PDV - Edward

Assim que desembarquei peguei um taxi que me levou até o local em que havia feito reserva. O hotel era bem localizado e com um ótimo atendimento.

O quarto era o 45 – que ficava num dos últimos andares. O ambiente calmo e aconchegante me permitiu um banho relaxante e um ótimo sono.

Acabei sonhando com Bella e automaticamente estendi o braço para no lugar dela encontrar o lençol frio. Essa ação me levou de volta a um passado sofrido.

Perguntaram-me por que resolvi colocar minha casa para alugar. A resposta foi seca e direta – Nunca a venderia!

Aquele lugar está cheio de lembranças. Cada cantinho traz nossa história – a procura da casa até a reforma; as pinturas; a decoração; as noites que passamos cozinhando; os dias chuvosos trancados no quarto; o quartinho do Thomas. Tudo!

Isso é meu. Dela. Nosso.

Foi nossa primeira conquista juntos e nunca poderia me desfazer disso.

Quando fui empacotar algumas coisas para levar ao apartamento, Emmett me ajudou. Já tínhamos terminado tudo quando entrei no nosso antigo quarto, me sentando na cama pegando a camisola dela, sentindo o tecido gélido e ao mesmo tempo macio entre os dedos.

– Edward...

– Ainda desperto no meio da noite e a procuro – Confessei com a voz num tom rouco. – Está é a camisola que ela usou na ultima noite que passamos juntos, na ultima vez em que fizemos amor. Não consigo me acostumar a não tê-la a meu lado. É uma dor vazia que não me abandona, não importa com quantas mulheres eu saia.

Emmett me encarou com o rosto sem expressão e se aproximou.

– Que barra cara! Não consigo nem imaginar a sua dor – Deu um tapa solidário em meu ombro.

– Pois é. Esse é meu carma e tenho que suportar – Me ergui sendo forte o suficiente para não começar a chorar, mas incontroladamente uma lágrima idiota escapou.

– Não é bem por ai...

– Pronto? Que tal irmos embora? Não temos mais nada para fazer aqui. Tá a fim de uma cerveja bem gelada? Podemos ir a uma...

– Edward se acalme! – Me interrompeu. – Você tem razão – é melhor irmos embora. Você precisa se concentrar em outra coisa.

– Isso! Preciso de uma mulher para me distrair.

– Eu não quis dizer isso.

– Mas eu gostei da sua idéia. Vai querer vir comigo?

– É claro que não. Já passei dessa fase.

– Não sabia que você estava jogando vídeo-game – Zombei.

– Não seja bobo Edward.

– É você quem está sendo bobo deixando Rosalie amarrar você.

– Olha quem fala! Você era igualzinho com a Bella – Rosalie surgiu na porta.

– Rosalie? – Emmett foi até ela. – O que está fazendo aqui?

– Vim te buscar. Você estava demorando.

– Pode ir Emmett. Eu vou sair também.

– Deixa-me adivinhar? – Colocou um dedo sobre o queixo. - Vai usar mais algumas mulheres para afogar a sua mágoa? – Disse Rosalie sendo sarcástica.

– Você não sabe de nada Rosalie.

– Então explica! – Desafiou.

– Isso a choca, não é Rose? O fato de eu sair com outras mulheres? Fui fiel a Bella durante todos os anos que ficamos juntos, sequer beijei outra mulher. Embora, às vezes, quando viajava, despertava à noite, desejando tanto uma mulher que chegava a doer. Mas ninguém mais serviria. Tinha que ser ela. Então eu esperava até chegar em casa. E passávamos aquela noite inteira em claro.

– Eu...

— Ainda não consigo dormir com outra mulher — Disparei num tom amargurado. — Não me refiro a sexo. Fiz sexo com outra mulher cinco meses após a morte de Bella e me odiei por isso na manhã seguinte... Aliás, tão logo terminei! Sentia como se tivesse sido infiel a ela e tão culpado que voltei ao meu quarto de hotel e vomitei. Para ser franco nem desfrutei muito, mas voltei a fazer na noite seguinte e me senti culpado novamente. Tentei me auto-flagelar, me fazer pagar por estar vivo, quando ela estava morta. Houve muitas mulheres desde então. Toda vez que preciso de sexo, sempre há uma mulher disposta a se deitar comigo. Preciso de sexo e faço sempre que posso, mas não consigo dormir com elas. Quando tudo termina, tenho que partir. Ainda me sinto marido de Bella e não posso dormir com outra mulher que não seja ela - Terminei meu pequeno discurso e os olhei. Em seus semblantes havia pena. Muita pena. E o que eu menos queria era esse tipo de sentimento.

– Então se me dão licença, preciso ir ver meu filho, já que hoje perdi todo o meu tesão – Dei as costas para eles passando direto pelo corredor. – Ah! A chave está na bancada. Não se esqueçam de fechar tudo quando saírem – Gritei descendo a escada e bati a porta da frente assim como a porta das minhas memórias.

De volta ao quarto do hotel me sentei na cama bagunçando meus cabelos com ira.

– Malditas lembranças! – Joguei o lençol para o lado na intenção de sair quando meu celular começou a tocar. O peguei sem olhar o visor.

– Quem enche? – Perguntei irritado.

– É assim que você me atende Ed? – Disse Jane ressentida.

– É você Jane?

– É claro que sou eu! Quem mais seria? Você por um acaso está esperando alguém te ligar?

– Não! Eu não esperava ninguém me ligar. Estava dormindo, só isso.

– Ligo depois então.

– Tudo bem Jane. Como você está?

– Estou bem e com saudade já.

– Eu estou fora não faz nem 24 horas.

– E daí? Esqueceu que ontem você me dispensou?

– O Thomas precisava de mim.

– E eu não?

– Jane você acha que eu também não queria?

– Pareceu que não.

– Pois se enganou. E quando eu voltar lhe provarei isso.

– Assim espero se não vou ter que dar um jeito.

– O que quer dizer com isso?

– Quero dizer que não gosto de esperar por muito tempo.

– Espero que seja isso mesmo, porque se estiver pensando em me trair pode tirar o cavalinho da chuva, querida.

– Nunca disse isso Ed. É só que você me deixa sempre em 2º plano. Só o Thomas te interessa.

– Você quer o que? Que eu ignore o meu filho para satisfazer você? Eu acho que não! Sexo é importante, mas meu filho é muito mais.

– É ela não é? Só porque o Thomas é filho dela você o trata como se ela ainda existisse. Mas quer saber de uma coisa Ed querido? NUNCA! A sua amada Bella NUNCA mais irá voltar! O Thomas não é Ela! Acorda pra vida!

– Olha aqui sua... – O xingamento ficou na ponta da língua porque ela desligou na minha cara. Assim que voltar ela irá se arrepender pelo o que disse. E com toda a certeza nosso namoro acabou. Ficar com mulher que é grudenta não dá. Ainda por cima que quer mandar. Pra mim chega! Prefiro voltar a sair com varias a ter que agüentar uma todo dia. Esse posto já foi ocupado e pelo visto não será substituído jamais.

Só de raiva joguei o celular longe e fui até a janela. Já era tarde e ainda não tinha comido nada.

Só porque resolvi pensar em comida meu estômago roncou me alertando.

– Já vai! – Dei um tapinha em minha barriga e fui até minha mala vestindo as primeiras roupas que encontrei. Vesti um casaco, peguei a carteira, chave da porta e sai.

Fora do hotel entrei num taxi que me levou até o shopping mais próximo. O local estava freqüentável – não muito lotado. Decidi ir à praça de alimentação. Segui as placas informativas, mas antes de chegar lá, avistei uma loja de artigos musicais, de brinquedos e também de presentes. Uma do lado da outra.

– Perfeito! – Murmurei entrando na de brinquedos primeiro. Thomas irá pirar.

Dei uma boa olhada em tudo e escolhi os adequados para ele. Depois segui até a loja do lado e depois na outra. O pessoal irá adorar as lembrancinhas que levarei.

Voltei minha atenção a mim e segui para o principal destino que ficava no segundo andar.

O Mc Donald’s como sempre estava cheio, mas não me importei. Hambúrguer não estava na lista do que desejava comer.

Olhei em volta e consegui achar o que queria – comida italiana.

O que me fez lembrar dela.

– Como adivinhou que eu adoro comida italiana? – Bella me olhou divertida.

– Não foi adivinhação. Eu também adoro – Sorri puxando a cadeira para ela se sentar.

– Obrigada. Hoje em dia os homens raramente fazem isso – Me sentei de frente a ela.

– Alguns são bobos. E você merece, é uma dama.

– Muito gentil da sua parte.

– E então qual é seu prato preferido da cozinha italiana?

– Hummm... – Ficou pensativa e me encarou. – Canelone apesar dos outros serem ótimos. E o seu?

– Você lê mentes é?

– Bem que gostaria, mas não. Por quê?

– Eu também adoro Canelone.

– Mais uma coisa em comum.

– Espero que hajam mais.

– Eu também – Sua pequena não se aproximou da minha até que nossos dedos se entrelaçaram...

– O senhor já pediu? – Uma voz masculina me tirou a força da recordação do meu primeiro encontro com Bella. Voltei meu olhar para o garçom com um certo ressentimento.

– Canelone.

– O que?

– Quero Canelone.

– E para beber?

– Uma garrafa do seu vinho mais forte.

– Pois não senhor. O seu pedido já será trazido – Saiu me deixando à espera.

Olhei as mesas ao redor que estavam ficando ocupadas. Algumas famílias reunidas, casais, grupos de amigos e pessoas sozinhas como eu.

Apoiei meu queixo na mão e fechei os olhos.

– Mamãe aqui! – O grito de uma menininha passou por mim.

– Emma querida espere! – Aquela voz... Não podia ser!

– Vem mamãe – As duas não se distanciaram muito.

– Emma você não pode sair correndo. Tem muita gente aqui.

– Descupa mamãe – A menininha pareceu mesmo arrependida.

– Tudo bem. Eu só me preocupo com você meu amor – Nessa hora abri meus olhos e fitei a mulher tomando um susto.

Era ela.

Realmente era Bella!!