San Diego – Califórnia – Estados Unidos

-E essa é a última mala. Afirmou Jacob enquanto jogava de qualquer jeito a oitava mala da noiva Alice Brandon que detectou - mesmo acariciando a barriga da futura mamãe Bella esperando que o bebe -que ela se recusava a saber o sexo- chutasse- o movimento com seu sexto, sétimo ou oitava sentido gritou vendo a sua mala caída no chão.

-JACOB BLACK! NÃO JOGUE A LOUIS!

Gritou correndo ate a sua mala e com um esforço sobre-humano a colocando em pé. Todos que estavam na sala arregalaram os olhos. O moreno, Jacob, estreitou os seus e cruzou os braços antes de abrir a boca.

-Você dá nome a suas malas? Que coisa mais brega.

-Au! Emmett McCarty parou a enorme e gordurosa coxinha a caminho de sua boca. Alice pulou no lugar, irritada.

-Primeiro eu não dou nome a minhas malas, é que a marca dessa mala seu alienado é Louis Vuitton seu abastardo da moda e segundo não me chama de brega. Brega são aqueles seus ancestrais indígenas. Apesar é claro de adorar as bijuterias dos índios.

Comentou dando as costas ao moreno e indo até a amiga barrigudinha. Jake por sua vez ficou sem entender nada. Deu de ombros e se virou para Edward que estava logo atras dele tentando limpar o solado do tênis que estava sujo de lama antes de entrar na casa alugada pelos amigos, Jasper e Alice.

-Ei tá a fim de ir dar uma volta na praia e conhecer as gatinhas?

Edward arregalou os olhos verdes e depois voltou o olhar para a namorada que ergueu a cabeça rapidamente e parou de acariciar a volumosa barriga e encarou com fúria nos olhos o moreno alto, que tinha um sorriso no rosto, como se pudesse metralha-lo naquele instante. Emmett deu um tapa na própria testa e Jasper apenas se jogou no sofá. ”É Jacob Black é uma pessoa única” pensou o noivo e algo em seu intimo dizia que esse seria o final de semana mais longo de sua vida. E algo em seu intimo também dizia que ele estava certo só não sabia o quanto.

~*~

-Droga, Emmett será que você pode me ajudar aqui? São as suas roupas sabia? Eu não tenho obrigação nenhuma em arrumar elas para você, mas como eu sou uma boa namorada...

Emmett levantou da cama, meteu as enormes mãos dentro da sua mala e puxou todas as roupas seguindo ate o closet e as jogando dentro de uma gaveta. Ele nem tinha levado tantas roupas assim mesmo. Rosalie que continuava a falar parou e encarou o namorado incrédula.

-Emmett! O que você esta fazendo? Você sabe que eu odeio desorganização. Ei volta aqui. Emmett. Emmett. Eu estou ti chamando. Emmett.

O grandão apenas ignorou a namorada “por que as mulheres são tão neuróticas com essa coisa de organização?” se perguntava enquanto saia do quarto em direção á sala onde Jacob estava jogando no sofá zapeando pelos canais procurando algum jogo de futebol americano ou qualquer desenho legal. O moreno acabou optando por assistir a “Tom e Jerry” e os dois armários riam em cima do sofá que nem perceberam quando Alice passou por eles ate que ela começou a gritar.

-AAAAH! MEU ARMANI! MEU VESTIDO ARMANI JASPER. ELE NÃO ESTA EM LUGAR ALGUM. ROUBARAM MEU ARMANI. EU IRIA USAR NO JANTAR DE AMANHÃ. AAAH! LIGA PRA POLICIA. LIGAAA!

Gritava a pequena. A maquiagem borrada deixando um circulo preto em volta de seus olhos azuis. Jasper estava logo atras tentando acalmar a noiva.

-Meu amor talvez você tenha esquecido lá no apartamento. Você tem certeza que colocou na mala?

Alice encarou o noivo. Os olhos brilhando por causa das lagrimas. Emmett e Jacob olhavam a cena com um sorriso. Sempre foi hilariante presenciar uma briga entre o casal e agora não seria diferente.

-JASPER! EU NUNCA ESQUECERIA UM ARMANI. NUNCA! LIGA PRA POLICIA! EU QUERO O MEU ARMANI. AAH FORAM AQUELES, AQUELES, AQUELES, NÃO AQUELAS MULHERES QUE REVISTAM AS MALAS. ELAS VIRAM O MEU ARMANI E ROUBARAM. AH, MEU ARMANI!

Alice chorava copiosamente e Jacob não entendia por que esse drama todo. Era só um vestido. E isso era o que ele ia falar, mas o olhar de Jasper o calou. Rosalie, Bella e Edward curiosos por causa da gritaria apareceram na sala e encontraram uma Alice chorosa apoiando os cotovelos em uma poltrona, soluçando enquanto seu tronco e seus membros inferiores estavam jogados no chão. “De longe ela parece uma boneca de pano” pensou Rosalie.

-O que aconteceu? Edward perguntou totalmente desinteressado enquanto se sentava ao lado de Emmett no sofá.

-Alice esqueceu o vestido Armani dela em seu apartamento. Respondeu Jasper.

-NÃÃO! EU ESQUECI OS ESCAMBAU ROUBARAM MEU ARMANI. ROUBARAM!

Alice levantou o rosto bem vermelho e gritou. “Deus, essa menina consegui alcançar decibéis inalcançáveis, que par de pulmões”.  Emmett pensou tapando os ouvidos.

Rosalie e Bella se entreolharam e caminharam juntas em direção à baixinha. Jasper se afastou e sentou ao lado de Edward no sofá. Os quatro apenas observaram a interação entre as mulheres. O desenho esquecido.

-Alice querida, você não quer ligar para a sua mãe? Ela pode ir ao seu apartamento só para ter certeza de que o vestido está lá. Se não tiver aí nos podemos ligar para a policia.

Bella falou passando as mãos pelos cabelos negros pontudos. Rosalie a encarou perplexa.

-Você quer ligar para a policia por causa de um vestido?

Perguntou a loira para Bella. Alice ergueu novamente a cabeça, um biquinho se projetando por causa do tom descaso da amiga.

-Rose, mas é um Armani.

Respondeu chorosa. Aloira teve vontade de rir por causa da infantilidade da amiga, mas segurou por respeito. Alice era uma criança em corpo de mulher. Definitivamente.  

-Alice deixa de doce. Você pode comprar quantos Armani quiser.

Respondeu com um sorriso sincero no rosto. E ao escutar a palavra “doce” os sentidos da grávida que estava logo ali do lado se aguçaram. Os olhos verdes aumentaram, as bochechas coraram, a boca salivou e automaticamente mordeu os lábios. Sua cabecinha já formulando a imagem de um enorme doce de “Romeu e Julieta”. Edward atento, como sempre, a namorada arregalou os olhos ao identificar a expressão de desejo.

-Ah não. Eu conheço essa expressão.

Falou erguendo-se do sofá e apontando para Bella. A atenção voltada para os dois agora.

-Que expressão? Emmett perguntou encarando Bella e tentado entender, mas só conseguia imaginar como ela estava parecendo uma coruja com aqueles olhões verdes arregalados daquela forma.

-Edward, eu quero um doce Romeu e Julieta.

Bella finalmente expressou seu desejo. Edward deu um tapa em sua testa.

~*~

-Ninguém mandou você engravidar a filha dos outros.

Dizia Emmett brincalhão enquanto caminhava ao lado de Jacob que estava ao lado de Edward que estava ao lado de Jasper. Os quatro caminhavam pela calçada de San Diego a procura de um estabelecimento que vende-se o tão desejado doce Romeu e Julieta da Bella. De inicio apenas Edward iria sair, mas Jacob se mostrou “prestativo” e o acompanhou, mas a sua real intenção era apenas analisar as garotas de biquíni. Jasper se apresentou logo em seguida assim que Alice reabriu o berreiro por ninguém estar dando atenção ao fato de que não estarem se importando com seu Armani “roubado”. E por fim Emmett que por falta do que fazer foi acompanhar os amigos, pois de acordo com ele era melhor do que ficar ouvindo conversa de mulheres e o choro de Alice.

E agora estavam os quatro acupando uma calçada inteira olhando de um lado para o outro a procura de um estabelecimento que parecesse vender o doce, ou pelo menos Edward estava procurando. Já que Jasper apenas analisava tudo ao seu redor, Jacob analisava as garotas e Emmett estava em seu mundo particular pensando em como seria se um dia encontrasse com Michael Jackson.

E parece que naquela cidade ninguém vendia esse maldito doce. Por que o por do sol já estava se apresentando e nada de eles encontrarem um estabelecimento.  

Jacob assoviou para uma loira que tentou passar entre ele e Edward, mas foi ignorado. A loira olhou para Edward. “Edward, sempre Edward. Não vejo tanta beleza nesse doutor de malucos.” Pensou o moreno sem maldade.

-Será que não tem um lugar sequer que vende essa coisa?

Perguntou o ruivo irritado.

-E só para constar eu já estou me cansando. Por que não viemos de carro mesmo?

Emmett suspirou alto.

-Não imaginei que seria tão difícil encontrar esse doce.

Edward respondeu ao amigo, já se culpando por não ter pegado o Volvo que alugou assim que desembarcaram na cidade ao invés de caminhar feito um condenado debaixo do sol escaldante.

-Ei aqui do lado não fica o México?

Jacob perguntou agora curioso olhando ao redor, como se dali ele pudesse ver o México. Jasper rolou os olhos antes de responder.

-Não é bem aqui do lado, mas faz fronteira com os Estados Unidos.

-Então é do lado.

Replicou Emmett sussurrando para Jacob que confirmou com a cabeça. Jasper devolveu.

-Não Emmett, não é aqui do lado. Temos que passar por uma barreira policial para entrar no México. Que além disso é separado por uma cerca dos Estados Unidos.

-Sim, mas continua sendo bem aqui do lado.

Replicou novamente, um sorriso provocativo no rosto. É claro que estava nítido ali que começaria uma pequena discussão entre os dois.

-Ê, tudo bem. México, Estados Unidos nem sei por que vocês brigam. Nós somos do Canadá mesmo.

Edward cortou a futura e não tão nova discussão de Emmett e Jasper. Sempre que os dois brigavam as coisas nunca terminavam de forma civilizada. E Jasper sempre saia perdendo. Por que será?

-Edward o que o Canadá tem haver com a história?

Jacob perguntou ao amigo confuso.

-Lá é frio e aqui é um pouco quente. Eu estou começando a ficar fatigado.

Os três encararam o ruivo. O que isso tinha haver com o assunto mesmo? Ninguém sabia.

-Nós podemos beber algo.

Comentou casualmente Jacob. Os amigos concordaram antes de seguirem em direção a um bar bem suspeito.

A fachada estava pinchada com frases como “O Punk não morreu” ou “Foda-se o capitalismo medíocre”, com infiltrações que deixavam a parede fofa onde os pedaços de cimento ainda não tinham caído e o chão imundo com papeis, copos descartáveis, vidro quebrado, plástico e bituca de cigarro espalhados.

Por dentro não tinha tanta diferença. O cheiro forte de suor, bebida e cigarro misturado fizeram os quatro amigos enrugarem os narizes. Homens sem camisa, com tatuagens e piercing olharam em direção aos “mauricinhos”. É eles poderiam ser denominados de “mauricinhos.” Estudaram na melhor escola de Montreal, moraram em um luxuoso condomínio de casas e eram filhos de pessoas ricas e influentes. Apesar de nenhum se utilizar desses artifícios para se sentirem superiores.

Jasper engoliu em seco antes de sentar ao lado de Emmett que analisava todo o lugar.

Quando um homem franzino, de óculos de armação grossa e sotaque português apareceu para atendê-los eles não faziam ideia que ali começaria a maior aventura que eles passariam juntos. Uma inesquecível aventura.

Primeiro, Jacob se levantou para ir ao banheiro quando encontrou no meio do caminho um homem barbudo, usando uma camisa de banda, as calças jeans rasgadas, com diversas tatuagens e piercing, com um cheiro forte de álcool e os olhos vermelhos e que lhe ofereceu um papel amarronzado dizendo que eram as pílulas da alegria. Jacob deu 15 dólares nas pílulas e quando voltou para a mesa deu aos amigos que meio desconfiados acabaram engolindo. 

Segundo, ali do lado tinha outros quatro amigos com as mesmas pílulas.

E por fim a noite começava a chegar e como diz aquele ditado “a noite é uma criança e você o brinquedinho dela.”

Emmett, Edward, Jacob e Jasper um dia assistiram a um filme que se chamava “Se beber, não case.” Amigos que acabavam se metendo na maior encrenca por causa de alguma droga e que no dia seguinte não se lembravam de nada e pior sempre perdiam alguém e passavam o dia todo procurando a pessoa. Era um divertido, hilário, mas Edward dissera:

-Isso só acontece em filmes.

Os amigos concordaram.

Mas no dia seguinte eles vão descobrir que na verdade, isso não acontece só em filmes.

~*~

-Eu vou a banheiro.

Jacob falou se levantando da cadeira. Ninguém lhe deu atenção. Edward já pedia quatro copos de cerveja.

O moreno encontrou o banheiro e seguiu em direção a ele já imaginando o ambiente imundo que encontraria. “Ainda bem que não sou mulher.” Pensou.

Já ia abrindo a porta quando escutou uma voz lá no canto do corredor. E encarou o homem sentado em cima de um caixote. A aparência bem suspeita.

-Ei amigo, quer um?

O homem estendeu a mão cadavérica em direção á Jacob, mas o moreno não conseguia ver o que o velhote lhe oferecia. Aproximou-se do homem, curioso.

-E o que é isso?

Perguntou desconfiado encarando o papel na mão do homem. Os braços cruzados em frente o corpo como que o protegendo.

-Isso é a pílula da alegria. Ela lhe garante 08 horas de pura diversão, adrenalina correndo nas veias e melhor nada de cansaço. Sem efeitos colaterais. Quatro por 15 dólares.

O sorriso desdentado do velho fez Jacob altear uma sobrancelha grossa. Os únicos dentes ainda restantes estavam amarelados.

Como educador físico Jacob sabia dos riscos que essas “pílulas da alegria” traziam ao organismo, mesmo que não fosse nada físico como dores de cabeça, enjoou ou tontura. Mas dane-se eles está de férias, não teria de qualquer maneira ir para a escola na segunda-feira para dar aulas. Pensou por mais alguns segundos antes de chegar a uma decisão.

O moreno meteu a mão no bolso e tirou o dinheiro. Guardou o papel amarronzado no bolso da calça e seguiu para o banheiro.

Como imaginará. “Poderia pegar uma dst aqui.” Pensou encarando o ambiente imundo, alagado e com cheiro de fezes.

Quando voltou a mesa jogou as pílulas em cima da mesa. Todos o encararam.

-O que é isso?

Perguntou Edward segurando uma das pílulas na mão as analisando.  

-A pílula da alegria.

Respondeu o moreno sorrindo. Jasper arregalou os olhos verdes pousando o copo de cerveja na mesa e dizendo cético.

-Você só pode estar brincando Jacob Black.

Emmett encarava as pílulas como que balançando os prós e contra ate que finalmente pegou uma na mão e jogou na boca. Logo em seguida tomando um longo gole de cerveja. Edward gritou.

-VOCÊ TÁ MALUCO?

O bar voltou á atenção em direção aos amigos, inclusive os outros quatro garotos da mesa ao lado.

-O que foi? Perguntou Emmett inocentemente.

-Nós nem sabemos o que é isso Emmett. Quer dizer isso é uma droga, só resta saber qual e o que faz.

Respondeu o ruivo baixo. Jacob pegou uma na mão e repetiu a mesma ação do amigo á jogando na boca e tomando um longo gole de sua bebida.

-O cara diz que ti traz alegria. Respondeu dando de ombros como se não fosse muita coisa.

-É talvez seja por causa disso que o nome é pílula da alegria.

Jasper disse irônico. Emmett e Jacob os ignoraram.

-Ah vamos lá. Eu não estou sentido nada. Vai ver o velhinho só queria ganhar uma grana. Anda.

Incentivou Jacob. Edward e Jasper se entreolharam.

-Isso vai contra tudo que eu estudei sabia?

A pergunta retórica de Edward foi ignorada. O ruivo indeciso acabou pegando a pílula na mão. Deu uma analisada e a engoliu. Jasper acabou engolindo a sua também. Não é como se ele fosse acordar na cama com um travesti.  

Em uma hora os quatro já não estavam mais sozinhos. Os outros quatro amigos da mesa ao lado se juntaram a eles.

Ethan McEwan, Joshua Phoenix, Tim Popper e Gabriel Lucas.

E eles agiam como se fossem amigos de longa data.

Dando gargalhadas, contando piadas, dando soquinhos um no outro e pedindo mais e mais bebida.

O céu já estava escuro, a lua subirá e brilhava com toda a sua ostentalidade no céu sem estrelas as pessoas começaram a desocupar o bar deixando apenas os oito novos amigos. As ruas foram ficando desertas. E o calor dava espaço para o frio.

Não muito longe dali três mulheres tinham celulares em mãos e tentavam ligar para seus namorados e noivo. Sem sucesso.

~*~

-Oh meu Deus aconteceu alguma coisa com eles. Talvez foram sequestrados ou assassinatos. AH VIUVA ANTES DA HORA! CHAMA A POLIAL, CHAMA A POLICIAL!

Gritava Alice, como sempre histérica enquanto caminha de um lado para outro, na sua mão um salto Louboutin.

-Não, não acho que eles foram sequestrados ou mortos. Pra mim eles tão aprontando alguma coisa. É a única explicação.

Rose comentou pensativa. O rosto sério em uma expressão pensativa.

-Eu só queria meu doce de Romeu e Julieta.

Os olhos verdes de Bella brilharam, desta vez de decepção, enquanto acariciava a barriga volumosa que o bebe chutava animadamente.  

~*~

De volta ao bar, oito homens altos e fortes saiam falando alto e se escorando um ao outro, caminhando sem rumo.

A noite apenas estava começando.