The Black Rose escrita por JuhMbeck


Capítulo 3
Closer


Notas iniciais do capítulo

"E eu não consigo entender o que está demorando tanto
Para perceber que essa garota de cidade pequena
É algo para a vida"
NeverShoutNever - Small Town Girl



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Ele saiu detrás da árvore em que estava se aproximou dela e se sentou ao lado da pedra em que Rebeka estava. Ela ainda o olhava intrigada, não fazia ideia de onde ele havia vindo já que não se lembrava de ter o visto em nenhum momento, mas percebeu que seu olhar estava direcionado para o pequeno pássaro em suas mãos.

– Ele está machucado? – ele perguntou ainda olhando o pássaro. - Sim, acho que está na asa esquerda, mas ele não me deixa tocar nela – ela disse com uma voz mais baixa do que o normal, não se sentia bem com a presença dele.

Ele estendeu a mão e olhou nos olhos dela como se tivesse pedindo permissão para alguma coisa e ela colocou o pequeno pássaro em sua mão. Ele o observou quieto por algum momento e depois levemente levantou a asa esquerda. O pássaro começou a piar muito alto.

– Você sabe o que está fazendo? – ela perguntou preocupada. Então ele puxou algo da asa e o pássaro parou de chorar na mesma hora, então Andy olhou para ela com um sorriso e mostrou um espinho. Era o que ele havia tirado da asa do pássaro.

– Acho que sei – ele disse ainda sorrindo e colocando o pássaro nas mãos dela.

Ele bateu as duas asas e saiu voando por entre as árvores, eles o acompanharam com o olhar até que não fosse mais possível o enxergar. Então Rebeka abaixou a cabeça quando percebeu que ele a estava olhando. - Ainda anda pela floresta sozinha? Lembro que sempre fazia isso quando éramos pequenos – ele disse rindo para si mesmo e Rebeka não pode conter um pequeno sorriso e de se lembrar de quando se viram pela primeira vez há 10 anos.

“Com apenas cinco anos Rebeka tinha uma mania de sempre que estava triste corria para a floresta e ficava sentada embaixo de uma árvore, às vezes chorava e às vezes apenas observava ao redor. Ali era onde se sentia reconfortada, apenas de ficar lá se sentia melhor.

"Um dia estava brincando com Melly e Scott, eles estavam fazendo bonecos de neve enquanto outras crianças faziam uma pequena guerra de bolas de neve. Estavam quase terminando de fazer o boneco quando Andy a acertou uma bola na cabeça, sujando seu cabelo com neve e ele apenas riu. Scott aproveitou e fez o que queria, empurrou o boneco em Melly que ficou meio soterrada e muito brava com ele.

Rebeka se virou para Andy e jogou uma bola de neve nele que facilmente desviou então eles começaram sua própria guerra de bolas de neve. Ela estava cheia de neve e ele também, haviam parado e estavam rindo muito quando uma garota a empurrou na neve com um olhar esnobe.

– Venha, Andy. Venha brincar comigo – ela disse com uma voz fina puxando o garoto consigo.

Ela tinha a pele meio morena, os cabelos castanhos, os olhos cor de mel e um olhar muito esnobe.

– Me solte Julie – Andy reclamou se soltando da garota e ajudando Rebeka a se levantar.

– Não perca seu tempo com essa garotinha feia, Andy – ela fez um biquinho. Andy apenas revirou os olhos e continuou do lado de Rebeka, ajudando a tirar a neve de seu rosto. - Não seja tão bonzinho com ela só porque ficou com dó, Andy. Não devemos nos misturar com essa gentinha, venha comigo sou muito melhor do que essa camponesa boba e ridícula, só estava com você porque é interesseira, apenas eu te entendo, venha – ela estendeu a mão para ele, mas antes que outra coisa acontecesse, Rebeka saiu correndo.

Sempre foi uma criança muito frágil, acreditava facilmente nas outras pessoas e palavras a feriam muito e mesmo assim sempre perdoava essas pessoas quando pediam desculpas e quando não pedia ela simplesmente ficava longe.


Ela entrou na floresta correndo, meio devagar por causa da neve. Sentou-se na neve mesmo e se encostou a uma árvore, ficou observando os flocos de neve que começaram a cair. Não conseguia entender porque a menina havia sido tão má com ela, não a conhecia e também não conhecia Andy, apenas descobrira seu nome porque ela havia falado.

Ela fechou seus olhos e suspirou, então sentiu alguém se sentando ao seu lado e abriu os olhos para ver quem era.

– Não ligue para nada do que Julie lhe falou – Andy disse com um sorriso de canto.

– Porque ela disse aquilo? – ela perguntou triste.

– Porque ela é assim, acho que ela gosta de mim e ficou com inveja ao ver uma garota tão bonita como você brincando comigo – ele respondeu calmamente deixando as bochechas da garota coradas.

– Você gosta dela? – ela perguntou baixinho, apesar de mal se conhecerem, se ele dissesse que sim ela ficaria triste por dentro.

– Eu? Eu não, ela é chata – ele fez uma careta que fez a garota dar uma risadinha. – Mal te conheço e já gosto muito mais de você.

– Verdade? – ela perguntou o olhando com os olhos arregalados. - Claro que sim, deixe-me me apresentar – ele tirou a neve que havia caído em seu cabelo e disse: - Sou Andrew Biersack, mas pode me chamar de Andy, tenho oito anos, moro em Londres, mas vim para cá porque meu pai vai abrir alguma coisa que esqueci. Pronto, sua vez – ele sorriu.

– Meu nome é Rebeka Collins, tenho cinco anos e... moro aqui mesmo – ela disse também sorrindo.

– Posso te chamar de Beka então? – ele perguntou.

– Pode sim – ela respondeu já se sentindo muito melhor, na verdade não estava mais nem um pouco triste.

Então eles ficaram brincando com os flocos de neve até Melly aparecer e dizer que a mãe dela estava a procurando. Eles brincavam muito juntos até ele sumir.”

– Sempre gostei daqui – ela disse para ele após um grande silêncio. – É calmo, acho que é meu porto-seguro.

– Dá para ver em seus olhos, eles continuam os mesmos – ele disse olhando para ela e depois voltou seu olhar para o céu. – Já está escurecendo, é melhor irmos.

Realmente o sol já havia se posto e o crepúsculo tomara conta do céu. O vento leve começara a virar uma leve névoa que se espalhava perto do solo deixando o caminho encoberto, um vento frio passou e Rebeka ficou arrepiada.

– Está com frio? – ele perguntou parecendo preocupado se levantando e dando a mão para ajudá-la.

– Um pouco – ela confessou segurando a mão dele e se levantando. Ao contrário de tudo a sua volta a mão dele era quente, mas a arrepiou do mesmo jeito. Foi como se ela se esquentasse de dentro para fora, era uma sensação estranha, algo que ela nunca havia sentido.

Logo que levantou ela soltou a mãos, e aquela sensação passou. Ele a olhou dentro dos olhos, ele havia sentido a mesma coisa e para ele fora uma sensação acolhedora, não entendeu porque ela se afastara tão rápido. Esse não era o tipo de reação que as garotas tinham com ele.

Eles ficaram parados por alguns segundos que pareceram horas e então o vento começou a ficar mais forte os lembrando que tinham que ir embora.

– Você sabe o caminho? É que faz tempo que não ando por aqui – Andy disse meio sem graça o que a fez rir.

– Sei sim, eu sempre ando por aqui – ela respondeu como se estivesse se gabando. – Me siga.

Ela andava devagar por causa da névoa que se formara bem perto do solo, e conseguia sentir Andy sempre atrás dela. Eles não falavam nada, o único barulho era os passos deles, as folhas sendo pisadas e às vezes o vento quando batia mais forte. Conforme o tempo passava ficava cada vez mais difícil andar por causa da névoa que ficava mais forte os impedindo de ver aonde pisavam. Rebeka estava com dificuldade para andar, sabia o caminho, mas não havia decorado todas as raízes e galhos que caiam. Sem perceber virou seu rosto para o céu, algumas estrelas já eram visíveis e ela continuou andando olhando para elas, logo tropeçou em uma raiz de árvore e caiu, soltando um gemido baixo e levando a mão até o pé, que havia virado.

– Você está bem? – Andy perguntou indo até ela rapidamente, a névoa o impedia de ver muito bem então ficou bem próximo dela.

– Eu acho que sim – ela disse sem o olhar, ela conseguia sentir a respiração dele em seu rosto.

Ela tentou se levantar, mas não conseguiu apoiar o pé que havia virado no chão, e não conseguiria andar. Ela já estava tentando imaginar como chegaria em casa quando se sentiu ser levantada do chão, e quando percebeu Andy a estava carregando.

– O que você está fazendo? – ela perguntou quando ele começou a andar, bem devagar já que agora não conseguiria ver quase nada do chão.

– Te carregando – ele simplesmente disse. – Você sabe que não conseguiria chegar com o seu pé desse jeito.

Ela não contestou, sabia que era verdade. Passou o braço em volta do pescoço dele para mostrar que não ia reclamar e ele respondeu com um sorriso. Sem perceber, após algum tempo ela encostou seu rosto no ombro dele e fechou os olhos, ela não sentia mais frio. Mas esse gesto não passou despercebido para ele, ele a olhou quando ela fechou os olhos e logo depois voltou seu olhar para a trilha, que havia aparecido, não seria bom se ele caísse com ela, aquela aproximação já estava o deixando meio nervoso, ele conseguia sentir o cheiro dela e com certeza ele ficaria em sua camisa.

No outro dia Rebeka estava se arrumando normalmente até que Emily apareceu em seu lado.

– Muito fofo o seu namoradinho, Beka - ela estava com um sorriso no rosto.

– Namoradinho? De quem você está falando? - Ela perguntou confusa se virando para ela.

– Aquele que te deixou aqui ontem, você já estava até dormindo - ela disse dando voltinhas em si mesma.

Então ela lembrou, lembrou que Andy estava a carregando porque ela não conseguia andar. Ao perceber que adormecera nos braços dele e que ele a trouxe em casa, dormindo, ela se sentou na cama. Sem acreditar.

– Ele me trouxe aqui? - ela perguntou para a irmã.

– Trouxe sim, você não lembra porque estava dormindo - ela repondeu.

– E o que nossos pais disseram? - ela perguntou preocupada.

– Eles agradeceram por ter te trazido, você não devia dormir na floresta, Beka. Imagina se ele não estivesse lá, você ia dormir no frio e sozinha naquele lugar medonho - ela disse tudo muito rápido abraçando a irmã.

– Claro, claro - Ela repodeu suspirando de alívio, os seus pais ficaram achando que ele a havia encontrado dormindo na floresta. Não que a verdade fosse ruim, apenas não seria legal explicar como ela dormira sendo carregada.

Então olhou para o seu pé, ele estava normal e nem doia mais. Ela não entendeu como ele havia se curado tão rápido. Mas Emily interrompeu seus devaneios.

– A mamãe deixou a gente ficar com a Mabel - ela então pulou na cama da Rebeka e colocou a gata que estava em cima da cama em seu colo.

– Mabel? - perguntou Rebeka confusa.

– É, é o nome que dei para ela. Ou você ja deu um? - ela perguntou acariciando a gata.

– Na verdade não... - ela disse

– Então vai ficar Mabel mesmo - Emily disse feliz. - Acho que ela gosta de você, dormiu na sua cama, bem perto do seu pé.

Rebeka não podia acreditar que em menos de um dia sua irmã havia escolhido um nome para a gata sendo que ela e Melly, em vários dias ainda não tinham se decidido. Mas superou esse fato já que achara o nome horrivel.

Quando chegaram para o café, o pai delas já havia saido. A mãe reclamou da demora delas e disse para se apressarem, ela lançou um olhar suspeito para Rebeka, que ignorou. Logo saiu para pegar água.

E para seu azar, ou não, Andy estava fazendo a mesma coisa.

Ela chegou ao poço meio envergonhada, e ficou muito vermelha quando ao colocar seu balde na água ele a olhou com um sorriso travesso e perguntou:

– Dormiu bem?

Mas ela não respondeu, não fazia ideia do que falar, então apenas ficou quieta. E ele continuava com o mesmo sorriso, quando ele se virou para ir embora ela disse.

– Obrigada, Andy.

– Pelo que? - ele ficou ao lado dela e ergueu as sombrancelhas e disse com um tom divertido.

– Você sabe... - eles começam a andar, e ele pegou o balde da mão dela e o carregou, apesar do olhar de reprovação pela parte dela.

– Eu sei, mas quero ouvir de você - então ele sorriu mais ainda. - Vamos, não vai doer, eu prometo. Rebeka suspirou derrotada.


– Obrigada por ter me levado para casa, por ter ajudado aquele pássaro, por não contar para minha mãe que dormi enquanto você me carregava... Enfim, por tudo - ele o olhou e viu que ele continuava sorrindo, mas agora era um outro tipo de sorriso. - Feliz agora?

– Muito Srta. Collins - ele devolveu o balde para ela quando chegaram, e quando entrou em casa Emily sussurou para ela: " O seu namoradinho não vai entrar, Beka?" E ela apenas sussurou de volta: " Ele não é meu namoradinho"

O que Rebeka nunca imaginaria era que na semana que Melly esteve fora, Andy sempre a acompanhava todas as manhãs ao pegar água.

– O Sr.Chase não pode ficar sem água - ele respondeu quando ela o pergutou o porque.

Mas não era só a manhã que eles começaram a passar juntos. A tarde, após levar a comida de seu pai, ela levava também para o pai de Melly e Andy, como a Sr. Chase não estava em casa sua mãe fazia lanches para eles também. Então ela ficava boa parte da tarde na soldadora, o pai de Melly sempre ia embora mais cedo e ela ficava fazendo compania para Andy, ela ficava sentada em uma das mesas de madeira enquanto ele trabalhava. Eles conversavam sobre coisas sem importância, apenas para matar o tempo.

Um dia Rebeka o levou para ajudar no jardim de sua mãe, ela havia feito ele prometer que a ajudaria com as flores um dia, quando ele insistiu para ela ajuda-lo na soldadora. Ela o mostrou a sua flor preferida e contou a história dela. "Bem estranho, mas bem legal. E é bem bonita, nunca havia visto uma" Foi o que ele disse sobre a rosa negra. Ela o fez carregar tudo o que tinha de pesado do jardim de um lado para o outro, só para descobrir se por acaso ficava melhor em outro lugar. Por um momento pensou em fazer ele por tudo no mesmo lugar, mas ficou com dó. Ele já parecia cansado. Eles plantaram flores e no final estavam cheios de terra, mas se divertiram.

Por incrivel que pareça, ela tinha que admitir teve uma semana melhor com Andy do que sempre tinha com Melly, e ela tinha medo, por dentro que quando ele fosse embora de novo ele nunca mais voltasse. Ela só não conseguia admitir isso para si mesma. Não por enquanto.


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Notas finais do capítulo

Genten, eu sei que demorei séculos, mas tenho uma boa desculpa... Na verdade nem tenho KKKKKKKKKKKKKKKK
É que fiquei com bloqueio mental, mas saiu. Espero que tenham gostado.
E, vou tentar achar uma musica legal para cada capitulo que tenha algo a ver, claro.



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