O Tempo Irá Dizer escrita por analauragnr


Capítulo 54
Conselho




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Capítulo 54 – Conselho Magali estava perdida. Como conseguiria parar aquele animal, que além de assustado, corria que nem um maluco. Como conseguir segurar firme a rédea, sabendo que se fizer isso poderá cair. Alguém precisava socorrê-la, pois o animal caminhava cada vez mais perto de uma floresta extremamente fechada, cheia de perigos e mistérios. Logo iria escurecer. Mas quem, quem poderá defendê-la. “Eu, o Chapolin Colorado?”. Ora, não seja tão ingênua, pensou a comilona. “Não contaram com a minha astúcia”. Ora, mais que droga, insanidades malditas. Por que sempre quis tanto viver num mundo ilusório, onde tudo é lindo e maravilhoso, onde problemas não ocorrem, e se, casualmente aparecem, são resolvidos de formas tão bobas e fáceis? Porque não gostava de encarar a realidade e a profundidade de seus sentimentos, os conflitos que sua mente sofria. Como negar uma paixão que há tempos vem a consumido, dilacerando, corroendo suas forças de permanecer bem, sem ficar louca. Seria o medo de sujar as suas mãos? Seria o medo de encarar uma barreira tão difícil de ser quebrada, destruída. Enquanto o cavalo galopava, eis que uma voz, um tanto distante, começa a gritar: - MAGALI! SEGURA FIRME!! SEJA O QUE FOR, NÃO SE MEXA! Aquela voz, de quem seria? Ora, só poderia ser a que sempre a alucinou, que sempre a reconfortou, que sempre a alegrou. Era aquela voz angelical e protetora. Precisava escutar os conselhos que ouvira, para que continuasse viva, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Em uma tentativa desesperada, pegou com uma das mãos a rédea e a puxou, esperando, dessa forma, a redução da velocidade dos galopes do cavalo. Até certo ponto, aquilo ajudou, pois o animal diminui as passada. Porém, a forma brusca com que fora realizada tal ato fez com a comilona batesse seu rosto contra o pescoço do animal, deixando-a desorientada, como se já não estivesse assim antes. O som dos trotes eram os únicos que Magali conseguia prestar atenção. Manteve-se atenta a ele e percebeu que se aproximava. - AH MEU DEUS! MAGALI! VOCÊ TA BEM? - Ahn, o que? – sua voz saiu baixa, num sussurro. - Olha, presta atenção aqui em mim. A gente ta muito longe do pessoal e precisamos chegar rápido, logo anoitecerá. Faça um esforço e amarre essa corda na sela. - Ta bom – Magali tentou se recompor e amarrou uma corda que já se encontrava perto de suas mãos. – Mas é você cabeção? - Você preferia o Chapolin Colorado, é? – perguntou, um tanto sarcástico. - Pelo menos eu não teria que aturar suas investidas... - Você não pode falar nada, porque você adora isso! – concluiu o sujinho, tocando o rosto da comilona com uma das mãos. - Não gosto – ela afirmou, retirando seu rosto de perto da mão, ruborizando a face. - Não gosta e fica toda vermelha, não é? – ele riu - Tudo bem, um dia você ainda fará meu pedido... - O que eu já te disse. Eu não posso! - Mas você quer. E desejos proibidos são mais saborosos... - Cala a boca, cabeção... - Ta, eu fico quieto, mas não pense que escapou de mim... A noite é uma criança! – ele disse, abrindo um sorriso. - Pode esquecer... Eu vou estar com a Mônica... - Mas ela vai estar acompanhada. - O QUE? COMO ASSIM? – Magali olhou para ele, incrédula. - Você não percebeu o jeito que o Caleb olhava pra ela... Ta na cara que ele vai, de algum jeito, tentar beijar ela, se bobear até a força. - Não sei da onde você tirou essas conclusões... Ele não faria uma coisa dessas! Ainda mais com a Mônica. – assinalou a comilona. - Magali, esse Caleb aí não me engana... Ele está escondendo alguma coisa de todos nós. E não deve ser coisa boa, algo que pode gerar muitos problemas. Para ele e para a Mônica. - Mas o que seria essa coisa? - Não sei, Magali... – disse Cascão. – Posso estar enganado, mas algo dentro de mim ta dizendo que tem coisa mal explicada. Acho melhor você falar isso pra Mônica. - Como eu posso falar uma coisa dessa se você mesmo não sabe se isso é verdade ou não. Cascão? Raciocina! Não vou colocar mais minhocas na cabeça da Mô... - Mas se você não alertá-la, ela poderá ter mais minhocas... E mais problemas. - Ela tem tempo pra perceber isso... - O tempo é traiçoeiro... – Cascão falava num tom sério, fitando a comilona - Olha, faça o que quiser, mas vá se trocar e ficar bem bonita pra mim... Vou aproveitar esta noite. Cascão nada mais disse. O céu escuro deixara Magali alerta, pois precisava se trocar o mais rápido que puder. Não poderia perder essa festa, nem o show incrível que nele acontecerá. Ela foi direto para o quarto, separou suas roupas. Entrou no chuveiro e deixou as gotas quentes dançarem sobre seu corpo. Os devaneios voltavam em sua mente. Será que Cascão estava certo? Seria Caleb uma pessoa totalmente diferente do que demonstra ser? Ou apenas que ele esconde algo, algo tão errado? Não sabia ao certo. Deveria confiar no instinto dele? Ela não conseguia chegar a nenhuma resposta. Seus pensamentos foram interrompidos pela buzina do carro do moreno, que estava aguardando toda a turma. Mais do que depressa, Magali vestiu-se e correu para fora do rancho, entrando no carro. Todos já estavam lá. Ela teve que se apertar entre Cascão e Cebola, os quais estavam vestidos completamente a caráter, com direito a bota, cinto, jaqueta de couro e um chapéu na cabeça. Caleb estava muito bem trajado, com uma blusa xadrez, um cinturão e um chapéu branco, que contrastava com seu rosto. Mônica estava ao seu lado, com um sorriso reluzente no rosto. Parecia feliz com a presença do moreno, que acariciou rapidamente seu rosto. O olhar de Caleb era intenso e constante, não dando um segundo de sossego para o rosto da dentuça. Suas sobrancelhas estavam unidas, o sorriso cativante reluzindo, revelando cada dente branco que compunha sua boca. - VAMO QUE VAMO MEU POVO! – gritou o moreno, acelerando o carro. Ao mesmo tempo que dirigia, pousou sua mão na de Mônica, roçando seus lábios em seguida no lugar. Não fora tão longo o beijo na mão, mas fora intenso, ficando evidente uma intenção além da demonstrada. Os olhos moviam-se com malícia de maneira profunda e penetrante, analisando a “estátua colossal” da dentuça.É, alguma coisa não estava certa, deduziu Magali. Dessa forma, para evitar algum problema, cutucou Cebola repetidas vezes, de maneira frenética. - Calamba Magali, o que você quer? – sua voz saiu num pigarro, causando estranheza em todos ao seu redor. - Você pode pegar o meu brinco... Ele caiu! – disfarçou Magali, fingindo procurar o objeto supostamente desaparecido. - Claro... – a voz de Cebola era monótona. Cebola encurvava seu corpo calmamente, procurando o brinco de Magali. Seus dedos roçavam pelo piso escuro do carro. Tateando cada espaço, não encontrou nada. Porém, antes que dissesse alguma coisa, Magali estava com o rosto próximo ao seu, com o olhar preocupado. - Continue fingindo que está procurando... – disse entre dentes, sussurrando. O troca letras assentiu, mas não havia entendido o que estava acontecendo. - O que ta acontecendo Magali? - Na verdade nada, eu só quero te falar uma coisa... - Diga... - Seja o que for, tente dar uma prova de amor para a Mônica hoje, no show... - Não sei do que está falando, Magali. Que prova de amor? - Você entendeu! Estou te avisando porque tenho o pressentimento de que algo vai dar errado com a minha amiga. Por isso, torne essa noite maravilhosa... Pra você e pra ela. - Como assim Magali? - Por favor, escute o meu conselho – pediu Magali. – Você não irá se arrepender, prometo. Mas deve ser rápido... - Mas por que? Como assim? Magali, me explica melhor... - O tempo é traiçoeiro... – foi a última coisa que a comilona disse. Ao terminar, levantou-se. – Ah, finalmente achei o brinco. – ela falou num tom de voz suficiente para que todos a escutassem. - Vou te falar uma coisa, careca... – falou Cascão – Essa noite promete... - Promete mesmo – a voz rouca de Caleb ecoou no veículo. O carro diminuía a velocidade, indicando que estava sendo estacionado. Após alguns minutos, o carro foi estacionado e todos saíam felizes do automóvel. O moreno abriu a porta da dentuça, pegando em sua mão. Acompanhou calmamente os passos dela, sussurrando em seu ouvido. É, essa noite promete mesmo. Fim do 54º capítulo.

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