You Belong To Me escrita por divaReaser


Capítulo 1
Capítulo 1




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1921 - Caindo... novamente.

Abri meus olhos. Estava desorientada. Tentei me lembrar de minhas ultimas ações.

Uma dor lacinante me pegou quando eu senti falta do peso de meu Daniel em meus braços. Meu filho. Meu filho recem nascido estava morto.

Sentei-me - rapido de mais - no que me parecia uma cama onde eu estivera deitada. Olhei em volta e o choque me tomou. Dois homens me observavam com seus olhos dourados. Pareciam.. preocupados.

Espera. Eu conhecia um deles. Tentei levantar o véu que estava cobrindo minhas memórias.

Dr. Cullen. Como eu podia esquecer, meu anjo, meu escape.

- O que...? Onde...? Dr. Cullen? - Seus olhos foram de preocupação para surpresa. Estaria ele surpreso por eu te-lo reconhecido? Mas era tão igual. Nada nele havia mudado. Não que eu notasse. Mas.. ele lembrava de mim? Eu já não era a mesma garota de 16 anos que aparecera com uma perna quebrada.

- Ela lembra. - Ele sussurrou para si mesmo, quase não me foi audivel. Ele tomou uma expressão normal, mas a preocupação ainda assombrava seus olhos. - Esme... eu.. eu me lembrei de você. Digo, quando você apareceu no necroterio. Você se lembra de ter caido do penhasco, certo? - Um flash de memorias veio em minha cabeça. Daniel morreu. Eu não podia viver sem ele.. eu..

Apertei meus olhos quando a dor atacou mais forte. Não dor fisica. Dor emocional.

- Lembro - sussurrei.

- Bem, Esme, vamos com calma então. Aquele é Edward. - olhei para o garoto loiro. Ele sorriu mesmo parecendo sentir dor. - E eu sou Carlisle Cullen. - Sua voz era paciente, como se estivesse falando com uma criança. - Preste atenção. Eu quero que você fique calma. Minha intenção era lhe salvar. E... bem.. Esme eu te transformei em um vampiro. Assim como eu sou. E Edward também. - Minha primeira reação foi rir. Obviamente. Vampiros não existem.

- Dr. Cullen eu adorei a piada, mas me diga, o que realmente aconteceu esses ultimos dias? ou meses.. enfim. Onde estou? - A expressão do Dr. Cullen se tornou mais preocupada - se é que era possivel.

- Esme eu estou falando a verdade, não é nenhuma brincadeira. Me desculpe.

- Dr., vampiros não existem.

- Por favor me chame de Carlisle. Esme, eu preciso que você acredite em mim, sim? Eu posso lhe provar, mas você tem que acreditar em mim. - Seus olhos intensos me observavam. Era impossivel recusar-lhe minha confiança.

- Ok Dr.. Carlisle. Eu acredito em você. Nós somos vampiros. Vamos beber sangue e dormir em caixões? Não saimos a luz do sol e tomamos cuidado com alho, cruzes, estacas ou algo do tipo? - O sarcasmo era reconhecivel em minha voz. Parecia bobo dizer tudo aquilo, mas no momento tudo podia ser possivel, não é? Parecia ser um sonho idiota.

- Não é bem assim Esme. Sim, você vai beber sangue, mas os caixões, alhos, cruzes e estacas são lendas. - Edward disse dando de ombros. - Quanto ao sol, você não vai queimar até morrer, fique tranquila. Mas por outro lado, você não pode sair no sol perto de humanos. Eles iriam saber nosso segredo.

- Como assim? Por que? - De repente eu me senti interessada em saber, tantas perguntas em minha cabeça precisando de respostas..

- Bem Esme. Digamos que nossa pele é diferente da pele dos seres humanos. Nós brilhamos na luz direta do sol. Eu lhe mostrarei depois, mas agora seria bom se nós saissemos para caçar. -Carlisle disse e foi se levantando da cadeira onde estava sentado ao lado da cama. Entrei em panico. Como assim caçar?

- Espere. Caçar? Eu não quero matar seres humanos. Eu sei que eu não sou mais uma, mas eu tenho sentimentos! Como vocês podem trata-los assim? - Explodi.

- Se acalme querida. Você não irá matar nenhum ser humano. Edward e eu somos diferentes dos vampiros tradicionais. Nós só caçamos animais. - Carlisle me acalmou. - Vai ser dificil no começo, já que seus instintos pedem por sangue humano, mas nós estamos aqui para ajudar a controlar sua sede.

- Controlar minha sede? - Perguntei.

- Sim Esme. Sente a dor em sua garganta? - Minhas mãos voaram para minha garganta quando eu percebi como ardia. - Essa é sua sede. Quando você estiver perto de um humano vai arder muito mais do que está ardendo agora. Sua garganta vai pedir pelo sangue humano para diminuir a dor. Não vai ser facil. Eu mesmo ainda tenho dificuldades para me controlar. Carlisle é o único que tem o controle perfeito de seus instintos. Por isso ele é medico. - Edward sorriu para Carlisle no final de sua explicação.

- Ok. Vamos caçar. Estou com muita...sede. - Balancei a cabeça desorientada e me levantei da cama.

Sem uma palavra, Carlisle saiu andando na frente, o segui e Edward veio atras de mim. Saimos para a noite. Nevava, mas eu não senti frio. Reparei que o vestido que eu usava não era o que eu havia pulado e também não era um que eu reconhecesse. Se pudesse teria corado naquele momento, o pensamento de dois homens me trocando não foi dos mais agradaveis. Fiquei calada para evitar maiores constrangimentos.

Ouvi Edward dar um risinho atras de mim, mas não me importei.

- Nada Carlisle. - Edward falou. Silêncio. - Depois eu digo. - Silêncio. - Realmente. Esquecemos desse pequeno detalhe. - Não pude evitar olhar para o garoto que falava sozinho atras de mim. - Não estou falando sozinho, Esme. Estou respondendo os pensamentos de Carlisle. - Parei abruptamente.

- Desculpe? - Eu só podia ter entendido errado.

- Isso mesmo que você ouviu. Eu posso ler pensamentos. - Ele sorriu para mim.

- Sempre? A qualquer momento? De qualquer um? - Ele assentiu. - Não é possivel.. quer dizer que... - Não consegui acabar de falar. Deus quanta coisa eu havia pensado! Ele simplesmente assentiu.

- Desculpe não ter dito antes.. - Carlisle se descupou.

- Es-Está tudo bem... Vamos? - Comecei a correr novamente.

Só então eu reparei o quão rapido nós corriamos. Era muito rapido. Mesmo que eu estivesse acompanhando-os sentia que podia correr mais do que aquilo. Agora que eu sabia que Edward podia ouvir o que eu pensava comecei a pensar coisas banais ou minhas novas qualidades vampirescas.

Corremos entre as arvores da floresta em silêncio até chegar em uma pequena clareira. O cheiro me pegou rapidamente. Eu não sabia o que era, só sabia que minha garganta ardia e aquilo me prometia algum alivio.

- Apenas siga seus instintos e faça o que tem vontade, Esme. - Carlisle disse.

Puxei o ar e comecei a correr para onde vinha o cheiro. Nada de coerente se passava em minha mente, eu tinha apenas lampejos do que estava fazendo. Percebi quando pulei em cima do enorme felino preto. Começamos uma luta graciosa na qual ele estava perdendo. Cravei meus dentes na pele de seu ombro cortando rapidamente a pele e os tendões. Senti o sangue escorrer por minha garganta aliviando minha dor enquanto o animal ainda se revirava em meus braços. Em poucos segundos ele era apenas um cadaver sem nenhum pingo de sangue, mesmo assim minha garganta ainda ardia loucamente.

Levantei-me do chão e vi Carlisle e Edward me observando. Olhei minhas roupas. Sujas de sangue, lama, folhas, rasgadas.. enfim, um caos total.

- Depois de um tempo melhora. - Edward provocou.

- Espero.

Nós - na verdade eu - caçamos mais alguns animais antes de irmos para casa. Eu me sentia cheia, mas minha garganta ainda ardia consideravelmente.

A volta para casa foi silênciosa, tirando uma piada ou outra de Edward sobre eu explodir a qualquer momento de tanto sangue que havia bebido. Minha mente era um emaranhado de sentimentos e decisões que eu devia tomar. O que eu iria fazer agora? Quero dizer, eu era uma vampira, a única razão para mim continuar nesse mundo havia morrido e.. Cheguei a conclusão que meu mundo era vazio sem Daniel. Por isso me matei. Não havia sentido, não havia caminho. Seria apenas existir. Forcei minha mente a pensar em outra coisa. Eu não queria quebrar. Lembrei-me também que Edward estava ouvindo tudo que se passava em minha mente, então fiz questão de mudar o rumo de meus pensamentos.

Entramos em casa no mesmo silêncio mortal que havia nos tomado na floresta. Edward foi ao piano e começou a tocar uma musica triste que ecoava por toda casa. Eu não sabia o que fazer, havia tantas perguntas a serem feitas...

- Venha Esme, irei te mostrar seu quarto. - Carlisle disse com um sorriso. Nós subimos a escada. Reparei que eu já havia começado a pensar naquela casa como minha. Eu certamente não tinha para onde ir e viver sozinha não era a opção mais feliz.

- Carlisle.. Eu.. eu preciso de sua ajuda. Eu não quero encomodar, mas.. eu não sei se eu vou saber viver sozinha agora... - Ele me interrompeu.

- Esme, você não vai viver sozinha. Tem eu e Edward. Isso é, se você quiser. Eu nunca te abandonaria agora. - Carlisle falou a ultima parte em um sussurro.

- Obrigada, mesmo. Eu... bem, vou fazer tudo que é possivel para que minha permanencia aqui não seja um peso para vocês. - Ele sorriu.

- A partir do momento que eu te transformei já considerei você uma responsabilidade minha. Você nunca será um peso para nós. Fique tranquila. - Sorri de volta. - Vamos, vou lhe mostrar seu quarto.

Ele me levou até uma das portas no corredor e a abriu. O quarto tinha uma cama, um pequeno closet, uma porta que levava a um banheiro, uma mesa e uma estante com livros. Era perfeito. Entrei no quarto observando-o e virei-me para Carlisle que esperava na porta.

- É perfeito. Obrigada Carlisle. - Ele sorriu.

- Que bom que você gostou. No closet há algumas roupas que eu comprei para você e as duas caixas são seus pertences que Edward buscou em sua casa. Caso você precise de algo que eu não tenha comprado é só me avisar. - Fiquei tentada a perguntar sobre quem havia trocado minhas roupas, mas mordi a lingua. Seria embaraçoso demais. - Ultima coisa. No armario embaixo da pia do banheiro tem toalhas limpas. Vou deixar você em paz.

- Mais uma vez obrigada. - Com isso ele saiu do quarto fechando a porta.

Tomei um banho e olhei as roupas que Carlisle havia comprado para mim. Se pudesse eu coraria quando vi as lingeries que ele havia me comprado e imaginei ele entrando em uma loja para comprar aquilo. O seu bom gosto era notavel em todo o guarda roupa. Vesti um vestido azul claro e um par de sapatilhas pretas - com muito esforço, já que eu tinha que controlar minha força sobrehumana.

Com um suspiro puxei as caixas com meus pertences para fora do closet e coloquei em cima da cama. Engasguei ao ver o primeiro item da caixa. Lá estava o cobertor de Daniel. O tirei da caixa e afundei o rosto nele sentindo o cheiro de meu pequeno. Ele permaneceu com aquele cobertor durante seus quatro dias de vida. Minha garganta apertou e eu esperei as lagrimas escorrerem por meus olhos, mas elas simplesmente.. não vieram.

Coloquei o cobetor em cima da cama e sorri tirando meus livros e cadernos de dentro da caixa. Achei uma pequena foto de Daniel no meio deles e prometi a mim mesma que nunca perderia a única recordação do rostinho de meu pequeno.

Na caixa também havia uma caixinha com algumas poucas jóias que eu possuia, enfeites de cabelo, cartas, alguns albuns de fotos e documentos. Tinha também algumas outras coisas de Daniel, mas só aquilo que ele havia usado enquanto esteve comigo. Cheguei a conclusão de que Edward me trouxe apenas o necessario. Na outra caixa tinha roupas e mais algumas coisas, então nem mexi.

Guardei tudo o que me pertencia em meu novo closet e as coisas de Daniel coloquei dentro de sacos de plastico para não mofar e guardei em uma comoda no fim do closet. Sentei-me na cama e observei por alguns segundo a única coisa que não havia guardado: o cobertor de meu filho.

Lembrei de todos os segundos que eu havia passado com ele desde o momento que ele nasceu. Tão lindo meu bebê, seu cabelo caramelo, suas covinhas em seu rosto em formato de coração. Lembrei também quando ele morreu. Em meus braços. Daniel era o único motivo para mim ter superado meus medos, por ele eu fugi de Charles e então... eu o deixei morrer.

Minha garganta se apertou e eu me senti mal, uma sensação terrivel de perda, meu coração parado doía como se faltasse um pedaço. Comecei a soluçar baixinho enquanto me deitava na cama e abraçava o cobetor azul do meu nenem.

Charles sempre me disse que eu não prestava para nada, que se tivesse um filho o mataria e de qualquer modo ele tinha razão. Eu matei meu filho e fui covarde o suficiente para me matar depois. Só que nem para morrer eu servia. A vida me puxou de todos os lados, me fazendo sentir até a ultima dor que restasse. Acabei sendo encontrada e Carlisle me salvou... Mas será qiue ninguém entende que eu queria morrer? Eu não me joguei de um penhasco por diversão. Eu realmente queria acabar com minha vida, mas nem isso eu consigo não é? Acabei me tornando um monstro.. Um monstro sozinho no mundo. Eu entendia que Carlisle só fez aquilo para me salvar, mas..

Por que eu não conseguia mais enxergar Carlisle como o enxergava antes? Ele, em minha vida humana, era meu anjo, meu escape.. Lembrava-me de cada sonho que tinha tido com ele, sempre me protegendo e me levando para um lugar feliz longe de Charles e eu sabia que ainda era atraida por ele, bastava perceber meus sentimentos quando ele estava perto, Mas.. Era diferente. Eu meio que estava com raiva por ele ter me tirado o que eu mais desejava: A morte.

Lembrei-me que Edward estaria ouvindo tudo que eu pensei e me amaldiçoei. Droga! Agora ele saberia sobre minha paixonite de criança por Carlisle, saberia por que me matei, saberia de minha raiva por esse monstro que eu havia me tornado. Me acalmei aos poucos e parei de soluçar. Eu tinha que saber se Edward havia escutado.

Desci as escadas e vi apenas Carlisle sentado no sofá, a musica já havia parado a muito tempo, mas só agora havia reparado. Carlisle se virou para mim e sorriu colocando o livro que estava lendo em cima da mesinha. Olhei em volta procurando por Edward, mas não encontrei.


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