Jamás Abandoné escrita por Lety Paixão


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capitulo 7


Yo jamás dejé de quererte a ti

Eu jamais deixei de te querer

Yo jamás pude negarmi a ti

Eu jamais pude me negar a você



Dizem que os sonhos são memórias perdidas em nossa mente, podem ser de um passado distante ou de algo recente que pareceu nos passar despercebidos quando acordados, que nos fazem reviver pedaços de algo acontecido e por algum motivo queremos esquecer.


Acredita-se também que quando acordamos sem qualquer lembrança do sonho que tivemos, foi porque o sonho foi tão angustiante que nossa mente apaga para que quando acordamos só seja possível ver a escuridão. Mas esses pensamentos fazem parte da crença de cada um, ou o que melhor cabe para a pessoa acreditar.


Quanto a mim? Acredito que nossa mente reproduz o que queremos ver, mas não sabemos ou admitimos, pode ser algo bom ou ruim, depende da situação em que se vive, mas não são reproduzidos por acaso, nada dentro de nossas mentes são. Talvez seja esse ponto o problema de tantas interpretações: A mente humana, sem duvida a arma mais perigosa já criada.


Por isso que não gosto de psicólogos, pessoas que entendem e sabem manipular esta arma? Não me passam nem um pouco de segurança, sem duvidas prefiro ficar longe deles, assim como os advogados, mas estes porque geralmente dificultam meu trabalho.


A mente é um labirinto de entrada, mas sem saída, tentamos desvendar nossas mentes não por fascínio e sim por busca de justificativas a nossas ações que julgamos erradas depois que vêem as conseqüências. Já tentei isso, não deu certo, para mim o que funciona é agir, ao pensar eu perco tempo, e na maioria dos casos tempo é algo que nunca tenho.


E quando pareço ter sou despertado para realizar alguma ação.


–Senhor! –Uma voz masculina gritou com certo desespero, mas o que realmente me acordou foi às fortes batidas na porta. Abri os olhos e me levantei rapidamente, não faço idéia se dormi durando muito tempo, afinal meu corpo responde minhas ações sem qualquer desanimo.


–O que foi agora... –Murmurei me negando a imaginar como a situação podia ficar pior, mas não foi necessário me esforça muito, no mesmo segundo percebi como. –Ziva.


A chamei, mas não obtive qualquer resposta. A minha frente o sofá que compartilhávamos estava vazio, sem ao menos perceber meu coração batia acelerado enquanto corria para seu quarto também desabitado.


–Ziva! –Gritei abrindo a porta do banheiro. Vazio. As batidas na sala ficaram mais intensas e antes que fosse para lá ouvi a porta sendo arrombada. Três agentes entraram, um deles estava apoiado no parceiro e parecia estar tonto.

–Tem alguém ferido? –Perguntei antes que pudessem explicar algo, eu já sei o que aconteceu só preciso saber se o maldito tempo está ao meu favor.


–Não senhor. –Um deles respondeu e o que se se encostava ao outro acrescentou: -A agente David abriu a porta e perguntou se seu chefe tinha informado algo, disse que não e sem perceber estava no chão.


–Não sabemos como escapou, assim que ouvimos o barulho viemos e ele estava no chão, o socorremos e te chamamos, as outras unidades foram avisadas e estão a procurando. Ninguém viu absolutamente nada.


–Avisem ao Gibbs, quero todos indo para os bairros mais próximos, digam ao agente McGee tentar rastrear o carro dela pelas câmeras de segurança que vão em direção a cena do crime de hoje. –Ordenei ignorando as perguntas sobre onde ia e os pedidos de desculpas, eles podiam não saber como ela escapou por baixo dos narizes de dezenas de agente treinados pela marinha, mas eu sei, ela é Ziva David, minha ninja israelita.


Minha...Dizem que o amamos devemos deixar livres, se voltarem é porque nos pertencem senão nunca foi nosso. Mas não sou eu que vou ficar sentado esperando ela voltar por mais três messes, não, Ziva aprendeu com seus erros e eu também. Talvez ela não seja aquela destinada a preencher minha solidão pessoal, mas ela é algo que não pode negar nem fugir: Minha parceira.


Um simples fato que me faz agora entrar em meu carro e dar a partida. Não me preocupo em procurar seu carro nas redondezas, seu Cooper vermelho já esta longe, mesmo com o pouco tempo de partida, e me faz deseja verdadeiramente que ela dirigisse como uma pessoa comum. Mas não posso me enganar, Ziva David não é uma pessoa comum.


Se fosse eu não precisaria avançar todos os sinais vermelhos, não estaria segurando o volante com tanta força que marcará minhas mãos, não estaria me amaldiçoando por ouvi-la e principalmente não estaria temendo por sua vida.


–Droga Zi, o que você fez? –Murmurei sentindo o peso de minhas palavras e o calor de minhas lembranças.




–Está um belo dia, não é? –Olhei para o homem em minha frente, confirmando se as palavras eram dirigidas a mim antes de responder.

–Com certeza. –Disse, mas só depois que tirei meu olhar do chão e o levei até o céu azul, não pude ir muito longe por causa do sol forte que me pegou desprevenido. Realmente um lindo dia de verão, se não fosse por um porém, o verão já tinha passado, o que nos cobria agora era apenas uma enganação antes das tempestades de outono.

–E o que faz aqui em um final de semana? –Outra pergunta com outra resposta falsa.

–Vim visitar uma amiga. –Disse simplesmente, minha falta de emoção nas palavras deixou claro que não estava muito a fim de conversa enquanto esperava a fila andar. Como podia responder perguntas se aquela que eu fazia a mim mesmo ainda não tinha resposta. O que eu estava fazendo aqui?

Talvez visitar uma conhecida seja mais adequado, ou quem sabe, arisca um pouco mais da sorte que tenho. Mas tudo isso são mais palavras que uso para me enganar, porque a verdade e tão clara quanto o céu que me cobre hoje que chega a ser assustador aceita-la.

–Identificação. –Um soldado pediu e eu entreguei meus documentos e distintivo do NCIS a ele sem perceber que a fila já tinha andado. Não havia tanta gente para visitar parentes ou amigos alojados no quartel da marinha, mas os poucos que havia tinham apenas o final de semana livre para suprir um à saudade que sentiam, e todos pareciam felizes por estarem ali, eu era o único que temia o que um encontro poderia me oferecer.

–Nome do parente.

–Amiga, Ziva David. –O corrigir, a palavra parceira quase escapou de meus lábios. –Ela me espera.

Menti, ele não pareceu notar e para minha sorte não mandou perguntarem a ela se eu estava realmente autorizado. Talvez não seja o único não muito feliz por me encontrar no alojamento afinal.

–Segundo andar, quarto 102, você tem duas horas antes do horário de visitar acabar.

–Obrigado. –Respondi e seguir suas instruções, pela primeira vez dês que tinha tomado a decisão de vê-la senti dentro de mim exaltação e pressa por bater a sua. Céus quem quero enganar, é o que mais desejo, vê-la, confirma que tudo que passei não foi um sonho, perceber que ela estava de volta, que estava viva e quem sabe, que tudo poderia voltar ao que era antes.

E com esta confiança bati na porta de seu quarto já pensando em mil coisas para lhe disser, para tentar resgatar o que foi deixado para três, para poder ver um sorriso. O único problema é que a porta não abriu.

–Por favor Zi... –Pedi baixo demais para que fosse ouvido através da porta.

–O que está fazendo aqui Tony? –Suas palavras quase me fizeram sorri, quase, se não fosse pelo tom hostil e a porta que ainda não estava aberta. Ziva David estava ao meu lado com a chave de seu quarto na mão e me olhando como se fosse uma ameaça.

–Vim te ver. –Respondi simplesmente, as mil coisas que pensei em lhe falar se resumiram para nenhuma, mas essas três simples palavras respondiam minhas duvidas e as dela.

Afastei-me da porta dando espaço para ela abri-la, e quando se colocou a minha frente percebi que usava uma calça comprida e um casaco em um dia de sol escaldante e que tinha acabado de correr. De repente me lembrei das poucas marcas em seu corpo que vi na Somália, poucas porque a maioria parecia esta coberta por areia.

–Entre. –Aceitei o convite contente e a seguir para dentro do quarto. Ela fechou a porta e se se encostou à parede. –O que você quer?

–Te ver. –Repetir a resposta percebendo o quanto era pequeno o quarto, havia apenas uma cama com uma cômoda e nada mais, o que diminui a distancia entre nós, porém não me aproveitei deste fato.

–Já me viu. –Ela contra disse ainda em sua postura rígida.

–Com você está?-Perguntei ignorando seu convite para sair, sua indiferença me machucava, não tínhamos nos falado dês do resgate, dês que ela me colocou uma arma em Israel sem ouvir o eu queria lhe disser, dês que ela nos abandonou e me abandonou.

–Ótima.

–Mentira, posso ver no seu olhar que esta mentindo. –Arrisquei a lhe disser, o que era verdade, mas Ziva David nunca foi boa em aceita a verdade.

–O que você quer ouvi?

–A verdade.

–Eu estou bem. –Disse mentindo novamente, seu olhar desviava do meu não querendo ver a dor que sua tentativa de me enganar causava.

–Eu sou seu parceiro, não tem como mentir para mim Ziva.

–Não, você não é. –Doeu, suas palavras pareciam ter perfurado meu coração e por um breve momento não obtive qualquer reação, até que deixei ser dominado pela raiva e ignorei o porque de esta ali.

–Não sou seu parceiro? Por acaso você sabe o que significa parceria?! –Perguntei elevando a voz, ela não respondeu e eu continuei dando um passo a sua frente. –Parceria é quando duas pessoas confiam uma nas outras, quando elas são capazes de se comunicarem sem trocar palavras, quando agem juntas, quando elas abram mão de sua vida para outra!

–Tony... –Ela tentou me parar, mas já era tarde.

–Eu fui lá por você! Eu quase morri por você! Como se atreve a disser que não sou seu parceiro?! Você não tem esse direito, você não tem o direito de mentir para mim!

–Pare! –Ela gritou mais alto que eu e só por isso me calei perdendo a respiração quando vi as lagrimas que fugiam de seus olhos, quando ouvi sua respiração ficar irregular e suas costas escorregarem pela parede ate ela se sentar ao chão. Desta vez não sabia como reagir, dias atrás a vi amarrada em uma cadeira, machucada e sem vontade de viver, mas agora ela parecia muito mais danificada, neste momento percebi que Ziva estava quebrada e senti medo.

Sem disser nada, me abaixei ao seu lado, agora era possível ouvir seu choro, tive receio de tocá-la. Pensei em disser que sentia muito, mas isso faria de mim o mentiroso, as palavras que proferir foram a verdade do momento, eu sei disso e ela também, mas então o que fazer quando ao seu lado esta despedaçada a mulher mais forte que já conheceu?

–Vá embora Tony.

–Não. –Lhe disse calmamente, sem levantar o rosto ela pediu novamente minha ida.

–Vá.

–Não vou te abandonar. –Falei e por um momento ela não disse mais nada e eu só fiquei ao seu lado até que suas lagrimas pareciam ter secado. Quando isso aconteceu acreditei que ia me pedir para sair, mas Ziva me surpreendeu com o novo rumo que nossa tentativa de conversa podia tomar.

–É mais fácil.

–O que? –Perguntei confuso com sua declaração, ela levantou a cabeça olhando para um ponto perdido a sua frente antes de continuar.

–Mentir, é mais fácil. Quando mais se repete uma mentira, mas perto da verdade ela chega, é como usar uma mascaram você mostra as pessoas o que elas querem ver, só você sabe quem realmente esta dentro dela.

–Mas se a pessoa quiser a verdade você da ela uma mentira. Eu te entendo, mas você não pode viver assim. –Claro que eu entendia, de certa forma todos nos já usamos mascaras, inclusive a mim, a única diferença que ela tem medo de tirar a dela.

–Eu sempre vivi assim, não é algo que possa mudar.

–Claro que pode. Ziva você esta recebendo uma segunda chance, sua oportunidade para mostra quem você é.

–Mas quem eu sou? -Não soube como responder, podia ter dito toda a historia que conhecia sobre ela, mas não cabia a mim lhe disser quem era, e sim o que era.

–Minha parceira. –Disse sorrindo, pela primeira vez ela me olhou com seriedade, seus olhos vermelhos e inchados não tentavam mascarar o que sentia, não havia o que esconder e o que vi no olhar dela foi compreensão, ela não estava sozinha, nunca esteve.

–Eu te devo desculpas.

–Deixe para próxima.

–Quando vai ser? -Ela perguntou.

–Que tal no NCIS? –Arrisquei temendo ir à diante.

–Ótima idéia. –Ela me respondeu e percebi que sua mente vagou na possibilidade de voltar, ainda tinha muito a ser decidido e a ser pensado. –Será você poderia não contar a ninguém?

Queria ter dito não, afinal não tinha o que esconder, o que presenciei não faz dela alguém fraco, pelo contrario, ela ter dado uma abertura para mim no estado em que se encontra mostra o quanto ela teve que ser forte para ultrapassar as barreiras que construiu dentro de si. Mas não podia exigir muito, um passo de cada vez é melhor que nada.

–Pode deixar. –A tranqüilizei e ela sorriu

–Obrigado Tony, por tudo.

–Sempre as ordens.

–Sempre fiel. –Ela disse em um sussurro mais para si mesmo do que para mim, depois se levantou e eu a seguir, não era o encontro que esperava, mas teve o resultado que eu queria, Ziva de volta.

–Eu vou voltar. –Falei indo em direção a porta, ela precisava de seu espaço para pensar, mas não estava partindo e deixei isso claro quando não pedi permissão para vê-la novamente.

–Eu sei, você sempre me encontra.




Eu só espero que desta vez não te encontre tarde demais.


Jamás abandoné

Jamais abandonei



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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo sera o ultimo, apesar de ter planejado a fic inicialmente para ter trés cap no máximo.
Agradeço a todos que estão acompanhando.



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