Triplex escrita por liviahel


Capítulo 8
Enquanto isso em... Bali? — Parte 1




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Cinco minutos depois da ligação Victoria ainda encarava o espelho do banheiro do arroporto, tentando reavivar o ânimo. “Foi você que disse que ela podia ir lá e fazer se tivesse vontade, sua burra!” pensou ela, já meio conformada, mas não menos enciumada. Pegou o telefone e ligou de volta.

— Vai ter troco...
— O que vai ter troco? 
— Que negócio é esse de “first”? Voltamos às “olimpíadas bizarras”? — disse Victoria.
— Hein? Para de falar por metáforas, não te entendi... Ah! E foi você quem disse que eu podia contar quando...
— Eu sei, eu sei que disse, não precisa repetir. Mas nossa! Sutil feito um bloco de concreto arremessado no meio do peito você pra dar notícias, né?
— Victoria, você mesmo disse que queria o mínimo de detalhes. Qualquer coisa que eu dissesse além do que eu disse teria pior efeito. Eu poderia ter dito que nós...
— Ok Ok! Não precisa dizer, já entendi.
— Você ligou só pra isso?
— Sim...
— Você era a única pessoa com quem eu podia dividir isso... — disse Nana com a voz meio chorosa.
— Já falou... Muito obrigada pela confiança. — disse Victoria meio ironicamente. “Você e essa sua gêmea boa...” pensou ela. — Bom, eu vou desligar...
— Vic espera! Não desliga!
— Que foi?
— Queria te avisar sobre o que eu vi na TV hoje, vazaram informações sobre a gravação do mv, acho que o lugar vai lotar de paparazzis. Toma cuidado.
— Mas essa agora... Preciso ir, o vôo sai em vinte minutos.
— Boa viagem... — disse Nana, meio sem graça.

Victoria desligou, e correu para encontrar o restante do pessoal da equipe. Junsu e Sohee conversavam na fila do “check in”.

— Vamos ter problemas. — disse Victoria à Junsu.
— É, eu sei. — disse ele apontando para uma fila de pessoas de malas prontas e máquinas fotográficas nos pescoços.
— E NichKhun? Conseguiu chegar a tempo? — Victoria perguntou em voz baixa.
— Chegou sim, há uns cinco minutos, tive que pedir a segurança pra escoltá-lo discretamente até o avião. Por sorte ninguém o viu, parece...
— E o melhor você ainda não sabe. — disse Sohee — Está chovendo horrores em Bali, impossível pousar lá hoje. Tivemos que mudar nosso vôo, também por causa dos paparazzis, vamos fazer o pouso num aeroporto em Jakarta, proque não há previsões para vôos diretos para Bali. Vamos viajar dez horas de carro até Semarang e mais dez horas para Bali ... Só vamos poder gravar depois de manhã, tomara que dê sol...
— Parece até praga... Sei lá, a maldição da ex-virgem...
— Está falando de quê? – disse Sohee.
— De nada... — respondeu Victoria, “Deve ter sido algum ritual de sacrifício sei lá... Se é que dormir com NichKhun pode ser chamado de sacrifício...” pensou ela.

Junsu atendeu o celular, falou umas poucas palavras.

— Era o Khun. — disse baixinho. — Ele disse que já está no avião. Disse que a seção do avião em que vamos ficar tem o número exato de pessoas da equipe. A sorte está mudando.
— Não fala uma coisa dessas, ainda nem entramos no avião. — disse Sohee.— Vai que a sorte vira de novo.

A fila do “check in” andou, e Victoria pode ver Krystal pela primeira vez no meio dos outros dançarinos, da equipe de cameramen, áudio e mais meia dúzia de profissionais de todo tipo. Krystal foi lá falar com ela.

— Olá!! Sabe do NichKhun?
— Oi... Se eu sei de quê do NichKhun? —disse Victoria, meio ríspida. — Não o vejo desde o ensaio final, também não falei com ele ainda depois disso. — tentou disfarçar a irritação.
— Explicações demais para um simples pergunta... Vocês brigaram? — Krystal sentia as mudanças de humor de Victoria com muita facilidade, as duas já eram amigas há muito tempo.
— Não. Eu só não o vi mais depois do ensaio. Nem tinha motivos pra ver, já te disse que não temos nada, você cismou.
— É que eu te conheço bem, você anda estranha. Mas se não quer contar... Te perguntei dele porque fiquei sabendo agora da mudança de planos, vi os fotógrafos, e não sem sinal dele até agora.
— Ele já foi pro avião.
— Bali amiga!!! — disse Krystal tentando animar Victoria.
— Será que Bali com chuva ainda é bom? — disse ela sorrindo um pouco.
— Se não tem sol, deve ter homem, estou cheia desses dançarinos.
— Quem foi que te deu o pé agora? — disse Victoria.
—Junho, estou começando a achar que ele é gay. — disse apontando pra um rapaz de cabelos vermelhos no fim da fila.
Ele, que não ouvia a conversa, mas viu as garotas olhando pra ele e piscou de volta.
— Por que acha que ele é gay? — disse Victoria, agora completamente avessa aos problemas.
— Ah! Sei lá, o cabelo dele é mais bem cuidado que o meu, e ele é super fan do NichKhun, só fala dele desde que foi contratado para dançar no mv. Tenso... E não é só ele, o tal Wooyoung também. — disse apontando para um outro dançarino no meio da fila.

Victoria riu.

— Hoje em dia há que se suspeitar de todo mundo mesmo, mas tem um jeito simples de ter certeza. — disse Victoria.
— Como? 
— Espere e verás. — Victoria riu maliciosamente.
A equipe inteira conseguiu embarcar sem atrasos, Krystal e Victoria entraram na sessão do avião que tinha sido organizada só para a equipe. NichKhun estava em pé no corredor e Junho tentava colocar a mochila no compartimento de bagagem de mão, na terceira fileira de poltronas em relação à que NichKhun parecia estar acomodado. Victoria piscou para Krystal, e foi na frente. Tocou nas costas do dançarino para chamar-lhe a atenção. Ele se virou e deu de cara, literalmente com Victoria, que fingia não ter espaço suficiente no corredor para manter a zona de conforto.
— Será que eu posso colocar isso junto com você?
O rapaz ficou extremamente desconcertado, visto que Victoria não tinha dito o que queria colocar.
— Colocar o quê? Aaaondê? — gaguejou ele.
— A minha bolsa. — disse passando os braços, que carregavam a bolsa, por cima dos ombros do rapaz, pra por a bolsa no compartimento. Ficando com o corpo ainda mais colado ao dele — Muito obrigada hein?
Victoria voltou para falar com a Krystal.
— É todo seu. Ele não é gay, só é tímido. — disse sorrindo. 
— Olho bom o seu...

Krystal foi sentar-se perto de Junho. E NichKhun passou feito bala pelo corredor em direção à Victoria, puxando a blusa da moça discretamente, para que ela o seguisse até a seção aonde costumam ficar os comissários de bordo. Estava vazia.

— Eu vi aquilo mocinha. — disse ele, meio enciumado, mas brincando.
— Viu o que? — Victoria desconversou, divertida. Estava com outro humor agora que ela viu que causou ciúmes sem querer.
— Você e o rapaz ruivo ali...
— Ah! Pimenta nos olhos dos outros é refresco... — disse Victoria. 
— Ah é assim agora, trocadinho trocadão?
— Mais que justo não é? — disse Victoria, ela estava só provocando mesmo, porque era óbvio que o interesse dela por Junho era nulo.
— Sabe o que eu sempre quis fazer em aviões? — disse NichKhun com malicia na voz, se aproximando mais de Victoria e fazendo-a se encostar num dos armários.

Victoria riu. 

— NichKhun nem vem!
— Roubar garrafinhas de bebidas, sua indecente! — disse ele com duas ou três garrafinhas numa das mãos. — Depois eu é que sou pervertido. 
O piloto do avião cumprimentou a todos, e todos os passageiros foram se acomodar nas poltronas. NichKhun e Victoria voltaram à seção para sentarem-se, e só tinha lugar nas poltronas onde NichKhun tinha deixado suas coisas.
— Que ótimo, sete horas de viagem e você aqui do meu lado. — disse NichKhun.

Victoria não respondeu, ficou pensativa. “Concentre-se Victoria, você veio a trabalho... Não pra essas coisas... não o deixe te apressar... Não se deixe seduzir...”, pensou ela calada, por mais de uma hora de viagem. NichKhun adormeceu rápido e pousou a cabeça no ombro de Victoria, ela ficou em dúvida se ele estava fingindo ou não porque hora e outra ele passava a mão na sua perna. Depois de duas horas, foi ela quem resolveu cochilar. NichKhun estava perto da janela encostado, e três horas depois, quando Victoria acordou, percebeu que estava presa aos seus braços, ele havia levantado o braço da poltrona e a puxado para que ela se deitasse em seu peito.

— NichKhun, você está louco, alguém pode nos ver! — cochichou.
— Estão todos dormindo.

Victoria levantou a cabeça para olhar em volta e confirmou, era dia ainda, mas estavam todos dormindo, ou era o que parecia.

— Mesmo assim... Muito estranho estar todo mundo dormindo. Me larga. Preciso ir ao banheiro.
— Fica aqui! — cochichou NichKhun, apertando Victoria com os braços.
— É sério eu preciso ir.
— Eu vou junto...
— NichKhun! — ela disse em tom de censura.
— No banheiro... masculino. — ele completou, sorrindo — Você anda com muita bobagem na cabeça garota. Quem não faz besteira sempre pensa besteira...
— Há Há... – disse ela sarcasticamente.

NichKhun a soltou e Victoria saiu em direção ao banheiro, NichKhun saiu instantes depois. Quando ela voltou ao corredor deu de cara com Krystal observando a saída do banheiro. Sentou-se de volta na poltrona e logo depois NichKhun saiu ajeitando o cós da calça. “Claro que ela já esta pensando besteira, e NichKhun ainda sai do banheiro ajeitando a calça... Pior é que de verdade não há o que pensar.”, pensou Victoria sobre o que Krystal devia estar concluindo. O piloto anunciou que o pouso seria em uma hora e meia e iriam passar por turbulências pela quantidade de nuvens que cobriam a ilha. Victoria se sentiu aliviada, porque teriam que usar cintos e não teriam que se preocupar com o fato de estarem sendo observados.

— Ai... Vai ser um perrengue essa gravação. — disse NichKhun olhando para as nuvens do lado de fora, não estava chovendo, mas o tempo não era nada convidativo. 
— Pois é. — “a maldição da ex-virgem” pensou ela de novo.

O avião tremeu bastante na ultima hora de vôo, mas nada que fosse assustador, e o pouso foi tranqüilo. O desembarque foi uma demora de mais ou menos uma hora, porque chuviscava, e havia muitos equipamentos, malas com figurinos e outras coisas a serem organizadas. Junsu tinha pedido NichKhun e uns dançarinos para irem à um lugar para alugar carros para a viagem de vinte horas que iam fazer de Jakarta até Bali. Ele voltou meia hora depois com três vans enormes e uma picape. Victoria sacou logo o porquê daquele tipo de carro, só cabiam duas pessoas, e tinha espaço na parte de trás. Ela tratou de sumir no meio dos outros dançarinos, porque ia dar muito na cara se ele resolvesse ir direto para a van. Junsu estava organizando as pessoas que poderiam dirigir.

— Victoria você dirige não é? — disse ele. Ela confirmou. — Então vá com NichKhun na picape, assim você podem revezar.

“Claro... E foi totalmente uma escolha aleatória” pensou ela ironicamente. “Mas pelo menos não foi ele quem disse isso.”
Victoria foi na frente em direção ao carro, sentou-se no banco do passageiro. “Isso vai manter as mãos dele ocupadas por umas horas... devagar e sempre”, pensou ela, sem muita convicção. E a equipe seguiu viagem. 

— Agora podemos conversar, sem problemas. — disse NichKhun, depois de dar partida no carro.
— Conversar sobre o que?
— Você ainda está me evitando...
— NichKhun, nós viemos à trabalho. — Victoria usou o único argumento que tinha a favor para adiar as coisas.
— Temos um dia inteiro antes de começar a trabalhar... 
— Dia que nós vamos passar praticamente inteiro dirigindo.
— Vamos parar em Semarang. — disse NichKhun. 
— Verdade. — concluiu Victoria, já sem ânimo para achar outro argumento.

NichKhun riu.

— Victoria, só estou querendo que passemos um tempo juntos, não precisa ter medo de mim. Já disse que não sou tarado, e você já é bem grandinha, não te obrigarei a nada que não queira fazer.
— Se o problema fosse eu “não querer” alguma coisa. — Victoria disse enfim, olhando para o espelho externo do carro.

NichKhun a puxou pela cintura e lhe beijou. O carro oscilou na estrada molhada, e Victoria se sobressaltou.

— NichKhun olha pra estrada! – disse ela interrompendo o beijo.
Ele acertou a direção, e ficou sorrindo.
— Você é sempre tão carente assim? — 
— Eu não sou carente, eu gosto de você...
— NichKhun, é impressão minha ou aquele carro está nos seguindo faz uma hora.

NIchKhun olhou no retrovisor e viu um jipe de rally preto a uns cinqüenta metros de distância. As outras vans estavam a frente da picape.

— Paranóia sua. Não tem muito como desviar nessa estrada. E quem nos seguiria? Acho que despistamos os paparazzis no aeroporto... — disse tentando parecer tranqüilo, mas ficou um pouco preocupado. Descansa aí, já está anoitecendo e eu vou precisar que você dirija mais tarde.
Victoria encostou a cabeça no vidro, fechou os olhos e cochilou.

A estrada não estava em seu melhor estado e constantemente o carro dava solavancos e acordava Victoria. Por fim ela afrouxou o cinto de segurança e deitou no colo de NichKhun.

— Agora você não dispensa meu colo não é? — NichKhun falava da vez em que ele a levou pra casa,fugindo dos paparazzis. — Assim fica mais difícil dirigir... — disse ele brincando.

Victoria abriu os olhos e desaprovou o comentário.

— Está bem pode dormir.
Depois do que pareceu ser umas 5 horas de viagem, os carros da equipe pararam num posto de gasolina no meio do nada. E lá estava o jipe preto, alguém saiu e foi à lanchonete, era um homem que parecia ser local, e tinha mais alguém no carro, mas não dava pra saber por causa da chuva forte e do vidro escuro. O celular de Victoria tocou.
— Vic?
— Sim? — Victoria estava sonolenta e não sacou quem era na hora.
— Vocês já chegaram? — era a voz de Nana.
— Estamos em algum lugar no meio da Indonésia... — disse Victoria, tentando enxergar algo mais do lado de fora.
— Como é? Você não sabe onde está?
— Tivemos que pousar em Jakarta, porque está chovendo muito em Bali e não havia previsão de melhoras no tempo para hoje nem amanhã. Como não pudemos ir direto resolvemos aproveitar o tempo em que não poderíamos gravar para chegar à Bali de carro. Vamos gastar umas vinte horas...
— Nossa... — a voz de Nana soava cansada, Victoria julgou ser por causa do horário,se deu conta de que era tarde. — Bom, então me avisa quando chegarem a algum lugar onde possam passar a noite, não vão dirigir com sono...
— Está bem, tchau.
— Tchau.
— Era Nana? — disse Nichkhun,Victoria confirmou. — E a ligação não estava ruim? Aqui tem sinal, mas Nana está em Seul...
Alguém usando um guarda-chuva se aproximou da picape e bateu na janela. NichKhun abriu o vidro, era Junsu.
— Tudo bem aí? Vocês aguentam mais umas horas?
— Acho que sim. — NichKhun olhou pra Victoria pra confirmar.
— Vamos arrumar algum lugar pra ficar. No meio do caminho, a chuva está ficando mais forte, pode ser perigoso. — Junsu passou uma caixa com comida e bebida pela janela. — Comam um pouco, vamos sair daqui quinze minutos.

Victoria e NichKhun comeram.

— Tomara que faça sol de rachar quando chegarmos à Bali... Muito azar o tempo virar dessa forma, vai atrasar a gravação.
— Pois é... 
— Quero pegar uma cor, estou tanto tempo trancafiada nas salas de dança...
— Quer dizer que vou te ver de vestido de praia? — disse NichKhun sorrindo.
— Pode me ver com bem menos que isso... — disse ela sorrindo.
— Opa! Sério? — disse NichKhun puxando-a pra perto pelos quadris.
— De bikini... — Victoria olhou pelo para-brisa e viu que os dançarinos voltaram para os carros. — Vamos trocar de lugar, me deixa dirigir um pouco, você está cansado...
— Deixo tudo se você me der um beijo.

Victoria o beijou e pôs a mão na porta para sair.

— Ei! Volta aqui sua doida, o céu está caindo lá fora! — disse ele segurando-a pela cintura, de joelhos no banco.

Os dois tentaram trocar de lugar dentro da cabine apertada, e não foi fácil porque NichKhun tentava se aproveitar da aproximação. Usou o peso do corpo para deitar Victoria no banco e deitou por cima dela, ela com as pernas dobradas e ele com o quadril por cima. Não havia espaço pra duas pessoas daquela altura fazerem qualquer coisa na cabine, claro que não deu certo, escutou-se um barulho seco.

— Ai! — disse Victoria.
— O que foi? — disse NichKhun.
— Bati meu cotovelo no volante.

NichKhun beijou o lugar aonde ela apontava que doía.

— Pronto, passou sua dor de cotovelo? — disse ele rindo.
Victoria estreitou os olhos suspeitando do duplo sentido da frase. NichKhun já i beijá-la de novo, quando uma carro jogou uma luz forte dentro da cabine,interrompendo. Os dois se levantaram para ver quem era, e era o jipe preto saindo logo atrás das vans da equipe.
— OK, esse carro está me assustando. Tem certeza de que não é nenhum fotógrafo? — disse Victoria.
— Tenho... — disse ele sem convicção.

O jipe preto foi na frente de todos os carros, o que abrandou suspeita de Victoria de estarem sendo seguidos. Três horas depois a frota passou por um trecho enlameado e duas vans ficaram atoladas.
— Mais essa agora. — disse Victoria.

NichKhun acordou.

— O que foi?
— As vans atolaram. Vai lá fora ver se pode ajudar.

Todos que estavam nas vans atoladas tiveram que sair na chuva para diminuir o peso dos veículos. Sohee e Krystal correram em direção à picape para se protegerem da chuva, as duas estavam encharcadas.

— Pior dia da minha vida, sério. — disse Sohee. 
— É maldição, já concluí... — disse Victoria pensando em Nana, que devi estar em casa, na cama, dormindo tranquilamente.
— Que isso gente, animação! Tudo tem um lado bom... — disse Krystal.
— Então esse lado é em outro endereço porque aqui não é. — disse Sohee.
— Que isso gente? — Krystal mexeu no regulador de farol e o colocou no máximo. — É o paraíso logo alí. 

Ela apontou pra a cena que acontecia quinze metros a frente, dez homens, musculosos, sem camisa e sujos de barro empurrando as vans sem sucesso algum. Entre eles estavam NichKhun, Wooyoung, Junho, DongHae, Junsu, Lee Joon, KiKwang, Chansung e DongWoon. 

— Melhor que tv a cabo. — disse Krystal.
— Está bem "casada" hein Sohee? — disse Victoria brincando, olhando pra Junsu.
— Você também... — disse ela baixinho.

Krystal era esperta demais para não perceber.

— Ah! Então é verdade! Você está com o NichKhun! — disse ela. — Não me contou por quê?
— Ela não pode, porque não é a única...
— Sohee! — disse Victoria repreendendo a moça pela indiscrição, mas uma vez que ela já tinha dito e Krystal jamais fofocaria com uma coisa dessas, deixou passar — Como sabe que NichKhun e eu...?
— Ai Victoria, você acha mesmo que NichKhun não ia dizer nada a Junsu? Eles são amigos de longa data...
— Humm! Quem diria amiga você toda ciumenta dividindo homem, de ménage por aí... — disse Krystal rindo. — Quem é a sortuda?
— Ai! Não é isso sua pervertida! — disse Victoria. — É complicado.
— Tudo bem. Não está aqui quem falou. Mas precisando de alguém é só chamar... — disse Krystal rindo.

Victoria e Sohee riram. De repente, pareceu um homem desconhecido no meio da estrada, segurando umas correntes, Victoria reconheceu como sendo o homem que saiu do jipe preto no posto de gasolina.
— Gente, o que é que esse homem está fazendo ali?
— Que homem Victoria?
— Aquele de capuz preto! Acho que ele está seguindo nossos carros... Qual é a dele afinal? Se fosse paparazzi já tinha tirado mil fotos...
— Que medo Victoria, está falando sério? — disse Sohee.
— E aquelas correntes? De onde esse homem tirou aquilo? 
— Vai ver é algum maníaco... — disse Krystal, nem um pouco assustada.
— Não brinca com isso! — censurou Victoria.
— Ih meninas! Ele está indo pra perto dos rapazes, com as correntes! Corram lá e salvem seus homens! — Ela disse rindo.

Sohee e Victoria ficaram tensas.

— Ai gente! Fala sério, olha a quantidade de homem que tem lá fora, vocês acham que esse esmilinguido com uma corrente ia conseguir fazer alguma coisa? Nem em filme... nem em filme.

O homem tinha passado na lama com o jipe, que era um carro bem mais preparado pra esse tipo de situação, na frente da frota e parecia ter voltado para ajudar quando viu que a primeira van tinha parado. Ele levou as correntes para rebocar as duas vans que estavam presas. Claro que o jipe não faria isso sozinho por isso as duas correntes, a outra era pra van que tinha passado.

— Quem está dirigindo o jipe? — disse Victoria, vendo o homem ainda lá fora.
— Vai ver é o cúmplice... — disse Krystal, ainda brincando. 

As duas vans foram rebocadas rapidamente, e as dançarinas que tinham entrado na primeira van para se protegerem da chuva puderam voltar aos seus lugares nas outras duas vans. NichKhun veio correndo em direção à picape, ele estava imundo. Victoria abriu o vidro da porta para falar com ele.

— Vic, tenta passar com o carro por fora da estrada.
— Está bem, vou tentar.
Ele se afastou do carro para que ela pudesse dar a partida.
— “Vic” — Krystal repetiu. — Victoria só deixa os namorados a chamarem assim. — Haha.
— Calada! — disse ela rindo.

O carro passou normal por fora da estrada. NichKhun correu atrás do carro.

— Muito bom. Junsu me disse que vamos parar no primeiro lugar que aparecer, pra descansar, já ficamos atrasados mesmo. Disse que depois dá um jeito de compensar.
— Bom, vamos indo Krystal? — disse Sohee, enxotando a garota pela porta do carro.
— Tchauzinho. — disse Krystal à Victoria e NichKhun.

NichKhun sentou-se ensopado e sujo no banco do passageiro. E a frota seguiu viagem pela estrada. Passou-se meia hora e Victoria viu NichKhun tremendo de frio.

— Khun, você vai ficar doente se continuar com essa roupa molhada, você já está tremendo.
— Vou voltar a me molhar só pra pegar a roupa que está na minha mala lá atrás? Além do mais eu nunca fico doente. — ele sentiu um calafrio.
— Eu estou avisando, tira essa roupa logo.
— Tem certeza? — disse ele desconcertado.

Victoria riu.

— Fala sério NichKhun, você vive querendo ver gente pelada e agora está com vergonha?
— Vivo querendo ver você sem roupa, é diferente.
— Eu sem roupa não te sou de nenhuma serventia se você não estiver sem também... — disse Victoria, brincando.

NichKhun corou pela primeira vez, geralmente era ele quem fazia esse tipo de comentário, não contrário. Ele tirou os sapatos, a calça jeans e cueca boxer, e ficou se cobrindo com a camisa suja e molhada. Victoria estava achando divertidíssimo vê-lo agir dessa forma anormalmente tímida.

De repente as vans viraram numa estrada de terra, que estava em estado razoável porque era coberta por árvores de copa densa, então não pegava muita chuva. Havia uma placa anunciando uma mini-fazenda. 

— Ai! Um lugar pra ficar, aleluias! — disse NichKhun, visualmente desesperado por um banho e descanso.
“Se a maldição da ex-virgem não nos levou pra uma dessas armadilhas de filme de terror... porque só falta isso.” pensou Victoria.

Junsu saiu da van e foi com o interprete indonésio falar com o dono da mini-fazenda. De longe só dava pra ver ele o homem apontar para um galpão a uns cinqüenta metros de distancia da casa. Junsu deu um abraço empolgado no dono do lugar. “Boas noticias” pensou Victoria. Os carros seguiram para o tal galpão. Quando Victoria aproximou o carro do lugar, viu que não era um galpão e sim um albergue vazio.

— A sorte virando! Não acredito nisso! — disse ela. — Achei que ia ser um resto de noite desconfortável e mal dormido.
— Ainda pode ser mal dormido se você quiser... — NichKhun se insinuou.

Victoria riu e deu um beijo bem rápido nele.

— Estou tão aliviada que não consigo ficar brava com essa sua mania de ser... tarado. Vou lá atrás do carro buscar algo pra você vestir.

Ela voltou rápido com uma camisa e uma bermuda.

— Você se esqueceu da cueca...
— Ah fala sério NichKhun! Eu não vou mexer nas suas roupas intimas, é estranho.
— Está bem, eu estava brincando, se vira pra eu poder me vestir.
— Está falando sério? — disse Victoria, meio abismada.
— É que não tem graça ver nada “desse” jeito.

Victoria riu alto.

— Está bem. – e se virou.

No albergue haviam dois alojamentos, com vários quartos e dois banheiros/vestiários separados. Junsu, visando o conforto e a discrição separou todo mundo em mulheres e rapazes, visto que eram praticamente o mesmo número entre maquiadoras, cameramen, sonoplastas, dançarinos e dançarinas. Todo mundo foi tomar banho, se vestiram, comeram e foram dormir. Victoria ouviu barulho de motor de carro, e se lembrou de ligar para Nana.

— Nana?
— Oi? — disse ela com a voz cansada do outro lado da linha.
— Encontramos um lugar pra ficar na estrada mesmo, continua chovendo muito, então decidimos parar pra descansar e continuaremos a viagem amanhã. Tudo bem?
— Tudo bem, que ótimo que você ligou. — disse ela um tanto mais animada.

Ouviu-se portas se fechando, Victoria achou estranho, porque todo mundo já estava dormindo, ficou imaginando se o albergue estava recebendo mais viajantes. Ela cochilou por pouco mais de uma hora e ouviu outro barulho no corredor, alguém entrou no quarto. Victoria ficou completamente imóvel, porque não conseguia ver quem era no escuro. A pessoa se aproximou dela disse:

— Está acordada? — cochichou.
— NichKhun deixa eu dormir estou exausta. — ela cochichou de volta.
— Eu deixo você dormir, se for pertinho de mim. — ele a pegou no colo e a levou para a carroceria da picape.

Ele tinha colocado um colchonete e uns cobertores na carroceria, e deitou com Victoria lá. Os dois estavam de fato muito cansados, mas isso não impediu NichKhun de tentar alguma coisa, abraçou Victoria por trás e ficou beijando seu pescoço.

— Ai NichKhun! Deixa eu dormir, por favor, por favor... — ela disse quase implorando, mas não estava impaciente ou brava. —Eu prometo que depois eu faço o que você quiser, mas hoje não...
— Você tem sorte que eu também estou cansado, mas vai ter que cumprir com a palavra. — disse ele, dando um beijinho em sua bochecha e se aconchegando para dormir com ela.

Mais uma vez houve barulho de carro, porta batendo. Victoria se sobressaltou, porque se fosse algum bandido, os dois estavam desprotegidos longe dos outros da equipe, na carroceria do carro e fora do albergue.


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