A Luz Por Trás Das Sombras escrita por Mago Merlin


Capítulo 4
Um Espião




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Capítulo 4 – Um Espião.

- Gina. – Chamou ele, sem resposta.

Harry começou a pensar no que poderia ter acontecido com a ruiva. Com certeza ninguém a pegou, existem vários feitiços que impedem qualquer um de entrar ali. Não existia nada perigoso na sala, pelo menos não no alcance dela.  Será que ela ficou com medo dele?

Ele abriu a porta e viu a ruiva parada no meio de sua sala de treinamento. Ela olhava para tudo maravilhada.

- Nunca mais faça isso. – disse ele chamando a atenção dela. – Eu pensei cada absurdo quando você não retornou ao quarto.

- Desculpa. – disse ela sem olhar pra ele. – E que fiquei maravilhada com esse lugar. O que é isso tudo?

- Minha prisão. – disse ele. – Você não é a única prisioneira aqui.

- Não entendi. – disse ela.

- Voldemort precisava que eu ficasse ao lado dele, fosse treinado e aprendesse tudo o que deveria saber. Então ele permitiu que eu usasse o quarto ao lado do meu, como sala de treinamento. Aos pouco fui transformando no que você vê aqui.

As paredes pareciam ser feitas de pedra, assemelhando às salas de Hogwarts. Num canto havia uma estante de livros maior que a do quarto. Perto uma bancada para preparo de poções, junto com os utensílios necessários para isso. Do outro lado havia alguns bonecos, que provavelmente eram usados para treinos, alguns com pedaços destruídos. Um grande saco vermelho estava preso no teto perto de algumas maquinas que Gina não conseguiu identificar, mas que ela desconfiava que já tivesse visto em alguma revista de seu pai.

- E aqui que eu estudo magia, treino meus feitiços e me fortaleço. – disse ele. – Como já disse, os comensais não gostam de mim, então tenho que fazer as coisas separadamente. Algumas vezes pego um desavisado que passa na porta para um duelo. Treinar com bonecos que fazem somente o que eu mando não dá certo. Dobby não gosta de enfeitiçar os bonecos.

- Mas você disse que ele te ensinou muita coisa. – ela falou se lembrando da conversa entre eles no dia anterior.

- Sim, ele me ensinou alguns feitiços, mas não necessariamente o que eu precisava saber para ser realmente um bruxo, somente seu servo. Voldemort me quer dependente dele. Eu praticamente sou autodidata no resto. Sempre que posso busco livros para me orientar, e tenho uma grande facilidade de aprender e criar feitiços. Basta que me fale os efeitos que queira e eu faço.

- Como? Nunca soube de ninguém assim, até mesmo Dumbledore segue o padrão.

- Eu não sou padrão. – disse Harry. – Nem uma varinha eu tenho.

- Não tem varinha? E como você faz magia? – perguntou ela assustada.

- Da mesma maneira que você fazia antes de ter uma varinha. – disse ele. – Seria meio estranho comensais da morte me levarem para comprar uma varinha com três anos, certo? Bom, eu apenas aprendi a usar aquilo que muitos chamam de magia acidental, ou não intencional. Aquele que quando pequenos fazemos sem saber como. Ou quando temos alguma emoção muito forte.

- Eu não vi você fazendo nenhum feitiço sobre aquele comensal. - disse ela, tentando se lembrar.

- Isso porque a maioria dos meus feitiços, em especial os que eu criei, não possuem aquele raio de magia. Simplesmente agem no que quero. – disse ele apontando para dois bonecos que começaram a dançar. – Aqueles que aprendo com raio, normalmente tem raio. Mas você mesma pode fazer feitiços desta maneira. Acho que o Accio é um exemplo. E como não tenho varinha, não tenho costume de mirar com o braço ou algo assim. Basta saber o que quero acertar. Inclusive posso enfeitiçar qualquer comensal que eu saiba que está na mansão.

- Você realmente é muito poderoso. – disse ela admirada.

- Nem tanto assim. – disse ele encabulado. – Qualquer um pode fazer isso, se souber como fazer. Os bruxos atuais usam varinhas para facilitar, e canalizar a magia. Mas nem sempre foi assim. As varinhas eram raras e caras, muitos tinham que desenvolver a sua própria, ou aprender a usar outros métodos, entre eles, magia sem canalizador. Temos grandes exemplos aqui. Slytherin e Hufflepuff tinham suas próprias varinhas, feitas por eles. Gryffindor usava sua espada, técnica perdida ao longo dos anos. Enquanto Ravenclaw não usava nada.

Ele retirou um livro do estante e entregou para ele, que bufou.

- O que foi? – perguntou ele.

- Esse é um dos livros preferidos da namorada do meu irmão, Mione. Ela adora citar Hogwarts: Uma historia. Deve ser um dos motivos que ela foi parar na Corvinal.

- Ela não deveria acreditar tanto assim nele. - disse o menino. – Como foi escrito bem depois da construção do castelo, o autor não conhece bem os segredos do castelo. E claro ignora alguns fatos e detalhes importantes. Não menciona as saídas secretas para fora do castelo, acho que por questão de segurança, mas também não fala dos elfos.

- Ela quase queimou o livro quando descobriu que tinha elfos no castelo, e ele não citava isso. – disse a ruiva, se lembrando da cena do seu terceiro ano, quando a moreno descobriu esse fato. – Rony demorou quatro meses para convencê-la que lá eles não eram maltratados.

- Ela é de família trouxa. – afirmou ele.

- Algum problema com isso? – perguntou ela com as mãos na cintura.

- Nenhum. – disse ele a levando de volta para o quarto. – Ela deve ser um exemplo que a origem da pessoa não tem nada haver com o poder dela.

- Sim, ela é a melhor aluna do ano dela, e se deixar de toda a escola.

- É a Granger? – perguntou o moreno, e ela respondeu com a cabeça. – Malfoy a odeia. Acho que mais que a você. Malfoy pai sempre o pune por ser superado por uma, segundo as palavras dele, sangue-ruim. Ele devia saber que o idiota não é melhor nem que os capangas dele.

- Rony me disse que é engraçado ver a reação dos professores elogiando a menina e não ligando para a doninha. - Disse ela rindo, mas ficando séria. – Por falar nestes exemplos do que não ser bruxo. Fui interrompida em uma pergunta. Como você vai acabar com Voldemort.

Harry teve que reconhecer que ela era corajosa e já estava falando o nome dele. Por isso decidiu contar, pelo menos a parte que não a colocaria em perigo.

- Eu sei vários segredos de Voldemort. Inclusive que ele é mestiço e seu verdadeiro nome é Tom Riddle, coisa que somente os mais antigos comensais sabem, ou sabiam, já que eles estão quase todos mortos ou loucos.

- Eu já vi esse nome em algum lugar. – disse ela.

- Provavelmente em Hogwarts mesmo. Ele estudou lá. – disse ele. – Deixa isso para lá. Mas o que importa é que Voldemort arrumou um jeito de ficar imortal. Só estou aqui para descobrir como reverter isso. Só falta um pedaço.

- Ele não pode simplesmente dizer isso para você, assim sem mais nem menos.

- Ele seria tolo se fizesse. – disse Harry apreciando o pensamento lógico dela. – Muitos comensais têm ambição o suficiente para tentar derrubar o chefão, e tomar seu lugar. Outros poderiam seguir seus passos e com o tempo se tornar um rival. E ele perderia um fator que mantém os seus servos sobre controle, o Medo.

- Então... – disse ela o fazendo acelerar suas explicações.

- Essa cicatriz na minha testa não é uma cicatriz normal. Não sei como eu a ganhei, mas sei que foi quando ele decidiu que eu seria seu guerreiro. Ela acabou criando uma ligação entre a minha mente e a dele. Assim eu tenho acesso à mente dele, sei seus planos, pensamentos e segredos, Mas isso tem consequências, como você viu ontem. Quando ele tem um sentimento muito forte, alegria, raiva, qualquer um mesmo, eu sinto na minha cicatriz.

Gina se aproximou dele e passou um dedo sobre a cicatriz.

- Ela está doendo agora? – disse ela olhando para os olhos verdes cada vez mais próximos.

- Não, ele está calmo. Planejando seus próximos passos. – disse ele.

Quando praticamente não existia distancia entre eles, um som de aparatação foi ouvido forçando os dois a se separar.

- Agora ele atrapalhou. – resmungou Harry ao perceber que era Dobby.

- Dobby fez a comida do Mestre e de sua menina. – disse o elfo sem perceber o que tinha atrapalhado.

- Obrigado, Dobby. – disse ele de forma cortês. Não era culpa do elfo, e ele teria muito tempo para continuar com aquilo depois.

-Dobby feliz em servir o Mestre. – disse ele.

- Antes de ir, quero que você compre mais um daquele que eu pedi ontem. – disse Harry.

- Sim, mestre. – disse Dobby antes de sumir.

Gina queria perguntar, mas achou melhor não. Se fosse para saber ele contava.

- Por que você me escondeu quando Malfoy apareceu? – perguntou ela depois de se servir.

- Ele queria saber quem era você. – disse ele e percebendo que ela não entendeu completou. – Eu não disse seu nome quando me perguntaram. Deixei a entender que te torturava e não precisava saber seu nome. Claro que ele queria ver isso com seus próprios olhos, mas não conseguiu. Mas isso é questão de tempo, algum espião vai contar para Voldemort.

- Espião. Sempre tem algum no meio. – disse ela balançando a cabeça.

- Sim, de ambos os lados. Voldemort tem vários no ministério, incluindo Malfoy. E tem um perto de Dumbledore. Sei de três do ministério aqui dentro, e um da Ordem.

- Ordem?

- Sim, Ordem da Fênix. Uma organização não tão secreta que combate Voldemort, regida por Dumbledore. Ela é considerada secreta, porque nem o ministro sabe, nem a população em geral.

- Você sabe quem faz parte dela? – perguntou a menina interessada.

- Quase todos os professores de Hogwarts, vários aurores, entre eles, os Potter, o Black, o Moody, a sobrinha da Bella, acho que se chama Tonks. Tem os irmãos Prewett.

- Meus tios? – perguntou ela assustada.

- Acho que se chamam Fabian e Gideon. – disse ele.

- Sim são eles. – disse ela com pesar. – Mas é muito perigoso.

- É perigoso para qualquer um que não siga as ideias mirabolantes de Voldemort, e até mesmo para esses.

- Mamãe deve sofrer muito com isso. - Disse ela.

- Isso por que ela não deve saber que seus irmãos estão dentro também. Sei de quatro deles.

- Oh. – disse ela preocupada.

- Não se preocupe. O comensal que tinha essa informação se envolveu com um dementador e não contou nada pra mais ninguém.

- Como você sabe disso?

- Eu posso ter convocado o dementador depois que li a informação na mente dele, assim que ele chegou na mansão. O idiota veio direto a mim para me falar que tinha informações que me tirariam do posto de querido de Voldemort. Eu odeio esse título. Eu sou o único que sabe. Dumbledore blinda algumas informações até mesmo dentro da Ordem. Assim como faz Voldemort. Dois idiotas.

Tiago se encaminhava para o escritório de Dumbledore, intrigado pela convocação, que dizia para ele vir sozinho.

Estranhou mesmo quando viu o diretor parado em frente à gárgula que leva a sua sala.

- Agradeço que tenho vindo imediatamente. – disse Dumbledore. – O assunto que tenho para tratar com você é bastante delicado.

Eles chegaram à sala antes que o ancião pudesse pedir para o maroto se controlar.

Já havia alguém esperando.

-VOCÊ – rugiu Tiago, partindo para cima da pessoa, acertando um soco lançando o homem sobre a escrivaninha do diretor.

Enquanto o moreno dava a volta na mesa para terminar com a existência do ser, sentiu um feitiço o acertando, mas os efeitos não se apresentaram, qualquer que fosse o feitiço. Depois sentiu uma barreira se formar na sua frente.

- Tire isso daqui Dumbledore. – exigiu o auror.

- Tenha calma, Tiago. – disse o diretor. – Ele está do nosso lado.

- Esse é o maldito comensal que invadiu a minha casa, atacou a Lily e raptou o meu filho. – disse ele cuspindo.

- Ainda não sei como a Lílian foi te escolher. – disse Snape se levantando, depois de ter curado a sua mandíbula, que foi quebrada pelo soco.

- Por que eu não sou o idiota que dizia ama-la, mas se aliou ao idiota que a queria morta. – disse Tiago, quase quebrando a barreira que o separava do sonserino.

- Eu peço que vocês deixem de lado essa rivalidade por alguns minutos. – disse o diretor, visivelmente cansado por manter uma barreira tão forte.

- Se você está me pedindo para levar esse verme para Azkaban vivo, eu deixo. – disse Tiago.

- Ele está agindo por minhas ordens. – disse o diretor, que nem viu o feitiço chegando.

- Quer dizer que eu quase perdi a minha esposa, depois que esse desgraçado arrancou o Harry de seus braços por sua causa. – disse Tiago.

- Não é bem assim. – disse Alvo se levantando depois de bater contra a parede. – Severo só está espiando para mim nos últimos cinco anos.

Tiago ainda estava em posição de ataque.

- Vamos nos sentar e eu explicarei tudo. – disse o diretor.

Tiago sacou a varinha, pegou uma cadeira e se sentou afastado dos dois, de forma a ficar de frente para ambos.

- Pode começar. – disse Tiago. – Se não me convencer você terá um espião a menos.

- Não estamos aqui para julgar os atos do Severo. – disse o diretor. – Depois que a guerra acabar teremos tempo para isso. Há algum tempo tenho pensado em ter um espião no meio dos comensais, queria pegar alguém que até então estava neutro e colocar lá dentro, mas não encontrei nenhum candidato. Até que Severo veio até mim e demonstrou que queria mudar.

Tiago bufou, mas nada falou.

- Eu acreditei em suas razões, Tiago. E desde então ele tem me dado informações. Identidades de Comensais, planos, e outras coisas. E um destes planos, seria uma invasão do castelo, apesar ainda não ter descoberto como ia acontecer, e a minha morte. Por isso, te chamei aqui. Para que você saiba sobre Severo. Ele poderá nos passar algumas informações.

- Por que nunca soubemos que havia um espião?

- O Lorde das Trevas tem um espião na Ordem. – disse Snape.

- E não é o Severo. – disse o diretor. – Ele não sabe nada sobre a ordem, que não seja de conhecimento de todos. Eu mesmo guardo algumas informações de todos. Alguns membros, e planos também.

- Por que não pode ser eu? – perguntou Tiago.

- Você é um maldito grifinório, até o ultimo fio desses ridículos cabelos desarrumados. – disse Snape. – E sua reação indica isso. Além do que, a forma como você atacou os comensais que estavam comigo na invasão da sua casa não podia ser atuação.

- Não quero colocar ninguém em suspeita, mas alguns nomes já foram descartados. – disse o diretor.

Tiago estava imaginando quem poderia ser, mas sem conseguir achar uma pessoa que se enquadrasse totalmente no papel.

- Tem alguma informação sobre o sequestro da Srta Weasley? – perguntou Dumbledore para o comensal.

- Então foi a caçula dos ruivos. – disse Snape, mas para ele que para os dois. – Um comensal resolveu que queria um prêmio pelo ataque e a levou com ele. Contrariando ordens. Foi punido com a morte, já que isso levou ao fechamento da escola. A única coisa que sei que o Anjo do Caos proclamou sua a menina. Pelos comentários ele nem mesmo perguntou o nome dela.

- Alguma informação sobre esse comensal? – pediu Dumbledore.

- Ele não é um comensal. Pelo menos não segue a definição normal dos comensais. – disse Snape.

- Como assim? – perguntou Tiago.

- Voldemort não o marcou. – disse Snape colocando a mão no braço esquerdo. – Não que não tenha tentado, mas a marca negra não fica no seu braço. Muitos dizem que ele não é humano, em todos os sentidos da expressão. A Cruciatus não faz efeito nele, e é conhecido por não ter piedade, nem emoção. Não polpa aliado, inimigo. Pode ser bruxo ou trouxa. Um comensal enlouqueceu depois de ver uma sessão de tortura dele. Mas...

- Mas, o que Severo? – perguntou Dumbledore.

- Mas tem algo estranho nele. Ninguém nunca viu seu rosto, apenas Lucio Malfoy e Bellatrix Lestrage. Ele tem entre 15 e 20 anos, e foi treinado por estes dois e Voldemort pessoalmente. Nenhum comensal gosta dele, por diversos motivos, e o principal e que ele é extremamente poderoso e conta com o apoio irrestrito de Voldemort, que não questiona seus motivos. Se ele diz que alguém é um traidor ou espião. É um comensal morto. Porém são poucos os que alguém tinha alguma suspeita. E acredito que ele sabe de um dos espiões do ministério, mas não fez nada ainda.

- Quanto tempo faz que ele apareceu? – perguntou Tiago curioso.

- Tem cinco anos, mas rumores de que alguém era treinado por Voldemort para ser seu número um tem quase dez. – disse Snape.

- Como ele é? – perguntou mais uma vez Tiago, recebendo um olhar interrogativo de Dumbledore.

- Ele sempre usa uma máscara dourada, então não é possível ter nenhuma referencia a isso. Tem cabelos negros, longos, até metade das costas. É magro, poderia passar por um jogador de quadribol, em qualquer posição. Poderia dizer que ele é uma mistura do seu porte físico e do Black quando estávamos terminando a escola e vocês viviam se exibindo por ai. E claro, suas asas, que o denominam. Nada mais que o identifique. Há boatos de uma tatuagem nas costas, mas Bellatrix disse que nunca viu.

- Ele poderia passar ao nosso lado numa rua, e ninguém saberia? – perguntou o auror.

- Sim, bem possível. Ninguém sabe o que ele faz quando não está treinando com Voldemort ou em missão.

- Tudo o que temos então é que ele é ambíguo como o seu nome. – disse Dumbledore.

Tiago saiu da sala depois disso. Precisava pensar. Sem antes lançar uma azaração em Snape.

- Pelos velhos tempos. Depois disso acertamos as coisas. – disse ele.


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