Dois Mundos: Entre A Magia E O Poder. escrita por Tye


Capítulo 3
Acampamento Meio-sangue


Notas iniciais do capítulo

Gente, finalmente o proximo cap. kkkkk, sinto muito, é tudo culpa da escola u-u obrigada pelos reviews, espero que gostem :D



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Pegamos a chave-do-portal próximo ao limite de Londres, deixando o carro estacionado ali. Senti um forte puxão e de repente eu e minha mãe estávamos sob uma árvore, proxima a uma colina. Olhei em volta tentando me situar. Isso definitivamente não pode ser a Inglaterra. Olhei para minha mãe, apreensiva.

Long Island. disse ela. E essa, é a colina meio-sangue. Vamos, acho que sabem que você vem.

Contrai as sobrancelhas, mas não disse nada. Chegamos ao pé da tal colina, e algo atraiu minha atenção. No topo, havia uma árvore majestosa, com uma espécie de tapete radiante pendurado em um dos galhos. Tive a impressão que aquilo era pele de algum animal, e se realmente o fosse, ele deveria ser impressionante. Mas o que me impressionou mesmo foi o que se encontrava debaixo da árvore, como que guardando-a. Parecia um... dragãozinho. Era pequeno e gordo demais para um dragão e parecia mal-humorado. Reprimi um riso, sendo imediatamente censurada por minha mãe.

Qual é o problema, Elyssa? - perguntou ela, seca.

Bem, é que... ora mãe, devíamos ter trazido um dragão de verdade para eles, não é? dei risada, minha mãe olhou o dragão e fez uma cara, mas continuou subindo, até estarmos proximas a árvore. Minha mãe parou brusca e subitamente, abraçou-me e disse:

Agora é com você Lyss. Não posso passar, eu... não sou como você.

Uma onda de raiva me invadiu. Além de todo o absurdo da situação, ela ainda ia me largar ali daquela maneira? "Não sou como você". Bufei. Era ridículo que eu não soubesse o que eu era. Pior ainda viver a vida toda no afundada em mentiras e segredos até o pescoço.

Não me olhe assim. Sabe que quero o seu bem. Seja discreta, okay? São pessoas diferentes, mas ainda assim são trouxas... Tenha um bom verão querida. Abri minha boca em um perfeito O. Trouxas? Ela está me jogando em um acampamento de trouxas especiais? Lindo. Segui em frente meio inconsciente, dando as costa para minha mãe. Nem sequer a vi indo embora, mesmo sabendo que me arrependeria.

Quando me dei conta estava lá, dentro do "acampamento". Meia dúzia de adolescentes se aproximaram de mim, me fitando de olhos arregalados. Ignorei, meio fora de mim.

Olhei em volta e vi que tudo era realmente bonito. Haviam campos, um lago, quadras, um pavilhão e uma casa. E, então, vi o mais impressionante grupo de construções. Eram chalés e devia haver uns vinte, talvez mais. Não havia sequer um igual ao outro e cada um era impressionante a sua maneira.

Quem é você e o que faz aqui? uma garota despertou-me. Me dei conta de que todos ainda me olhavam, e mais garotos e garotas haviam chegado. Todos usavam camiseta laranja, com os dizeres Acampamento Meio-sangue . A garota que tinha falado me olhava arrogantemente, esperando resposta. Ela tinha os olhos puxados e o cabelo preto, a maquiagem perfeita. Era muito bonita.

Sou Elyssa e...

Como é que chegou aqui? interrompeu a menina. É uma semideusa? Meus deuses, vai chover gente aqui nessa semana?

Semideusa? Como posso falar pra esses estranhos o que estou fazendo aqui, se nem eu mesma sei?

Drew, o que está acontecendo aqui? um centauro chegou, carregando um arco, uma aljava com flechas, e uma expressão cansada. Isso mesmo, um centauro. Por que diabos? Oh. ele disse. Elyssa, certo? Fui informado de sua vinda. Vamos, me acompanhe.

Olhei de relance para todos os estupefatos adolescentes. Eles não pareciam crer que eu estava ali. Respirei fundo e segui em frente, atrás do centauro. Ele dispersou o grupo de curiosos, mandando-os cuidaram de sei lá que tarefas e me conduziu até a casa maior, na parte mais alta da propriedade.

Pelo caminho, avistei mais adolescentes, e, para minha surpresa, algumas outras criaturas. O centauro me indicou uma cadeira, já no interior da casa, onde sentei-me, calada.

Não achei uma boa hora para perguntas, apesar de estar cheia delas. Foi ele quem começou a falar.

Seja bem vinda ao Acampamento Meio-sangue, criança. Apesar de tudo, você deve estar cheia de dúvidas... Quer dizer alguma coisa antes de eu tomar a frente? Sou Quíron.

Antes de mais nada... O que é esse Acampamento, e por que minha mãe me despejou aqui? - tentei não soar tão revoltada quanto eu me sentia.

Esse é um acampamento para semideuses, Elyssa. Gente como você. O único lugar seguro para vocês, na verdade.

Semideuses...?

Quíron suspirou.

Essa é de longe a parte mais dificil. Semideuses. A própria palavra já diz. São filhos ou filhas de um mortal, com um deus. Creio que estudou mitologia grega em Hogwarts, certo? Digo, nunca estive lá...

Espera. interrompi. Como é que sabe sobre Hogwarts?

Minha cara, eu sou um centauro. rebateu ele como se fosse óbvio.

Um centauro que cuida de crianças. - apontei, debochando inconscientemente dele. - Que fala sobre deuses e semideuses e, oh... Oh. Pausa. Se eu sou uma semideusa, significa que meu pai...

Seu pai é um deus. E quanto ao assunto dos centauros, basta dizer que os pôneis de festa não são tão tradicionais quanto os britânicos. Não temos esse tipo de preconceito quanto a humanos. - por Merlin, ele parecia ter achado meu comentário divertido e não ofensivo. Anotei mentalmente que deveria refletir mais antes de falar as coisas por ali.

Ora, mas a situação não é mais essa... - falei, cautelosamente. - Depois da Batalha de Hogwarts uma relação de, no mínimo, muito respeito tomou conta de toda a comunidade. Centauros e humanos já não tem mais tantos problemas assim...

Ah, sim? Isso é bastante interessante... Mas creio que temos coisas mais importantes a discutir. Já que aceitou bem o fato de seu pai ser um olimpiano creio que...

Posso...?

Claro que sim Elyssa.

Meu pai é um deus, certo? Não sei quase nada sobre isso. Minha mãe me enchia com essas historias, agora entendi o porque. Mas, qual deles é o meu pai?

Bem... Em breve você será reclamada, tudo ficará claro.

Reclamada...? Mas, você sabe, certo?

Elyssa, você é uma bruxa semideusa. Todos os olimpianos e todos que tem alguma voz para com os deuses, sabem sobre você. Mas prefiro que deixemos para depois. Quem sabe hoje de noite, na fogueira...

É normal a chegada de semideuses novos por aqui? perguntei.

Extremamente normal nesses últimos meses. Quando tiver se instalado, algum campista prestativo poderá lhe contar sobre a Batalha de Manhattan e todas as mudanças que vieram com ela.

Certo. Mas... Se é normal que novas pessoas cheguem, por que todos lá fora me olhavam de maneira tão estranha?

Porque semideuses geralmente chegam aqui com um sátiro. Ou chegam em meio a confusão e desastre. Não é comum um de vocês chegar aqui andando, como se tivesse vindo dar um passeio.

E aquela garota, Drew, eu acho. Disse que nessa semana...

Você não é a primeira recém-chegada dessa semana. Três semideuses extremamente poderosos estiveram aqui antes de ontem. Agora estão em missão. E, então, você chega. Confesso que me sinto um pouco preocupado com o que está por vir.

Senti calafrios com seu tom de voz. De todas as palavras que ouvia, pelo menos metade me geravam monólogos mentais malucos. Eu tentava soar calma, nenhum pouco assustada, ou surpresa. Mas, na verdade, mal conseguia processar o que estava acontecendo, e também não sabia se acreditava.

Bem, não vamos nos preocupar com coisas desse tipo agora, certo? Vou pedir a alguém que lhe mostre o acampamento.

Quíron fez sinal para que eu me levantasse e, tão bruscamente como havia começado, nossa conversa terminou.

Só mais uma coisa... - chamou o centauro quando eu já estava saindo. - Eles são semideuses, mas nem sonham com um mundo de feitiços e magia do seu tipo. Sem contar, que o mundo deles já é bastante complicado, não queremos piorar nada. Tenha cuidado com o que diz, Elyssa. Seus pertences foram levados para cima, já que não é confiavel deixar coisas como as suas nas mãos dos filhos de Hermes.

Assenti e me dirigi para a varanda, meio desorientada. Semideusa. Interessantíssimo. Meu pai não era só um babaca, mas sim um babaca de dois mil anos. Ri sozinha, imaginando como seria se, de repente, me dissessem que tudo aquilo se tratava de uma pegadinha ridícula.

Só depois de alguns segundos me dei conta de que havia um garoto me esperando. Ele usava shorts jeans e a camiseta laranja. Tinha os cabelos pretos jogados levemente para o lado e olhos de um azul quase violeta que pareciam mudar de cor conforme a variação da luz. Azul, preto, cinza, azul novamente. Ele segurava uma espada de maneira displicente, com uma das mãos. Ao visualizar a arma, tive maior consciência da minha varinha firmemente escondida debaixo de minha roupa, fazendo pressão na minha coxa esquerda.

Oi. ele saudou, sorrindo de canto. - Sou Caio... Acho que vou te mostrar o Acampamento.

Muito prazer, Caio. Sou Elyssa. Mas Lyss já está bom. - rebati, também mostrando um sorriso.

Caio começou a caminhar e eu segui em seus calcanhares. Ele desempenhava seu papel de guia maravilhosamente bem, me apresentando cada cantinho em detalhes e me explicando o que eu não sabia com notável paciência.

Ah, aquelas são as náiades. ele apontou para um grupo de garotas que brincavam no rio. Então, percebi que, algumas delas, vez ou outra, se juntavam ao próprio rio. Pisquei, meio abobada.

Também achei elas muito impressionantes quando as vi pela primeira vez. comentou Caio rindo da minha expressão abismada. Lembro que elas foram um incentivo a mais para eu querer ser filho de Poseidon, quando cheguei aqui.

Ah, então você é filho dele? tentei parecer animada, mas algo na expressão do garoto já me informava ter feito a pergunta errada.

Na verdade, não. Quando cheguei aqui ano passado conheci um cara muito legal... Para ser sincero, eu meio que idolatrava ele. Percy Jackson. Ele, sim, é filho de Poseidon. Sou filho de Hécate, deusa da magia. ao chegar na última parte, a expressão de Caio passou de admiração a embaraço. Eu não conseguia imaginar o porque, e com certeza devia ter me mantido calado, ou mudado de assunto. Mas é claro que não o fiz.

Uau. Isso parece muito legal! Vocês, filhos de Hécate, tem magia? eu ansiava por alguém com aquele fator comum comigo ali. E Caio era bem legal, não seria nada mal.

Bem... Sim, de certa forma. Alguns fazem coisas mais impressionantes do que outros... Existem aqueles que, de acordo com as histórias, foram grandes feiticeiros e coisas do gênero. Mas, a maioria de nós só tem umas experiências esquisitas com o que chamam de sexto sentido. Não sei dizer ao certo...

Ainda assim, Hécate parece incrível. Como ela é?

Por alguma razão, Caio se encolheu todo. Trocou sua expressão bem-humorada por um semblante carregado, parecendo pensar no que deveria me falar.

Er... Eu não a conheço. Nunca a vi. E, olha Lyss, não queria ser a pessoa a te dizer isso... Mas é assim para maioria das pessoas aqui. Nossos grandiosos pais não dão a mínima pra gente.

Senti meu estômago afundar. Eu já sabia daquilo, no final das contas. Quer dizer, alguma vez eu tinha tido notícia do meu pai? É claro que não. Em quinze anos, ele só me deu silêncio e uma vida fadada ao isolamento.

Mas, relaxa. Você não deve ser filha dela. disse Caio finalmente. Quer dizer, pelos deuses, não podemos ser irmãos! Eu ficaria extremamente desapontado.

Fitei seu rosto, tentando decifrar seus pensamentos. Vi que ele sorria de um jeito levemente malicioso e gargalhei, levando na brincadeira, feliz pelo clima pesado ter sido quebrado.

Eu aposto em Afrodite. disse ele, fingindo analisar minhas feições. Você sabe, né? Deusa da Beleza e tudo o mais.

Corei levemente. O ar descontraído de Caio ao dizer coisas daquele tipo e a desenvoltura de seus movimentos me deixavam meio tonta.

Não sou filha de Afrodite. respondi obstinadamente.

É, realmente... Você fala com uma filha de Atena. ele sorriu de levinho. Quando me vi, estava sorrindo feito idiota também. Caio era uma pessoa contagiante demais. Me repreendi mentalmente por estar tão aberta. Ele continuou Apesar que aquela garota nova, Piper, que chegou essa semana, também era bastante inteligente... Enfim, quero dizer que às vezes as aparências enganam. Ou que não somos definidos por nossos pais...

Não sabia bem o que responder, já que não fazia ideia de quem era Piper e pouco me contentava ser comparada a ela. Tentei organizar meus pensamentos.

Também não sou de Atena. disse Digo, eu tenho uma mãe. ele me olhou divertido. Quero dizer, uma mãe mortal, que mora comigo. Meu pai é que deve ser um... deus.

Ah sim, entendi. Então... Bem, então meus palpites se foram. Vamos torcer para que a fogueira hoje nos traga alguma coisa.

Andamos em silêncio por mais algum tempo. Até que ele voltou a falar. Acabei descobrindo muito em comum com Caio, talvez pelo fato dele estar próximo a magia, de certa forma.

Nos sentamos em um tronco de árvore, próximo ao lago. O Acampamento era, no fim das contas, um lugar muito legal. Caio me fitava profundamente, como se estivesse esperando eu começar a gritar ou coisa do tipo.

Lyss, não está nem um pouquinho surpresa com tudo isso? No meu primeiro dia, achei que desmaiaria. E foi tudo acontecendo tão depressa... De repente, eu havia sido reclamado. Fiquei verdadeiramente feliz por ser de Hécate, apesar de tudo. Quer dizer, se tinha que ser uma deusa e não um deus, que fosse alguma útil.

Olhei meio curiosa para ele.

Útil?

É, Lyss. Me diga a utilidade de Deméter ou... ele olhou em volta e calou-se. Depois, riu de novo. Estou curioso... Quero saber quem é seu pai.

Assenti, mas sem animação. Faria diferença que é meu pai?

Mas... Uou. Sabia que já estamos andando há duas horas? Você devia ir tomar um banho e se trocar. ele disse amavelmente e oh, não diga sorrindo.

Eu realmente precisava de um banho. Mas, mesmo não querendo admitir, eu queria passar mais tempo com Caio.

Decidi que teria o verão todo ali, então deixei que ele me conduzisse até a Casa Grande, para pegar alguns pertences. E então depois... teria a fogueira.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram?
Geeente, como o Caio é lindo, não? kkkkk quero reviews ok?
Até o próximooooo
Beijosss