- Você está bem? - Carlisle perguntou, os olhos demonstrando preocupação.

- Sim - menti. - Onde está Edward?

- Ele saiu assim que eu desci. Disse que precisava esfriar a cabeça porque tinha muitas coisas se passando em nossas mentes. - ele riu e eu fiquei aliviada por saber que Edward não tinha escutado o que se passou em minha mente.

Eu fiquei mais tranquila. Não queria que eles me achassem mal agradecida. Sentei-me no sofá com Carlisle por dois motivos: não queria que ele percebesse que eu desci apenas para ver se Edward estava e porque eu sabia que se eu subisse iria continuar sofrendo por Daniel. Suspirei.

- Carlisle... por que.. por que você me transformou? De verdade. - Ele estava olhando para as mãos e mordeu o labio.

- Esme... aquele dia em que... em que nos conhecemos.. Bom, você foi dferente. Tão inteligente e corajosa. - Ele sorriu. - E você era minha La Cantante.

- La Cantante? - Fiquei confusa.

- Todo vampiro tem um humano que o sangue é mais atraente. Raramente nós os encontramos, mas eu encontrei você. Era perigoso ficar perto de você, mesmo que meu controle fosse perfeito, a atração por seu sangue era muita. Mesmo sabendo que era perigoso eu não conseguia ficar longe. Nossas conversas eram tão boas. - Nesse momento ele me olhou. Era basicamente o que eu senti, mas... ah, eu o amava. Saber que de algum modo ele era atraido por mim - seja humana ou vampira - me dava uma certa esperança que no momento eu não sabia se era boa ou ruim. Deus, eu daria minha existência por um sorriso seu. - Bom, eu não poderia deixar uma mulher tão inteligente e corajosa morrer...

- Então.. foi isso. - Sussurrei só para mim.

- Já te contei porque te transformei. Me conte porque você morreu. - Ele pediu. Pensei por um segundo. Eu não queria me aprofundar demais em minha vida humana. Se.. se eu contasse tudo ele iria me rejeitar.

- Meu filho morreu. Eu já havia perdido meu marido e morava sozinha em Ashland. Não tinha mais familia, não tinha mais o que fazer. Ai eu me joguei do penhasco. - Abaixei o olhar. Era tão dificil mentir para ele. Queria contar tudo, queria que ele me desse um abraço e dissesse que está tudo bem.

Os assuntos ficaram mais leves. Nós rimos e brincamos enquanto conversavamos. Já fazia dez anos que eu tinha conhecido Carlisle, mas minha paixonite não havia passado. Realmente seria amor? Pensei que depois que o conhecesse melhor deixaria de pensar nele como um anjo, mas pelo ao contrario, cada momento que se passava ele me protegia mais.

O problema era que ele não parecia encarar nosso relacionamento da mesma forma. Eu era apenas uma amiga para ele. Todas as vezes que se refiriu a mim me deu qualidades como inteligente e corajosa, mas nunca como bonita ou.. não sei, eu realmente não sabia o que queria escutar de Carlisle.

Eu estava confusa e quebrada. Já não sabia mais se valia a pena fingir que está tudo bem. Eu precisava de carinho e isso já estava acumulado em mim fazia quatro anos.

Passada a noite Carlisle disse que tinha que voltar a suas obrigações, ou seja, hospital.

Edward voltou um pouco antes de Carlisle sair. Eu estava sentada no sofá lendo um livro que havia pegado emprestado no escritório.

- Olá Esme. - Edward sentou-se ao meu lado.

- Olá. -sorri um pouco para ele.

- Tchau. Até mais tarde. E não saiam para caçar sem mim. - Carlisle encomendou antes de sair e fechar a porta. Edward riu.

- Sabe, eu acho que eu vou gostar de ter sua companhia. - Edward disse sorrindo.

- Eu também, principalmente na faxina. - Brinquei. Nós rimos.

- Nos seus sonhos.

- Vampiros não sonham - retruquei.

- Mal virou vampira e já está pegando os trocadilhos? - Nós rimos novamente e Edward ficou sério. - Eu não entendo.

- O que?

- Quando você acordou... Você estava tão confusa, isso é normal, mas.. Você não ficou com raiva de Carlisle por ter te transformado? - pensei por um minuto.

- Raiva, não. Eu fiquei frustrada, mas... sabe Edward? Ele me deu uma nova chance. - Sorri.

- Você tem razão. De qualquer modo ele nos deu uma nova vida, mas... Eu realmente preferia ter morrido. Viver assim é... horrivel.

- Eu não acho. Estou até me divertindo. - Ri e fiquei séria novamente - Eu sei o que você quer dizer Edward. É desorientador no começo, mas... Se isso aconteceu é porque eu realmente não tinha que morrer.