O Tempo Irá Dizer escrita por analauragnr


Capítulo 53
Uma Provocação


Notas iniciais do capítulo

Música que acompanha o capítulo:
O Granfino e o Caipira - Victor e Léo
http://www.youtube.com/watch?v=bzsF4chXsC4



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Capítulo 53 – Uma provocação Aquela voz rouca, que há pouco tempo foi apresentada, parecia uma velha conhecida de Mônica. A maneira como aquelas palavras entravam em suas fendas auditivas, doces, alegres e cativantes. Um sorriso tímido era desvendado no rosto da dentuça, o qual foi se desinibindo aos poucos. Caminhando para a área externa do rancho, começou a relembrar suas idéias de enlouquecer o troca letras, utilizando-se de Caleb de forma vil. Mas seria mesmo uma atitude vil ou até poderia ser justa? Talvez, se informasse o moreno sobre suas intenções, quem sabe ele seria gentil e ajudaria. Deveria perguntar a ele... E seria agora. O moreno se encontrava perto da área coberta, montado em um cavalo marrom escuro cujo corpo demonstrava ter força e rapidez. Ao ver Mônica, Caleb abriu seu sorriso cativante, piscando para ela. Ele fitou os castanhos olhos da dentuça, analisando cada espaço que lá se encontrava. Observou os contornos do rosto corado e movimentou seus olhos diante do corpo dela, verificando cada parte da vestimenta utilizada por ela. Ele soltou sua risada rouca e começou a dizer: - Olha, se eu não conhecesse você, diria que é uma vaqueira nata! – ele levantou as duas sobrancelhas, admirando as curvas do corpo de Mônica. - Ora, você não sabia que sou vaqueira? – brincou, rindo. - Não, não sabia. Você poderia mostrar essa habilidade para mim. – desafiou, sorrindo confiante. Sou um homem da cidade To chegando de viagem, vim buscar - Acho que não seria uma boa idéia... – alertou a dentuça. - Ué, ficou com medo agora? – provocou, unindo suas sobrancelhas. - Não, é que fico preocupada se eu cair do cavalo. Estou meio destreinada... Minha moça, meu amor A mais linda desse interior - HAHAHA!! Pronto Mônica, você acabou de se entregar... Vaqueiras, mesmo destreinadas, não se preocupam em cair do cavalo... HAHAHA - É, pelo jeito eu não consigo falar mentiras perto de você... Impressionante, você deve ser sobrenatural, deve ler mentes! – riu Mônica, fitando o rosto do moreno. Sei que aqui há um caipira Que os seus olhos não tira da princesa - HAHA... Eu, na verdade, sou um bom observador. – explicou Caleb. - É, eu percebi – Ela virou seus olhos para o chão – Ã, Caleb, você sabe por acaso onde a turma foi? Mas eu chego de carrão Mostro o bolso e ganho o seu coração - Eles foram andar a cavalo! Estavam ansiosos para conhecer o lugar. - Nossa... Isso que são amigos! – disse Mônica, nervosa – Nem sequer lembra-se de mim. - Não fala assim deles, Mônica... Eu vim aqui justamente porque o Cebola nos lembrou que você não estava conosco. Sou o tal caipira que o granfino falou Não escondo a questão A moça é dona do meu coração O rosto de Mônica iluminou-se, abrindo um sorriso. Um arrepio em sua espinha começou-se a desenvolver, a adrenalina sendo jogada em sua corrente sanguínea a mil quilômetros por hora, viajando de maneira alucinante pelo seu corpo. As borboletas em seu estômago dançavam, alegres. Ela esqueceu-se por um momento de como se respirava, causando-lhe uma pequena vertigem. - Você ta bem, Mônica? – preocupou-se Caleb. - Ahn... To bem sim, só uma tontura, já passa. – acalmou o moreno – Então, por que você ta aqui? - Eu me ofereci para vir aqui, buscá-la. Seu cavalo já está a aguardando. É só montar. Ele acha que o dinheiro compra o amor Mas se fosse fácil assim A moça nem olhava para mim - Tudo bem – assentiu a dentuça, caminhando em direção a um cavalo cor bronze, sentando-se nele logo em seguida. Os dois cavalgavam em silêncio, sendo possível ouvir suas respirações descompassadas. Mônica precisava tomar coragem para perguntar a ele se poderia fazer o que planejava. Mas o que ele vai pensar? Que ela era uma aproveitadora, uma louca varrida que tem ações bizarras, ou, quem sabe, uma piriguete. Tentou reprimir essa idéia de sua cabeça. Não, ele poderia pensar tudo, menos que ela era piriguete. O silêncio mortal incomodava a ambos, o tédio invadindo seus corpos simultaneamente. - Então vaqueira, ainda com medo do cavalo? – Caleb brincou, mexendo seu cabelo, jogando-o no vento. - Não, o medo já passou, guarda-costas. Ã, Caleb? Enquanto a gente briga por alguém A gente fica sem ninguém - Sim? - Preciso te falar uma coisa séria! - Sou todo ouvidos. Apronta e insiste mas no fim das contas a moça desiste - Na verdade seria um pedido de ajuda, mas antes devo explicar. É que o Cebolinha, bom, eu gosto dele. – As palavras saiam como jato de sua boca – Mas eu não sei se ele gosta de mim, porque ele quer as coisas de maneira fácil, de mão beijada. Então eu pedi pra ele dar uma prova de amor pra mim... - Aonde eu entro nessa história? – ele tentou encurtar a história, de uma maneira calma. - Promete que vai ser sincero para mim? – perguntou Mônica, fitando os olhos do moreno. Vou fazer de tudo um pouco Já estou ficando louco de desejo - Sempre serei, Mônica... - Bom, o que vou pedir para você não é tão, digamos, legal. Eu, sinceramente, não gostaria de usar tanto você. É o seguinte: eu pretendo enlouquecer o Cebolinha, torturar sua mente, mostrando para ele que precisa lutar pelo que quer ou perderá tudo. É aí que você entra. Você toparia me ajudar nessa tortura? Pus o terno e a gravata Falei com os seus pais mas deu em nada - Você quer dizer que quer que eu a beije na frente dele, sabendo que não será nada além disso? - Não, não é isso... – tentou explicar, apavorada - Beijar não será necessário, só fique próximo de mim, tocando minha mão, me abraçando, ah, sei lá, fazer algo que deixe o Cebola alucinado... Entendeu? - É, acho que sim... - E então, o que me diz? - Lembra de que eu não faria nada do que você não queira... Eu não vou abusar da sorte, porque sei que posso apanhar, de qualquer forma. - Você topa, então? - Topar não seria a palavra certa... Eu aceito a proposta, mas devo lhe dizer uma coisa:estaremos correndo risco. Posso, sem querer, gostar de você e ultrapassar meus limites... – ele fez uma pausa, tentando achar as palavras certas - Desculpe a sinceridade. Ô caipira, dá um tempo Desse jeito não agüento a insistência - Não, não se desculpe – pediu Mônica – Eu entendi os riscos que estou correndo. Mas prefiro arriscar. Como diz minha mãe, quem arrisca não petisca! - É! HAHAHA!! Então, o que devo fazer quando chegarmos perto deles? - Iiih, estou completamente sem idéias... sugere uma! - Posso acariciar seu rosto rapidamente e abrir um sorriso? - Isso, perfeito! Faça isso, já estamos bem perto deles... O moreno assentiu uma vez, sem pronunciar uma palavra sequer. Ao se aproximarem de Cascão, Magali e Cebola, ele aproximou seu cavalo do de Mônica, movimentou sua mão para o rosto da dentuça. Ao chegar ao destino, ele acariciou a bochecha rosada, de forma calma e extremamente lenta. Seus dedos caminhavam sem nenhuma pressa, passeando alegres, movimentando-se perto dos lábios da dentuça, roçando seus dedos delicadamente ao queixo dela, pausando o movimento ali. Abriu seu sorriso reluzente, mostrando seus brancos dentes. Retirou sua mão com calma, na mesma velocidade que as alcançou. Só por causa de você Ela não decide o que vai ser Cebola, que ficou atento a toda a cena, abismou-se, assim como os outros, não acreditando no que seus olhos denunciavam a sua mente. Caleb estava interessado por Mônica, extremamente interessado. Os olhos verdes profundos denunciavam, brilhando intensamente. O sorriso dele demonstrava malícia, querendo algo além disso ou apenas confirmando alguma conquista dele. Porém, o que mais o intrigava era a forma como Mônica aceitava as carícias, sem se queixar um minuto sequer. Ela demonstrava felicidade, que estava realmente gostando daquilo... Que não se importava com a repentina aproximação de Caleb. Será que algo aconteceu entre eles e Cebola não está fazendo. Com certeza tinha, mas não sabia ao certo o que poderia ter acontecido entre os dois: se foi uma simples conversa, uma aproximação, algumas carícias, ou até um beijo. A última opção martelava em sua mente, como um sinal de alerta, um aviso de um perigo iminente. Para a felicidade de Cebola, Mônica retribuiu com um leve soco no ombro do moreno, mas não de forma brutal, mas sim como se fosse uma brincadeira entre dois amigos. Ô granfino, o nosso caso não tem solução Ela gosta de cowboy Com bota, espora e pinta de herói - Mônica – chamou Cebola – você dormiu bem? Parece cansada – disse, mexendo seus cabelos. - Estou bem, Cebolinha. Pode ficar tranqüilo. E obrigada por lembrar-se de mim. - Acha, que isso. Você sabe que eu nunca vou esquecer-me de alguém que marcou tanto minha vida! – disse espontaneamente. Enquanto a gente briga por alguém A gente fica sem ninguém As palavras de seu amigo dos “erres” atingiam o corpo de Mônica como adagas afiadas, perfurando suas entranhas, deixando-a completamente sem reação. Santo Deus, como ele conseguia arranjar tantas formas de deixá-la assim, tão, tão... Vulnerável. - Ô cabeçuda... O que você está tentando fazer? – perguntou Cascão. Apronta e insiste mas no fim das contas a moça desiste Magali segurava, com as mãos trêmulas, as rédeas que mantinham seu cavalo parado. Mas não estava conseguindo manter os pés imóveis, batendo nervosamente contra o couro do animal, assustando-o. - AI! JESUS, MARIA, JOSÉ, ANTÔNIO... SOCORRE AQUI! EU VO CAIR DO CAVAAAAALO! – descontrolada, Magali não conseguia deixar o animal controlado, fazendo-o correr que nem um maluco. Enquanto a gente briga por alguém A gente fica sem ninguém Cascão, preocupado, bateu seus pés no couro do cavalo, e começou a galopar em direção a comilona. Como ela não conseguia controlar-se, distanciou-se notoriamente do resto do grupo, que ainda estava perplexo com toda aquela situação. Ao mesmo tempo que preocupados, tentavam segurar o riso, pois a maneira como Magali gritou e perdeu o controle fora extremamente engraçada, hilária. Quando Cascão e Magali estavam afastados, Caleb, Mônica e Cebola desataram a rir, até o momento que suas bochechas não mais se agüentavam. Mas, como num passe de mágica, a cena tomou ares de nervosismo, disputas, ciúmes, paixões, enfim, a adrenalina se fazia presente naquele local. Cebola, ainda chocado com a carícia do moreno recém-conhecido, lançava um olhar feroz em seu mais recente rival. Deveria ele lutar para manter Mônica ao seu lado? Ela já não era sua? Não, obviamente que não, pensou racionalmente. Porém, como não ter ilusões, sonhos impossíveis, ainda mais sendo alucinado pela dentuça de olhos castanhos. Como não pensar que tudo é fácil, tudo ocorre com tranquilidade, sem nada para atrapalhar. O garoto dos erres deduziu que ter sentimentos tão fortes avassalam completamente o emocional, o inconsciente de qualquer um. Um simples olhar alheio leva uma pessoa a criar idéias que são, geralmente, vagas e até inexistentes. Muitas vezes, ser racional não parecia ser importante. Entretanto, sim, precisava ser realista e apurar os fatos. Apronta e insiste mas no fim das contas a moça desiste - Mônica, juro que pensei que tinha morrido... – afirmou Cebola. - Como é? – ela perguntou incrédula. - A Magali não tava conseguindo te acordar hoje de manhã... Ela até pediu para eu ajudar. - O. QUE. VOCÊ. FEZ ? – Mônica separou cada palavra em frase, deixando bem clara sua irritação. - Não se preocupe, não abusei de você – ele riu em tom de brincadeira. – Eu apenas tentei te cutucar, não resolveu. Eu tentei falar bem baixinho para você acordar, mas parece que dormiu mais ainda com a minha voz. - Então não era uma mosca que tava zunindo no meu ouvido – Mônica deduziu, deixando Cebola completamente sem defesa. - HAHAHAHAHA! – o riso rouco ecoava no ar. - Do que você ta rindo? – rosnou Cebola, o olhar fulminante em Caleb. - Da capacidade extraordinária da Mônica de te deixar todo machucado, indefeso... Sem sequer bater em você... - É, tenho que admitir, ela é especialista nisso. Vai por mim, experiência própria. – admitiu o troca letras. - Eu sinceramente tenho uma imensa dúvida Mônica... – começou Caleb. - Sobre o que exatamente? Caleb aproximou-se de Mônica mais uma vez, pegando levemente sua mão, roçando seus dedos nas costas da mesma. Isso deixou Mônica completamente sem reação, paralisada. - Se eu você ficasse nervosa e quisesse bater em mim, será que eu me machucaria feio? - Depende do tanto que você irritá-la – intrometeu-se Cebola. - Eu quero testar. Mônica – pediu o moreno – me dê um soco, por favor. - Você ta louco? – perguntou Mônica, sua voz saia uma oitava acima. - Fique tranqüila... Provavelmente vão achar que eu levei um coice do cavalo... - Caleb, eu não quero fazer isso... - Por favor- implorou Caleb. - Pode esquecer... – Mônica retirou sua mão da dele, nervosa. - Chances não vão faltar... – ele avisou. – Vou insistir. - Até lá minha opinião permanece a mesma, escutou? – Mônica o alertou. – Mas, a propósito, onde essa Magali se meteu. - Vai verr ta atrás do breu... – refletiu Cebola. - HAHA... muito engraçado, Cebolinha. Eu to falando sério, onde eles estão? Fim do 53º capítulo

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