"Jus...

Me perdoa... Eu não posso mais ficar com você.

Um "anjo caído" não tem direito ao paraíso...

Mesmo com seu lema – Never Say Never – tudo é mais difícil já que eu não sou a menina perfeita que você merece.

Você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, e vai ser a única lembrança boa que vai estar sempre comigo...

E, como eu já disse... Sempre amarei você.

Eu te amo, minha vida.

Seu eterno anjo, Kris."

Justin não escondeu o susto, a decepção, a raiva. Kristin não podia ter feito aquilo com ele.

– O que vocês fizeram com a Kris?! Cadê ela?! – Justin disse.

– Quem é Kris, Justin? - Jeremy perguntou preocupado - Não tinha mais ninguém no quarto quando nós entramos! Vem Jus, a gente precisa te levar pra um hospital...

– Eu não saio sem ela!

– Não seja tolo, garoto! No mínimo essa garota foi invenção da sua cabeça... - Sargento Rafael falou, impaciente... - Com certeza delirou de febre por causa do ferimento...

– Uma invenção escreve bilhetes?? Eu é que não escrevi né! Mãe, essa é minha letra?? Fala pra eles mãe, que essa não é a minha letra! Eu não tô delirando não!

Seu filho não estava nada bem... Pattie pegou o bilhete, com uma expressão de pena no rosto. Guardou o pequeno pedaço de papel no bolso, sem nem ao menos ler... Provavelmente seriam apenas rabiscos feitos pelo filho em meio aos delírios...Ela sabia que ele sempre teve medo de ser roubado ou seqüestrado.

No caminho até o hospital mais próximo, Justin se acalmou. Chamou Pattie e falou baixinho ao ouvido dela:

– Mãe, você não viu mesmo uma garota loira andando por lá?!

Ela não respondeu. Não sabia o que responder. Apenas acariciou os cabelos de Justin, deitando a cabeça dele em seu ombro. Gostaria que ele ainda fosse um menininho que ela pudesse carregar no colo. O que passava por sua cabeça era... O que eles teriam feito com seu menino? Pelo que ele teria passado todos aqueles dias para estar nesse estado? Aquele ferimento estaria doendo? Estaria tão profundo a ponto de causar febre e delírios?

Mas não era tão grave assim. Justin precisou apenas de um novo curativo, tomou soro por alguns minutos devido a desidratação e voltou para casa. Kristin não saía de sua cabeça, mas ele não conseguia sentir raiva por ela tê-lo abandonado. O que ele pensava era somente o motivo que ela teria para ter feito o que fez.. Ela seria presa caso fosse encontrada junto com ele. E estar sem ela era muito menos doloroso do que vê-la ser presa e condenada...

Nos dias que se seguiram Justin não quis ver ninguém, não quis dar entrevistas e nem tirar fotos.

Claro, que isso acabou passando.

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Justin não sabia, mas Kristin estava próxima dele. Ela voltou a morar na casa dos pais apenas há alguns minutos da casa dele. Arrumou novas amigas e voltou a estudar. Finalmente viu que podia sim ter amigas legais, e que não precisava ter entrado na vida do crime. A vida estava boa, mas... e Justin? Onde ele estaria, o que pensaria dela, será que ainda a amava? Ou será que aquele amor havia passado?

A verdade é que não havia um só dia em que ela não pensasse nele. Não havia um só dia em que ela não acordasse com a lembrança do cheiro de Justin, do beijo, do jeito com que a abraçava. O que se tornava ainda mais doloroso, porque suas amigas eram beliebers fanáticas e ela era sempre obrigada a vê-lo cada vez mais lindo nas fotos.

– Porque você não gosta dele, Kris?

– Eu? Quem disse que não gosto?

– Ah, você nunca diz nada... Nem que sim, nem que não... Nunca fez nenhum comentário sobre ele...

– Gosto dele sim, meninas... Ele é... - Kristin parou de falar, com os olhos cheios de lágrimas - É maravilhoso... É uma estrela né? Um paraíso, talvez...

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– DONA PATTIE!!! DONA PATTIE!!!

– O que é que foi? - Pattie veio preocupada atender os gritos da empregada.

– Essas roupas tudo aqui no armário, dona Pattie... Ponho pra lavar, a senhora vai voltar a usar?

– Essas roupas? - Pattie pegou as roupas, olhou. Por um instante se lembrou do momento em que encontraram seu filho na casa. - Essas roupas não me trazem lembranças muito boas, Clery... Pode lavar e depois dá pra quem você quiser...

– Mas são roupas tão bonitas...

– Mas eu não quero, Clery...

Clery pegou as roupas e do bolso da calça jeans caiu um pequeno papel, Pattie abaixou-se, pegou e leu, sem nem ao menos lembrar que achava serem rabiscos de Justin delirando durante o seqüestro.

– Kristin?!

Pattie relembrou vagarosamente cenas da pensão, e tudo o que ouvia eram as frases de Justin: "Meu amor, o que foi que você derrubou aí?", "Cadê a Kris?", "O que vocês fizeram com a Kris?", "Meu anjo cuidou de mim". Lembrou-se do momento em que Justin estendeu o bilhete a ela e ela o guardou sem dar importância. Sentiu um pequeno mal estar, sentando-se numa cadeira próxima.

– Meu Deus... Como pudemos ignorar algo tão claro?! - Falou pra si mesma, e a empregada ouviu, espichando os olhos para cima do papel.

– O que é claro, dona Pattie?

– Clery, ele não estava delirando!!!

– Quem?!

– Er... O Justin... Onde é que ele tá?

– Acho que tá no quarto...

– Preciso falar com ele! Espero que ele me perdoe... - Pattie levantou-se e saiu rapidamente, Clery ficou sem entender.

– Eu hein... - Disse, pegando as roupas.