O Juiz E A Serviçal escrita por judy harrison


Capítulo 2
Diante do Juiz


Notas iniciais do capítulo

Ramona e Novella se apresentam



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Dois dias depois as duas estavam diante do Juiz. Havia urgência naquele julgamento por se tratar de uma criança.

Enquanto esperavam, o Juiz lia parte do processo, e sabia que os espectadores, entre religiosos, médicos e políticos, tinham uma só pergunta: a quem ele condenaria. A beata Ramona era respeitada por suas atitudes nobres para com os pobres e doentes, além de tudo era uma Ernie. Novella não tinha descendência conhecida, era só a filha da serviçal. Mas seu irmão era filho de um Cal, um professor com quem sua mãe teve um caso. Era uma situação incomum. Mas a maioria já tinha seu próprio veredito.

No entanto, nada daquilo importava para o Juiz.

Depois de dar uma rápida olhada em cada uma das acusadas, ele ordenou que o promotor se pronunciasse.

_Meritíssimo, estamos diante de Ramona e Novella, acusadas pela morte de Andy, protegido da senhora e irmão da moça.

_Quem as está acusando, promotor? E onde estão as provas? – perguntou impaciente, não estava satisfeito com o que leu nos depoimentos.

_ O estado está acusando essas mulheres, Meritíssimo. E... As provas são circunstanciais... Andy, a vítima, estava próximo de sua residência, na beira da rua, embrulhado em seu cobertor de flanela azul... Ele foi morto por asfixia.

Todos notaram quando o Juiz fechou os olhos e suspirou. Eram dele as leis que defendiam os interesses das crianças, e não era segredo o quanto ele adorava os pequenos, embora visto como um homem frio e insensível.

_ Está falando dos depoimentos que deram os policiais? Um relatório, apenas?

_ Bem, há também as testemunhas que viram as duas com o bebê pela última vez, quando saiam do culto um dia antes do fato. Além disso, ninguém viu outra pessoa entrando na casa além delas. E ele estava a um quarteirão de lá.

_ São provas insuficientes. Houve confissão,... Alguém viu uma delas saindo com o menino? Alguém viu ele sendo colocado no lugar onde foi achado?

_ Não, Meritíssimo, mas o fato de elas serem as únicas próximas da criança as coloca como suspeitas.

Ele pensou um pouco. Olhou novamente para cada uma delas.

_ O advogado de defesa, apresente-se. – dois advogados surgiram como que ultrapassando a frente um do outro. Ele notou a inexperiência deles – Por que devemos absolver a senhora?

Sem saber a quem foi dirigida a pergunta passaram a falar quase que ao mesmo tempo.

_ Meritíssimo, a senhora Ramona é um exemplo de bondade! Ela já executou várias ações de caridade na cidade, e realizou muitos manifestos pelos direitos das crianças, dividiu sua fortuna para alimentá-las e lhes dar estudo... Ela levou médicos para as novas vilas, e as crianças de lá foram curadas.

_ Onde ela estava na hora do crime?

_Em casa, Meritíssimo, no banho, e quando saiu o bebê não estava mais lá.

_Sobre a senhorita Novella, o que tem a dizer?

_ Meritíssimo, somos defensores apenas da senhora Ramona.

Olhou por todo o salão.

_ Onde está o advogado de defesa dela? – perguntou indignado ao promotor.

_ Meritíssimo, não há. Todos os magistrados convidados para a defesa se recusaram a comparecer, por se tratar de um convite de cortesia, sem remuneração.

_ Não pode ter um julgamento justo sem que ela tenha um defensor! – o auditório passou a murmurar com algumas vozes ligeiramente alteradas e ele ouviu alguém citar que defender Novella seria uma perda de tempo, o que o deixou irado. Ele disse em voz alta – O auditório não se manifeste novamente ou serei obrigado a retirar a todos do recinto. – o silêncio foi imediato – Esta sessão está em recesso até que seja nomeado um defensor para a senhorita. Assim como será um só advogado para a senhora.

Ele saiu e foi para seu gabinete.

Depois de um banho quente e um chá, ele sentou-se diante da janela que ficava diante de uma parede onde há anos ele mesmo escreveu a palavra “JUSTIÇA”. Sempre ficava ali, fitando a palavra para encontrar a resposta aos casos.

Mas aquele era difícil.

Como uma pessoa pode ser tão cruel com um bebê? Perguntava-se.

Pensava também na imagem que viu das acusadas, e era intrigante que Ramona, tão soberba e cheia de si, tivesse a preferência da população, enquanto uma moça humilde e desfavorecida como era Novella não era digna sequer da compaixão dos mesmos. Não pensava nem por um segundo que aquela diferença de posição era uma prova de acusação para Novella. Tinha que encontrar um advogado para ela, que a defendesse sem interesse financeiro.

Lembrou-se de seu amigo Thompson, um defensor de categoria, nunca perdera um caso, único que sabia induzir os culpados a confessar seus crimes, conseguindo para eles reabilitações ou trabalho, conforme o caso, e deixava até a acusação satisfeita. A melhor parte era que ele não tinha laços de tradição com ninguém, Era filho da realeza, de um país vizinho, e trabalhava em Fraterna a pedido do amigo.

Por sorte, Thompson estava na cidade e chegou logo que foi solicitado. Mas, como seria inconveniente que o Juiz e ele se encontrassem antes do julgamento, Thompson, ao chegar foi direto para a sala onde estava Novella, para falar com ela e saber como defendê-la, sendo culpada ou não.



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