Tempestade escrita por Aislyn


Capítulo 1
A nova 7ª Oficial do Kyuubantai




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/196783/chapter/1


– E, qual o seu nome?


Era uma visão assustadora para uma shinigami que estava em seu primeiro dia de serviço em um bantai totalmente diferente do que ela vinha. Aquele que seria o seu taichou mais parecia um comandante do exército e nem se preocupava em ser gentil. Sem mais, ele arrancou a identificação das mãos da jovem e franziu o cenho.

– Takeuchi Reiko, senhor!

Para ela só faltou ter que bater continência. Era uma jovem de aparentes 20 anos, tinha 1,78 cm de altura, 60kg, o corpo curvilíneo, seios fartos em evidência por causa do decote no shihakushou, personalizado. Seu rosto era de traços delicados, com um nariz fino, os lábios rubros e os olhos azuis. Tinha a pele clara, seus cabelos iam até a cintura, uma parte presa no alto da cabeça, num tom de preto azulado. Usava no pescoço uma gargantilha prateada e nas mãos, luvas sem dedos na cor preta que acabavam um pouco acima do pulso. Estava bastante nervosa e apesar de ser experiente, quase roendo as unhas.

– Bem... Então você veio para ajudar com toda a parte burocrática, é isto?

– Não, exatamente. Eu ficarei responsável apenas pelos relatórios de atividades do Kyuubantai e que irão diretamente para o Ichibantai.

– Já temos oficiais para fazer isto – explicou ele de mau humor. – Acredito que os outros esquadrões precisam mais do seu serviço do que este.

– Então discuta isso com o Yamamoto Soutaichou, senhor.

Obviamente, Reiko estava fingindo toda a segurança que tentava passar. Era muito boa com letras e burocracia, mas péssima para aceitar ordens de homens como Muguruma Kensei. Nem gostava de lembrar-se da última experiência que teve no Junichibantai. A verdade era única, a fukutaichou de Kensei não estava desempenhando bem as funções, tampouco seus oficiais, pois os relatórios semanais que iam diretamente ao soutaichou eram precários.

– Fazer o quê! – Kensei suspirou e estalou os dedos juntando as mãos. – Temos uma cama sobrando, seus colegas de quarto são bem tranqüilos...

– Ah, antes que prossiga, – interrompeu a jovem – eu não divido quarto com homens, gosto de privacidade e tenho o costume de escrever à noite.

– Para uma oficial com tantos certificados e recomendações, não parece saber muito bem como funciona um bantai.

– Eu durmo no sofá deste escritório então, de qualquer forma, vai servir até providenciar um bom quarto – Reiko ignorou o comentário dele. – Algo mais que eu precise saber sobre o Kyuubantai, Taichou? – Perguntou ela, olhava-o nos olhos, seus orbes cor de âmbar pareciam estar em chamas.

– Você vai aprender na marra... Dispensada, Takeuchi!

Muguruma Kensei acompanhou com os olhos os passos da garota até ela sair de seu escritório, meneou a cabeça negativamente e se jogou no sofá. Há meses não acontecia algo de novo em seu bantai, talvez uma nova presença movimentasse as coisas, entretanto, não daria nem uma semana para que a shinigami novata pedisse transferência.
Reiko estava com a prancheta e sua caneta de “estimação” em mãos, de ouro, com um nome gravado, porém riscado. Seguia os passos de todos os shinigamis do Kyuubantai e anotava tudo o que eles faziam. Alguns não entendiam, outros odiavam saber que suas ações parariam em relatórios diários.
No primeiro dia, Kensei ouvira diversas reclamações e ao fim da tarde, quando Reiko entrou no escritório, ele estava atrás de uma papelada em sua mesa, explodindo de raiva.

– Precisa de ajuda, taichou? Já terminei os relatórios de hoje – ela sorria, tentava ser simpática e mostrar-se eficiente.

– Takeuchi – disse ele rangendo os dentes. – Desaparece da minha frente, antes que eu...

Kensei segurava-se na mesa, não agüentava mais a dor de cabeça, ainda ouvia cada uma das vozes de seus shinigamis reclamando de Reiko.


– Kensei! Kensei! Kensei!

Uma explosão de gritos se fez naquela sala, Kuna Mashiro entrou junto a Eishima Shinobu e Gizaeimon Toudou, dois de seus oficiais, parecia feliz por ver Kensei e não parava de gritar o seu nome com uma voz irritante.

– Kensei! Está na hora do jantar.

O taichou respirou fundo, seus dois oficiais sabiam muito bem o que iria acontecer e correram para cima dele, segurando-o pelos braços.

– Mashiro! Cale a boca, sua...

Kensei gritava ainda mais alto que a fukutaichou, estava furioso e seus homens mal conseguiam contê-lo. Mashiro pulou em cima da mesa e os papéis que lá estavam voaram pelo ar, caindo no chão por todos os lados.

– Corre, Mashiro... Corre!

O taichou conseguiu se desvencilhar dos dois homens que o prendiam, virou a mesa à sua frente e Mashiro começou a chorar de forma escandalosa, antes de correr. Reiko estava estupefata, olhou para os dois oficiais e perguntou um pouco incrédula:

– Isso é sério mesmo?

– Nem queira saber o que acontecerá se ele a pegar – respondeu Shinobu.

Reiko assustou-se com a seriedade do oficial. Quando Kensei passou furioso por ela, conseguiu segurá-lo pelo braço e o puxou. O taichou estranhou e não revidou, pois, sentiu que aquele toque não era de nenhum de seus oficiais, o mais estranho de tudo, era a força dela.

– Você é louco? – Indagou Reiko encarando-o quando ele virou o rosto para ela. – Mashiro é apenas uma criança!

– Criança? Aquilo é uma peste! Fiquei horas organizando esses papéis.

– Eu cuido disso, se for o caso. Por que você não se acalma e vai tomar ar fresco, taichou? Vai fazer bem para esse seu estresse exagerado

– De novo não! – Disse Todou dando de ombros, o outro assentiu como se estivesse concordando.

– Estresse?– Gritou Kensei fuzilando-a com o olhar e virando-se de frente para ela. – Acho bom você pegar o embalo da Mashiro e correr também. Deveria ter saído quando eu mandei!

– Ora, seu cretino! Você pode ser meu superior, mas não tem o direito de me tratar como se eu fosse um animal de caça. Se quiser brincar de pega-pega, não vai ser comigo. Agora se quiser resolver as coisas como uma pessoa civilizada, eu posso concordar. Ou ainda, tem a opção mais drástica... Não acho que esse vai ser o caso – neste momento, Reiko colocou as mãos no punho de sua zanpakutou. – O que vai ser?

– Você acabou de assinar a sua sentença, garota! – Shinobu passou por Reiko junto ao outro e tocou o seu ombro amigavelmente. – Nenhum de nós dois conseguirá segurá-lo, então, boa sorte.

O coração de Reiko disparou quando os dois oficiais saíram batendo a porta. Kensei respirava de forma exagerada, parecia um cão raivoso prestes a mordê-la.

– Isso tudo quem começou foi você! Se fosse mais discreta, meus homens não teriam passado a tarde reclamando nos meus ouvidos – desabafou, parecia estar se acalmando. – Você se intrometeu até na forma como eles fazem a limpeza, acha isso certo?

– Esta é a minha função – tentou falar a jovem oficial com a voz aveludada, não queria descer ao mesmo nível que ele. – Se não está satisfeito, eu já disse com quem deve falar. E se não quiser ajuda com esses papéis, pode me dispensar... Ah, mais uma coisa. Deixe de ser tão imaturo, isso é vergonhoso para um taichou.

– Dane-se... – Resgmungou Kensei, em seguida abaixou-se e começou a pegar os papéis, deveriam ser mais de trezentos.

– Dane-se você! – Rebateu Reiko. Ela também se abaixou para pegar os papéis, parecia uma criança engatinhando para todos os lados. Achava engraçado um homem do porte de seu taichou de joelhos no chão daquela forma. – Levante a mesa, taichou... Vamos precisar dela.

Kensei murmurou algo ininteligível e levantou a mesa, devolvendo-a ao seu lugar, próxima a uma grande janela, para que Reiko pudesse colocar os papéis sobre ela. Todos estavam empilhados novamente após cinco minutos, só que fora de ordem.

– Isso foi fácil... Difícil será reorganizar.

– Se você quiser ir jantar, pode ir... Eu arrumo os papéis, Muguruma-taichou.

Kensei estava mais calmo. No fundo, sabia que ela não tinha culpa e assim como ele, só cumpria ordens. O fato de ela tê-lo chamado de imaturo o incomodou, já que era o primeiro a criticar as atitudes de Mashiro. Como estava faminto, não pensou duas vezes e saiu dali, queria ver até onde iria a eficiência da shinigami.
Três horas depois, propositalmente, o taichou voltou e se surpreendeu. Não havia mais papel algum sobre a mesa, todos já estavam organizados em suas respectivas caixas para serem despachados. Reiko dormia de bruços sobre a mesa, vencida pelo cansaço. Kensei imaginou que ela deveria estar com fome, no entanto, não tinha jeito com mulheres e acordá-la seria difícil. Como a obrigação falava mais alto, teria que mandá-la comer algo. Ele aproximou-se devagar, inclinou-se atrás de Reiko e ao aproximar a boca do ouvido dela, falou em voz alta:

– Acorde, Takeuchi! – Reiko tomada por um susto, ao erguer a cabeça rapidamente, chocou-se contra o nariz dele que começou a sangrar. – Sua cabeça dura! – Grasnou com a voz abafada por estar com a mão apertando o nariz e sobre a boca. – Olha só o que fez.

– Perdão – Reiko levantou-se e fez uma reverência, não sabia o que dizer, estava envergonhada por ter dormido em serviço. – Isso não vai mais se repetir.

– Claro que não vai... Eu vou arrancar a sua cabeça!

A oficial não sabia se ele estava falando sério e também, não quis apostar. Como encontrou um estojo de primeiros socorros no armário do escritório, retirou um chumaço de algodão e entregou nas mãos dele.

– Depois que o sangue estancar é só colocar gelo. Se me permite, eu preciso comer algo antes que desmaie.

Reiko esperou alguns instantes e Kensei não respondeu, sendo assim, reverenciou, deu as costas e saiu. Estava exausta quando chegou a um restaurante, por sorte, eles atendiam até tarde. Foi bem recepcionada e não fez cerimônias quando lhe foi servida a refeição. Após comer, encostou-se na parede e passou a mão sobre a barriga. Satisfeita, dispensaria a sobremesa para compensar. Já havia se passado dez anos desde que fora graduada na Academia Shinigami, e até então, só fazia serviços burocráticos, sendo que nunca havia trabalhado em campo. Sempre se preocupou com o que faria se tivesse que se deparar com uma situação de perigo, mal conhecia a sua zanpakutou e as experiências que tivera tentando se comunicar com ela foram péssimas. O que mais garantia a sua segurança enquanto Shinigami era o fato de ter se especializado em Kidou, sendo que nas horas vagas sempre treinava.
A jovem oficial não sabia se já era hora de voltar para o seu posto, também, nem ligava. Só não pediria transferência por isto ir contra a sua personalidade, teria que provar para si mesma que conseguiria fazer o seu trabalho em um bantai tão problemático.
Assim que saiu do restaurante, passou pelos corredores do Kyuubantai e todos a encaravam como se fosse uma estranha, isto fez com que ela erguesse a cabeça e continuasse como se nem notasse os olhares. Tudo o que precisava era de uma boa cama, mas graças à estupidez de seu Taichou, o máximo que conseguiria era um sofá. Como já era quase meia-noite, ninguém estaria mais no escritório, ao menos foi o que ela pensou.

“Agora esta...”

Não tinha certeza se ele estava fazendo aquilo para provocá-la, o fato era que Kensei estava deitado no sofá lendo tranquilamente um livro. Na mente de Reiko, provavelmente ele tinha um quarto bem confortável, tanto que não precisaria estar ali. Seria humilhante demais ter que se juntar a outros homens e não cogitava a hipótese de pedir um canto no quarto de Mashiro. A melhor opção com certeza era ir atrás de um lugar tranqüilo em que pudesse ao menos se encostar para descansar. O taichou ignorava a presença de Reiko, ainda sentia o nariz latejar e olhar para ela não faria muito bem, já que estava muito calmo. Tinha a convicção de que ela se renderia e dormiria no quarto que ele designou, até havia feito uma solicitação para que o limpassem. Reiko saiu e bateu a porta, não pediria favor algum para Kensei, seu orgulho não permitia.

– Ao menos um banho eu espero poder tomar com privacidade!

Reiko acordou de mau humor, havia dormido em uma sala que encontrou vazia e por sorte, conseguiu um futon e cobertores com Kasaki Heizou, um dos oficiais de Kensei que parecia ser o mais simpático de todos. Quando entrou para debaixo do chuveiro, pensou se faria ou não uma reclamação formal sobre o tratamento que estava recebendo naquele bantai, até porque, era uma oficial que trabalhava diretamente para o Ichibantai... Se bem que a sua função com o decorrer dos anos ia perdendo o prestígio, pois alguns fukutaichous conseguiam desempenhar bem o seu papel.

– É... Acho que vou reclamar sim! Afinal, não sou tão bem paga para ter que dividir um quarto com homens.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tempestade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.