Tempestade escrita por Aislyn


Capítulo 11
Mistério




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Hisagi Shuuhei não esperava ver o que estava acontecendo dentro do senkaimon, seu taichou e Shimazu Reiko estavam brigando durante o percurso enquanto apostavam quem chegaria primeiro ao fim. Kensei estava perdendo para ela e tentava ao máximo alcança-la.

– Não vou perder para você! Sempre foi mais lerda do que eu...

– Talvez você esteja comendo demais, Kensei! – Ela olhou para trás e mostrou a língua. – Alguns quilos a mais deixaram você lento... E olha, já estamos chegando!

Ao ver que a porta estava se abrindo, Muguruma Kensei aumentou a velocidade e ultrapassou Reiko facilmente, saltando para sair primeiro. Ela não acreditou, estava com uma vantagem grande. Hisagi saiu logo atrás dela, mesmo acostumado com missões no Mundo Real, não gostava das lembranças que vinham sempre à tona quando saia do portal. A cicatriz em seu rosto parecia tornar a doer enquanto sua mente voltava ao passado, contudo, rapidamente foi trazido de volta de seu devaneio com um soco forte que levou de Kensei no braço. O taichou havia colocado muita força naquele golpe.

– Acorda, moleque! Não é hora de dormir...

– Desculpe, taichou... Eu só estava pensando um pouco – Hisagi fez massagem em seu braço, havia ficado vermelho.

– Ele dá um soco em você e recebe um pedido de desculpas? – Reiko olhou para Hisagi perplexa. – Você realmente precisa aprender umas coisinhas comigo...

Hisagi riu. Não reconhecia Reiko, ela sempre se mostrava para ele antes de saber que Kensei estava vivo como uma mulher séria, um pouco fria e não se lembrava de tê-la visto rindo no passado. Olhava para ela, uma bela e imponente mulher, trajando o manto roxo de bordas douradas com o símbolo do Kidoushuu... A zanpakutou na bainha realmente era o diferencial de Reiko, pois não era algo comum entre os shinigamis que compunham seu time e ele imaginava o quão forte ela poderia ser. Conhecia apenas Shimazu Reiko, a líder da Casa Shimazu, contudo, estava curioso demais para ver a líder do Kidoushuu em ação. E naquele instante ao olhar para ela e Kensei, notou que os dois se olhavam com paixão, cumplicidade, e assim chegava à conclusão de que seu taichou era o maior motivo para aquela mudança nela. Se perguntava se Reiko quando fazia parte do Kyuubantai era realmente a mulher que ele via naquele momento... Ao ver que os dois taichous começaram a discutir, teve tal certeza. A máscara de frieza e seriedade de Shimazu Reiko havia caído e era incrível para ele saber que uma shinigami com um cargo de tamanha responsabilidade nada mais era que alguém comum, assim como seu taichou. Finalmente se sentia à vontade perto dela e queria entrar no clima em que ambos estavam, para ao menos fazer as suas lembranças ficarem em segundo plano.

– Shimazu-taichou... Kensei-taichou... Vocês sempre brigavam assim no passado?

– Quem está brigando? – Kensei olhou para Reiko e apontou o dedo na direção do rosto dela. – Só estou respondendo essa sabichona... Passei um século aqui nesse lugar e ela acha que conhece alguma coisa!

– Sabichona! – Ela deu um tapa no dedo de Kensei e o fulminou com o olhar. – Eu sou a líder dessa missão, então você vai me seguir e pronto! Eu sei muito bem em que lugar fica a Urahara Shouten.

– Sabe tanto que está indo para o lado errado – Kensei suspirou. – Hisagi... Vai na frente e mostre para a nossa líder qual o caminho certo.

– Hai, taichou!

Hisagi largou em disparada e Kensei pegou Reiko pela mão arrastando-a enquanto corria. Ela sentiu uma pontada no peito, há quanto tempo não saia em missão com ele? Olhar para Kensei correndo daquele jeito lhe trazia uma emoção imensa, sobretudo quando agora ele estava apertando a sua mão. Sabia que aquele era o jeito dele de mostrar que não importa o que acontecesse, ele estava ali com ela.
Hisagi deixou de correr quando ouviu um barulho estranho ao longe dali. Reiko parou ao mesmo tempo em que Kensei. Um forte abalo pôde ser sentido no solo, e ao olharem para a frente, viram subir uma coluna gigantesca de fogo seguida pelo ruído de uma explosão.

– Isto...

– O que foi, Reiko?

– Ittou Kasou – sussurrou ela, os punhos cerrados. – Me sigam!

Ela saiu correndo, seguida pelos dois. Kensei reparou na seriedade no rosto dela, a conhecia o suficiente para saber que algo muito grave havia acontecido.
Reiko parou numa zona afastada, na divisa de Kagamino e Karakura, onde havia uma floresta em que normalmente a população das duas cidades faziam trilhas. A devastação era visível, o fogo ainda estava queimando a vegetação e um buraco imenso havia ficado no solo, além de árvores derrubadas. Kensei tomou a frente quando notou algo que não gostaria que Reiko visse, a mão dele a parou quando ela começou a caminhar.

– Fique aí... O que penso estar ali não é uma visão agradável para uma dama.

Ele caminhou alguns metros e viu alguém com o corpo carbonizado em meio às árvores derrubadas e ao lado, uma zanpakutou chamuscada. Não tinha dúvidas que se tratava de um shinigami. Hisagi surgiu ao lado dele, já havia visto de tudo, mas era a primeira vez que estava diante de um corpo naquele estado.

– Não é possível!

– Reiko, eu disse para você ficar longe! – Kensei viu que Reiko se aproximou do corpo e se ajoelhou dinte dele. – Que droga!

– Está tudo bem, Kensei – ela falou tranquilamente. – Eu já vi cenas piores que essa para mim e que me abalam até hoje. Isso não é nada, acredite.

– Quem sou eu para discutir – ele deu de ombros. – O que você disse antes de virmos para cá?

– Já explico... – Ela tocou o ombro de Hisagi. – Hisagi-kun, transmita uma mensagem para o Departamento de Pesquisas Tecnológicas, quero que tratem disso com sigilo absoluto, antes de mais nada. Peça para que enviem alguém que possa colher informações aqui e para que recolham o corpo... Preciso que identifiquem a vítima.

– Sim, taichou!

– E por favor, Hisagi-kun, deixe muito claro que não quero que o Yonbantai se envolva na hora de recolher o corpo... O Kurotsuchi-taichou vai entender.

– Espere, Hisagi-san.

Uma voz conhecida para Hisagi soou, ele olhou para trás e lá estavam Urahara Kisuke e Shihouin Yoruichi. O lojista foi até o corpo e começou a estudar de vários ângulos. Muguruma Kensei tocou o ombro de Reiko quando pensou que ela ia falar algo, confiava naquele homem.
Urahara pegou uma espécie de computador portátil e plugou nele um fio que terminava em uma agulha grande, em seguida, perfurou o corpo com ela e esperou até que algumas informações surgissem na tela.

– Urahara-san, você pode me dizer o que está havendo? – Reiko colocou-se ao lado dele. – Já sei que você tem algumas respostas...

– Shimazu-san, – ele disse seriamente – a primeira resposta que tenho é que se trata de um membro do Onmitsukidou, alguém que tenho certeza não ser capaz de conjurar o que você deve saber. Nem sequer um cargo possuía...

– Pessoal, eu vou conseguir informações com a Soi-Fon... Acho que não vão se importar por eu não os ter cumprimentado, sei que teremos tempo para conversas depois. Encontro vocês assim que puder.

Yoruichi desapareceu da visão de todos, sua expressão não estava muito diferente da de Reiko. Hisagi recebeu uma nova ordem dela, já não era mais necessário que o Juunibantai se envolvesse, mas ela ainda queria sigilo quando o corpo fosse recolhido, afinal, era uma missão secreta.
Na Urahara Shouten, Tsukabishi Tessai recepcionou a todos, seu olhar se atentou em Reiko, estava tendo uma nostalgia sem igual ao ver o símbolo e o manto que ela usava. Kensei e Hisagi seguiram Urahara, ela parou diante de Tessai e fez uma larga reverência.

– Tessai-dono... É um prazer encontra-lo outra vez.

– Shimazu-dono, – ele reverenciou – da outra vez não nos encontramos... Está tudo bem com o Kidoushuu?

– Como sempre, – ela sorriu – o mesmo marasmo... Até me surpreendi quando fui chamada para investigar o que estava acontecendo aqui.

– Venha comigo, vamos sentar e assim que eu servir um chá, conversaremos melhor.

Reiko, Hisagi e Kensei estavam acomodados à mesa e enquanto Tessai servia um chá e torta de morango, Urahara não tirava os olhos de seu computador. Kensei parecia impaciente, por debaixo da mesa, Reiko tocou na mão dele, sabia que devia uma explicação.

– Kensei... Eu disse Ittou Kasou, lembra? – Ao ver que ele assentiu, ela continuou. – Você já deve ter ouvido falar, é um kidou proibido, pois quem usa faz com que o corpo ou uma parte se torne catalisador para aquela explosão que vimos. É necessário um grande domínio em kidou para utilizar tal técnica e também, que o usuário esteja em uma situação que exija realmente isso, como aconteceu com o soutaichou.

– Ou seja, aquele cara pelo que o Urahara disse, não conseguiria utilizar essa técnica...

– Vou esperar a Yourichi-san, mas acredito que seja isso mesmo. Para mim, outro indivíduo utilizou o hadou noventa e seis e eu vou descobrir quem é – ela falou com firmeza. – Só não queria estar na pele de quem fez isso, pois a sentença é prisão perpétua no Nível Três.

– Shugo – lembrou Tessai. – Fui condenado àquele lugar...

– Por uma boa causa – Reiko olhou para Kensei, se não fosse por Tessai, talvez eles não estivessem juntos ali.

– Sim, nunca vou me arrepender e sei que hoje o Kidoushuu está em excelentes mãos.

Reiko corou, era um elogio e tanto, pois para ela, Tessai era uma inspiração. Ninguém sabia a respeito dos treinamentos secretos que tivera com ele antes de tornar-se taichou do Kidoushuu, nem mesmo Kensei.
Ao fim da reunião, Urahara estava inconformado, não havia conseguido informação alguma, nem mesmo a respeito de outras atividades de kidou nas cidades mais próximas. Agora só restava esperar e como ainda era cedo, Reiko queria encontrar um lugar para que pudessem ficar.

– O que acha de um acampamento? – Sugeriu Kensei empolgado.

– Nem pensar que eu vou dormir no chão – cortou ela. – E também não quero saber daquele quarto bagunçado de onde você morava antes... Vamos para um hotel.

– Eu não tenho dinheiro para um hotel à sua altura, madame – zombou o taichou. – E não vou gastar minhas economias por um capricho seu...

– Eu tenho dinheiro, seu grosseiro – ela disse quase perdendo o controle, queria soca-lo. – Se eu fosse depender de você, morreria de fome! Sorte que tenho uma bela casa e uma fortuna considerável, não vou precisar de você nem para comprar um vestido!

A discussão durou quase dez minutos, Urahara, Hisagi e Tessai acompanhavam calados, até que ambos se levantaram e começaram a se ameaçar.

– Eles são sempre assim? – Indagou Urahara baixinho olhando para Hisagi.

– Já ouvi falar que no passado, o Kyuubantai era uma zona de guerra quando eles começavam a discutir. – Hisagi cuidou para que Reiko e Kensei não o ouvissem. – Mas sabem, eu fico feliz... A Shimazu-taichou não tinha vida antes de saber que o Muguruma-taichou estava vivo.

– É... O amor – Urahara abriu o leque e colocou diante da boca. – E ainda dizem que o amor une as pessoas.

Hisagi ficou calado, acreditava que o amor daqueles dois era algo que ninguém conseguiria explicar e no fundo, ele tinha um pouco de inveja de quem encontrava seu par perfeito... Se bem que chamar Reiko e Kensei de par perfeito naquele momento parecia uma piada, no entanto, o laço que os unia era muito mais forte do que qualquer um poderia imaginar.
Yourichi entrou em contato com Urahara, logo, Reiko e Kensei assumiram outra vez uma postura séria. Preocupada, ela indagou o lojista a respeito da ligação.
Urahara explicou que tratava-se de um soldado que estava há apenas três anos no bantai de Soi-Fon e não tinha a menor possibilidade do mesmo conjurar um kidou daquele nível. Ele poderia ser razoável em técnicas de espada e combate corpo-a-corpo, mas a taichou responsável garantiu que não passava do básico aprendido na academia quanto a magias.
Reiko pediu para agradecer Yoruichi e Urahara disse para que voltassem no dia seguinte, pois com certeza teria novas informações. Já com os gigais e equipamentos necessários adquiridos na loja, os três foram atrás de um hotel para que pudessem garantir os quartos.
Não era surpresa alguma para Kensei estarem na recepção do hotel mais caro de Karakura, o recepcionista olhava para os três como se estivesse estudando-os. Exceto por Reiko que estava bem vestida, Kensei e Hisagi não pareciam o tipo que se hospedavam em um hotel como aquele. Kensei trajava a última roupa que havia ficado no gigai, camiseta sem mangas cinza, calça cargo preta, luvas laranjas sem dedos e seu inseparável par de bota militar. Já Hisagi usava uma camiseta da seleção do Japão, calça jeans preta e tênis branco, porém, era certo que o recepcionista olhava intrigado para a tatuagem em seu rosto.
Kensei não havia gostado nada da roupa que estava no gigai de Reiko, um vestido curto branco colado ao corpo, sapatos de salto agulha nude, uma bolsa laranja à tiracolo que se fosse converter seu salário como taichou, não conseguiria compra-la no Mundo Real e joias discretas, mas caras.

– Boa tarde, senhores... Em que posso ajudar? – O recepcionista olhava apenas para Reiko.

– Eu quero dois quartos – respondeu ela direta. – Os melhores, por favor.

– Dois quartos de casal? – Perguntou com a sobrancelha erguida, seus olhos volataram-se para os dois homens, queria saber qual deles era o sortudo para ter uma mulher tão incrível ao lado.

– Sim... E como eu disse, os melhores que tiver disponível.

– Certo, preciso dos dados de vocês... Tenho as suítes 703 e 705 disponíveis.

– Ah claro, então, vocês ficam com a 703 e eu a 705 – informou ela com um sorriso maroto direcionado a Kensei. O recepcionista segurou o riso, não era o que ele esperava.

– Nem pensar! – Kensei cruzou os braços. – Prefiro dormir na rua a dividir a cama com um homem.

– Tudo bem, taichou, eu durmo no sofá! – Hisagi suspirou, não queria uma discussão ali onde mais gente poderia vê-los.

– Eu estou brincando – ela pegou na mão direita de Kensei e entrelaçou os dedos nos dele. – Você vai ficar sozinho, Hisagi-san... Fique tranquilo.

– Acho bom – Kensei soltou a mão de Reiko e passou o braço por cima do ombro dela, trazendo-a para perto de seu corpo quando viu que o recepcionista olhava para o decote daquele vestido ousado, e outros homens que passavam faziam o mesmo, só que para as pernas dela. – Pode entregar as chaves para eles, eu vou informar os dados! Hisagi, leve a Reiko até o quarto.

– Sim, senhor!

Ela riu, insuflava seu ego saber que Muguruma Kensei tinha ciúmes dela. Ao menos, poderia aproveitar a noite para dormir nos braços dele, algo que sem dúvidas era um bônus estando em missão.


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