*Lindas, leiam as notas finais, ok? O aviso hoje é importante.

– Olha só, o casalzinho ternura! - a voz de Shay transboardava desdém, e Derek percebeu isso. Sua mão já coçava para fazer algo, e eles estavam apenas nos cumprimentos - Que demora, hein?! Quando você disse que ela não se cansa de você, Derek, pensei que era brincadeira. Quando vi vocês ofegantes saindo daquele mato...

– Muito bem, já chega, Shay. - ele encerrou puxando a cadeira para Jessica sentar-se, ela sorriu com isso - Podemos pedir, ou...

– Claro que podemos, podemos fazer qualquer coisa. - disse fazendo um sinal para um garçom de aproximar, rindo silenciosamente ao ver Derek engolir seco enquanto olhava piedosamente para Jessica.

E ela só estava começando seu showzinho.

– Hm... Comida brasileira, que inusitado! - Jessica exclamou ao ver o prato típico impresso no papel plastificado. Indiretamente, estava fazendo de tudo para que qualquer tipo de assunto fluisse naquela mesa.

– Já namorei uma menina brasileira. - Derek comentou relembrando de seus momentos de adolescente - Camila, se não me engano.

– Foi antes de mim? - Shay perguntou interessada, fazendo o resto da mesa arregalar os olhos. Derek estava em fúria quando assentiu semicerrando os olhos - Hm, me lembro dela. Éramos melhores amigas, não acredita o quão brava ela ficou quando descobriu que consegui você...

– Shay, não acho que deveríamos lembrar do passado, por favor. - pediu ele com a voz falsamente controlada, segurando a mão de Jessica por debaixo da mesa - Já passou, não vejo porque revirarmos tudo.

– Oh, você tem razão! - disse ela num tom falso de desculpas - Devemos pensar no presente. Se me permite dizer, você está ótimo.

Derek arregalou os olhos ao sentir uma perna tocar a sua de repente, não acreditando que Shay estava fazendo aquilo. Olhou para Jessica, que não entendia absolutamente nada. Apenas respirou fundo e recuou sua perna, apertando cada vez mais a mão da amiga, num sinal de desespero.Aquela noite seria longa.

***

Enquanto isso, Chaz estava a beira de um ataque de nervos enquanto tentava deixar Connor, Jazmyn e Julie longe do hotel, como mandado por Jessica e Derek. Ele não fazia ideia de como fazer aquilo, como é que ele os distrairia?

– Chaz, velho, não é por nada não... Mas dá para você parar de me seguir? - Connor pediu incomodado com o amigo, que parecia sua sombra, seguindo-o para todos os lados - Quando eu quiser segurança, eu peço.

– Oh, tudo bem, sem problemas! - disse ele envergonhado recuando um passo - É que eu gosto de sua companhia, sabe?

"É bom que aqueles idiotas me dêem uma boa recompensa, agora o bebezinho acha que eu sou gay!"

– Ahn... Não se preocupe, podemos sair depois. Vou dormir agora. - disse estranhamente se afastando. Logo lembrou - Hey, você viu a Jessica?

Chaz arregalou os olhos enquanto tentava disfarçar, o que intrigou Connor.

– Chaz? Sabe onde Jessica está?

– Ahn... - todo seu vocabulário desapareceu de sua memória - Ela está com as meninas. Julie viu uma aranha no quarto e não consegue ficar mais sozinha.

Chaz acabou se orgulhando de sua resposta, sorrindo confiante para Connor a fim de deixar mais convincente. O menino suspirou e assentiu, indo para seu quarto logo depois. Chaz, mais aliviado por ter se livrado de um, foi atrás de Julie e Jazmyn, que ao contrário do que havia dito, não estavam no quarto.

Na verdade, aquelas pestinhas não estavam em lugar nenhum.

– Ai meu Deus. - murmurou sendo tomado pelo pânico - Tudo bem, eu vou achá-las. E matar Derek logo depois.

Logo depois de concluir seu pensamento, correu porta afora do hotel para procurar as meninas. Enquanto o pânico se espalhava pelo teu corpo, avistou uma menina muito parecida om Jazmyn andando na área das piscinas externas. E estava acompanhada de um menino. Quando teve certeza que era a filha do amigo, só desejou que Jazmyn tivesse pernas boas o bastante para fugir, por que ela precisaria se Derek descobrisse que ela estava saindo com um menino.

Não era brincadeira quando diziam que o homem quase matava um para proteger as filhas.

– Jazmyn, Jazmyn, Jazmyn... - murmurou para si mesmo enquanto se escondia para não ser descoberto - Não brinca mesmo em serviço, minha garota.

Continuou observando-os até ver algo simplesmente chocante. Aquele menino... Realmente queria colocar a porcaria da própria língua na boca de Jazmyn? Não, não, não! Aquilo não podia ser verdade, aquilo não podia estar acontecendo. Logo riu de seu próprio nervoso, ele estava se descabelando por algo que não tentava impedir. Jazmyn que o desculpasse, mas aquilo já era demais.

"Vai ser igual o pai, vai dar trabalho do mesmo jeito.", pensou antes de sair dos arbustos e impedir aquela cena precoce demais. Chaz sabia bem como Derek era no passado, simplesmente não conseguia se controlar quando o assunto era conquistas. E do jeito que as coisas andavam, Jazmyn seguiria o mesmo caminho. Com meninos, lógico.

– Jazmyn! - exclamou assustando-a, segurando o riso ao ver sua expressão - Quem é seu novo amigo?

– Ahn... Esse é o Caleb. - disse tremendo - Caleb, esse é Chaz, melhor amigo do meu pai.

O menino logo arregalou os olhos mediante a descrição de Jazzy. Qualquer coisa que envolvia seu pai precisava ser friamente calculado e cuidadoso. Já tinha ouvido muito sobre Derek, mas é claro que Jazzy "personalizava" as coisas.

– Tem sorte que eu gosto de você, mocinha. - murmurou Chaz no pé do ouvido da garota, que suspirou derrotada - Olhe, Caleb, nós precisamos ir. Jazmyn ainda não jantou e fui encarregado de cuidar dela. Deve saber como Derek é, não é mesmo?!

Se olhares raivosos matassem alguém, Jazzy já teria dizimado Chaz há tempos. Mas que droga, ela estava quase lá! Maldito carma que seu pai havia colocado-na desde... O dia que nasceu!

– Te vejo depois? - Chaz ouviu o menino sussurrar no ouvido da garota, que sorriu assentindo - Então tá. Prazer em te conhecer, Chaz.

– É, que seja. - disse puxando Jazzy para o saguão - Garota, você por acaso conhece o seu pai?

– Conheço. Por isso estou fazendo isso. - disse com um sorriso vitorioso no rosto.

– Ah, então você quer dar-lhe um infarto? Muito bonito. - concluiu indignado. Jazmyn apenas revirou os olhos.

– Não é nada disso! - exclamou cansada - Olha, eu vou crescer um dia. Vou ter namorados e ele terá que aceitar. E outra! - lembrou de algo importante - Ele também era muito galinha quando adolescente! E eu só estou vendo um menino.

– Sabe que, quando se trata de seu pai, nada disso importa. - Jazmyn suspirou, aquilo era verdade - Mas tudo bem, eu consegui te salvar. Só seja mais cuidadosa, ok?

Jazmyn franziu as sombrancelhas confusa com a última frase do amigo, que se destinava para os quartos. Mas ele não tinha acabado de falar...

– Hey, o quê? - perguntou confusa. Chaz apenas sorriu de canto, fazendo-a sorrir também - Vai me deixar vê-lo?

– Seu pai vai me matar... - concluiu pensativo - Mas o garoto parece ser gente boa. Vou deixar sim.

Chaz acabou rindo ao sentir um corpo pequeno pulando contra o seu, Jazmyn realmente gostava de Caleb. E contanto que não fizessem coisas imprudentes (com engravidar, por exemplo), eles podiam se ver. Aquela fase era deliciosa, por que não deixá-los aproveitar?

– Hey, cadê a Julie? - perguntou ao sentir falta da pequena.

– Deixei ela dormindo no quarto. - Jazzy respondeu dando de ombros.Chaz arregalou os olhos.

– Deixou sua irmã sozinha para ver um menino? Isso não pode, Jazzy! Ai meu Deus.

Antes que pudesse se lamentar por ter inventado a mentira para Connor, sentiu seu sangue congelar ao ouvir um pigarreio atrás de si. Quando virou-se, só desejou sumir: Connor estava ali, a expressão nada feliz, com uma Julie sonolenta, coçando os olhos. Se a situação não fosse tão crítica, aquilo seria a coisa mais fofa do mundo.

Mas era crítica. Muito crítica. E Chaz estava ferrado daquele momento para frente.

***

Enquanto isso, Derek estava se segurando para não cometer um homicídio naquele luau estúpido. Shay ficava se agarrando com o namorado tapado e, acreditem, não havia parado de acariciar a perna do ex-marido por debaixo da mesa. Aquilo era ridículo e ele estava prestes a explodir. Jessica estava certa, aquele jantar foi uma péssima ideia.

– Será que dá para você se controlar? Parece que está apertado mas não consegue ir ao banheiro! - Jessica advertiu ao ver o amigo inquieto na mesa - O que foi, hein?

Como é que ele iria falar aquilo? Ao contrário dele, Jessica não levava desaforo para casa, como diziam, ela podia muito bem pular daquela mesa e mostrar à todos daquele lugar que o fato dela ser pequena - minúscula, na verdade - não tinha problema algum na hora de mostrar a alguém o que merecia.

Mas, quer saber? Talvez Shay merecia uns belos puxões no cabelo. Deixaria Derek aliviado e as pessoas daquele luau veriam algo muito interessante.

– Ela está... Me assediando... - disse entre sussurros, deixando-a confusa.

– O quê?

Derek revirou os olhos discretamente.

– Ela está me... Tocando. - Deus, aquilo era constrangedor.

E Jessica só podia estar dando uma de tapada, não era possível.

– Eu ainda não entendi, desculpe. - disse consoladora.

– Pelo amor de Deus, ela está esfregando a perna na minha! - ele temeu ter revelado o problema alto demais, porém não se importou, o único barulho que aqueles dois ouviam eram o barulhos das próprias salivas.

Porém, pela expressão de Jessica ao olhar discretamente embaixo da mesa e concluir que o amigo estava certo, aqueles dois provavelmente ouviriam muito mais. O sorriso malicioso que começava a brincar no rosto de Derek só afirmava aquilo cada vez mais.

– Vamos jogar na mesma moeda. - disse ela simplesmente, se arrumando na cadeira.

– Quebra a cara del... Peraí, o quê? - perguntou ele confuso ao não ouvir o que esperava. Jessica apenas revirou os olhos.

– Ela quer te fazer ciúmes. Vamos fazer o mesmo que ela, ué. Não somos "casados"?

– Mas, Jess, eles estão se engolindo. - disse sem graça com a proposta de"fazer exatamente o que Shay e o namorado faziam".

Por mais delicioso que aquilo seria, o momento não era apropriado.

Ou talvez, era apropriado até demais.

– Recue a perna. - ordenou ela no pé do ouvido do amigo, que obedeceu em meio a arrepios. Neste momento, Shay mexeu-se desconfortável, fazendo Jess sorrir vitoriosa discretamente - Agora ria comigo.

Derek franziu as sombrancelhas confuso.

– Desculpe, não consigo forçar uma risada...Wow!

Alterou-se ao sentir os lábios de Jess roçarem-se de leve em sua orelha. Ele quase não conseguiu se segurar quando a garota começou a falar, daquele jeito, naquela posição:

– Vou cortar seu cabelo de novo.

Derek vacilou uma risada depois daquilo, não por ter sido algo sexy -porque convenhamos, não foi, foi algo desdenhoso– mas pelo simples motivo de que ele não deixaria a amiga tocar nele outra vez. Claro que haveria exceções, mas... Aquilo não era importante naquele momento. Pelo menos eles haviam formado a imagem desejada, ou seja: Shay estava começando a se irritar.

– Continue assim, estamos conseguindo. - disse Jess no mesmo tom, agora ousando em entrelaçar seus braços no pescoço do amigo, então seus rostos estavam muito perto.

– Eu não sei o que dizer. - Derek estava devidamente tonto com tudo aquilo - Vamos ficar repetindo"Ovos e Bacon", sei lá.

Jessica riu com a afobação do garoto, então decidiu observar Shay, que sorria falsamente enquanto dizia algo sem nexo sobre sua viagem para Paris com o namorado. Aquele homem era tão tapado que nem seu nome devia ser interessante.

– Oh, falando em viagens, eu e Derek fizemos uma ótima para... - tentou pensar em qualquer lugar. Logo lembrou-se do começo do jantar - O Brasil! Lembra,amor?

Derek assentiu rindo nervoso, a adrenalina de mentir numa situação tão tensa chegava a ser...Excitante.

– Oh sim, foi ótimo. Não saímos do quarto, se é que me entende... - piscou malicioso para o namorado da ex-mulher, que retribuiu logo depois - Foi muito bom.

– Derek! - Jessica fingiu constrangimento - Não fique falando da nossa vida pessoal deste jeito, tão aberto, tão... Claro!

– Ah, mas eu não consigo parar de pensar em você, amor. - disse ele olhando-a intensamente, os rostos mais pertos que o normal -Você é simplesmente a mulher mais linda que eu já vi.

Jessica não fingiu o constrangimento naquela hora, tendo as bochechas rosadas em questão de segundos. Derek percebeu o que tinha deixado escapar, suspirando fundo enquanto sorria politicamente para o outro casal. Resolveu adiar o plano de "jogar na mesma moeda" e deixar o jantar fluir naturalmente. Seria difícil, mas era necessário naquela hora.

***

– Estou esperando, Chaz. - Connor pediu com os braços cruzados por explicação - Você disse que Jessica estava com Julie. Cheguei no quarto e só tinha ela na cama, morrendo de medo. Como assim? Cadê a Jessica?

Chaz não tinha se mexido, seu cérebro tinha entrado em pâncio quando se viu traído pela própria mentira. Olhou para Julie, a pequena não tinha culpa naquilo, mas tinha acordado numa má hora, aquilo era fato.

– Olha, ela estava com Julie, não estava, pequena? - olhou implorando para ela, desejando que ela entendesse.

Sucesso na missão.

– Oh sim, ela estava. Acho que ela foi comer alguma coisa, sabe? Estava morrendo de fome quando a gente deitou. - disse num tom convincente. Chaz apenas acompanhava tudo rezando para o garoto morder a isca - Acho que ela esperou eu dormir para sair. Não gosto de ficar sozinha.

Chaz só quis levantar as mãos aos céus pelo argumento incrível da pequena, pois Chaz já tinha aliviado o semblante bravo e adotado o pensativo. Julie era boa, caramba!

– Tudo bem, ela deve estar dando uma volta por aí. Ela está meio estressada mesmo. - disse num tom triste, como se quisesse desabafar com alguém - Tudo bem, eu vou comer alguma coisa também. Alguém me acompanha?

Chaz assentiu consolador e seguiu para as crianças para uma cafeteria ali perto, na cidade. Pelo menos era perto na cidade e longe do hotel, assim como Derek havia pedido.

Logo perguntou-se mentalmente:Como Derek estaria segurando as pontas?

***

Se telepatia fosse algo comum entre as pessoas, Chaz estaria recebendo uma série de xingamentos inimagináveis em sua mente. Derek e Jessica até pensaram que tinham controlado a situação, mas Shay nao desistiu em tentar acabar com aquilo tudo. Ela sabia que aquilo não era verdade, Derek e Jessica?! Por favor! Aqueles dois nunca sequer se tocaram além de abraços e beijos discretos, como é que tinham se casado?! Porém, se fosse verdade, ela acabaria com aquele casamento. Derek estava ótimo, porque não tê-lo de volta? Era claro que ele ainda a amava, seus olhos mostravam quase que ridiculamente seus sentimentos.E ela o teria de volta, se dependesse de si mesma.

– Shay, você é muito hipócrita mesmo! - deixou escapar, levando um cutucão de Jess logo depois.

– Hipócrita?! Eu?! - colocou a mão no peito, fingindo estar ofendida - Como assim?! Eu só quero saber como Jazmyn e Julia estão!

– O nome dela éJulie, sua idiota! - corrigiu ele indignado. Ela era a mãe, caramba!

– Ah, isso mesmo. E então, como elas estão?

Jessica estava se segurando para não pular no pescoço daquela mulher. Dane-se as boas maneiras, aquela vadia estava pedindo!

– Muito melhores sem você, acredite. Mas, se isso importa,Juliesente a sua falta. - disse entre murmúrios bravos.

– Oh, eu também sinto falta dela. - disse fitando as unhas - Da menor também, sabe?

– Julie é a menor.– Derek estava enlouquecendo - Meu Deus, o que raios eu vi em você?

– Muita coisa. Lembra quando você me disse que me amava? - Jessica não conseguia acalmá-lo, mal conseguia se acalmar! - E nossa primeira vez? Meu Deus!

– Já chega, eu vou embora daqui. - levantou rudemente da cadeira, deixando todos chocados na mesa, menos Shay, que ria vitoriosa enquanto o via sair por onde veio, por meio dos arbustos.

Ele precisava se afastar, senão mataria aquela vadi sem escrúpulos ou um pingo de desconfiômetro nas veias. Seguiu suas pernas, só desejando sumir ou morrer, qualquer coisa para ceifar aquela dor horrível no peito, tal qual prometeu a todos os santos que não sentiria mais. Não por aquela mulher.Mas ela sempre volta. Sempre volta.

***

– Derek! - Jessica gritou enquanto afundava seus pés nas areias mornas da praia. Sua voz misturava-se com o bater das ondas do mar - Derek, cadê você?

Depois da experiência de morte lenta minutos antes, Derek simplesmente desapareceu alegando"precisar pensar". Jessica ficou desesperada com o sumiço do amigo e pôs-se a procurá-lo.

– Derek! - gritou novamente.

– Quer, por favor, parar de gritar? - a voz rouca que tanto queria ouvir destacou-se, fazendo-a respirar aliviada - Minha cabeça vai explodir.

– Você está bem, que ótimo! - disse animada, sentando-se ao seu lado, na areia - Como se sente?

– Me sinto como um grande saco de bosta. - disse amargamente, fazendo a amiga rir - Não sei o que é tão engraçado, é a pura verdade.

– Eu sei, eu sei, me desculpe. - disse ela cessando os risos - Me desculpe.

E lá estava Jessica Parker novamente se culpando por algo que não tinha nada a ver com ela.

– Ridículo. Aquilo foi ridículo. - comentou ele ignorando o sentimento de culpa desnecessário da amiga - Ela continua a mesma vadia de sempre. E o pior, ainda querendo saber do bem estar das filhas, como se se importasse! - bradou indignado - Biscate desgraçada, que ódio!

Jessica queria rir daquilo tudo, mas seria como pedir por um tapa bem no meio da cara.

– Calma, Biebs... - ela repetia como um mantra.

Mas nada o parava. Ele precisava desabafar.

– E sabe o que é pior? - perguntou retoricamente, rindo sombrio - Tudo isso só me provou o quão fraco eu sou quando estou perto dela. Ela pisa em mim e eu deixo! - riu amargamente - Tudo isso me provou que, mesmo eu pensando que havia superado ela, que havia me estabilizado emocionalmente, tudo não passou de uma puta fachada. É como se aquela dor que eu senti quando ela me deixou, voltasse trocentas vezes mais forte, porque ela partiu, voltou, riu da minha cara, me assediou, esfregou o namoradinho de merda na minha fuça e foi de novo, me quebrando como um vaso de vidro. E eu não quero quebrar! - Derek agora chorava como uma criança, no colo de Jessica - Eu quero continuar de pá, mostrar para aquela vadia que eu posso superá-la, mesmo sabendo que pode ser mentira. Mas eu sou fraco. Fraco demais. Pode falar alguma coisa agora. - encerrou seu monólogo, fazendo Jess rir baixo.

– Sabe o que eu acho? - perguntou fazendo carinhos no cabelo castanho do homem que negou, fungando - Que você se preocupa demais. Seja com suas filhas, seja com a Shay. Caralho, Derek, qual foi a última vez que você fez algo que realmente quisesse fazer? Algo que você não se preocupou com consequências ou qualquer outra coisa? - ele encarou o nada pensativo, expressando exatamente o que ela queria - Viu? Parece que você nãovive para você, vive para os outros.

– Então... O que voce está sugerindo é... - começou mas foi interrompido.

– Agora, neste momento, faça o que você quiser. Sério. - Derek encarou-a confuso - Mas o que você quisermesmo.Esqueça, só por agora, que você tem filhas.Só por agora!– frisou rindo - Esqueça Chaz, as crianças, todo mundo. Esqueça a vadia da Shay. - Derek fechou os olhos e concentrou-se na voz da amiga - Foda-se as consequências.Apenas... Faça.

Quando percebeu, estava debruçado em cima do corpo da amiga, procurando desesperadoramente seus lábios. Ele não mandava em mais nada em seu corpo, apenas seguia seu cérebro e seu coração, que juntos gritavam para que ele a beijasse.

No começo, o contato foi relutante, assustado, mas logo Jessica deu a passagem para a língua de McCann entrelaçar-se a sua. Pela primeira vez em anos, Derek estava fazendo algo que queria, sem pensar em consequências ou benefícios dos outros a não ser o seu próprio. Se Connor aparecesse ali, provavelmente morreria de pancadas, o garoto era mais novo, logo tinha mais resistência e força. Mas morreria indescutivelmente feliz e satisfeito, por ter finalmente feito algo para si, apenas. O mesmo valia para Jessica caso ela não quisesse mais olhar na cara do amigo pela ousadia. Porém, aquela hipótese era algo meio difícil de se imaginar.

Simplesmente porque ela estava retribuindo o bendito beijo! Logo, ela estava gostando!

O modo como Jessica mordia o lábio inferior do homem a cada golfada de ar que pegava para respirar só o fazia se xingar quase que em voz alta o quão babaca havia sido em não puxar a garota para um quarto e fazer o serviço completo. Pelo amor de Deus, aquela garota era simplesmente deliciosa! Perguntou-se como foi capaz de ter passado tanto tempo sem provar aqueles lábios que pareciam pedaços muito atraentes de algodão doce. Antes que sua memória pregasse-lhe uma peça, relevou. Porém, voltou à estaca zero novamente, um mero selinho na quarta séria sob uma atmosfera muito ingênua de"Verdade ou Desafio"nem se COMPARAVA ao que estava acontecendo naquele momento.

Logo resolveu parar de pensar e simplesmente aproveitar aqueles lábios deliciosos enquanto lhe eram disponíveis. Fazer o que sempre quis desde o começo daquela bendita semana.Ou talvez, desde o momento que pousou os olhos daquela garota.