Parecia que estava presa em um daqueles pesadelos apavorantes em que você precisa correr o mais rápido que pode, mas não consegue fazer com que seu corpo se mexa com rapidez suficiente.
Minhas pernas tremiam, e eu começava a desabar em meio á floresta novamente, me encolhendo, fechando os olhos, esperando com que a morte chegasse logo, parecia que quanto mais eu lutava para que nada daquilo fosse real, o fim se aproximava de novo.
E conforme a noite caia sobre Mystic Falls, eu pude me lembrar da primeira vez, fechei meus olhos o mais forte que pude e então, todas as lembranças pelas quais eu tentei esquecer, que ele fizera eu esquecer, todos esses meses, me voltaram na cabeça como um filme, e eu pude ver o rosto dele tão claramente, eu podia ver o olhar angustiado e frio, e as palavras, eu me lembrei de cada uma delas.

"
 - Você....não...me..quer? Eu falei as palavras, confusa pela forma como elas soavam colocadas em ordem.
 - Eu quero, só que eu não posso ser o quem você quer que eu seja. Eu olhei dentro dos olhos dele, ele me encarou de volta sem se arrepender.
- Não, você não pode partir dessa forma. Eu pedi enquanto sentia meu coração se despedaçar dentro do peito.
- Bem, as coisas mudam. Eu fiquei surpresa por como a voz dele soava calma e razoável.
 - È claro que eu sempre amarei você de certa forma, mas o que aconteceu nesses últimos dias, me fez perceber que estava na hora de uma mudança, porque estou cansado de fingir ser uma pessoa que eu não sou.... Eu sequer sou humano.. Ele me olhou de volta e as formas geladas do seu rosto eram perfeitamente inumanas.
Eu não conseguia me dar conta do que ele estava dizendo, acho que porque eu estava entorpecida pela dor que explodia dentro do meu peito.
- Eu deixei isso ir longe demais, eu lamento por isso.
- Não lamente.. Minha voz era apenas um sussurro agora, a consciência estava começando a correr como ácido pelas minhas veias.
- Não faça isso... Eu pedi e implorei com todas as forças que ainda me restavam.
Ele só olhou para mim, e pude ver pelos seus olhos que minhas palavras estavam atrasadas demais, ele já havia feito.
Aproximou-se e delicadamente com ternura beijou meus lábios uma última vez...
- Desculpe, você não é boa para mim, Elena. "

Aquelas palavras me mataram, mas a dor que eu sentia agora não era comparada com nenhuma outra que eu houvesse sentido.
Em meio há lágrimas, abri os olhos devagar e reconheci aquele rosto perfeito, era o rosto de Damon, sereno e perfeito como sempre, mas aquilo não podia ser real, não eu estava sonhando, e de repente um turbilhão de vozes invadiu minha cabeça, foi quando aquilo se confirmou, não ele não era real, não dessa vez.
Voltei a fechar os olhos, enquanto ouvia uma voz extremamente familiar chegar perto, e gritando:
- Ela está aqui.. A voz gritou para um grupo de pessoas que se aproximavam em meio a neblina da floresta.
Logo pude reconhecer o dono da voz familiar, era Matt, que agora me carregava em seu colo, escondi o rosto em seu peito, molhando sua camisa de algodão, quando ouvi a voz de Jenna desesperada em meio a soluços.
- Elena você está bem? Ela perguntava
- Hmm... Fora tudo que eu conseguira resmungar.
- Estavamos te procurando desde de ontem á noite. Pude ouvir a voz de Bonnie
A única coisa que eu me lembrava não podia ser verdade, enquanto Matt me carregava em direção ao carro, eu criei forças e perguntei:
- Matt, é verdade, Jeremy está morto?
- Sim Elena, eu sinto muito... Bonnie respondeu em meio as lágrimas.
- O que aconteceu? Eu gaguejei
- Klaus o matou, para atingir você. Bonnie respondeu.
- Mas.. Eu tentava argumentar que tudo aquilo tinha que ser um sonho, mas não conseguia pronunciar nenhuma palavra, apenas voltei a me encolher nos braços de Matt, enquanto Bonnie dirigia, fechei os olhos e adormeci.
Acordei gritando por Jeremy em meu quarto, quando finalmente abri os olhos e me deparei com Bonnie sentada ao meu lado, esperando que eu despertasse.
Reparei no semblante triste dela, e então tive receio de perguntar, mas ela me olhou e disse:
- Não, Elena, não foi um pesadelo.
Me encolhi sob a coberta e tentei por alguns segundos recuperar o ar, que parecia escapar do meu peito, do buraco que havia nele.
- Vamos Elena, tente trocar de roupa, para descermos pro enterro. Bonnie disse enquanto lágrimas corriam por seu rosto.
- Não quero ir. Eu resmunguei
- Elena você tem que aceitar. Bonnie disse tentando me confortar.
- Mas... Eu tentei e cai novamente no choro.
- Vamos reaja... A voz doce de Jenna invadiu o quarto.
- Me deixem sozinha.. Eu pedi me enrolando na coberta e escondendo meu rosto.
Quando todos sairam, me levantei e peguei minha necessarie, caminhei até o banheiro, liguei o chuveiro e desabei dentro da banheira, enquanto eu me lembrava de Jeremy, um rosto familiar me veio a mente também, outro que havia me deixado.