Eterno escrita por MelissaC


Capítulo 25
Capitulo 25: Fios de sangue.


Notas iniciais do capítulo

Apreciem!



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Capitulo 25: Fios de sangue.

Já havia perdido a nossa de quanto tempo nós estávamos ali. Presos. Se me dissessem que passaram se anos, eu acreditaria. A cada dia tudo se tornava mais chato, mais impossível de se viver.

Os casais estavam sempre juntos se agarrando em algum canto. Eu e Aleph não dizíamos nem os rotineiros bons: Bom dia , boa tarde, ou boa noite. E Allax? As vezes agente jogava xadrez, mas sempre era muito chato.

Tínhamos uma televisão. Em português! Então ela não me servia de muita diversão. Algumas vezes de muito tédio eu ficava olhando os desenhos passar e tentava descobrir o que eles falavam com o meu péssimo espanhol das aulas da professora Marta.

Sim, eu estava odiando esse lugar como nenhum outro. Tive vontade de ligar para Nicolas ou para a Megan. Qualquer um servia, mas eu não podia. Nem meu celular podia ficar ligado. Ordem do meu avô!

Não havia falado com ninguém da minha família desde que saímos de casa. Não sabia como eles estavam, se viriam nos buscar algum dia, e quando isso seria. Toda vez que eu pensava nisso, sentia uma enorme dor me consumindo e as lágrimas vindo aos meus olhos.

“Nath, vamos dar uma volta pela floresta?” convidei-o. Ele olhou para os lados. “Tudo bem, eu não vou longe.” e bufei.

“Não eu vou com você.” ele disse me seguindo para fora da casa. Eu sorri para ele e neguei com a cabeça.

“Fica com a sua namorada.” eu não disse de forma ruim, como se eu tivesse com raiva, queria que ele ficasse mesmo, pois sei desde quando eles são apaixonados e nunca tiveram coragem. “Eu vou ficar bem.” disse dando o meu melhor sorriso.

“Vai mesmo?” assenti e ele beijo a minha testa. “Se alguma coisa aparecer, quero que você corra. O mais rápido que puder.”

“Não precisa se preocupar! Eu não vou longe.” prometi.

Então comecei a “explorar” a ilha. Com certeza é um lugar muito lindo. Mas eu não pude aproveitar muito, pois hoje era um dia frio, e ameaçava a chover.

Não ficou apenas na ameaça. Não demorou muito para a chuva me alcançar. Corri até uma caverna que eu havia visto, não muito longe de onde eu estava. Corri até lá.

Chegando lá, não tive uma surpresa tão agradável. Aleph estava lá, também se escondendo da chuva.

Entrei sem pronunciar nenhuma palavra. Não demorou para a chuva aumentar e formar uma pequena cascata na porta da caverna. Tentei fazer tudo o que eu sentia fluir para fora de mim em uma cascata como aquela.

“Que chuva.” ouvi Aleph se aproximar. Olhei para ele com a pior feição que eu consegui e ele parou. Vi seus lábios se abrirem por diversas vezes, porem ele não disse nada. “Desculpa se eu tenho ignorado esses dias!” apenas me virei e voltei a fitar a chuva. Pude ouvir ele bufar. Não demorou muito tempo e ele se sentou ao meu lado. “Só peço que você me entenda!”

“O que?” eu disse olhando em sua direção mas não diretamente para ele.

“Eu estou passando muita coisa no momento.” ele se deitou no chão de pedras. “Tudo o que eu estou passando agora, faz tempo que eu estava com a Catherine parecer... fácil.” ele disse de olhos fechados.

“Então me diz qual o problema!” eu disse como se fosse simples.

“O problema!” ele riu sem humor. “Desculpa, mas eu não posso mais guardar isso para mim.” ele não falava comigo. Ele ficou de joelhos na minha frente segurando meu rosto entre as suas duas mãos. “Eu vou te dizer o problema.” ele apertou os olhos como se aquilo doesse. “O problema é que eu sou um doente. Eu te amo. Mais do que devia. Mais do que um irmão ama uma irmã.” senti meus olhos sendo preenchidos pelas lágrimas. “Isso é um crime, eu sei. Mas as vezes eu me sinto como se eu dependesse disso, de você.”

Abri minha boca varias vezes tentando dizer algo. Mais nada se formulava na minha mente. O única coisa que consegui formular era que eu precisava de beijá-lo. E foi isso que eu fiz. Nunca fui do tipo de acanhada, então eu ataquei seus lábios com fervor e ferocidade.

A cada segundo eu me sentia mais atraída a ele. Sua pele, seu cheiro. Tudo aquilo fazia minha garganta queimar. Eu conhecia essa sensação. Eu podia controlá-la.

Estávamos nos separando, então eu mordi seu lábio levemente, e depois dando chupões no local. Senti um gosto maravilhoso invadir minha boca e gemi baixinho. Mas eu logo reconheci aquele gosto. Era sangue.

Afastei-me dele e pude ver seu lábio gotejando sangue em seu colo. Senti meus olhos ficarem vermelhos sedentos pelo sangue. Fechei-os devido a ardência que não era maior do que a da minha garganta.

“Ai.” ele disse provavelmente tocando o ferimento.

Abri meus olhos apenas para ver o caminho que eu tomava. Não olhei para Aleph, não me importei com a chuva que se fazia mais forte, apenas corri. Estava envergonha com tudo que havia acontecido ali.

Meu irmão. Não de sangue, mas a criança que havia crescido comigo. Havia compartilhado da mesmas experiencia, da mesma casa, dos mesmo brinquedos, dos mesmos amigos, da mesma família. E agora compartilhávamos do mesmo mesmo sentimento? O mesmo amor? A mesma culpa? O mesmo pecado, o mesmo crime!

Sim.

Pensei na minha mãe. Ela ficaria desapontada com isso. Nunca permitiria. Ela sentiria raiva e nojo de nós. Provavelmente nos separaria. Nunca seriamos felizes juntos. Ela choraria as noites arrependida, mas ela não poderia permitir isso. Mesmo que sofrêssemos, ela não poderia permitir. Ela sofreria mais do que cada um de nós.

E meu pai? Ele seria contra ao pensamento inadequado e antiquado dela. Eles brigariam, mas no final ele deixaria que ela escolhesse. Prometeria a ela, que sempre estaria ao seu lado e apoiaria sua decisão sendo qual ela fosse.

Eles nos veriam sofre. A nossa família inteira veria, mas ninguém se intrometeria. E esse seria o meu futuro.


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