Niall já tinha ido embora. Chequei no meu celular, quem tinha me ligado. Não reconhecia o número, nem mesmo era de Londres. Estranhei, poderia ser meu pai ou a minha mãe. Mas eu nem me lembrava mais o número deles. Esperei Cassie chegar para depois checar se o número era o mesmo. Fiz minhas tarefas, estudei bastante, porque eu já ia ter prova na próxima vez. Eu ia ter prova na quarta, e como era quarta, eu precisava começar a estudar. Porque eu sabia que iria passar o fim de semana com o Niall e nem iria dar tempo de estudar. 

Estava no meu quarto, lendo. Escutei a porta se abrindo, sabia que era a Cassie. Deixou meu livro de lado, peguei meu celular e fui até ela. Ela estava colocando sua bolsa no sofá e se sentando. Ela parecia extremamente exausta.

- Oi Cassie. - Disse me sentando do lado dela no sofá. 

- Oi... - Disse ela cansativa. 

- Tá tudo bem? 

- Só estou cansada. 

- Entendi...Cassie?

- Fala Amelya. 

- Você reconhece este número? - Mostrei pra ela no meu celular.

- Ah..é dos seus pais. Pode pegar meu celular para ligar para eles. 

- Obrigada, mas você passou o meu número pra eles?

- Passei sim. Ah, meu celular está na bolsa. 

Me levantei, e peguei a bolsa dela que estava do outro lado do sofá. Peguei o celular dela e disquei o número. Tocou algumas vezes e logo minha mãe atendeu. 

- Alô? - Disse ela. 

- Oi mãe. Você me ligou? 

- Ah, oi filha...tudo bem? Liguei sim. 

- Tudo certo, e com você? 

- Também...era pra avisar sobre o seu irmão. 

- O que tem ele? - Já fiquei com a voz mais séria. 

- Ele foi fazer a cirugia...lembra que o seu pai disse que ele faria?

- Lembro, porque não me avisaram antes? 

- A gente tentou...você não atendeu! 

Fiquei quieta por um tempo, desde da última ligação, eu percebi que meu pai e tanto a minha mãe, estavam extremamente estranhos. Eu não estava entendendo, eu sabia que eles não iriam me falar nada. No meio de todos esses pensamentos, minha mãe começou a dizer.

- Amelya? Tá ai? 

- Oi...sim. Quando ele terminar a cirugia, me liguem! 

- Claro que iremos ligar.

- Não sei né, do jeito que vocês tem agido normalmente.

- O que você quer dizer com isso Amelya? 

- Esquece mãe...ah, eu to namorando. - Disse na maior normalidade do mundo. 

- Como assim!? Namorando!?

- É, eu estou.

- Com quem? 

- Uma cara aí. Me liga depois. 

- Mas filha... 

Desliguei o telefone antes que ela pudesse terminar a frase, eu estava totalmente longe deles, e eles ainda agiam estranhos comigo. E se eu contasse para a minha mãe sobre Niall, ela iria me encher de criticas, dizendo que isso não vai dar certo. Eu conheço minha mãe. 

Cassie estava deitadona no sofá. Quando eu coloquei o celular dela, novamente na bolsa, ela me olhou. 

- Tá tudo bem? 

- Não, meu irmão tá fazendo uma cirugia e meus pais estão estranhos. 

- Deve ser a tensão da cirugia Amelya. 

- Tanto faz também. - Disse pegando meu celular que havia jogado no sofá enquanto eu falava com a minha mãe. 

Fui até ao meu quarto e fiquei lendo. O que mais me irritava, era eles estarem normais até demais para um filho que estava fazendo cirugia. E se fosse eu? E se fosse eu que estivesse fazendo cirugia e eles estivessem assim? Não fazia sentido. 

Já era de noite, arrumei minha mala para o dia seguinte. Cassie fez o jantar. Jantei e escovei meus dentes e resolvi dormir. Mesmo não estando com sono, mesmo sabendo que iria ficar revirando até eu descobrir se meu irmão estava bem ou não. 

Desta parte até o final, Laura, mãe de Amelya, vai narrar. 

Amelya estava desconfiando, mas não poderiamos contar para ela. Eu estava tão arrasada quanto qualquer mãe. Eu queria explodir no momento em que eu disse pra Amelya, que Ryan estava bem. Ele não estava. Ele já havia feito a cirugia há alguns dias atrás. Mas a cirugia não sai tão bem sucedida como todos esperavam. Ele estava realmente mal, eu e Bruno, pai da Amelya, decidimos que não iriamos contar para ela. Obvio, ela queria no exato momento voltar para o Brasil. Mas era o momento tão esperado, de estar em Londres, não tinhamos o direito de tirar isso dela. Estavamos no hospital quando eu falei com Amelya no telefone, estava eu, Bruno e Megan. 

Me juntei a eles que estavam perto do Ryan. 

- Como ela está? - Perguntou Megan. 

- Está bem, apenas confusa. Ela sabe que tem algo de errado acontecendo. - Disse passando a mão no pescoço. 

Bruno veio mais perto de mim, me beijou na cabeça. Minha filha estava em Londres, meu filho podia morrer a qualquer hora. 

Quando me levaram sobre o Ryan, eu não quis escutar o que tinha acontecido, apenas te ter escutado 'Laura, a cirugia não deu certo.' Meu mundo caiu, eles tentaram me explicar, mas eu me recusei a escutar. Ficamos um tempo ao lado de Ryan, logo Megan se despediu de nós. 

- Tia, vai dar tudo certo. Eu tenho certeza disso. - Disse ela segurando as minhas mãos. 

Eu abracei ela, ela se despediu do meu marido. E antes de sair do quarto do hospital. Ela disse.

- Se você puder...da próxima vez, que falar com a Amelya...diga a ela que eu mandei um beijo, tudo bem? 

Apenas assenti com a cabeça. Ela se virou e se foi. Eu queria passar a noite no hospital com o Ryan. Mas Bruno achou melhor não, eu já estava lá há um tempo. Eu estava realmente cansada, mas estando perto dele, eu não conseguia descansar por um momento. Fomos até em casa, coloquei minhas coisas na mesa da cozinha. Fui direto ao meu quarto, coloquei meu pijama, estava quente. Escovei meus dentes e dormi. 

Quando eu acordei, eram 3h30 da manhã. Meu celular estava tocando, me levantei rapidamente e peguei meu celular. Era do hospital. 

- Alô!? - Disse desesperada. 

- Senhora, você poderia vir aqui no hospital. Estamos com um problema em relação ao seu filho. 

Apenas desliguei o celular, coloquei qualquer roupa. Acordei o Bruno, e disse o que a mulher havia me dito. Ele se trocou, e fomos logo para o carro. Eu ficava me repetindo o tempo todo, 'Eu devia ter ficado no hospital. Eu devia.' 

Quando chegamos no hospital, fomos logo para o quarto do Ryan. Ele estava deitado, dormindo. Agradeci a Deus por ele estar bem. O médico logo veio. 

- Laura, Bruno. Eu nem sei como dizer isso para vocês.

Meu coração se acelerou, meu filho estava bem, como antes. Olhei para o Bruno, segurando as mãos dele. 

- Ele...

- Ele tá bem né? - Disse sorrindo. 

- Laura, seu filho...ele morreu.