisas para nós por que, bem… pode estar em uma situação semelhante…

— Está dizendo que ele pode… g-gostar de garotos? – Tadase se surpreendeu, e voltou a erguer o corpo, agora fitando Nagihiko diretamente – Você não acha que ele pode estar… gostando de você, acha?

Nagihiko riu da hipótese levantada por Tadase, e ainda mais porque ele parecia realmente preocupado com aquilo. Afagou a bochecha dele levemente.

— É claro que não. Se fosse o caso, a reação dele ao nos ver seria muito diferente. Acho que ele só deve estar um pouco confuso. Talvez, ao ter nos visto juntos, isso possa ter despertado o que ele realmente sente sobre si mesmo, eu não sei… mas não há nada que se possa fazer, enquanto ele mesmo não perceber isso, não é?

— Tem razão… Mas… se… - Tadase desviou o olhar, incomodado – Se ele… d-der em cima de você, ou demonstrar qualquer tipo de interesse… você vai contar para mim, não vai?

— Hey! O que é isso, será que o meu Rei está ficando com ciúmes do seu fiel valete, ou desconfiando daquele que o ama tanto? – Nagihiko exagerou no tom formal, chegando perto de Tadase, e segurando-o pelo queixo, com um sorriso de canto brincando nos lábios.

— P-pare de ser bobo… você sabe que m-muitos garotos já se apaixonaram por você…

— No tempo em que eu era Nadeshiko. – ele completou a frase, e voltou a fitar Tadase diretamente – Mas você sabe muito bem que se qualquer coisa como essa acontecer, o único garoto que eu quero é você, não sabe? Você é o meu único e amado Rei… - ele fechou os olhos, e se inclinou na direção de Tadase, selando seus lábios levemente – e só eu… posso ser seu valete… e… a sua Rainha

Terminando de vez com a distância, Nagihiko o beijou indefinidamente, abraçando-o com força. Tadase enlaçou o pescoço do maior com os braços, sentindo seu corpo, que antes tremia levemente de frio, aquecer-se como mágica. Aprofundou o contato tanto quanto podia, e a luz da lua já havia sumido, por trás de nuvens, quando Nagihiko o soltou, dando à Tadase a chance de respirar por um momento.

— T-tem mais uma coisa… - entorpecido pelo beijo de Nagihiko, como sempre, o menor deixou escapar – que me deixou curioso…

— O que houve? – Nagihiko brincou distraidamente com os fios de cabelo bagunçados na testa de Tadase.

— B-bem… - sem escapatória, o loiro respirou fundo para tomar coragem, como se esta estivesse presente no oxigênio, e então, se afastou minimamente de Nagihiko, para falar. – Antes, quando o Onodera-san nos viu… v-você disse para ele… disse algo sobre… s-sobre… u-uma coisa…

— Eu disse muitas coisas, naquela hora… - Nagihiko tentou lembrar tudo o que dissera, mas as recordações difusas do chara change só faziam pensar que não era nada digno de ser lembrado.

— Você sabe! – Tadase insistiu, impaciente, com o rosto colorindo-se imediatamente – Q-quando disse para o O-onodera-san…q-que nós dois… n-não estávamos, bem… e-extravasando… n-nossa… anh…

— Ah! Você está falando disso… - Nagihiko finalmente compreendeu aonde Tadase queria chegar, e entendeu o motivo de tanta hesitação – Você se refere à… hm… tensão sexual… é isso?

Tadase quase teve seus olhos arrancados das órbitas, tamanho o seu embaraço, e escondeu o rosto vermelho no cachecol da mesma cor, querendo mais do que qualquer outra hora sumir por inteiro. Nagihiko engoliu a vontade de rir da reação exagerada, e se limitou a afagar a cabeça do loiro por cima da touca, carinhosamente.

— E-e-eu sei que parece b-bobo, mas eu não entendi… o que você quis dizer, c-com isso… - Tadase balbuciou, com a voz abafada. Nagihiko se sentiu culpado, por um instante, por que era em momentos como esse que ele se lembrava do quanto Tadase realmente era inocente e puro, e que ele era o único culpado por manchar toda essa pureza.

— Está tudo bem, é uma… curiosidade, normal… - Nagihiko se esforçou para parecer maduro, e responsável nesse momento. Segurando as mãos frias de Tadase entre as suas, olhou compreensivamente para ele, com um sorriso calmo – Veja bem, Hotori-kun… você não sente… uma sensação boa… quando eu toco você… aqui… - ele passou a mão pelo cachecol de lá, indicando o pescoço protegido – ou aqui… - deslizou o dedo pela barriga de Tadase, e mesmo acima das camadas e camadas de casacos, ele ainda sentiu um arrepio percorrer sua coluna, apenas com a sugestão. – Ou quando eu te beijo… - ele voltou a subir a mão, passando o polegar suavemente pelos lábios descorados do garoto. Fracamente, Tadase assentiu com a cabeça em resposta, sentindo suas orelhas esquentando.

— S-sim, você sempre me faz sentir m-muito bem, Fujisaki-kun – Ele se esforçou em responder, erguendo os olhos apenas o suficiente, e voltando a baixa-los.

— Eu também… todas as vezes em que você está comigo, Hotori-kun, e todas as vezes em que você me toca, eu me sinto absolutamente bem. – Nagihiko contou, e mesmo com vergonha, Tadase deixou escapar um ínfimo, quase imperceptível, sorriso de satisfação com aquela afirmação. – As pessoas têm essas sensações… quando elas fazem esse tipo de coisa, é algo natural. E por se sentirem tão bem com isso, muitas vezes, elas não conseguem controlar seus impulsos…

— E-eu entendo… - Tadase murmurou, apenas para demonstrar que ouvia. Enquanto Nagihiko falava, ele se lembrava de cada uma das vezes em que estivera em situações indecorosas com ele, e graças a isso, seu coração parecia ter corrido uma maratona, batendo loucamente de nervosismo.

— Então… as pessoas acabam cedendo a esses instintos naturais, e às vezes, procuram fazer de tudo apenas para sentirem-se dessa forma novamente. Muitas delas, sem levar em conta os sentimentos…apenas por se sentirem atraídas por outros.

— V-você está dizendo… - Tadase ergueu lentamente os olhos, com as palavras de Nagihiko se encaixando e fazendo sentido em sua cabeça – Que algumas pessoas fazem… essas coisas… sem nenhum sentimento, sem amor? É disso o que se trata essa… etto… tensão?

— Bem, nem sempre é assim. Eu só quero explicar que… veja só… é natural nós nos sentirmos assim um com o outro, certo? Eu sinto vontade de fazer essas coisas com você, por que eu amo você… e além disso, também me sinto atraído pelo seu corpo. – enquanto Nagihiko falava, Tadase sentia-se dividido entre a curiosidade de saber do que ele estava falando, e a vontade de sair correndo e se enterrar na neve – Você também se sente assim, não é o que você queria me dizer quando nós brigamos daquela vez?

— Ah, sim… era isso… - ele mordeu os lábios, juntando as mãos nervosamente. – Então, o que você está querendo me dizer… é que as pessoas podem se sentir assim muitas vezes? Mesmo que não estejam apaixonadas umas pela outras?

— Acho que sim. Não é o nosso caso, Hotori-kun, mas acontece. Eu só queria que o Onodera não tivesse a impressão de que estávamos juntos apenas por causa disso… – Nagihiko disse – Esse tipo de coisa… acontece contra nossa vontade. É apenas um instinto, algo sobre o qual não se tem nenhum controle. Apenas… acontece.

— Mas... se não há forma de controlar… então como v-você… - Tadase paralisou por um momento, avaliando as suas palavras - … sempre consegue parar t-tão facilmente para que n-nós não acabemos indo lo-longe demais?

— Isso… bem… Eu acabei desenvolvendo algumas técnicas… - Nagihiko desviou o olhar, dessa vez ficando corado, para variar – Sempre que eu sinto que… hm… posso acabar perdendo o controle… eu imagino alguma coisa que seja o contrário do que nós estávamos fazendo, e então, volto ao normal. É como um antídoto. Eu penso… na Yaya fazendo escândalo sobre nós. Ou imagino uma das suas fãs malucas invadindo meu quarto com muita sede de vingança… algo assim…

— Ah, isso parece horrível! – Tadase lamentou, quase horrorizado.

— Mas funciona… dessa forma, eu nunca acabo fazendo algo que não deveria…

— Então eu acho que devia tentar da próxima vez… - Tadase divagou, e ao perceber o que estava pensando, corou ainda mais furiosamente, e levantou do banco com um pulo. – Ahn… Obrigado, Fujisaki-kun, e-eu acho que entendi agora!

— Entendeu mesmo? – Nagihiko arqueou a sobrancelha.

— Sim… Bem… acho que t-tensão… e-enfim, isso… é apenas aquilo que nós sentimos um pelo outro q-quando… é… v-v-você sabe… é isso?

— É por aí…

— Então está bem… - Tadase ainda mantinha os olhos pregados logo a frente, como se estivesse analisando seu boneco Yukihiko minuciosamente – O-obrigado, Fujisaki-kun… p-por me explicar… É embaraçoso, mas… Fico feliz… por poder ter essa conversa com você…

— Está certo – Nagihiko também levantou, sentindo-se como um professor experiente que finalmente conseguiu fazer seu aluno entender a matéria. Colocou-se ao lado de Tadase, de frente para o boneco de neve, e segurou a sua mão. Notou que Tadase parecia perdido em pensamentos, e aos poucos, a expressão de constrangimento de antes dava lugar a uma mais pesada, quase beirando a tristeza – Quer voltar para o hotel agora? – indagou, preocupando-se.

— Ainda não… - ele respondeu num sopro de voz, apertando a mão na de Nagihiko – Eu quero poder… ficar mais um momento com você… - suspirou - É que… e-eu acabei lembrando das coisas que o Onodera-san disse ontem, bem… mesmo que você esteja certo, e ele tenha dito aquelas coisas por que estava confuso consigo mesmo… aquilo foi cruel, você não acha?

— Bem, foi cruel… - Nagihiko não pode deixar de concordar – Mas, como você mesmo disse, eu não deveria ter me descontrolado daquela forma… não posso apelar para a violência cada vez que isso acontecer…

— Sim, era nisso que eu pensava… por que… bem, acho que isso vai voltar a acontecer, não é? E muitas vezes mais, eu suponho... Eu não me importo com a opinião das pessoas, menos ainda com a das que eu nem conheço… Estou disposto a enfrentar seja quem for para ficar com você, Fujisaki-kun. Como você… eu também não aguento mais ter que mentir e esconder o que eu sinto de todos… e nós dois sabemos que eu sou péssimo com mentiras… - ele riu fracamente, e Nagihiko concordou, com um sorriso quase melancólico, fitando Tadase diretamente enquanto ele falava – Nossos amigos nos aceitam, e isso é importante para mim. Mas… e os nossos pais? Quero dizer… e se eles tiverem uma reação parecida com essa?

— Nesse caso, Hotori-kun… - Nagihiko acariciou a mão macia, e puxou o corpo diminuto de Tadase para um aconchegante abraço – Mesmo nesse caso… eu vou cumprir com a minha promessa, e ficar do seu lado. Não importa se o mundo inteiro resolver ficar contra nós, eu decidi, que nada acabaria com o amor que eu sinto por você…

— Fujisaki-kun… - sussurrou Tadase, emocionado, abraçando Nagihiko com força – Obrigado… por tudo…

Nagihiko desejava apenas arrumar uma forma de tirar outro sorriso de Tadase, apenas para apagar aqueles sentimentos tristes que ele carregava agora. Apoiou o queixo acima da touca de Tadase, fechando os olhos e erguendo o rosto para cima, e sentiu o ar frio misturando-se com algo mais, que caia sobre a sua pele.

— Olha, Hotori-kun, está nevando! – exclamou. Tadase ergueu o rosto, vendo os pequenos flocos brancos, que flutuavam no céu completamente negro, caindo aos poucos até alcança-los, e seus olhos brilharam, esquecendo-se da tristeza no mesmo segundo, assim como Nagihiko desejara.

— Está em seu cabelo! – ele riu com vontade, espanando os floquinhos que se juntavam no topo da cabeça de Nagihiko, apenas para que mais deles caíssem. Nagihiko também riu, e segurando Tadase pela cintura, aproveitou para tomar a mão erguida, e pousou a outra mão dele em seu ombro – O que está fazendo? – ele perguntou, admirado.

— Eu fiquei com vontade… de dançar com você! – respondeu Nagihiko, começando a girar com Tadase sobre o tapete branco e macio, ao redor do boneco de neve.

— Mas não tem música! – exclamou Tadase, segurando-se no ombro de Nagihiko com uma das mãos, e deixando-se levar pelos movimentos do outro.

— E por que isso importaria? – ele sorriu, e Tadase apenas fez o mesmo em resposta. O pesado sobretudo de Nagihiko voou pelo ar, quando ele girou com mais vontade, afundando suas botas na neve fofa. Tadase achou que iria cair, ou levantar voo, enquanto Nagihiko o girava sem parar, por caminhos desconhecidos. Entre eles, só havia o céu escuro, e a neve delicada que caia por sobre seus olhos. Ficou tonto, vendo a paisagem que virava rapidamente, borrando-se e se misturando, até tornar-se uma única forma monocromática.

Seus corpos se estreitaram, dividindo o calor que emanavam, e Tadase repousou a cabeça no ombro de Nagihiko. Ele diminuiu o ritmo, abraçando a cintura do menor com ambas as mãos, enquanto ele o segurava pelo pescoço. Não havia mais estrelas no céu, e a lua se escondia atrás das pesadas nuvens. A neve continuava a flutuar no espaço, suavemente.

Tadase pensou em todas as coisas que dividira com Nagihiko naquela noite. Suas dúvidas, seus medos, sua hesitação… Nagihiko sempre aceitava tudo isso com tanta facilidade… Sempre o compreendia, mesmo quando nem ele mesmo entendia o que estava pensando, e sempre tinha respostas para ele, sejam quais fossem as perguntas. Nagihiko sempre estava ali para ele, não importava o dia, a hora, ou o lugar. Nagihiko sempre o protegeria, de todos os monstros, de todos os medos…

Tadase queria que houvesse apenas uma maneira de retribuir aquilo que Nagihiko sempre o oferecia. Ergueu os olhos, vendo o rosto do seu amado, sorrindo somente para ele, girando, com os cabelos flutuando pelos flocos brancos, e os pés leves deslizando sobre a neve, conduzindo-o com delicadeza. Tadase sentiu seu coração inflando, transbordando afeição e carinho, apaixonando-se mais uma vez. Sentindo que estava fazendo parte de um lindo e inacreditável sonho, ele sorriu em resposta. Deslizou as mãos finas até o rosto do valete, segurando-o dos dois lados, e colocou-se na ponta dos pés, para alcançar os lábios de cerejeira, que tanto amava, e que eram só seus. Não importava o que dissessem, o que pensassem, ou o que fizessem contra eles… para sempre seriam…


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Notas finais do capítulo

Yoo, Shuroyuki desu~nee~

Eu adorei escrever esse capítulo, tão foofo~~ a parte da tensão sexual foi adicionada depois, quando eu analisei melhor o capítulo quando a Teffy-senpai me mandou ainda, e percebi esse detalhe... tipo, Tada-kun, em toda a sua inocencia, não deve ter entendido aquilo!!!

Então, espero que tenham gostado tanto quanto eu! Deixem reviews~

Bye bye, até o próximo, com a Senpai o/



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