Triplex escrita por liviahel


Capítulo 14
Se apostar é pecado,o que seria apostar no pecado?




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— Um mês?! — repetiu Victoria, Nana parecia chocada demais para dizer alguma coisa. — Quando foi que decidiu isso? Por que não disse antes?
— Decidi isso hoje, recebia proposta faz uns dias.
— Mas você ainda nem fez comeback. — Victória insistiu em argumentar mesmo sabendo que era inútil, quando NichKhun decidia alguma coisa era difícil fazê-lo mudar de idéia.
— Pois é, você vai promover só por duas semanas aqui? — disse Nana, saindo do estado de choque.
— Isso mesmo, a agência vai adiantar as promoções para a próxima semana, e depois das promoções no Japão eu volto a me apresentar aqui.
— E você já confirmou isso com eles. — disse Nana.
NIchKhun fez que não.
— Como eu disse, decidi aceitar a proposta hoje, ainda não falei com eles.
— E você pode nos dizer por quê? — disse Nana.
— Eu senti que estava perdendo o foco.
Victoria riu ironicamente.
— Perdendo o foco... Foi você mesmo quem achou que conseguiria levar uma vida normal tendo duas namoradas!
— Não estou querendo botar a culpa em vocês, eu sei que fui eu que causei essa confusão toda. No entanto, são vocês que estão confundindo as coisas agora.
— Como é? — disse Victória, meio indignada.
— É isso, vocês têm agido como se estivessem em uma disputa, quando eu nunca disse que escolheria entre vocês. Eu disse que gostava das duas e essa é minha posição até hoje, não acredito que vá mudar. E por que está tão brava? Vou ficar fora só um mês!
— Não é isso. — disse ela.
— Para mim é, um mês é muito tempo, muita coisa pode mudar por aqui, pra pior. — disse Nana.
— O que querem dizer?
— Você está agindo como se nós também não estivéssemos abrindo mão de nada para ficarmos juntos dessa forma. — disse Victoria.
— E não está considerando que nesse próximo mês cada um vai estar vivendo sua vidinha como era antes de nos conhecermos. E que quando você voltar tudo pode estar diferente, tanto pra você quanto pra nós.
— O que? Você quer dizer que eu vou pro Japão pra farrear e sair com mulheres?
— Eu acho sim! — disse Nana. — Você se esquece de como nos conhecemos.
NichKhun riu ironicamente.
— É isso mesmo que pensam de mim?
— Claro. — disse Victoria.
— Então eu sou um mulherengo barato que não consegue segurar o que tem dentro da calça, que não trabalha e não faz mais nada da vida?
— Mulherengo sim! — disseram as duas juntas.
— Tudo bem, eu admito, mas eu nem lembro a última vez que eu fiquei tanto tempo com as mesmas garotas como com vocês duas. As pessoas mudam...


Victoria riu.


— Muito bem, se você consegue se controlar, vamos fazer um teste, duas semanas é o tempo que você tem até a viagem. Nesse período você vai ficar sem transar...
— Como é?! — disse Nana, meio sobressaltada junto com NichKhun, completamente pasmo.


Victória deu uma cotovelada de leve em Nana.


— Isso mesmo, greve de sexo. De mim você não vai ter nada até provar que é confiável.
— Por que decide as coisas sem me consultar? — disse Nana. — Não sei se concordo com isso, melhor, não sei se eu agüento...
— Ah fala sério Nana, você passou vinte anos da sua vida sem, o que são duas semanas?


Nana ficou em dúvida.


— Nana não! — disse NichKhun quando viu a incerteza tomar o rosto de Nana.
— Viu só? Sua convicção não durou nem um minuto. 
— Você está sendo um pouco ridícula Vic, ficar sem transar não prova nada.
— Prova sim! Você nem ao menos tentou! Como vai passar um mês inteiro sozinho no Japão, sem aprontar?
— Não concordo com o que está me pedindo porque não gosto da imagem que você tem de mim, que quer que eu faça?
Nana continuava calada e isso deixou Victória ainda mais irritada, não adiantava nada colocar NichKhun contra parede se ela não colaborasse.
— Muito bem, então. Vou facilitar as coisas e você não vai precisar decidir nada. Vou pra minha casa. Boa viagem, que você tenha o sucesso que espera e que meu trabalho o tenha realmente ajudado.


Victória foi ao quarto dela, colocou vários pertences enxovalhados numa bolsa, e saiu pelo elevador sem se despedir. NichKhun ficou parado no lugar vendo-a sair, sem saber o que fazer.


— Vai deixá-la ir embora? — disse Nana.
— Ela está mesmo indo? — disse ele incrédulo. 
— Ela está levando um bocado de coisas, aliás, ela nunca trouxe muita coisa, acho até que está levando embora quase tudo.
— Assim do nada?
— Como que do nada NichKhun? Você a fez ir!
— Eu?!
— Claro, ela só queria uma prova e você não passou. E quer saber de uma coisa, ela tem razão. Provavelmente você já usou, abusou e decidiu viajar pra abrir os horizontes. Vou pra casa também.
— Você vai embora também?
— Não sei, só vou pra casa.


********


Obviamente Nana não foi pra casa como tinha dito que faria, foi atrás de Victoria para conversar, alcançou-a de carro antes de ela chegar em casa, num sinal de trânsito fechado.

— Precisamos conversar. — disse ela pela janela do quarto.
— Eu não quero agora.
— Deixa de ser dramática, vamos a algum café pra conversar?
— Está bem, eu conheço um lugar legal, segue meu carro.

Victoria seguiu para um bairro super discreto de Seul, numa rua cheia de pequenos restaurantes e cafeterias e parou por lá mesmo. As duas ficaram caminhando em silêncio por um tempo, Nana esperava que Victoria dissesse algo, mas ela parecia muito chateada, não se animou a iniciar a conversa.

— Mas então, você vai embora mesmo? De vez?
— Não sei ao certo, é isso que você quer não é?
— Pra ser sincera não, eu tenho ciúmes sim, eu já disse isso antes, mas me acostumei com você sempre por perto dando lições pra toda vida.
Victoria riu.
— Você é doida. Pensa mesmo isso?
— Ok, não é bem assim, mas também não me sinto bem com você tendo desistido do NichKhun assim tão rápido.
— Vai acontecer mais cedo ou mais tarde, acredite, não vai dar certo pra sempre, e nem deveria.
— Eu entendo. Você é quem sabe então, vou correndo pra casa agora. — disse Nana brincando e fingindo voltar para onde estava seu carro.
— Ei! Espera! — disse Victoria, Nana parou no meio do caminho. — Eu ainda não disse que desisti!
— O que vai fazer então?
— Te convencer que precisamos dar um gelo no Khun.
— Gelo? No Khun? Como se aquilo é só fogo? — disse Nana rindo.
— Te explico, mas não aqui, vamos entrar em algum coffee shop.

As duas foram a uma cafeteria com um visual bem clássico e luzes amareladas, deixando o ambiente bem aconchegante e escurecido. As paredes eram forradas com madeira escura e havia folhagens entre as mesinhas, o que as isolava uma das outras mantendo os clientes de diferentes mesas num ambiente mais íntimo.

— Por que acha que devemos fazer greve? — disse Nana.
— Ele tem que mudar o foco com que enxerga as coisas.
— Você quer dizer que ele só pensa naquilo...
— Isso mesmo. Mas esse não é só o caso, não gostei desse negócio de “agendamento”, parece pouco natural, não sei, não gosto disso.
— Está aí uma coisa em que a gente concorda, mas ainda acho que recebo menos atenção dele,porfalta de tempo...
— Bom, isso é difícil de resolver, porque ele não vai mudar de idéia, lógico que vai funcionar melhor pra ele. O que me preocupa mesmo é essa compulsão dele, imagina aquele homem sozinho durando um mês inteiro no Japão? Não sei você, mas não confio, preciso que ele prove que posso ficar despreocupada...
— E é aí que entra a greve. — Nana concluiu. — Pensando por esse aspecto, acho que você tem razão, se com duas já é quase insustentável, imagina se ele me aparece querendo colocar mais uma no triplex?


Nana pareceu finalmente convencida.


— Pois é, se três já era demais...
— O que vamos fazer se ele não passar no teste?
— Mando alguém de confiança ser a sombra dele. — Victoria disse rindo. — Conheço algumas das dançarinas que vão com ele.
— A Krystal?
— Não, ela não, porque não é a mesma equipe do comeback que vai acompanhá-lo, é uma equipe menor, das musicas antigas.
— Por que não vai você vigiá-lo?
— Quer mesmo que eu vá sozinha? — disse Victoria rindo.
— Pensando bem, melhor não, né?
— E eu também não poderia, tenho trabalho aqui.
— Entendi. Mas então, se vamos fazer isso temos que fazer direito. Eu aposto que ele não dura nem três dias...
— Por que acha isso?
— Por que nem eu apostaria em mim. — Nana disse rindo.


Victoria também riu.


— Ah vai! Essa semana ele nem vai ter muito tempo, pro Khun vai ser fácil. Então vamos dificultar pra eles.
— Você diz “provocar e correr”? Qual a finalidade disso?
— Deixe ele pensar que nós apostamos, ele vai querer nos contrariar.
— Gostei disso.


********


NichKhun ficou sozinho no triplex pensando no rumo que as coisas tinham tomado, não sabia se Victoria tinha ido embora de verdade ou se tinha falado sério. Nana voltaria com certeza, ela só estava confusa. Fez um esforço muito grande para não ligar para Victoria nas primeiras horas, esperando que ela se acalmasse, quando resolveu ligar, ela não atendia. 

— O que ela quer de mim afinal? — pensou ele em voz alta.
Nesse momento Junsu entrou no triplex, sem bater campainha porque sabia o código de segurança do elevador privativo.
— Oh de casa! Posso entrar? Ou vou interromper alguma coisa? — disse ele ao ver a sala vazia.


NichKhun desceu as escadas correndo para recebê-lo.


— Olá!
— Não interrompi nada né?
— Não, estou sozinho.
— Você sozinho? É seu dia de folga, você tem duas namoradas e está sozinho?
— Pois é... — disse NichKhun desanimado.
— Hum, então foi séria a coisa. O que aconteceu?
— Disse a elas que vou passar um mês no Japão.
— Ah, então você se decidiu. Mas foi só isso? Quero dizer, é só um mês...
— Foi o que eu pensei também, mas elas não confiam em mim sozinho lá por um mês...
— Nem eu confiaria. — disse Junsu rindo.

NIchKhun fez cara feia, desaprovando o comentário.

— Está bem, me conta, tem que ter havido alguma outra coisa pra vocês terem discutido.
— Victoria me acha um degenerado e entrou em greve, e Nana anda meio possessiva. As duas andam disputando o tempo comigo, e eu resolvi que ia dividir a semana igualmente com elas.
— Soa pouco natural isso. Tipo, segunda, quarta e sexta, você fica com Victoria, terça, quinta e sábado, com Nana. Mas e se elas não puderem, ou não estiverem a fim nos dias estipulados? Elas voltam a brigar.
— É única forma justa, pra ambas as partes. Não deu certo pra mim do jeito que era antes...
— O que quer dizer? — Junsu pensou um pouco, e acabou concluindo o que não era tão óbvio. — Sério? 

Ele abafou uma risada.

— Não tem graça. Eu estava cansado.
— Também pudera, você é exagerado em tudo que faz. Com quem foi? Ela ficou chateada?
— Foi com a Vic, mas ela levou numa boa.
— Falando nela, onde está? Também dei folga pra ela.
— Voltou pra casa.
Junsu levantou as sobrancelhas, meio surpreso.
— Você diz foi embora mesmo?
— Não sei, ela deu a entender que sim, agora não atende as minhas ligações.
— Você tem que esperar ela se acalmar, e ela se ela não voltar, bem, você não precisa escolher...
— E quem disse que eu queria escolher entre as duas?
— Você gosta mesmo das duas, ao mesmo tempo?
— Gosto, por que a pergunta? Também duvida de mim? — disse NichKhun, um pouco sensível demais.
— Não é isso, só não me entra na cabeça isso. Acho que você está como sempre indo com muita sede ao pote, aproveitou que as duas gostaram de você para ficar com as duas ao mesmo tempo.
— Muy amigo você, não está ajudando.
— Só estou sendo sincero, e realista. Vamos ver, do que gosta nelas? E eu não estou falando fisicamente, porque obviamente elas são o tipo de qualquer homem.
— Até de você?
— Claro! Mas isso não vem ao caso, vamos, me responda, do que gosta nelas?
— Que conversa de comadre. — NichKhun tentou fugir do assunto e Junsu lhe lançou um olhar de impaciência. — Está bem eu digo. Bom, Nana é divertida, criativa, meio menina, meio mulher, está sempre animada e disposta a me animar. Já a Vic, bom, ela é carinhosa, atenciosa, madura, sedutora...
— Não se parecem em nada, ainda não entendo.
— Vai ver é isso mesmo, gosto das duas porque elas são diferentes e cada uma tem uma coisa que eu gosto. — NIchKhun insistiu.
— Está procurando a mulher perfeita em duas pessoas, se isso já não presta quando você procura uma só, imagina com duas? — NichKhun não respondeu. — OK então, faça como achar melhor, tomara que dure... 
— O que quer dizer?
— Nada, é só que você está fazendo tempestade em copo d’água, esse é só a primeira das inúmeras brigas que vocês terão até chegarem a um consenso, se isso for possível... Dê tempo ao tempo... ou vá procurá-las.
— Vou ver o que faço.


*******


Até a noite, nem sinal de Victoria, ela continuava sem atender as ligações de NichKhun, e ele não se animou a ir procurá-la em seu apartamento sem uma boa desculpa. Anoiteceu e Nana foi a primeira a voltar para o triplex, ela voltava de uma sessão de fotos, ainda estava maquiada e usava um vestido preto curtíssimo de matar qualquer mortal de inveja. NichKhun a recebeu animado, mas ela não compartilhava da mesma energia.

— Oi linda! Que bom ter você de volta. — disse ele já a segurando pela cintura e beijando-lhe o pescoço, mas ela se desvencilhou.
— Não se empolga, vim pra cá hoje porque estava mais perto...
— Fala sério, vem cá, me beija. — ele a prendeu de volta ao seu corpo e sussurrou no ouvido dela. — Faça amor comigo.
Nana estava com dificuldades de se concentrar na conversa.
— Victoria já voltou?


NIchKhun se surpreendeu com a pergunta.


— Pensei que se irritasse quando ela entrava na conversa...
— Mas agora fui eu quem perguntou, não gosto quando é você quem fala. Ela já voltou?
— Não. Melhor pra você, não? — disse ele insistindo em beijá-la.
— Como pode dizer uma coisa dessas? Já dispensou de vez a garota? — ela falava e ao mesmo tempo passava as mãos pelo corpo dele, sem deixar que ele a tocasse como queria. — Só pela greve?
— O que? — NichKhun ficou sem entender.
— Você é mesmo assim tão desesperado? — ela o soltou. — Pois bem, vou fazer o mesmo que Victoria, greve, vamos ver como você se sai. Vou dormir, estou cansada.


Ela lhe deu um beijo na bochecha, se virou e foi pro quarto, ao chegar lá, foi direto pro banheiro tomar uma ducha fria, e enquanto ela se despia ligou pra Victoria no celular.


— Oi?
— Faça bem sua parte, porque se isso não der certo eu te mato. — disse Nana meio que rindo. — Você não sabe o quão perto do limite meu autocontrole estava agora a pouco.
— Vai dar certo, você vai ver.

Na manhã seguinte NichKhun desceu para tomar café e lá estava Nana só de calcinha e uma camiseta branca, inclinada para pegar coisas pra comer na geladeira, ele precisou de tempo pra organizar as palavras.

— B...bbom dia.


Ela se sobressaltou por um instante, mas se virou impassível para responder.


— Bom dia. Dormiu bem?
— Claro que não, me desacostumei a dormir sozinho. — ele se aproximou da garota e a cercou com o corpo entre o balcão, ele pôs o dedo indicador no elástico da lingerie dela e ficou brincando de puxar e soltar a peça.
— Fala sério, você passou vinte tantos anos da sua vida sem, o que são duas noites? — disse ela ironicamente, ainda se concentrando em não perder o raciocínio na conversa.
— Desde quando você cita o que a Victoria diz? 
Nana fez cara feia.
— Ela é a voz da experiência, e da maturidade aqui não é?


NichKhun estranhou o comentário, mesmo porque Nana não era de render elogios à Victoria quando ela não estava presente, ficou desconfiado, mas não sabia o porquê.


— Vai ficar comigo aqui hoje?
— Domingo não era o seu dia "livre" de nós? Pois então, vou te deixar em paz, pra você curtir a solidão. — disse Nana ironicamente, afastando a mão dele do elástico da calcinha.
— Já estamos contando? 
— A decisão foi sua, não?
— E desde quando obedecemos a regras?
— Só estou obedecendo ao homem da casa...
NichKhun riu.
— Homem da casa... Do jeito que vocês estão dificultando as coisas pra mim, vou acabar fundando um mosteiro...
— Foi você quem estipulou isso, se você acha que vai dar certo, vamos fazer o teste. Aposto que isso não vai durar.
— Vocês e as apostas... Espera, vocês estão apostando comigo de novo! 
— Imagina, só disse isso hipoteticamente. — Nana fingiu disfarçar ter dito algo errado.— Mas isso é bom, porque aí você vai sentir como vai ser pra nós duas se conseguirmos entrar num consenso. Querer ficar com você e não poder porque é o dia da outra... Todos os seus domingos seriam assim, você e só você... — disse ela maliciosamente, se afastando de vez de NichKhun.
— Isso é vingança?
— Por que eu me vingaria? Se eu mesma não fiz nada.
— Exatamente, porque não estamos fazendo nada enquanto podemos.
— Está aí o xis da questão, poder não quer dizer querer, não nesse caso. — Nana deu uma mordida numa maçã que estava numa cesta em cima da mesa, pegou outras guloseimas e saiu da cozinha.

E eles passaram o dia todo naquela situação, Nana provocava, NichKhun insistia, mas não conseguia nada. Começou a se preocupar em falar com Victoria, que não tinha dado noticias desde então, decidiu procurá-la no apartamento onde ela vivia. Ele mal tinha saído de casa e Nana pegou o telefone.

— Ele acabou de sair, acho que está indo pra sua casa. — disse ela rapidamente à Victoria.
— Ok.


********


Quando viu NichKhun pelo “olho mágico” da porta de entrada, Victoria, que ia ficar à toa em casa, decidiu fingir que estava pra sair, espalhou embalagens de maquiagem pela casa, tirou a roupa, vestiu um roupão e foi atender a porta.

— Ah é você? — disse ela em tom de decepção.
— Sim, por quê? Esperava outra pessoa?
Victoria não respondeu sobre isso.
— O que faz aqui?
— Você sabia que eu viria.
— E você supõe muita coisa. O que veio fazer aqui?
— Vim conversar, posso entrar? Ou vou te atrapalhar? — disse ele em tom meio ciumento.
Victoria obviamente notou a mudança de tom.
— Tudo bem, entra aí. — disse ela dando passagem, ele se sentou no sofá e Victoria na poltrona oposta. Ela fez questão de sentar de pernas cruzadas porque, como estava de roupão, a posição as deixaria exposta. E foi a primeira coisa que NichKhun observou antes de se voltar para olhá-la nos olhos. — E então, o que veio me dizer?
— Dizer? Ah... Eu vim te perguntar... Se você não vai mesmo voltar?
— Ainda não pensei a respeito.
— Pois eu pensei, o tempo todo, desde que você saiu. Já sinto sua falta.

Victoria achou fofo o jeito com que ele falava, “Ok, isso vai ser mais difícil do que eu pensava”, pensou ela. Ficou em silêncio reunindo forças pra não cair em tentação e cumprir com o combinado com a Nana.

— E então,vamos voltar? O que quer que eu faça?
— Não sei, prove que posso confiar em você, que eu posso apostar em você e não contra você.
— Você duvida de mim. — disse ele entre os dentes, meio irritado por a palavra aposta ter sido citada na conversa.
— Eu não duvido, só não confio muito.
— Quando foi que você me viu olhando pra outras garotas?
— Todos os dias. — disse Victoria rindo.


NichKhun pareceu mais tranqüilo por ver o humor de Victoria mudar pra melhor, isso geralmente queria dizer que ela estava cedendo.


— A Nana não conta.
— Ok, eu nunca te vi fazendo isso, acontece que ultimamente você anda tão... — ela parecia tentar encontrar um termo adequado e acabou optando por um que não satisfez. — “sexualmente ativo” que não tenho idéia de como vai reagir estando solteiro em outro país, longe de mim... Surtei, pronto falei.

Victoria estava propositalmente se insinuando com aquelas palavras, claro que tudo que tinha dito era verdade, mas se ela não tivesse um propósito nunca diria. NichKhun ficou eufórico ao escutá-la dizer que estava enciumada, porque era o mesmo que dizer que ainda o considerava como namorado e nem tudo estava perdido. Em dois segundos lá estava ele aos pés da poltrona em que ela estava sentada, alisando com os lábios e o rosto a perna que estava descoberta pela abertura do roupão. Victoria deixou que ele continuasse com a carícia, e como era habitual, ele logo quis mais, subiu para beijar-lhe os lábios e ela correspondeu. Foi um beijo pouco comum entre os dois, meio nostálgico, meio desesperado e muito apaixonado. NichKhun puxou Victoria para o tapete branco felpudo no chão sem interromper o beijo, ele simplesmente não respirava, e ela deixou que ele ficasse completamente entregue, quando a natureza fez sua parte e ele precisou tomar ar, perguntou:

— Você vai voltar pra casa então? — disse, quase sem voz.
— Ainda preciso ser persuadida. — ela respondeu também aos sussurros.
NichKhun voltou a beija-lá, e quando suas mãos deslizaram por debaixo do roupão, a procura dos seios dela, Victoria o segurou e interrompeu o beijo abruptamente.
— O que foi? — disse NichKhun.
— Nada, é que hoje é domingo, é o seu dia, não era pra nós...
— Não era pra você me procurar,mas como fui eu quem veio até você, então podemos...
— Claro que não! — disse ela rindo e de desvencilhando para ficar de pé.
— Ah não,você também não... — disse ele, lamentando-se.
— Eu o que?
— Em greve.
— Pois se fui eu mesma que inventei isso. — disse ela, rindo.
— É necessário?
— Necessário não deveria ser, mas como eu acho que você não agüenta...
— Está me desafiando?
— Sim, finalmente você entendeu aonde eu queria chegar.
— Tem uma coisa que eu não entendi, se vocês estão em greve, com quem você acha que eu vou cair em tentação se é isso que acha que vai com certeza acontecer? 
— Com uma de nós duas é claro, ou você acha que é só você que passa por tentações? — disse Victoria maliciosamente. — E ai de você se resolver pecar com qualquer outra mulher por aí.
— Muito bem então, serão duas longas semanas, mas eu vou provar que vocês estão erradas e ainda vou dar um motivo daqueles pra vocês ficarem bem de espírito quando eu for para o Japão.


*******


Na semana que se seguiu, NichKhun foi liberado dos ensaios do comeback coreano, que aconteceria na sexta feira, porque precisava ensaiar com a equipe antiga, a que ia para o Japão com ele., então ele ficou com as tardes livres, o que não facilitava em nada a vida dele. Ele tinha aceitado o desafio por pura teimosia, e porque pensava que não ia ter tempo suficiente pra sofrer alguma investida de Nana e Victoria, mas como o jogo virou contra, lá estavam elas todos os dias, ora com um vestido lindo, ou só de blusão e short, ora semi vestidas andando pela casa. Ele sabia que era proposital, mas não podia evitar aquela queimação no corpo quando elas apareciam lindas daquela forma e ele sem poder nem encostar nelas. Isso mesmo, por medida de segurança própria, ele nem as beijava, nem abraçava, o banho frio foi seu único amigo naquela semana.

A sexta feira chegou e NichKhun foi gravar o programa de TV em que iria fazer comeback, Victoria e Nana arrumaram tempo pra ver o programa na TV da sala de estar do primeiro andar, era uma das poucas vezes em que as duas se encontravam naquela semana.

— E aí, como foi a semana? — disse Nana.
— Atípica. — ela respondeu rindo. — E difícil.
— Pois é, a minha também. Como foi com o Khun? Quer dizer, “sem” o Khun?
— Numa escala de temperatura, muito quente, contei uns três banhos ontem quando você estava no ensaio pra revista, depois ele desistiu e ficou horas na piscina, trancado na cobertura. Ele achou que eu ia ficar lá perturbando a “paz” dele.
Nana riu.
— E ia mesmo, se você soubesse como arrombar portas. Tem certeza de que ele não andou fazendo gracinhas enquanto ensaiava na agencia?
— Certeza absoluta, fofocas são o que não faltam naquele lugar, e eu estou sempre lá quando ele está ensaiando com a outra equipe, ele que não se atreva a fazer qualquer coisa.
— Maldade. Ei! Olha vai começar o programa.
NichKhun voltou com uma performance incrível, criada por Victoria, o mv gravado na Indonésia também estreou no mesmo programa.
— Só eu sei quem sou eu no meio dessa lama toda. — Nana disse rindo durante a exibição do vídeo.
— Like a boss, eu admito. — Victoria concordou. — E eu que pela primeira vez quis aparecer, nem sinal.
— Anos de pratica frente as câmeras, te ensino depois.

O programa acabou e NichKhun vinha direto pra casa, depois de uma coletiva de imprensa, Nana e Victoria o esperavam para comemorar juntos. Ele mal entrou em casa e as duas pularam nos braços dele e o encheram de beijos.

— Parabéns seu lindo! Foi ótima a performance. — disse Victoria, falando como namorada e como coreógrafa.
NichKhun se desvencilhou rápido, já sabendo que as duas tinham combinado se jogarem pra cima dele só de maldade.
— Olha que milagre um elogio da minha coreógrafa perfeccionista! — disse ele meio sarcasticamente.
— Ah, isso não é justo! Eu te elogio sim!
— Só como homem, não como artista.
— No seu caso ser homem e ser artista é a mesma coisa. — Victoria disse flertando com ele.
— Nível Da Vince de qualidade. — Nana comentou.
NichKhun pegou uma almofada do sofá e usou pra afastar as duas de si.
— Isso que vocês estão fazendo é maldade! Vou tomar um banho.

E ele saiu correndo para o terceiro andar, as duas ficaram lá embaixo rindo.


Na segunda semana de promoções NichKhun liderava a pontuação nos charts de vendas de álbuns, e ele continuava se apresentando em vários programas musicais. O domingo era o último dia antes da viagem, as promoções no Japão, que seria logo no dia seguinte, Victoria e Nana estavam novamente em frente à TV na sala de estar vendo a performance, iam anunciar o vencedor da semana logo.

Todos os artistas se reuniram no palco para o anúncio, e após dois minutos da enrolação habitual, o apresentador disse o nome do vencedor, que foi NichKhun. Nana e Victoria ficaram muito felizes com o resultado, passado o surto elas pararam para escutar o discurso de agradecimento dele.

— ... um artista não é nada, sem família, amigos, e aquelas outras pessoas lindas. — ele enfatizou a palavra “lindas” como se estivesse mandando um recado, que Nana e Victoria não captaram de imediato. — No meu caso duas pessoas que são muito lindas comigo, devo todo essa recompensa a essas pessoas.


E o encore começou, NichKhun cantou a musica de trabalho novamente para agradecer os fans.


— Você ouviu o que eu ouvi? — disse Victoria.
— Ele disse mesmo “duas pessoas que são muito lindas comigo”? Que lindo!
— Lindo vai ser quando a imprensa sair perguntando quem são essas duas pessoas.
— Ai,não estraga o momento Vic! — disse Nana acotovelando a garota.
— Está bem, ele foi bem corajoso, e lindo dizendo aquilo. Ele disse que faria algo assim e eu nem me liguei, acho que merece até uma recompensa...
— Está “liberado” então?! Obaaaaaaaaa!
— Sério, estou começando a achar que seu caso é de patologia, vai procurar o N.A. — disse Victoria rindo.
— E quem vai fazer as honras da casa? Quer dizer, do triplex? — disse Nana rindo.
— Quem ele quiser primeiro.
— Ih, vai dar briga isso. 
— Não podemos entrar num acordo?
— Só vejo uma forma...


Nesse momento NichKhun entrou em casa e as duas pararam de argumentar para correr para os braços dele. Ele tentou evitá-las, mas foi humanamente impossível.


— Fala sério meninas, não podem me dar um sossego nem depois do recado que eu mandei pra vocês em rede nacional?
— Mas é exatamente por isso... — disse Victoria.
— Estamos retribuindo a gentileza, e te dando um motivo pra não aprontar na viagem veja isso como um “for one night, and one night only”.


NichKhun demorou bastante para entender a intenção das duas, mas assim que entendeu, correu com as duas pro quarto.


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Notas finais do capítulo

Ok... vocês esperam detalhesde um menage não é? não posso prometer nada huahuahuahuahua mas existe uma extensão desse capitulo que será postada em seguida...Primeiro leiam essa parte e fiquem curiosos huahuahuahuahua



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