Corri o mais rápido que pude em meu estado, tendo assim que me apoiar em uma das árvores à beira da floresta para descansar.

Alcancei Harry logo depois, andando calmamente pela floresta. Não estava muito perto dele, mas percebia alguns vultos esbranquiçados. Não sabia o que era.

Avistei uma clareira, minutos depois. Chegando mais perto, percebi do que se tratava.

Os pelos da minha nuca se arrepiaram, uma sensação de raiva tomou conta de mim. Lorde Voldemort estava ali, logo à frente, esperando ansiosamente pelo seu momento.

Não estava perto demais para ouvir nada do que se fosse falado. Mesmo invisível, ainda era muito perigoso para mim, me lembrando que um dos feitiços de Lestrange quase me acertara. Preferi ficar mais longe possível.

Segundos depois, um feixe de luz verde atravessou o local e eu soube. Harry acabara de ser executado. Meus joelhos se vergaram, e por pouco eu não arquejei em voz alta, o que provavelmente causaria minha morte.

Olhando mais de perto, percebi que ainda havia algo vivo em Harry. Não sabia o quê. Mas poderia ser percebido se prestasse atenção. Ele ainda respirava.

Percebi mais uma coisa. O efeito da poção já havia passado. Eu demorara demais para seguir Harry.

–Ele está realmente morto? – Voldemort perguntou. – Verifiquem.

Então eu percebi. Alguém notaria fácil se Harry estava morto, se o olhasse bem. Isso era um problema.

Avistei algumas capas que os comensais haviam jogado, ao lado de uma árvore. Eu tive tempo para pegá-la e vesti-la, pois nenhum dos comensais se pronunciou. Eles tinham medo de errar o veredicto.

Cubri-me com a capa, de modo que apenas a parte debaixo do meu nariz de meu rosto aparecesse. Abaixei a cabeça, e me esgueirei para o meio da roda. Fiquei praticamente frente a frente com Voldemort, no exato lugar onde Harry caía.

–Eu verifico meu Lorde. – Disfarcei a voz.

–Hum. E quem é você? Mostre-se. – Ele respondeu, desconfiado.

Eu não sabia o que fazer. Talvez se continuasse enrolando...

–Não confia em mim meu lorde? Sou eu, sua mais fiel serva.

Bellatriz Lestrange parou à minha frente, com seu típico orgulho.

–Considera mais submissa ao lorde do que eu? Quem é você sua pobre ingênua?

Ela se aproximou para levantar o capuz de minha capa, mas eu me afastei um pouco, e dirigi-lhe um tapa.

–Cale a boca Bellatriz. Não seja cínica. – Então me dirigi à Voldemort. – Milorde, posso agora examinar o corpo?

–Sim. E Bellatriz, não interfira. – Ele a empurrou novamente para a beira da roda, e me encarou enquanto eu fingia examinar Harry.

Fiz todas as coisas que já via visto em filmes trouxas. Examinei o pulso, apertando-o com o dedão, fiz a mesma coisa com o pescoço. Voldemort pareceu confiar em mim.

–Está morto, milorde. – Disse, conclusiva.

–Ah, que bom. – Ele sorriu. – Vejam meus caros, Harry Potter, finalmente, está morto!

Todos aplaudiram. Inclusive eu. Fingindo é claro. Mas eu tinha certo motivo para alegria...

–Chamem aquele gigante mundano! – Bellatriz gritou. – Ele o carregará!

Lorde Voldemort se aproximou de mim lentamente. Tanto que podia ver agora sua face esbranquiçada.

–Serva qual dos meus comensais você é? – Ele disse, erguendo meu capuz.

Eu congelava ainda mais enquanto meu rosto começava a aparecer, mas ele não o subiu tanto, nem se fez de surpreso. Na verdade, pareceu não me reconhecer. Pareceu.

–Ah sim. – E então ele gritou alto - Bem, vamos. Vamos mostrar a todos, que o eleito para me matar, agora está morto!

...

Chegávamos aos portões da escola, eu ainda com a capa, ao lado de Hagrid, que carregava Harry aos soluços.

–Hagrid, vai ficar tudo bem. – tentei consolá-lo.

–E quem é você para me dizer isso? Não tem vergonha de estar nesse lado da guerra?

–Hagrid, sou eu. – sussurrei, para que só ele escutasse. – Hermione.

Ele me olhou duvidoso, então sua expressão se abriu em surpresa.

–Por Merlin – Ele exclamou baixo. – Como...

–Uma longa história. Mas acredite em mim, vai ficar tudo bem.

Ele não respondeu, já que foi interrompido por Voldemort, que anunciava aos outros a sua vitória. Eu não prestava atenção nele, apenas verificava se todos os que eu realmente gostava em Hogwarts, estava ali, vivos.

Avistei Gina. Rony. Neville. Draco. Luna. Esses eram os que mais me importavam. Não avistei Fred.

Voldemort terminava seu discurso, e apenas uma palavra me parou na cabeça. Ele estava falando de Draco.

–Ah sim, nosso pequeno traidor. – Ele sorria maldosamente. – Sabe, eu deveria lhe matar agora.

Ele pareceu pálido. Estava com medo. Não sabia o que estava acontecendo.

–Bem, já que não provocou nenhum dano a nós, tem uma última chance de fazer a escolha certa moleque. – Voldemort continuou, ríspido.

Draco pareceu dividido. Olhou para toda multidão de comensais, e avistou o meu rosto. Eu sacudi a cabeça rapidamente em sinal de não, então ele permaneceu no seu lugar.

–Ah bem. Que pena. Irá se arrepender. – Voldemort começava a erguer a varinha, quando ao seu lado, Harry saltou do colo de Hagrid, Correndo feito um louco, fazendo todos arquejarem.

Tudo ia bem, considerando-se que Voldemort quase travava uma batalha com Harry. Até que alguém me puxou de lado, e prensou sua varinha contra minha têmpora.

–Aqui Potter! – Voldemort exclamou enquanto me segurava. – Sua amiga imunda! Já não está cansado das pessoas morrerem por você?

–P-porque não me atacou antes? – perguntei.

–Ah eu sabia que você seria útil garota. – Ele disse, com voz maldosa. – Afinal, ele arriscaria a vida de sua melhor amiga pela dele?

–M-mas eu disse a você que ele estava morto.

–Pensa que eu sou cego? Na verdade só o trouxe quase morto aqui, para que seus amiguinhos pudessem ver. Seria épico não? – Então ele se dirigiu à platéia que nos assistia. – Será que Potter seria capaz de ver sua própia amiga morrer por ele? Bem, veremos.

Voldemort apertava cada vez mais sua varinha contra minha têmpora, até que o aperto se afrouxou, seus braços me soltaram e eu caí no chão, com a visão de ele revidando um feitiço surpresa, lançado por Draco. Ele salvara minha vida novamente.