Um Final Feliz Para Leah Clearwater escrita por Leah Negromonte


Capítulo 2
Início




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/197254/chapter/2

Eu estava feliz, e de repente o meu mundo desabou, desmoronou, como se uma avalanche tivesse arrastado tudo que eu amava para longe de mim, inclusive o próprio amor.

Eu senti um grande vazio, como se não houvesse nada dentro de mim, como se meu coração tivesse sido arrancado brutalmente de dentro do meu peito, eu podia vê-lo pendurado num varal, sangrando, e por um tempo, eu só conseguia sentir uma dor, uma dor terrível que ardia e consumia meu corpo, era como se eu estivesse numa fogueira, queimando. Os dias passavam terrivelmente longos e então, a dor começou a sumir e o vazio, aquele vazio era como uma anestesia, e comecei a me senti completamente indiferente a tudo, como se eu não me importasse mais.

Levantei e abri a porta do meu quarto, Jacob e Seth estavam na sala vendo um jogo na TV. Eu passei por eles como se não estivessem ali, fui até cozinha e comi tudo o que pude, depois sai pela porta dos fundos e corri para a floresta, como quem não tinha deixado ninguém para trás.

Já estava anoitecendo e eu estava lá sozinha, mas eu não estava triste, eu estava anestesiada, toda a minha dor sumira, eu não sentia nada, nem dor, nem tristeza, nem alívio.

...

De repente me vi no meio de um circulo, num lugar estranho, havia um bebê todo coberto no chão, aos meus pés e ao meu redor todas as pessoas do mundo, inclusive aquelas pessoas que eu havia deixado para trás, como se eu não pertencesse a elas.. Jacob, Seth, Sam, Emily, Charlie, Embry... todos, todos mais centenas de pessoas desconhecidas, pessoas que me olhavam como se eu fosse um monstro, eu conseguia ver o ódio em seus olhos, e então eu acordei. No meio da floresta, sozinha, mas sozinha, não era novidade para mim, ali, eu me dei conta de que a vida inteira, eu estive sozinha.

Sentei no topo de uma árvore e me permiti pensar na vida, não que eu não tenha tentado evitar, lutei contra isso, mas era mais forte do que eu, as imagens vinham e eu tive que aceitá-las. Todo o meu passado veio como um filme de terror, um pesadelo, enquanto eu estava acordada, eu tentava parar as lembranças, mas elas vinham com uma força que nem eu conseguia para-las.

Uma garota de 15 anos que pulou a infância, a única garota da família, tirando a mãe e as outras mulheres adultas da tribo Quileute, era a única filha mulher na reserva. Ela era eu.

Desde cedo eu sempre soube que era diferente, óbvio! Eu era mulher, eu tive que aprender a viver sozinha, separada, em certos momentos eu precisava me juntar a eles, mas a maior parte do tempo eu estava só, enquanto eles se arriscavam em brincadeiras perigosas, eu olhava de longe; até que um dia um certo idiota começou a me importunar, me chamando de frágil, eu não era frágil!! E quis provar isso, participando das brincadeiras, mas Sam não aceitava isso, ela queria que eu apenas deixasse que eles falassem e não me importasse, mas eu não podia, eu tinha que provar que eu era tão forte quanto eles, me irritei com Sam, nós brigávamos, porque ele não queria que eu me arriscasse, então um dia tivemos uma briga feia, eu gritei com ele e perguntei porque ele se metia tanto na minha vida, disse que ele não tinha nada que se meter e que não era da conta dele se eu me machucasse, pois a vida era minha. Ele pegou na minha mão e disse em voz alta: Eu te amo! agora você entende? Eu não quero que se machuque.

Eu fiquei muda. ...




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!