Sam POV

Lou insistiu para que pegássemos um taxi porque a ‘moça’ estava cansada demais pra anda alguns quarteirõeszinhos. O taxi parou e nos deixou na frente do café.

-Eu falei pra você que não era muita coisa, poderíamos ter vindo andando! – falei.

-Você viu quantos quarteirões eram? SEIS! – disse. Levantei uma sobrancelha – Seis quarteirões escuros e perigosos! – falou abrindo a porta do passageiro pra mim.

Me apoiei na parte de cima da porta ficando de frente pra ele.

-É porque nessas horas que, nós, ‘garotas indefesas’, queremos uma cara pra proteger a gente! – dei um tapinha no ombro dele – Bom, acha que Valle e Harry já foram? – perguntei.

-Bom, eu não vi eles e... O que quis dizer com ‘um cara pra proteger vocês’?

Eu apenas entrei no carro rindo. Louis deu a volta e entrou, nós meio que começamos uma  discução de pra onde ir. Eu disse que deveria ir pra casa e morrer de tanto dormir, já que amanhã eu teria que trabalhar. MAS NÃÃÃÃÃO! Louis tinha outros planos! Ele disse que Niall estava morrendo de vontade de me ver e ainda estava cedo demais pra ir pra casa.

-Tá né, Posso fazer o que? O carro é seu – disse. Ele apenas riu.

Como posso descrever Londres a noite... Não tem como, é uma coisa completamente diferente de qualquer coisa que eu, pelo menos, estava acostumada. Deve ser por esse motivo que eu escolhi vir pra cá, não é só porque Valle também queria vir. Desde pequena, eu não sei porque, eu tinha a sensação de que Londres era o lugar pra mim.

Eu estava tão perdida em pensamentos que nem percebi quando chegamos a casa dos meninos.

-Damas na frente – ele disse abrindo a porta pra mim.

Quando entrei fiquei tonta com a fumaça. Lou entrou logo atas e começou a tossir.

-Niall! – berrei – Cadê você?!

-Aqui na cozinha! Me ajudem! – gritou.

Corri pra cozinha com Louis bem atrás de mim, tão atrás que quase fui pro chão quando parei na porta. Niall e Zayn estavam agitando panos e abrindo as janelas para acabar com a fumaceira.

-Niall! Que coisa é essa! – perguntou Lou agitando a mão para dispersar a fumaça.

-Eu estava tentando fazer alguma coisa pra comer. Samantha disse que deveríamos comer melhor – quase morri com a cara que ele fez. Zayn e Lou se viraram pra mim... e eu não sabia quem estava com a cara pior.

-O que? Eu disse mesmo ta legal! Niall – me virei pra ele -, você tem que tomar mais cuidado da próxima.

-Você podia ensinar ele! – falou Zayn.

-É, antes que ele coloque fogo na casa! – Lou completou.

Torci o lábio. Imagina se Niall tivesse se machucado? Eu ia ficar mal pra sempre se isso acontecesse. A fumaça desapareceu completamente, Niall tinha tentado fazer algum tipo de macarrão ou coisa do tipo... Como ele conseguiu queimar isso?! Pensei. Dava pra ouvir o estomago do Niall roncando ao meu lado.

-Acho melhor pedirem uma... – o estomago dele roncou de novo – Quem sabe três ou quatro pizzas!

-É uma ideia mais segura! – falou Zayn que foi pegar o telefone, mas não sem antes me dar um beijo de ‘Olá’ na testa.

Niall olhou pra mim e então me abraçou. Acho que ele lembrou que não tinha feito isso.

-Também é bom te ver Nini! – falei sorrindo.

-Estava com saudades! – ele falou no meu ouvido – De você! Da sua comida!

-Puxa! Que bom que você sentiu, principalmente, minha falta não é! – ri.

Liam estava com a namorada, Danielle. Harry e Valle não atendiam o celular. Então mandei uma mensagem pra Valle.

“Eu e Lou estamos na casa dos meninos. Seja lá o que estão fazendo, venham pra cá depois. Niall esta com saudades e vamos comer pizza (: xx ”

-Acha que eles vão demorar? – perguntou Lou do meu lado no sofá.

-Espero que não! – ri.

Niall se sentou entre nós e fez questão de fuçar na minha bolsa. Tirou praticamente tudo de dentro.

-Como consegue andar com isso – Zayn perguntou pegando uma de minhas sapatilhas.

-Bom, pratica, eu acho! Da primeira vez eu usei uma dessas, eu quis arrancar meus pés fora de tanta dor que eu sentia – ele arregalou os olhos – Mas depois de muito treino acabei me acostumando tanto que já é quase como ficar descalça.

Então Niall tirou meu colã segurando ele pelas alças... Não era embaraçoso, só estranho mexerem nas minhas coisas desse jeito.

-Como você entra nisso?  Parece feito pra uma garota de oito anos! – falou Niall.

-Ah, não é tão pequeno assim! – falei.

Lou tirou o colã das mãos de Niall e colocou rente ao corpo.

-Como estou?! – falou fazendo pose.

-Uma diva! – falou Niall.

-Quase uma princesa! – ri.

-Mais gay que o normal! – Zayn falou banalmente.

Não pude controlar a crise de riso. Tanto eu quanto Niall ficamos rindo, eu fui tombando pra o lado de tanto  rir até apoiar minha cabeça no ombro dele.

-Mais gay que o normal! – Niall repetiu rindo.

Ficamos quase meia hora apenas rindo. Lou ficou um pouco vermelho no começo, mas depois ele e Zayn começaram a rir também. Não sei se a risada do Niall é contagiante a ponto de fazer todo mundo rir, mas aquele momento merecia ficar pra historia!

-Sua risada é igual a do Niall! – Zayn disse dando um pausa no riso pra enxugar as lagrimas.

-Ah para! Minha risada não é tão feia assim! – falei.

Niall se virou pra mim com uma cara de ofendido... que não durou nem cinco minutos porque ele começou a rir do meu comentário. Louis e Zayn, é claro, adoraram meu comentário. O que pode ser mais divertido do que alguns insultos inofensivo entre amigos?  Nada, eu acho!

A campainha tocou, Zayn se levantou pra atender a porta enquanto Louis e Niall ainda riam como retardados na sala, eu o segui pra ajuda-lo com as pizzas.

-Quantas você pediu? – perguntei pasma ao olhar para o entregador que carregava uma pilha de pizzas.

-Só quatro! – ele sorriu pra mim. Eu fiquei boquiaberta! Quatro pizzas? QUE DELICIA!!! Minha mãe teria um ataque se me visse comendo tudo isso! Pensei. “Olha o peso garota!” ela teria dito... Ata! Como se eu fosse fica gorda!

Ele pegou e pagou as pizzas e entrou com elas. Niall já estava com o prato na mão antes mesmo de chegarmos à cozinha.

-Pizzas! Pizzas! Pizzas!!! – falou animado.

-Niall, pode pelo menos me deixar chegar até á cozinha? –Zayn falou irritado.

Levamos as pizzas até a cozinha e, antes mesmo de pegarmos um pedaço, Niall já tinha pego três pedaços e estava com um na boca. Esse menino come mais que a Valle, meu deus!

Comemos e rimos mais ainda. Quatro pizzas quase não deram conta, tivemos que esconder alguns pedaços pra quando Harry e Valle chegassem. Tiramos os pratos e os colocamos na lava louças. Contamos a eles que vimos Valle e Harry no café.

-O que eles estavam fazendo lá? – perguntou Niall curioso.

-O que VOCÊS estavam fazendo lá?! – Zayn perguntou malicioso.

-A resposta pras duas perguntas é a mesma! Estávamos apenas conversando, Valle e Harry também, só isso! – falei.

Lou e Zayn riram.

-Harry não perde tempo! – Zayn riu.

-Estamos falando do Harry, você tinha alguma duvida? – disse Louis.

-Ah não! Podem parar! Ele não vai ficar com a Valle! Tenham certeza disso!

-Há! Ta bom! Como se você fosse me convencer que o Harry não conquista a Valle em um estalar de dedos! – Zayn estalou os dedos na frente do meu nariz.

-Você não conhece o Harry, Sam. Zayn ta certo, em um estalar de dedos! – ele também estalou os dedos na minha cara – Ele pega ela!

-Você são doidos! Niall, o que você acha? – pedi ajuda.

-Bom... – ele suspirou – Acho que o Harry não leva dessa vez. Valle parece ser difícil...

-Ouviram o garoto loiro, fofo e de doces olhos azuis! Caso encerrado! – bati com a mão na mesa.

-Ah minha querida! Não é bem assim que funciona! – Louis disse em um tom muito (MUITO!!!) gay - Você Não tinha dito que queria apostar?!

-Certo então! Quer apostar o que? – perguntei.

-Quer não... QUEREM! Não vou perder isso por nada! – Zayn falou animado.

-Ok! O Niall Entra comigo também!

-EU?! – Niall entrou em choque – O que eu tenho a ver com isso!

-Cala boca! Concorda comigo que eu faço um bolo do tamanho que você quiser! – sussurrei pra ele.

-Certo, to dentro! – se apressou para falar.

 Estávamos os quatro jogados no sofá, discutindo o que iríamos apostar. Niall sugeriu coisas absurdas do tipo “Nando’s por um mês” e “Contratar uma cozinheira que, de preferência tenha ‘curvas’”, mas é claro que ninguém topou (ou melhor, não deixei que topassem... pelo menos não essa ultima!)

-Por que não fazemos assim – começou Zayn – Quem perder a aposta vai ter que fazer o que os ganhadores quiserem por uma semana!

-Uma semana? Muito tempo! Se ta loco!

-Que tal dois dias? – sugeriu Lou – Cada dia um de nós fica com um deles como ‘mordominhos’! O que acha Zayn? – ele abriu um sorriso largo para Zayn que ria.

-Podem rir o quanto quiserem! Niall e eu sabemos que a Valle não sede TÃO fácil assim!

-Tem certeza disso?! – Niall cochichou no meu ouvido.

-Não! – cochichei de volta – Mas eles não precisam saber!

Ouvimos um barulho na porta e logo em seguida Valle e Harry entraram.  Harry estava branco como um fantasma, tinha uma cara apavorada, mais apavorada até do que o dia em que quasei de na cara dele pelo meu celular. Valle o ajudava a andar, mas parecia normal, não estava assustada como ele.

- O que aconteceu?! – perguntou Niall.

-Pergunte... pra ela – Harry sussurrou com o olhar perdido em algum lugar na sala.

Todos olharam pra Valle em busca de uma resposta. Ela trocou o peso nos pés e por fim respondeu.

-Ele se ofereceu pra me ensinar a dirigir... – Ta explicado o porquê dessa cara!!!

A única coisa que consegui fazer foi rir, e rir muito!

- O que? – Louis perguntou – E daí? O que isso tem haver? Porque o Harry esta com essa cara?!

Continuei rindo até ter algum fôlego para fala.

-Desculpe amiga mas.... – me virei para Louis – Valle é um motorista terrível! – gargalhei – Ela não dirige nem carrinho de bate-bate!

-Isso não tem graça! – ela sentou no sofá com os braços cruzados e cara emburrada enquanto eu me desfazia de tanto rir.

-Você dirige tão mal assim? – perguntou Zayn.

-Não é TÃÃÃÃO ruim assim! – Harry e eu olhamos pra ela ao mesmo tempo – Ta! Eu sou péssima!

-Pobre gatinho!!! Você quase atropelou ele! – Harry choramingou.

-A culpa não é minha se ele não estava atravessando a rua na faixa! – Valle se defendeu.

-Era um gato! Gatos não atravessam ruas na faixa!!! – Harry berrou – Ele devia ter família! Sorte que você não fez nada com ele!

-Você ta assim só porque ela quase atropelou um gato? – perguntei.

-Não! Se ela tivesse só QUASE atropelado o gato tudo bem... O problema foi a árvore!

-Árvore? – perguntamos em coro.

-Eu desviei do gato... Mas mirei numa arvore! – disse Valle.

-Você bateu o carro? – perguntei espantada.

-Por pouco não! – Harry disse – Por sorte ela freou a tempo! Não estaríamos aqui se ela tivesse batido!

-Eu já pedi desculpas! – Valle falou triste.

Harry olhou para Valle com pena. Até eu tenho pena da Valle nessas horas, eu sempre tentei ensinar ela a dirigir, mas ela fica muito tensa! Qualquer coisinha faz com que ela tenha um ataque. Uma vez estávamos na praia em Majorca, meu padrasto tinha nos emprestado o Bug. Valle decidiu que queria dirigir de volta pra casa. Nós chegamos em casa, mas o Bug... coitado.

-Tudo bem, não tem problema – Harry falou passando o braço ao redor de Valle – Desde que você não me faça passar por isso de novo! – riu - Bom, eu estou com fome! E me falaram que ia ter pizza!

Eles comeram e se juntaram a nós no sofá. Por sorte, ou por azar, Valle estava mais cansada do que eu, e dessa vez fomos pra casa. Harry quis nos levar (porque se Vallentina fosse dirigir de novo...). Passei o resto da noite pensando no recital... Eu precisava de uma ideia. Dei boa noite pra Valle e me tranquei no meu quarto com Babão ouvindo musica clássica pra ver se surgia alguma ideia. É meio inacreditável, mas Babão me ajuda a pensar. Eu sempre falo todas as minhas ideias pra ele, parece estranho, mas acho que eu sei quando ele gosta de alguma das minhas ideias.

Fiquei acordada até tarde ouvindo mil musicas clássicas totalmente entediantes (Um fato: nem toda bailarina gosta de musica clássica. Na verdade, eu realmente ‘tolero’ musica clássica porque não tenho escolha).  É o recital de primavera! Pensei. É um tema fácil... Porque esta sendo tão difícil?!

-O que acha de alguma coisa como o ‘Quebra nozes’? – perguntei. Babão mal olhou pra minha cara – Tem razão, muito natalino! – eu pensei, pensei e pensei – Quer saber Babão, eu cansei. Vamos dormir.

Apaguei as luzes e me deitei. Babão subiu na cama e se deitou aos meus pés. Fechei os olhos e relaxei... E então ela veio... Totalmente do nada. A ideia perfeita!

~

Valle POV – Duas semanas depois.

Desde aquela segunda-feira que jantamos com os meninos , não ficamos um dia sequer sem falar com eles. Niall mandava mensagens toda hora, Harry ligava a cada cinco minutos (pelo menos pra mim). Zayn e Louis me mandavam alguma coisa, mas era mais para saber se eu estava viva, acho que eles falavam mais com Sam. Liam mandava uma coisa ou outra de vez em quando, mas nada relevante.

Falando em Sam! Ela quase me enlouqueceu nessas semanas com esse negocio de recital! Ela passou todas as noites ensaiando para ensinar as alunas dela, tivemos que sacrificar outra ‘Noite das Garotas’ por conta disso. Ah! Se eu ouvisse mais uma vez aquela musica clássica insuportável eu iria ficar sem melhor amiga e seria presa por assassinato! Mas no fundo, eu estava com pena dela, ela estava dando duro de verdade para que tudo corresse bem.

Na sexta feira antes do recital, nós não saímos (de novo!), ficamos em casa. Samantha ficava andando de um lado para o outro da casa, eu estava sentada na sala, tentando desenhar algo. Aquele vai e vem todo estava me deixando tonta, e pior, irritada!

-Você vai ficar andando de um lado pro outro até quando? – falei seca sem tirar os olhos do meu bloco de desenhos.

Ela olhou pra mim como se finalmente me notasse ali.

- Esqueci as faixas! – ela falou (mais para ela do que pra mim), e voltou para seu quarto prar pegar as malditas faixas.

- Da pra acreditar nisso?! – perguntei pro Babão, que estava atrás de mim, no sofá. Sam voltou para a sala com a sua habitual (e velha!) bolsa/mala de balé, Sam tinha essa bolsa desde que começou a dançar provavelmente. Ela estava com as faixas nas mãos e o olhar perdido, como se estivesse tentando lembrar alguma coisa... e isso só me deixou mais irritada ainda – Para de andar com essa cara garota! Parece até que nunca fez isso na vida!  É, o que? A trigésima vez que você faz um recital desde que começou a dançar? Pelo amor de Deus!

Sam olhou para um lado. Olhou para o outro. E perguntou:

- Eu to esquecendo de alguma coisa, só não sei o que...

-PUTA QUE PARIU! – berrei – Você ta me escutando?!

-Ãhm?!

-Samantha, eu vou dar na sua cara! ME ESCUTA! –segurei ela pelos ombros – RE-LA-XA! É tudo que eu tenho pra te falar! Você tem uma mania muito feia de ficar toda tensa de uma hora para a outra!

Ela sacudiu a cabeça e pareceu voltar pro nosso mundo.

-Desculpa... Desculpa! Você tem razão – ela desmontou no sofá e passou as mãos no rosto – É que... Sei lá, to morrendo de medo de errar em alguma coisa!

-Errar no que?

- Eu não sei! Se soubesse acha que e estaria assim? Já teria dado um jeito se soubesse o que é!

Sentei no sofá e coloquei a cabeça de Sam sobre minhas pernas.

- Sabe o que eu acho. Acho que você ta muito cansada – disse passando a mão em seu cabelo.

-Tem razão de novo. Essa semana foi terrível, eu estava dando minhas aulas parecendo um zumbi!

-Não! Não to falando dessa semana! Desde que a gente veio pra Londres e você começou a trabalhar naquele lugar você mudou muito! Parece neurótica o tempo todo, tensa! Mesmo quando esta rindo parece estar com a cabeça longe!

-Isso não é verdade... – mas ela pareceu entender o que eu queria dizer – Não o tempo todo pelo menos – ela fechou os olhos e suspirou – Valle, você sabe que é difícil pra mim!  Você sabe muito bem o motivo de termos vindo pra Londres... É importante pra mim que tudo corra bem o tempo todo! Porque, se não correr, você vai morar com a sua mãe...

-E eu não quero isso...

-... e minha vida volta a ser como era antes... Sabe que a nossa promessa de morar aqui não é o único motivo de termos vindo.

-Eu sei! – a verdade é, a nossa promessa não era, realmente o ÚNICO motivo de termos vindo pra cá – Mas, Sam, você já superou isso, não superou?

-Não completamente – ela suspirou.

-Pois devia! Toda vez que partiram meu coração você estava do meu lado pra me mandar levantar a cabeça! Por que você insiste em não fazer o mesmo? – perguntei.

-Vamos parar por aqui ta bom! – Sam disse num tom sombrio – Bom, uma coisa você tem razão, eu não consigo mais ‘relaxar’ desde que comecei a trabalhar, achar que eu não sei disso? O que quer que eu faça? E virar Stripper não é uma opção pra mim!

-Pra nenhuma de nós querida! – ri – Larga teu emprego!

-Ficou doida! – Sam se levantou – E morremos de fome, é isso?

-Minha mãe e a sua, principalmente, nos dão ajuda de custo! Pagamos o aluguel com isso esqueceu! Eu posso não ganhar muita coisa com as peças mas é alguma coisa! Se precisarmos ficar sem alguma coisa a gente fica! Pronto falei!

-Nossa... Nunca pensei que fosse ouvir você falar uma coisa dessas – Sam riu.

-É, nem eu! – ri – Mas estou falando sério! Se for preciso, se for pra você ficar bem, e você vai ficar, a gente da um jeito.

Sam suspirou. Mordeu o lábio. Sempre faz isso quando esta pensando.

-Acho melhor... eu ir pra cama. Amanhã vou ter que levantar cedo pra arrumar as coisas por lá. Você vai?

-Não perderia por nada – sorri. Sam se virou para ir par ao quarto mas eu segurei uma mecha de seu cabelo e puxei – Mas ó! Eu to falando sério.

-Tá, tá. Já entendi.

~

Quando acordei na manhã seguinte, não vi Sam em lugar nenhum. Não deixou nenhum bilhete dizendo onde estava. Mas eu sabia que ela já tinha ido para o teatro. Naquela tarde fui até o local da apresentação. Muitas mães e pais se acotovelavam para conseguir o melhor lugar na plateia para ver suas filhas.

Entrei nos camarins e meninas de colã, meia calça e sapatilha coriam de um lado para o outro. Era assustador! Como Sam aquenta tudo isso, ela é paciente, eu sei, mas isso é demais!

-Ai! Essa doeu! – reclamou uma garotinha.

-Desculpe, mas você sabe que os coques tem que ser bem apertados – Sam falou carinhosamente para a garota.

Ela estava sentada em uma cadeira com uma garotinha sentada no chão a sua frente. Sam fazia um coque apertado nela. Essa é outra coisa que eu nunca entendi. Sam é completamente desajeitada pra maioria das coisas que faz, mas quando se trata de dança e comida, Sam domina completamente a  situação!

-Pronto! – Sam disse terminando o penteado da garotinha – Pode ir. Só não que por ai pulando feito uma macaca! – ela gritou enquanto a garotinha saia correndo.

-Alunas difíceis? – falei me aproximando.

-Você não sabe como! – riu – Que bom que veio!  - falou me abraçando.

-Achou que ia te deixar na mão? Nem pensar! Nervosa?

-Um pouco! Talvez muito! – falou em tom nada convincente.

-Você já esteve em coisas piores sabia! Calma, essa vai ser fácil pra você!

-Tomara! – ela falou olhando para as cortinas fechadas. Por trás dela dava pra ouvir os pais e convidados cochichando. Sam e eu estamos acostumando com esse frio na barriga de antes de uma apresentação- Valle, eu pensei no que você disse ontem e...

-Não! Aqui não é a hora e nem o lugar para discutirmos isso! – sorri. Sam arregalou os olhos, com certeza não esperava aquilo de mim – Vou me sentar lá na plateia, talvez ainda tenha um bom lugar. Boa sorte amiga! – dei um abraço apertado que foi correspondido na mesma intensidade.

-Obrigado! – ela sussurrou.