Carta Vermelha escrita por Eduardo Sales


Capítulo 10
Perigo




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A viagem foi muito chata. Eu sentava na poltrona da janela, Vanessa do meu lado na do meio, e John estava na poltrona do corredor. Eu ficava olhando para aquela carta toda vermelha escrita á sangue o tempo todo. Estava preocupado com o que podia acontecer a nós três em Paris. O perigo nos aguardava. Era como se fôssemos masoquistas e gostássemos de correr risco de morte. E no caso, uma morte dolorosa e torturante.

Quando deu a noite, mais ou menos umas vinte e duas horas – eu não sabia nada do tempo ali, estava totalmente focado na carta e pensando nos futuros perigos - a aeromoça passava de fileira em fileira perguntando quem queria travesseiros para melhor se acomodar na poltrona.

Eu pedi o travesseiro, mas eu sabia que não ia dormir, então eu pedi um travesseiro e me acomodei ouvindo rock pesado em meu iPod para ver se eu conseguiria me acalmar – mesmo eu sabendo que não -. Passei a noite nessa situação. Ouvindo música e fazendo pequenos movimentos para frente e para trás com minha cabeça. Vanessa dormiu.

- Porque a vadia escolheu ir para Paris? Tem alguma coisa dela lá? – Perguntou John.

- E sou eu quem sabe? – Falei isso tirando um dos fones para poder ouvir melhor.

- Eu estou com um mau pressentimento. Você percebeu que ontem de manhã quando estávamos em Stanford, Will e Sue não estavam na escola?

- Eu percebi sim. E também estou com esse pressentimento. Mas eu sei de uma coisa: quando eu puser as mãos na vadia eu vou matá-la do pior jeito que eu encontrar.

- Eu ajudo. – Disse John abrindo um sorriso torto.

Quando finalmente chegamos a Paris, naquela manhã, nós começamos a admirar a beleza da cidade.

- Paris, França. Nunca pensei que um dia colocaria meus pés aqui. – Disse Vanessa.

- Algum dos dois sabe falar francês? – Eu perguntei, preocupado.

- Eu sei. – Disse John.

- Ah, graças a Deus. – Eu suspirei de alívio. – Pode perguntar onde fica um hotel aqui na cidade?

John perguntou. Ficamos num hotel barato de Paris – já que a grande maioria era realmente muito caro. Saímos para almoçar. Eu comi muito, estava com muita fome. Ninguém consegue se alimentar direito com comida de avião, não é? Principalmente quando se está apreensivo.

Quando voltamos, lá estava a droga de um envelope azul em cima da cômoda. Dessa vez foi Vanessa que fez questão de abrir.

Estava escrito um endereço de Paris. Estava escrita na mesma caligrafia da primeira carta. Achei que teria dois assassinos, e um escrevia algumas cartas e o outro escrevia as outras.

John pediu a um taxi que nos levasse ao endereço do papel. Chegando lá tive um déjà vu: Era o lugar que eu havia visto em meus sonhos. Estava acontecendo. Eu, Vanessa e John correndo por um corredor escuro cheio de sangue para todos os lados. Dei até um sorriso torto por aquilo finalmente estar acontecendo, porque provavelmente agora eu iria poder dormir bem – se eu sobrevivesse, é claro -.

Chegamos ao final do corredor. Havia uma porta de madeira velha, e pela brecha, pude ver que havia uma luz acesa ali. Quando abri a porta eu vi o inesperado: Will e Sue dependurados em uma corda de cabeça pra baixo com fita isolante na boca de cada um.

Eles ainda estavam vivos - graças a Deus – e estavam com os olhos assustados. John tirou a fita isolante dos dois e o desamarrou da corda. Quando eles estavam totalmente livres, Will falou:

- É mesmo a Emily, Adam.

- Mas ela não está sozinha. Há um homem usando a roupa do mascarado. Eu não reconheci a voz dele. – Disse Sue.

- Eles nos pegaram enquanto estávamos dormindo e nos trouxeram pra cá faz umas cinco horas. Ainda bem que vocês chegaram a tempo. Achei que eu ia morrer de fome ou de sede e virar o esqueleto preso nessa droga de corda. – Disse Will.

- Mas por qual motivo eles trouxeram vocês para cá? – Perguntou Vanessa.

- Não sabemos. Provavelmente para atrair vocês para cá. Mas nada é provável ainda. – Disse Sue.

- É pode até ser. Mas se for isso mesmo eles conseguiram. – Eu disse e continuei – Para onde eles foram? – A luz do lugar começou a piscar. Mas devia ser só a fiação.

- Me sigam. – Falou Will e começou a correr.

Agora éramos nós cinco correndo por outro corredor cheio de sangue. Eu só rezava para que nós cinco saíssemos ilesos daquilo, o que seria uma coisa complicada. Continuamos a correr pelo corredor manchado e assustador até que chegamos ao final dele e havia outra porta ali do mesmo jeito da outra: de madeira velha.

Quando abri, lá estavam aqueles cachos ruivos virados de costas para nós.  Ela não falou nada por um momento e continuava misteriosa afiando sua faca. Até que ela quebrou o silêncio:

- Olá, pessoal. – Ainda estava de costas e continuou. – Adam, quando peguei você pra ser meu alvo e não achei que você seria tão inteligente e tão ingênuo ao mesmo tempo. Você estava tendo pesadelos, como eu fiquei sabendo e sabia do que podia acontecer... mas mesmo assim continuou correndo atrás do perigo? Você sabe por que eu matei aquelas pessoas, Adam? Apenas para provocar você. Eu já fui para vários locais e matei várias pessoas. O motivo? Eu não tenho! Eu simplesmente amo matar. Escolho meu alvo principal e fico atormentando ele até o final. A próxima da lista era a sua namorada. E depois seria você. Mas você já sabia demais. Fiquei impressionada quando decidiu ir a Nova York para a minha casa. Minha mãe foi legal com você? – Ela parou esperando uma resposta, e se virou, finalmente.

- Ela não nos viu direito. E-ela achou que estivéssemos invadindo, e realmente estávamos. – Falei gaguejando tentando parecer o mais forte possível.

- Legal, então. A propósito, era eu naquele telefonema em que você só ouvia uma respiração forte. Eu acho isso tão clichê, mas tão assustador. Tive que usar isso com você. Agora, é hora de matar todos os cinco presentes nessa sala, não acham?

- Fique longe de nós, vadia psicopata. – Falou Will, começando a atacá-la com o punho.

- Nunca lhe falaram que é feio um homem bater numa dama, covarde? – Ela disse.

- Eu não hesito quando tenho que bater em vadias psicopatas como você, Emily. Pois é o que você merece. – Ele disse com raiva.

- Mas deixa que eu mato, então. – Disse Vanessa. Ela pegou rapidamente a faca da mão de Emily e deu-lhe duas facadas no braço até que ela deu um tapa na cara de Vanessa que se afastou, mas levou a faca com ela.

- Droga. – Ela berrou.

- Adam – John sussurrou no meu ouvido. – Eu tenho uma ideia.

Sue estava muito nervosa. Ela ficou num canto e começou a chorar. Vanessa com a cara vermelha, foi para o lado de Sue consolá-la. E, depois de ouvir o que John tinha a dizer, eu comecei a colocar o plano dele em prática.

- Continue batendo nela, Will. – Eu disse a ele.

Emily era muito resistente. Começou a bater em Will também. Quando eles estavam brigando e Emily virou de costas, eu pedi silenciosamente para que o Will trouxesse a briga para o outro lado enquanto eu e John iríamos preparar uma morte dolorosa para ela na mesa em que ela estava afiando a faca quando entramos.

Dito e feito. Will continuou deixando ela de costas para nós enquanto íamos devagar para a mesa e começamos a pregar alguns punhais e facas no centro da mesa. Eu me pus a frente e comecei a comandar a briga. Will se pôs do outro lado da mesa onde John já estava com um sorriso torto esperando a hora de perfurar Emily.

Fiquei todo sujo com o sangue que ainda escorria aos montes das duas facadas que Vanessa lhe dera, mas comecei a colocar a briga pro outro lado. Quando ela chegou na mesa eu a empurrei com força, e ela sentiu o poder de 4 facas perfurando suas costas e atravessando seu corpo.

Ela começou a abrir a gaveta que tinha naquela mesa e morreu. Eu sabia que tinha que abrir aquela gaveta e ver o que tinha dentro.

Me arrependi por isso. Era um outro envelope azul dizendo palavras que eu gostaria de nunca ter lido. A carta, com a caligrafia elegante, dizia o seguinte:

Eu não estou sozinha, Adam. Uma parte do perigo ainda está em Stanford, e é melhor que você se apresse se quiser que não tenha mais assassinatos.

Ass: Hayley

Ps. Meu nome verdadeiro é Hayley. Sei que quando ler isso eu já estarei morta, então vou confessar logo e dizer que usei o nome da minha irmã gêmea, Emily que eu matei a uns dias atrás para não ter meu nome sujo.


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