“Então, aquele fantasma arrogante e durão se deixa ter ciúmes...” Julie para de ler e reflete. “E de mim??” Ela percebe que Daniel pode ter falado coisas que só queria que Martim e Felix soubessem, por isso para de ler e fecha a conversa salva, mais culpada do que achava poder ficar.

Após isso, a manhã e parte da tarde passaram normal e tediosamente, com Julie e Daniel vendo televisão e conversando coisas aleatória. Julie ainda se sentia culpada, ela poderia dizer que teria espionado Daniel, mesmo que ele também fizesse isso com ela às vezes, isso é errado. Entretanto, era muito bom que ele e Martim estivessem bem de novo. “Mas eu sei disso escondido, não posso mostrar que estou feliz com isso. Realmente,  ‘a pior parte de estar feliz com algo que não deveria ter feito, é não poder falar disso com ninguém.’” Julie se lembra de uma frase de Todo Mundo Odeia o Chris. “A não ser que Daniel me deixe saber. É isso, vou perguntar a ele.”

- Huh Daniel, e você e o Martim conseguiram fazer as pazes ontem?

- Uhum, estamos de boa de novo. – Ao Daniel dizer isso, Julie sente uma leveza. – Gostei de ter conversado com meu amigo, eu estava precisando. Ainda bem que você me falou pra fazer isso.. Valeu Julie. – Daniel agradece sinceramente. Julie sente grande alegria queimando em seu coração, ela gosta de fazê-lo bem.

- Quem dera estarmos todos juntos de novo agora, né?...– A afeição de alegria de Julie vai desaparecendo enquanto ela fala. – Eu e a Bia conversando. Você com sua guitarra.. Que eu pudesse devolver a corda para o Martim e as baquetas para o Félix.. Todo mundo junto cantando feliz.. – Algumas lágrimas agora descem dos olhos de Julie.

- ..Vem cá, vem. – Daniel, gentilmente pega uma mão de Julie e a passa por trás de suas costas, podendo assim abraçar a Julie e deitá-la em seu peito.

Ele faz carinho no rosto de Julie, para acalmá-la. Nos braços de Daniel, Julie sente-se protegida, é agradável. Depois de chorar, ela acaba dormindo, pacificamente deitada no sofá com Daniel.

Pouco depois de meia hora, Julie acorda de seu sono. Ela olha para cima para encontrar os olhos de Daniel, ele olha para ela e dá um sorriso. “Que perfeito..” Julie pensa, se perdendo no momento. Até que ouvem alguém chegando pelo corredor. Automaticamente, Julie pensa ser seu pai, então não se levanta, pois ele só a veria deitada e não abraçada com um fantasma. Mas ao essa pessoa abrir a porta, Julie e Daniel veem que era Pedrinho quem chegara.

- Oi, Pedrinho! – Julie fala.

- Oi, Pedrinho. – Daniel fala.

- Oi!... – Pedrinho estranha Daniel estar ali, com Julie.

- Cadê o papai? – Julie pergunta.

- Ele só me deixou aqui e foi para o trabalho... – Pedrinho responde, entrando no apartamento e olhando confuso para Daniel. – O que você tá fazendo aqui?

- Hehe ele veio junto. – Julie responde.

- Hm, entendo. – Pedrinho já imagina porque Daniel teria ido. – Eu quero ir pro meu quarto.. Onde é ele? – Pedrinho olha em volta.

- .. Seu quarto? Não sei... – Julie fala.

- Vai Julie, me mostra onde é o seu quarto e o do papai que o outro é o meu, simples assim.

- “Outro”? Não tem outro, que eu saiba.

- O papai disse que têm três quartos aqui. – Pedrinho diz procurando o quarto. – E onde que o Daniel tá dormindo se... – Pedrinho para e olha duvidosamente para Julie, com um sorriso maléfico. – Se você só sabe de dois quartos? – Julie e Daniel se levantam rapidamente e cada um vai para um lado do sofá.

- Não te devo explicações, mocinho. Agora vai arrumar suas coisas, amanhã a gente tem colégio. – Julie fala, tentando não corar com a insinuação maléfica de Pedrinho. Ela olha a hora, estava perto da hora de ir passear com seus novos amigos. – Eu vou me arrumar.

Já fazia uns minutos que Julie tinha ido se arrumar. Pedrinho vai para a sala e senta-se no sofá.

- Vocês.. – Ele começa a falar. – Vão por aí namoricar, não é?

- A Julie vai passear com os amigos dela, Pedrinho.

- Então estão namorando? – Pedrinho pergunta na lata. Daniel não responde, só olha para ele sério. – Eu paro, eu paro.

- Meninos, eu já vou. – Julie sai do seu quarto. Daniel diria que ela estava reluzente de tão bela.

- Tá. – Pedrinho diz.

- Daniel.. Você vem comigo?

- .... – Daniel só faz uma cara de “ah não”. – Posso tentar aturar seus amigos outro dia não?

- Então... pode vir comigo esperar a Anne? – Julie pergunta, parecendo um pouco envergonhada.

- ..Tá, eu vou.

Na rua, o silêncio reinava enquanto Julie e Daniel andavam. Parecia que Julie queria falar alguma coisa. Eles param na esquina, Daniel encostado na placa e Julie segurando as mãos, as mexendo como se estivesse um pouco nervosa, andando para os lados.

- Você.. quer dizer alguma coisa? – Daniel pergunta.

Julie para a alguns passos ele. Ela se move devagar para mais perto, iria falar algo, mas escuta Anne a chamando.

- Julie, oi! – Anne dizendo sorridente, indo até Julie. – Vamos?

- Oi, Anne. Huh vamos sim.

- Ah ali o pessoal!

Anne vai em direção a eles, do outro lado da rua. Julie vai com eles, olhando para trás.

- Vai lá e se acontecer alguma coisa, é só me gritar. – Daniel diz, conseguindo animar Julie.

A tarde se passa com Julie passeando longe de Daniel, e ele andando apenas com seus pensamentos. Já estava um pouco tarde, Daniel resolve voltar. Ele chega no apartamento com tudo calmo e escuro, ele vai para seu quarto que era de Julie também. Lá, ele encontra Julie sentada no chão, com a cabeça baixa junto a porta da varanda.

- Oi. – Ele diz baixinho.

Julie levanta o rosto para vê-lo. Com a luz da Lua passando pelo vidro da porta, Daniel nota que Julie está com o rosto todo molhado de lágrimas, ela está soluçando e chorando sozinha no escuro.