– Mas o que está acontecendo aqui? – Ouvi um estrondo na porta do quarto, seguido de uma Nadia totalmente furiosa entrando.

– Não sabe bater antes de entrar? – Ralhei, enquanto levantava meu corpo da cama e, rapidamente, abaixava minha blusa.

– E você? Não sabe como se deve tratar o namorado das outras? – Ela estreitou os olhos, aproximando-se de mim.

Trinquei os dentes e me preparei para pular em cima dela e arrancar aquela cabeleira preta.

– Olha quem fala! – Retruquei. – Não foi você que beijou o meu Nicholas? – Coloquei o pé no chão, mas não pude levantar. O garoto me segurava pela cintura, impossibilitando-me de ficar em pé.

– O seu Nicholas? – Ela repetiu, ofendida.

– É, sua idiota! – Retruquei, tentando me livrar dos braços fortes que me envolviam. – Você que acabou com o meu relacionamento com ele!

– Acabou por que você não teve coragem o suficiente para correr atrás dele. – Ela estreitou os olhos azuis e eu cerrei os punhos.

– Agora já chega! – Gritei. – Me solta Nicholas!

– Não. Eu não vou soltá-la! – Ele disse, apertando ainda mais minha cintura.

– Me larga! – Insisti. – Eu quero enfiar a mão na cara dessa vadia!

– Ah é? – Ela arqueou uma sobrancelha.

– Vamos, Jenny. – Ele me olhou, suplicante. – Não brigue por minha causa.

– Porque você está falando somente para ela? – Nadia parecia estar tendo um colapso. Apontava com um dedo longo para mim.

– Porque ele me ama, retardada. – Retruquei. – Eu nunca o trairia com outro cara.

Ela estreitou os olhos azuis e me olhou de um jeito que, se pudesse, teria me matado.

– O que? – Provoquei. – Bati em uma ferida?

– Sua... – Ela trincou os dentes e veio para cima de mim. Eu teria jogado-a no chão, se não fosse o maldito braço do Nicholas ao meu redor.

– Agora chega. – O garoto gritou, enquanto descia da cama e se colocava entre as duas. – Nadia. O que você está fazendo aqui?

– É. – Sorri, enquanto olhava por cima do braço forte do garoto que eu amo. – O que você está fazendo aqui? Não deveria estar cuidando das suas irmãs no zoológico? Naquela parte dos répteis?

– Cale a boca. – Ela rosnou para mim.

– Responda. – Ouvi Nicholas falar, elevando a voz algumas oitavas.

– Eu vim ver se você estava bem, meu amor. – Ela sorriu sedutoramente e deu um passo em sua direção. Precipitei-me e contornei o corpo do garoto, colocando-me de frente com a vadia.

– Então pode ir embora. Porque ele está muito bem enquanto está longe de você. – Estreitei os olhos e coloquei as mãos na cintura dele. Senti seu corpo estremecer com meu toque.

– Isso não cabe a você decidir. – Ela rosnou em resposta, para depois olhar suplicante para o garoto. – Não é mesmo, meu amor?

Ele ficou mudo, sem saber o que falar.

– Viu? Nem ele te quer aqui. – Vociferei, andando um pouquinho minha mão pela sua barriga. Só ele percebeu meu movimento.

– Cale a boca, Connor. – Ela deu dois passos e chegou a centímetros de mim.

– Se vai me ameaçar – Falei. – é melhor fazer direito. – E, finalizando, dei um tapa na cara dela.

A garota cambaleou e colocou as duas mãos em cima da bochecha vermelha.

– Como se atreve? – Ela gritou, indo para cima de mim.

– Eu avisei. – Disse, calmamente. Enquanto Nicholas me ultrapassava e a segurava, para que não batesse em mim.

– Sua vadia! Talarica! – Ouvi a garota gritar. – Ladra de namorados!

– EU?! – Perguntei, incrédula.

– Chega. – Nicholas gritou. – Nadia, fora da minha casa!

– Mas... – Ela tentou argumentar. Mas foi interrompida pelo garoto, que parecia estar seriamente irritado.

– Devolva a chave da casa e saia. – Ele estendeu a mão e ela, olhando-o incredulamente, apalpou os bolsos à procura do tal objeto. Entregou à ele e, olhando-me com puro ódio, saiu do quarto e da casa.

Fiquei ali, atrás dele, olhando suas costas.

– Você está bem? – Perguntei.

– Sim.

Abracei sua cintura e assim ficamos por vários minutos. Não queria ter que largá-lo. Ainda mais agora, que tinha acabado de recuperá-lo.

– Jenny? – Ele chamou.

– Sim? – Respondi, afrouxando o abraço e tentando encará-lo. Nicholas se virou e me pegou pela cintura. Levantando-me do chão. – O que está fazendo? – Sorri, enquanto ele me jogava na cama novamente.

– Terminando o que tínhamos começado. – Ele sorriu e começou a chegar perto de mim, colando seus lábios nos meus.

*

– Será que você pode dormir aqui? – Ele perguntou, acariciando meus cabelos.

– Não sei. – Dei de ombros. – Espere aí. – Levantei da cama e andei pelo quarto escuro, à procura da minha calça. Meu celular estava lá.

– Você está linda. – Nicholas sorriu metidamente e eu revirei os olhos, mas sorri também.

– Não olhe. – Retruquei.

– Como posso não olhar? – Ele respondeu.

– Fechando os olhos. – Sorri, enquanto palpava os bolsos da calça que eu tinha acabado de encontrar. Peguei o quadrado que eu reconheci como meu celular, e disquei o primeiro contato da minha agenda.

– Alô? – Uma voz grossa atendeu.

– Oi pai.

– Jennifer? – Sua voz tomou um tom de preocupação. – Onde você está?

– Acalme-se, pai. – Respondi. – Estou na casa do Nicholas.

– Nicholas? – Ele repetiu. – Seu ex-namorado?

– É. – Dei de ombros, ignorando a marcação que o Nick tinha recebido. Ex... – Esse mesmo.

– E o que está fazendo aí? – Como meu pai é desconfiado.

– Vou dormir aqui. – Respondi, sentindo mãos enlaçarem minha cintura. Um arrepio passou pelo meu corpo todo, enquanto era puxada para perto de seu corpo.

– Dormir aí? Está louca, minha filha?

– Acalme-se Arthur Connor. – Ralhei. – Não confia na sua filha?

– Bom... Na filha eu confio. – Ele disse. – Só não sei se confio no garoto.

– Tudo bem, pai. Estou com o fogo ligado ali, to cozinhando. – Menti apressadamente, enquanto Nicholas me puxava de volta para a cama. – Amanhã nos falamos. Tchau!

Desliguei e larguei o celular em cima de um montinho de roupas, enquanto o meu amor me puxava pela cintura, para poder voltar para a cama.

Ah, como era bom estar de volta. Ser abraçada por seus braços. Beijada por seus lábios...

Naquele momento, só havia eu e ele. Jennifer e Nicholas, no mundo inteiro. E bem que eu queria que aquele momento durasse mais... Mas é claro que sempre aparece algum obstáculo na minha vida.