– Interrogatório agora? – Daniel pergunta. Julie prefere não insistir. – Não, ela não sabia. Eu não contei nem pro Félix nem pro Martim. – Daniel responde. Julie olha para ele, ela perguntaria o porquê, mas não queria incomodar. Daniel não sabia, mas havia deixado Julie aliviada. – Eu só a via em algumas férias. Isso não poderia dar certo, preferi não falar nada..

– Entendi..

“Então, eles dois não tem nada a ver. Feliz, Julie?” Julie pensava. “O Daniel nem queria falar de Rebecca no começo. E eu também não tenho nada com essa história... Não é?”. Ela continuava a refletir. “Mas, ele só contou pra mim... Isso seria um bom sinal?”. Julie se via num mar de dúvidas.

– E aquele seu namoradinho loiro? – Daniel pergunta, não querendo toda a atenção do momento.

– O Leonardo não é meu namorado. Difícil entender? – Julie continua. – Eu acho que sei de quem ele gosta...

– De você.

– Não é de mim! E isso não tem nada a ver, a gente só se conhece tem uns quatro ou cinco dias.

– Quatro dias.

– Pode ser. – Julie diz. – Mas isso não importa, nem em cinco meses um menino poderia me conhecer o bastante pra gostar de verdade.

– Não é bem assim. – Daniel discorda. – Por exemplo, a gente se conhece mal vai fazer uns cinco meses e--

As palavras de Daniel param em sua garganta.

– ..E? – Julie pergunta, atenta a Daniel.

– E.. eu--

Daniel não consegue terminar o que iria dizer para Julie, é interrompido por um barulho de bola batendo no chão. Julie olha para trás, com o susto, para ver de onde vinha o som.

– Pedrinho.. – Julie diz.

– Eu vou sair por aí. – Pedrinho diz, mais parecendo uma desculpa inventada.

– Que que tem.. ?

– Só avisando. Tchau!... – Pedrinho se retira rapidamente, com um sorriso sapeca no rosto.

– Euéin, ele nunca avisa. – Julie diz para Daniel. – Espera... Ele estava escutando. – Julie conclui.

– Demorou, mas percebeu.

– .. “E.. você” o que mesmo? – Julie tenta voltar no assunto, curiosa.

– Esqueci. – “Má ideia, tenho que tirar isso da cabeça.”. Daniel se levanta e sai da cozinha.

– Não é possível. – “Espero algum dia saber dessas ‘pontas soltas’ que o Daniel deixa em algumas conversas.”. Julie vai guardar o refrigerante.

Mais conformada em conhecer essa fantasma Rebecca, Julie conseguia conversar amigavelmente com ela, no apartamento ou quando a encontrava na rua. Era mais difícil quando a via já com Daniel, mas Julie se esforçada em não ligar. Com o passar dos dias, Julie se dava melhor com Rebecca.

– Sim está tudo lá, meus instrumentos de sempre. – Rebecca conversa com Daniel e Julie na varanda num dia de Domingo.

Estavam cada um numa cadeira de praia, com o sol da tarde, mas fresco por causa do vento. Rebecca prosseguia dizendo.

– Mas a guitarra, por enquanto, está sem as cordas.. Foram arrebentando com o passar do tempo.

– Sabia, estava fácil demais poder tocar de novo. – Daniel diz.

– Mas é só por um tempo, a minha irmã vai aparecer em casa de novo qualquer época de férias.

– Você conversa com ela? – Julie pergunta.

– Não, não.. Eu pretendo não fazer isso... Ela é viva.

– Ah sim... Mas, não corre o risco de ela, tipo, vender os instrumentos?

– Não porque ela toca quando traz gente em casa, as amigas dela também sabem tocar um pouco.

– Você quer dizer elas Tentam tocar um pouco. – Daniel diz.

– ... É, bem por aí. – Rebecca concorda e todos riem. – Eu te levaria pra gente cantar lá, Julie, mas você teria que pular o muro.. Não seria uma boa ideia deixar quem passa na rua ver isso.

– Verdade. Mas tudo bem, eu posso cantar por aqui mesmo. – Julie ri um pouco.

– Pra mim. – Diz Daniel, com um sorriso de lado.

– Sem essa. – Julie diz.

– Aquela música que você compôs, Você Não Sabe, é muito lindinha, Julie. – Rebecca diz.

– Onde você ouviu?

– O Daniel me mostrou.

– Aonde? – Julie pergunta olhando para Daniel. “Ele cantou a música que eu fiz para.. Ela?!” pensa.

– No seu celular. – Rebecca diz, deixando Julie mais aliviada. – E eu já tinha ouvido antes. Um dia resolvi ir a uma Lan House numa hora que estivesse fechada. Pouco antes da hora de fechar, uma menina estava no site dos Insólitos.

– Uau que demais! Nosso site está se tornando conhecido!

– E gente fica nele até tarde da noite. Isso é bom. – Daniel diz, se referindo a menina da Lan House.

– Era a menina que estava atrapalhando a hora de fechar porquê queria continuar no site. Haha legal né? – Rebecca diz.

– Mas .. eu não disse nada sobre colocar essa música no site.. – Julie diz.

– Bia. – Daniel acusa.

– Só pode. Ela não perde tempo.

– A música é realmente fofa, você tem talento. Me diz, foi um menino que te inspirou pra fazer a música é?

– Sim.. Mas eu não gosto mais dele, deixei pra lá. - Julie diz. – Não poderia dar certo. – Ela diz isso se lembrando das palavras de Daniel de dias atrás.

Só agora que Rebecca tocou nesse assunto Julie lembra que não tem pensado em Nicolas, e nem mesmo em garotos em geral, mas sim em.. Daniel.

– É mesmo? Por que, tem uns melhores no seu colégio agora? – Rebecca ri.

– Assunto muito bom, mas nesse eu passo. – Daniel se levanta, e antes de ir, ele prossegue dizendo com um sorriso. – Tchau..

Julie poderia dizer que se derreteu agora. Se ela estivesse em pé, sentiria as pernas bambas.

– Seu bobo, tchauzinho. – Rebecca diz. Ela vê que Julie não falou mais nada. – Tudo bem com você?

– Huh ah está, tudo sim. É só que... – Julie hesita um pouco para falar sobre Daniel com Rebecca. – Ele nunca diz “tchau”. – “E ainda mais com aquele sorriso. Lindo.” Essa parte Julie prefere não dizer.

– Tem razão. Ele é imprevisível.

– Uhum. – Julie pega seu celular, iria mandar uma mensagem para Bia. Era uma boa hora para saber o que sua amiga falaria desse ato de Daniel. – Rapidinho.

– Okay. – Rebecca diz. Enquanto Julie escrevia uma mensagem, Rebecca refletia no passado e como ela teve a sorte de encontrar Daniel de novo. E ainda ganhar uma amiga nova, Julie. Rebecca confiava nela. Quando Julie parece ter terminado de usar o celular, Rebecca continuou a dizer. – O.. Daniel pode ser estressante às vezes, mas sem ele não seria a mesma coisa, não é?

– ... É sim. – Julie diz, mas talvez não concordaria se Daniel pudesse ouvir. Ela não se sentia em tal intimidade com ele.

– Sabe... – Rebecca diz. – Eu já gostei dele.

Nessa hora, Julie perde o ar. Tudo o que ela conhecia e suas expectativas que seu coração não admitia ter pareciam ter sido afastadas dela, ela se sentia ameaçada.

– ....Hm. – Foi tudo o que Julie conseguiu dizer.

– Mas eu não contei, acho que não daria certo. – Rebecca fala, sem notar o estado da mesma nesse momento. – Por que... Não nos víamos muito. Ele era de longe.

Julie arregala seus olhos. Daniel e Rebecca haviam se gostado antes, sem um saber do outro, mas agora estavam por perto de novo. Julie temia esse fato, o qual a fazia se perguntar de uma coisa quando Daniel acabara de deixá-las conversando. “Será que ele tinha sorrido para mim ou... Para ela?”.