Me Dê Seu Nome escrita por marinadomar


Capítulo 4
e.t., katy perry


Notas iniciais do capítulo

you're so hypnotizing could you be the devil,
could you be an angel your touch, magnetizing
feels like I am floating, leaves my body glowing
they say be afraid you're not like the others



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Estou na casa do prefeito para o almoço essa tarde. Ao que parece, a escola incentiva a todos os alunos que tem nomes iguais a fazer duplas para os trabalhos. O que de certa forma me dá uma sensação de alivio e conforto, pois já conheço Jack. Mas é um verdadeiro tormento para Jake, que está resmungando na cadeira a minha frente sobre ter medo de pisar no gramado dos Darlyn desde a última vez. Não me atrevi a perguntar, e ele simplesmente segue com outro assunto.

O que mais me chama atenção é o carisma incoerente do pai dos meninos, sempre me mandando sorrisos e contando piadas. Logo percebo que Jake é apenas sua forma mais jovem e menos insana. Sr. Todd insistiu desde o inicio para que eu o chamasse de “prefeito”, faz algum tempo que notei a empregada e todos da cidade fazerem o mesmo, então aceito de bom grado. Ele me oferece de tudo para comer, pois me trata como se eu fosse um de seus filhos. Recuso educadamente esperando os meninos terminarem de comer.

Jake saiu pela porta marchando e resmungando, assim que se encerra o almoço, para se encontrar com sua dupla. Fico me perguntando o que ela fez de tão errado para receber esse tipo de tratamento, mas mais minha educação vence a curiosidade. O prefeito subiu as escadas para fazer suas coisas de prefeito, deixando Jack e eu sozinhos.

Sinto-me desconfortável, não que eu guarde um sentimento de desconfiança por Jack, mas nunca estivemos verdadeiramente sozinhos antes. Sempre houve Jake com suas piadas, ou mais alguém entre nós, e agora eu simplesmente não sei o que dizer. Ele pigarreia e batuca a mesa, mostrando-se tão desconfortável quanto eu.

“Então... Por onde quer começar?” Ele resolve dizer.

“Vamos colher primeiro e, enquanto as flores secam, construímos o quadro.” Sugeri. OK, eu havia pensado nisso desde que estávamos em casa, tenho umas cinco respostas para cada provável pergunta que ele possa me fazer.

Ele concorda e, assim, deixamos a casa. Gosto do nosso primeiro trabalho escolar, é de biologia e temos que construir um herbário. Herbário é algo como um quadro cheio de plantas seca e catalogadas (também podíamos fazer com insetos, mas Jack é contra matar animais sem necessidade e eu tenho nojo). Anoto em um caderno as plantas que ele colhe do jardim, enquanto conversamos animadamente sobre coisas irrelevantes, como o tempo ou como será que Jake está se saindo. Ele também me conta historias engraçadas que ocorreram com ele e o irmão. E eu partilho minhas experiências na cidade grande (ele parece mostrar bastante interesse nisso), mas depois de uma hora fico cansada de tanto escrever e quero escolher as flores também.

“Um dente de leão!” Exclamo me curvando para pega-lo. Jack faz o mesmo, mas, invés de pegar a planta, ele pega a minha mão.

Fico sem reação. Enrubescida. Presa pelo estupor. Mas ele é perceptivo e logo se desculpa, largando minha mão. Ela fica fria, sentindo falta do contato, mas não digo nada a ele, só arranco a planta e assopro enquanto caminho para a casa do prefeito. Paro na soleira esperando minha dupla que parece ter alguns problemas em recolher as anotações espalhadas pelo jardim. Penso em ajudá-lo, mas algo me chama mais atenção.

A porta dos Todd é branca, mas parece repintada, pois por baixo da fina camada de tinta dá para perceber vestígios de uma pichação. Passo os dedos por cima da pintura empolada, obviamente pintada às pressas. Reconheci as letras “VI--DC”, em exata ordem.

“O que é isso?” Pergunto ao perceber que Jack havia chegado.

Ele abaixa a cabeça e abre a porta, como se eu não tivesse perguntado nada.

Nos sentamos silenciosos no sofá, e ele pede a Devon, a empregada, para que traga café. Começo a guardar as flores dentro de um livro de direito muito grande e pesado, enquanto Jack está entretido com o forro do quadro e murmura sugestões sobre como podemos colar as plantas ali. Faço pouco caso, pois não estou interessada, meu pensamento ainda esta preso naquela soleira, e na mão dele na minha. Mas sou interrompida bruscamente pelo som da porta batendo, e de a imagem de Jake sangrando, ofegante e com a roupa parcialmente rasgada, cambaleando até nós.

Jack larga tudo o que está fazendo para poder amparar o irmão. Me levanto e vou a cozinha buscar um copo de água com Devon. Entrego para ele, e descubro que estou tremendo mais que o garoto sujo de fuligem.

“O que aconteceu?” Pergunta Jack, pacientemente.

Jake olha pra cima, e o irmão apenas balança a cabeça em entendimento.

“O que — o que aconteceu?” Consigo balbuciar.


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