Haunting escrita por ARurouni
Notas iniciais do capítulo
Laura e Lania chegaram na pequena cidade aonde a mãe de Lania, Lavínia, vive. E agora caminham para a casa dela, para se reverem, após tanto tempo afastadas ...
Lavínia olhou o relógio e suspirou, irritada. Já tinham passado mais de uma hora que sua filha havia ligado e nada delas chegarem. Sabia que nada havia acontecido de errado, pois, naquela cidadezinha, o que mais ocorria eram pequenos furtos e uma ou outra coisa, mas nada das coisas que normalmente aconteciam nos grandes centros urbanos. Olhou novamente o relógio, que ficava em cima de uma cômoda, feita de uma madeira muito bem cuidada. Aliás, sua casa era bem organizada e decorada: vários móveis bem fabricados e preservados, dava um certo toque de nostalgia ao local. Havia gasto muito para fazer daquela casa, um lugar bom de se viver, sob seus aspectos. Dinheiro não era problema: ganhava uma pensão do marido e herdou uma herança de sua mãe, o que a deixaria em uma ótima situação financeira, pelo resto da vida. Mas o que mais a preocupava, naquele momento, era o retorno de sua filha. Não queria mais vê-la, em parte, desde que ela ousou erguer o nariz para ela. Havia tido aquela discussão e, desde então, considerava a filha como morta. 'O que ela pensava que era?' Pensou. 'Sempre disse que aquele sujeito não era o cara certo, mas ela me escutou? Não. Ela nunca me escutou, escutava mais o...' Parou os pensamentos, havia visto a imagem do seu falecido marido e suspirou, um pouco abatida. Olhou para uma moldura presa na parede da sala de estar, aonde tinha uma foto do seu casamento e, após algum tempo, voltou aos seus pensamentos iniciais. '... o pai dela.'
Mas agora, ela voltou a entrar em contato, após 12 anos sem ter nenhum contato -não que ela o desejasse, já que considerara a filha como morta-, com aquela ligação telefônica. Pedia ajuda. 'Pois sim...' Pensou. '... Estava é arrependida da burrada que fez. E agora quer voltar e chorar no meu colo. Se tivesse me ouvisto desde o início...'. Parou, ainda irritada e foi a porta, abriu-a.
Olhou a rua, mas nada. A não ser os vizinhos, que cordialmente a cumprimentavam com acenos e exclamações. Não se interessava muito em vê-los, queria era ver a filha chegar logo. Será que saberia reconhecê-la? Afinal, se passaram 12 anos. Olhou mais atentamente quem passava pela rua. Viu algumas pessoas e uma mulher com uma pequena garota. 'Será ela?' Tentava enxergar, mas a luz do Sol, que estava atrás delas, dificultava a sua visão, esperou mais um pouco e ignorou quando viu um garoto se aproximar e segurar a mão da mulher. Obviamente, não era, já que esperava a filha com sua neta apenas, confirmando quando passaram pelo portão. Fechou a porta com uma certa raiva. Sabia que, estava fazendo um certo papel de bobo, então preferiu voltar para seus afazeres costumeiros.
Começou a voltar para dentro de casa, quando ouviu algumas batidas no portão. Pensou: 'Deve ser a Sofia... Ela me viu agora há pouco. Vou fingir que não escutei.' Sorriu com seu pensamento e entrou na casa, mas novamente ouviu as batidas no portão.
Lania ofegou, visivelmente cansada, havia batido duas vezes no portão e nada, encostando o braço no portão e apoiando sua testa no mesmo. 'Era só o que me faltava... ela não estar em casa...' Pensando, nem percebeu que havia falado em voz alta.
Laura: "Ela está..." olhando, com sua expressão normal, o portão.
Lania: "!? Como sabe, meu amor?"
Laura: "Ela não quer atender..." Continuou olhando para o portão.
Lania: "... o que seria esperado..." Nem deu importância como a filha sabia disso, largou a mochila ao lado do portão e se sentou, ao lado da mochila e recostou a cabeça ao muro. Laura tocou no portão e permaneceu olhando o mesmo.
Lavínia havia entrado na casa, ficou mais calma quando viu que as batidas haviam cessado. 'Depois eu falo com a Sofia...' Voltou a mexer com seu crochê por algum tempo, quando ia se sentar, sentiu um vento frio vindo atrás dela. Estranhou aquilo e olhou rapidamente e viu uma garotinha passar correndo e entrar no corredor para um dos quartos, desaparecendo de sua visão. Foi seguindo-a, já começando a preparar seus xingamentos mas, ao entrar no mesmo, não havia ninguém. Assustou-se. 'Estarei... pensando coisas!?' Ao virar, deu de cara com a garota, que não a olhava, apenas passando em direção a sala, aonde Lavínia estava.
Lavínia ficou branca de medo. 'O quê!?' Lentamente, seguiu os passos da garotinha e, novamente ela havia desaparecido, mas viu uma marca de passos indo para o portão. Acalmou-se: foi provavelmente alguém que invadiu sua casa! Iria reclamar algo, mas lembrou-se de sua filha e pensou: 'Será... !?' Foi até o portão e o abriu, vendo a garotinha a sua frente e uma mulher sentada ao lado de uma mochila. Lania a olhou e levantou-se rapidamente.
Lania: "M-mãe...?!"
Lavínia, no entanto, não tirava os olhos da garotinha.
Lania: "Mãe... esta é a sua neta... Laura."
Lavínia continuou fixando o olhar na garotinha, ouviu a sua filha mencionar algo sobre 'neta', mas nem deu muita atenção. Finalmente, após algum tempo, falou:
Lavínia: "Quero saber.... o por quê de você ter invadido a minha casa?" Olhando, com uma certa raiva, para a garotinha.
Lania: "Do que.... do que você está falando, mãe!? Laura não saiu nem um instante do meu lado."
Lavínia: "Pare de mentir. Eu acabei de vê-la aqui na minha casa!"
Lania: "... eu disse, mãe. Ela não saiu daqui até agora!" Se movendo entre sua mãe e sua filha.
Lavínia: "Perfeito... 12 anos e não mudou nada, não é mesmo!?" Olhando, com raiva.
Lania: "E a senhora não mudou nada, também! Nunca acreditou em mim!"
Lavínia: "Hmpf... Você só fazia burradas! Como eu poderia acreditar antes e, como posso acreditar agora, se eu estou DIZENDO, que eu vi. Está duvidando do que eu falo!?"
Lania e Lavínia continuaram a discutir. Laura permaneceu olhando as duas, preocupada e, com seus pensamentos voltados para a sua mãe. 'Mamãe...' pensando. "... mamãe... Vovó, Vovó está deixando a mamãe zangada!" Sem perceber, seu corpo começou a exibir sinais de leves tremores e, em instantes, um vento, a princípio, leve, começou a levantar algumas folhas, que estavam caídas no chão, mas logo este vento veio com tal violência, que tirou as duas da discussão.
Lania não percebera, porém, que o vento sequer a tocava, mas praticamente empurrava para trás sua mãe e, se não fosse um movimento instintivo de sua filha, Lavínia teria caído para trás, dada a violência e espontaneidade do vento.
Lania segurou a sua mãe. "Você está bem!?" Olhando para todos os lados. "Que vento é esse!?!"
Lavínia tirou do bolso um pequeno terço e fez uma rápida oração. "Isso... isso não é algo normal!" Olhando para todos os lados e parou seus olhos na Laura, que entrava, passo a passo, na casa, se aproximando de sua mãe e sua avó, com os olhos fixos nela.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Um capítulo pequeno... a intenção aqui era mais mostrar o lado de Lavínia. Gosto de pensar nela como aqueles tipos de mães que, gostam de ser rígidas e não aceitam certas modernidades, mas no fundo, gosta e se preocupa com a filha, mesmo sendo um tanto... cruel com as palavras.
Outro ponto é a Laura... cada vez que eu escrevo esta história, gosto de ver como ela adora a sua mãe de tal forma, que é capaz de tudo para vê-la sempre feliz.