I Make Plans To Break Plans escrita por frederiica


Capítulo 4
Capítulo 1 - parte 3




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OoOoO [n/a: passagem de tempo]

Tomei um banho e tirei aquelas roupas frias em que me encontrava, indo me sentar em um sofá aconchegante próximo a uma pequena sacada, onde eu observava a linda paisagem lá fora, desfrutando de um lar quente que era devido à calefação existente no apartamento. Eu havia feito um chocolate quente e tomava lentamente, assoprando às vezes por estar muito quente. Aquilo caia dentro do meu corpo aquecendo por completo, assim como fez hoje à tarde com aquele chá.

Ao lembrar do chá, vieram de imediato à cabeça as feições do garoto branco arrogante. Lembrava de seu ‘sobretudo’ com golas altas, seu piercing extremamente marcante na boca, me sentindo um pouco incomodado por lembrar dele com tanto carinho. Por ter me tratado de uma forma excepcionalmente mal, como não haviam feito ainda, ficou marcado na memória aqueles momentos. Ao lembrar de sua cara de desapontado por não ter conseguido me responder, sorri mexendo a cabeça negativamente e soltando minha caneca de leite na mesinha em frente ao sofá.

Sem motivo notável, olhei em direção a um baú muito velho que havia ao lado da estante da televisão. Lembrei ser da casa da minha mãe, o que me trazia certo conforto e aconchego, lembrando assim da infância linda que tive ao seu lado. Levantei calmamente e me ajoelhei em frente ao baú. Abri, sentindo uma leve poeira subir e irritar meu nariz. Coloquei minhas mãos dentro, percebendo alguns ursinhos rasgados, mas eu lembrava ter tido muita importância na minha infância, afinal, havia sido eu que os tinha feito.

Olhei um livro grande e sorri largo, percebendo ser meu álbum de fotografias de criança. Tirei de lá, passando minha mão por cima e assoprando pra tirar a sujeira que se acumulava em cima. Puni-me mentalmente por nunca ter aberto aquele baú antes. Sentei no sofá novamente e abri a capa que rangeu um pouco. Vários fotos de mim pequeno, feliz ao lado de minha família, irmãos, todos juntos, aparentemente felizes. Poxa vida, que vontade de voltar no tempo.

Via minhas poses infantis, meus sorrisos verdadeiros, coisa que não sentia muito tempo. Meus olhos marejavam a cada pagina que eu descobria, mas eu teimava em deixá-las cair, mostrando realmente a maneira fria como eu costumo ser. Parei em uma página onde só uma foto grande jazia. A família inteira estava ali e pelos presentes e roupa peculiar que todos usavam, devia ser natal. Procurei por todas as feições conhecidas murmurando baixinho o nome de primos e tios que não via há muito tempo.

Fiquei a me procurar pequeno, parado ao lado minha mãe no canto da foto, que ao fundo mostrava o jardim da frente da casa e o portão de ferros finos que dava para observar a calçada e uma árvore antiga no canto. Eu observava o fundo da foto, que me mostrava todos os detalhes daquele lugar, quando meu queixo caiu, a foto caiu no chão, meus olhos se arregalaram, meu coração palpitou de uma maneira que nunca havia feito antes, levei a mão a cabeça, levantei angustiado, andando de um lado para o outro não entendendo o que aquilo significava. Parei respirando fundo, pondo minha mão no peito e me ajoelhando. Peguei a foto que estava com a parte branca para cima e com medo nos olhos, me pus a observar a figura existente atrás da foto. Era ele, o garoto branco, do chá de hoje à tarde.

Como era possível? Minhas pernas tremiam ainda de joelhos no chão, meu estomago havia embrulhado e eu não entendia nada daquilo. Como ele poderia estar em frente a minha casa de criança, e ainda por cima com o mesmo rosto, a mesma altura, a mesma idade. Eu não entendia nada, aquilo não poderia ser possível. Encostei as costas no sofá e puxei meus joelhos junto ao corpo. Olhei para minhas mãos tão pálidas quanto eu. Elas tremiam, tremiam como nunca, nem o frio fazia aquilo. Meu coração estava apertado, o que aquilo significava? O que ele queria me seguindo desde criança? Como poderia ser ele com a mesma idade? Dúvidas e mais dúvidas assolavam minha cabeça.

Mas ao mesmo tempo, eu não entendia porque aquilo me incomodava tanto, afinal, era algo anormal, mas mesmo que não fosse talvez eu não devesse ligar. Não sei, não sei. Levantei-me do chão ainda sentindo minhas pernas tremerem e minha face gélida, andei em direção ao meu quarto, entrei sentei sobre a cama e olhei pela janela. Eu precisava esquecer, provavelmente séria só mais algo estranho que minha mente conturbada havia me proporcionado. É, era só isso. Era apenas o que eu esperava.

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