Eu Sou Sua Escuridão escrita por BoseBlut


Capítulo 3
Capítulo 3




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 “Andreas, você não pode fazer isso!” Gritei quando ele saiu batendo a porta do apartamento. Me senti obrigado a segui-lo.

“Não me deixe falando sozinho, qual é o seu problema?”

Andreas se virou para mim, furioso.

“Você é o meu problema, Bill. Eu te ajudo, te dei uma ótima oportunidade agora. E quando venho te dar uma notícia como essa, esperava que meu melhor amigo pelo menos ficasse feliz por mim”

“Ficar feliz? Andreas ela não te ama! Está apenas interessada no seu dinheiro. Não podem se casar, não faz nem um ano que vocês estão juntos!”

“É mesmo, eu me esqueci o quanto você se importa com os meus sentimentos, me desculpe Bill Kaulitz.” E ele se virou, atravessando o hall do hotel e indo em direção a rua. Cego de raiva e talvez surdo, já que não me ouviu gritando, implorando para que parasse antes que fosse tarde, antes que o carro...

– Bill! – Tom sacudia o irmão pelos ombros. – Acorda.

 Bill abriu os olhos embaçados, tentando se acostumar com a luz que entrava pela janela do quarto, provavelmente aberta por Tom.

– Ah, até que enfim. Pensei que fosse ter que te jogar água na cara. – Tom brincou, puxando os cobertores para longe de Bill. – Por que não me disse que estava no apartamento do Andreas? Fui até em casa ontem e te procurei em todos os lugares e nem sinal.

Bill se apoiou nos cotovelos e olhou para Tom.

– É meu gêmeo, pode simplesmente ler a minha mente e descobrir onde eu estou, não é? – Ele zombou, mencionando a brincadeira que os dois sempre faziam. Sempre estavam tentando adivinhar o que o outro estava fazendo ou pensando. Tom respondeu dando um peteleco na cabeça de Bill.

– Idiota. – Concluiu. – Saia dessa cama. Achei que estaria mal, mas abraçar um cobertor Bill? Isso é demais até para você. Vamos, vou fazer o seu café e não me faça essa cara. Meu café é excelente.

– Só para você mesmo. – Bill murmurou enquanto Tom saia sem ouvir.

Ele se levantou e coçou a cabeça. Decidiu dormir no apartamento de Andreas para tentar clarear seus pensamentos e sentimentos. Desde que Eric o beijou, ele já não tinha certeza do que sentia. Antes, estava tão amargurado que não agüentava se manter consciente sem o auxílio do álcool. Agora, até mesmo depois de sentir o cheiro de Andreas impregnado no seu edredom ele sentia apenas uma tristeza saudosa por saber que nunca mais iria conversar com aquela pessoa e tão logo o cheiro iria se desfazer, restando apenas a lembrança na sua própria cabeça.

Ainda estava imaginando o que Eric poderia ter feito quando foi para a cozinha de Andreas e se serviu com o café e o pão fresco que Tom havia se dado ao trabalho de comprar antes de chegar ao apartamento.

– Bill, você está bem? – Tom perguntou apoiado na bancada, observando o irmão comer.

– Estou Tomi, por que não estaria? – Bill deu de ombros. Tom o olhou estranho.

– Estava gritando o nome de Andreas quando eu cheguei.

– Foi só um pesadelo. – E muitos outros virão, Bill pensou. Ainda que não se sentisse mais triste, não podia deixar de se sentir culpado. Tom aceitou aquela desculpa e deu de ombros. Bill sabia que não andara chorando e por isso sua aparência devia estar razoavelmente boa, para alguém que se obrigou a chorar durante um funeral e por isso, Tom não tinha do que desconfiar. Até por que, era verdade. Foi apenas um pesadelo.

Tom era amigo de Andreas, mas não tinha uma relação tão próxima como fora a de Bill. Estava triste pela perda, mas não fazia o estilo dele entrar em depressão e se martirizar pelo resto da vida. Ele aceitaria aquilo e seguiria em frente. Bill sabia que encontraria algum tipo de dificuldade para seguir em frente, mas o surgimento de Eric poupou qualquer tipo de sofrimento.

Mas, como acontece em casos assim, ele estava liberado do trabalho com a banda e com a gravadora pelo tempo que achasse necessário ficar de “luto”. Ele queria ir até a gravadora e continuar trabalhando em suas músicas, mas Tom insistiu para que eles dessem um tempo. Quando desceu até o andar térreo do prédio, descobriu que seria pego por uma onda de paparazzi que o esperavam na porta do edifício.

– Não acredito nesses caras. Como podem querer entrevista numa hora dessas? – Tom reclamou indignado.

– Tudo bem. Vamos em carros separados, eles não vão saber que somos nós.

   – Bill. – Tom colocou a expressão de “irmão maior responsável”. – Você vai para casa?

– Vou só dar uma volta. Não se preocupe. Já disse que estou bem. – Bill respondeu rolando os olhos.

 Assim, cada um saiu em um carro diferente, optando pela saída do prédio que estava mais afastada dos paparazzi armados de câmeras fotográficas.

Bill queria apenas dar uma volta, como havia dito. Ele andou sem rumo pela cidade, tentando organizar os próprios pensamentos e sem perceber, acabou dirigindo até o prédio onde vira o estranho garoto entrando no dia anterior. Suspirando, ele desceu do carro e olhou para o prédio por algum tempo até decidir se sentar no meio fio.

Se sentia melhor e mais leve só por estar ali, sem saber exatamente por quê. Continuou observando o edifício. Parecia abandonado há anos, a pintura desbotava e a placa com o nome em neon estava quebrada. Contou dez andares e concluiu que o garoto provavelmente havia invadido e se instalado em um deles. Se pegou imaginando o que ele estaria fazendo uma hora daquelas. Se ele sabia que Bill estava ali embaixo.

Não precisou pensar muito no assunto. Mais uma olhada para o edifício e percebeu que alguém o encarava lá de cima. Contou até descobrir que era o sétimo andar. O sujeito olhava diretamente para Bill e se portava como se estivesse fumando. Era Eric, se apoiando no parapeito da janela e olhando Bill com aqueles olhos azuis e tão claros como gelo. Estava longe e o sol refletia nas paredes do prédio, mas aquela aura negra que o cercava não era penetrada pela luz do sol. Parecia maior e mais forte do que antes e Bill podia enxergar que ele estava sem camisa. Seu cabelo balançavam junto com o vento e ele soltou a fumaça do cigarro.

Bill continuou olhando até que o garoto voltou para dentro do apartamento. Só então ele se deu conta de que havia desperdiçado a manhã inteira sentado ali naquele meio fio. Se sentiu idiota por ter voltado ali e mais idiota ainda por ter deixado que o garoto percebesse que ele estava ali. Revirando os olhos, ele entrou no carro, resmungando palavrões inaudíveis, e dirigiu para casa.


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