- Quinnie!

Puta merda, pensei. Era incrível como nem em sonhos a gente conseguia ter sossego? Eu estava tendo um sonho ótimo com a Britney Spears, e puft, lá vinha a voz da minha irmã me acordando.

Abri meus olhos, depois de uma longa espreguiçada. Frannie estava na minha frente, os braços cruzados, e as sobrancelhas perfeitas erguidas. Fiz um leve barulho com a minha boca, e a encarei.

- O que é, Frannie? - perguntei, enquanto me levantava da minha cama. Até os 12 anos, eu tive que dividir o quarto com ela, mas finalmente pûde ganhar meu próprio quarto, no meu aniversário de treze. Eu sei, vocês devem pensar que é bom ter um quarto próprio, mas não é... Principalmente quando você parece uma louca que têm visões enquanto dorme.

- Esqueceu que hoje é a volta das aulas, bobinha? - e Frannie deu uma leve risada. - Vamos, se levanta, se não daqui a pouco a Brittany e a Santana aparecem aqui, procurando por você.

Eu girei os olhos, e me levantei da cama. Fui caminhando quase rastejando em direção ao banheiro, e fechei a porta com força, gritando um 'EU TE ODEIO' bem alto pra que a Frannie me ouvisse. Me olhei no espelho. É, eu estava péssima. Ótima coisa pra um primeiro dia de aula. Eu tinha que ser tão ridicularmente estranha? Girei os olhos, e fui correndo pro chuveiro. O meu banho foi um tanto demorado, e quando acabei, fiz questão de fazer o mó barulho pra alegar pra Frannie que eu havia terminado. Coloquei minha típica roupa de sempre. Sequei meu cabelo loiro, e deixei alguns cachos nele. Coloquei meu velho boné, e então um suéter vermelho que eu tinha no armário. Coloquei a velha calça jeans, e calçei um tênis estranho que eu antes usava pra educação física. Parecia que eu havia voltado à minha infância, e estaria passando por tudo aquilo de novo. Dei um suspiro enorme, e peguei minha mochila. As coisas tinham mudado naquele ano. Tudo tinha mudado. E eu havia mudado também. Mas o que fazer, certo?

Desci as escadas desanimada, e Frannie apenas cruzou as pernas, dando um leve sorriso em minha direção, porém parou ao ver as roupas que eu estava usando.

- O que aconteceu com a Quinn Fabray do ano passado? - ela parecia horrorizada. - Sério, Quinnie, você está parecendo uma daquelas emos que passam na televisão. Não comece a cortar os pulsos, caso contrário, estará desperdiçando a sua vida.

- Cala a boca, Frannie - falei um tanto grosseira, enquanto me sentava com tudo na cadeira, e comia meu bacon sem nenhuma vontade. - Onde está a tia Trudy?

- Resolveu viajar pela manhã - disse Frannie, simplesmente, me encarando comer. - Ela e o namorado finalmente se acertaram. Bem, Quinnie, parece que ficaremos só eu e você no fim de semana. E olhe que hoje é segunda!

Soltei um risinho meio mal-humorado pela boca. Eu sabia que estava sendo um tanto grosseira com ela, mas eu tinha acordado de mal-humor, era algum crime, por acaso?

- Frannie, eu já vou - falei, jogando o resto do meu bacon no prato. - Você... Vai comigo?

- Nhaa, bobinha - falou Frannie, sacudindo a cabeça, e rindo. - Eu não gostaria de reviver a escola nem que eu fosse morta. De novo.

Eu não ri. Lembrar da morte de Frannie não era fácil pra mim. Me deixava bastante triste.

- Mamãe e papai estão bem? - perguntei, levemente tímida.

- Estão sim - Frannie se levantou. - Acho que vou lá fazer uma visitinha ao Robert Pattinson. Não consigo gostar dele, sempre gostei mais do Taylor Lautner.

Nesta parte, eu ri.

- Eu já vou indo - ia me inclinar pra beijar o rosto de Frannie, mas recuei, e aquilo pareceu deixá-la um tanto magoada. Mas que culpa eu tinha? Não era exatamente culpa minha se eu não podia abraçar a minha irmã. - Vai estar aqui quando eu voltar?

Frannie suspirou, e olhou pra mim.

- Sim, Quinn, eu vou estar aqui. Sempre. - e com isso, Frannie foi subindo pelas escadas, daquele jeito crianção dela. O interessante é que Frannie tinha 21 anos, e se comportava como uma garota de 11. Ri de mim mesma, foi lá pra fora. Eu detestava ter que pegar ônibus, por isso minha amiga Santana vinha me buscar toda vez. E, como esperado, lá estava Santana, na ferrari vermelha, com o típico sorriso malicioso.

- Fabray, finalmente! - a minha amiga latina abriu a porta do carro, e me abraçou com força. - Hum, como você cresceu! Mas... Cadê seu uniforme?

Mordi meu lábio.

- Santana, você sabe que eu não curto mais ficar na torcida... - falei coçando minha nuca, enquanto nos soltávamos. - Isso não faz mais meu tipo, então... Por favor, não me mate.

Santana deu de ombros.

- Nha, tudo bem - e deu aquele sorriso que eu adorava. - Você era a única coisa que fazia de mim e da Brittany conhecidas e respeitadas naquele colégio, mas nós entendemos você. Agora vamos logo, se não Brittany vai acabar achando que vamos faltar ao primeiro dia de aula...

Entramos no carro, e Santana começou a falar com empolgação sobre querer que aparecesse alguma caloura gostosa. Sim, caloura. Santana era gay, completamente assumida, e Brittany era bissexual, havia namorado um garoto, na época dos 15 anos, mas havia traído-o com uma das garotas mais populares do colégio. Eu não sabia ainda definir minha sexualidade. Me sentia atraída por alguns garotos, e costumava namorar Noah Puckerman no ano anterior, mas havíamos rompido, pois eu havia descoberto que ele e uma tal de Mercedes Jones estavam me passando chifres. Noah me amava, disso eu tinha certeza, mas não podia mais deixar que ele me usasse como seu cetro de poder. Durante a minha infância, uma amiga de Frannie havia me dado um beijo, no dia do meu aniversário, ou seja, aquilo me deixava com um pé no arco-íris.

Enquanto Santana dirigia a ferrari, eu observava pela janela, o dia estava fazendo sol, e aquilo era uma aleluia. Com um leve sorriso, desejei silenciosamente que aquele ano fosse melhor que o anterior...

CONTINUA...