Sabe aquela garota perfeita, que todo o garoto olha e acha bonita, e ninguém é capaz de botar um defeito? Então. Essa é minha melhor amiga.

Os cabelos pretos, lisos e enormes, completamente naturais. Olhos azuis... Um azul perfeito, claro e escuro ao mesmo tempo. O sorriso também perfeito, e ela nunca usou aparelho na vida. As bochechas rosadas, mesmo quando não está maquiada e corpo perfeito. É, eu sei. Se você conseguiu imagina-la do jeito que realmente é, você sabe do que eu estou falando: total humilhação. Quer dizer, eu sou uma garota comum: Cabelos castanhos ondulados até o meio das costas (talvez um pouco mais), olhos castanhos na sombra e (pelo menos isso) esverdeados quando estou no sol. Branquinha e hm, normal, é. Tipo, eu não sou gorda e tal, mas também não sou magra-e-totalmente-perfeita como a senhorita Amber. Ah, claro, esse é o nome dela, da minha melhor amiga. Amber. E ela é um pouquinho mais alta do que eu (pra meu ódio). A Amber é popular. Quer dizer, todo mundo sabe quem é ela. Tipo, ela é considerada uma das mais lindas do colégio. Mas não anda com as, hm, patricinhas. Nem com as que se acham. Ela bem que podia, mas não quis. Bom, vou explicar. Entrei na escola aos 9 anos. Quando cheguei, não tinha nenhum amigo/amiga. Então eu esbarrei com o Scott. Bom, o Scott... Na época ele era mais baixo que eu, cabelo loiro-escuro e olhinhos azuis brilhantes. Ele tava correndo e me atropelou, me derrubando no chão com tudo. Então ele pediu desculpas (pelo menos foi educado) e continuou correndo de um garoto ruivo. Na verdade, depois disso passei uns 4 anos sem ver o Scott. Ok, meio que eu nem sabia o nome dele. Na 7ª série voltamos a ser colegas e ficamos amigos. Mas o Scott estava com o cabelo cor de mel e mais alto que eu. Só um pouco. Eu só fui descobrir que era ele o garotinho loiro que me derrubou na 3ª série há tipo 3 semanas!! (Nota: Nós estamos no 1º ano E.M.). Mas voltando aos 9 anos. Depois que o Scott me derrubou, catei todo o meu material do chão e fui pra sala. Me deparei com: O grupo do valentões (sorte que não atacam meninas); O grupo dos estranhos (Basicamente? Um garoto com o cabelo preto no ombro e cobrindo os olhos, todo de preto, e uma loira com óculos fundo-de-garrafa, aparelho, sardas e lendo um livro de química. É. Química. NA 3ª SÉRIE.); e o grupo das patricinhas ( a Amber, junto com um bando de meninas loiras, algumas com cabelo escorrido e uma com o cabelo curto e cacheadinho que parecia ser um anjo, porém, estava de salto alto. O que me causou um pouco de espanto, por que, bom, quando eu usava meu all star meio alto eu saia tropeçando e batendo em tudo por aí. Imagina com AQUILO.) Amber estava bem no meio e TODAS as meninas passavam a mão gentilmente em seu cabelo preto e enorme, elogiando de todas as maneiras possíveis. Um bando de baba-ovo, na verdade. Assim que vi essa cena, cheguei a conclusão de que Amber era, junto com as outras, total patricinha. Mas o que eu não havia notado é que a cada elogio ela revirava os olhos azuis brilhantes, entediada. Três dias depois, sem mal dizer uma palavra na escola, estava sentada na minha mesa, rabiscando desenhos bobos em meu caderno, quando ela sentou do meu lado. Notei então que, ao contrário das outras, Amber não vestia só roupas rosas nem andava com óculos escuros na cabeça pela escola. Ela estava de saia jeans, botas cor caramelo e uma blusinha azul muito fofa. (Como eu lembro desses detalhes? Ah, eu não lembrava, mas anotei tudo num caderninho e achei aqui em casa esses dias.). Ela sorriu, toda fofa e disse um oi, bem meigo.

– Oi! – Respondi, um pouco animada por ter alguém com quem falar. Crianças podem ser tão cruéis quanto adolescentes.

– Amber. Mas acho que você já sabe. – Ela sorriu.

– É, eu ouvi dizer. – Sorri de volta.

– Então, seu nome é Cassie?

– É.

–Hm. Seu caderno é legal. Vai passar o recreio com quem hoje?

– Ah, brigada... Sozinha, eu acho.

– Ah. Posso passar com você?

– Claro!

– Legal. Até então.

Mas, hm, as garotas do grupinho dela não ficaram muito satisfeitas com isso.

– Han... Amber? O QUE você tá fazendo? – Perguntou a loirinha dos cabelos cacheados.

– Lanchando, ué!

Tive que conter uma risadinha.

– Com... Ela? – Apontou pra mim com desprezo.

– É. Porque?

Todas riram.

– Amber, não precisa disso, já é popular, dããã!

– Talvez eu esteja fazendo isso porque eu queira. – Ela deu de ombros e mordeu o hambúrguer.

As loiras-rosadas se olharam como se aquilo fosse algo de outro mundo.

– Bom, se quizer vir, vamos estar no lugar de sempre. Te esperando.

– Não sei se irei, Shannon. Estou bem aqui.

Foi aí que soube o nome da loirinha de cabelos cacheados. Shannon. Ela só revirou os olhos e saiu andando, seguida das outras loiras do grupinho.

– Porque não foi com elas? – Perguntei.

– São muito chatas! Só sabem falar de meu cabelo, me elogiar e repetir o quanto são ricas e quem tem mais coisas da cor rosa. Quer dizer, nada contra rosa, mas meu deus, assim já é demais!

E foi mais ou menos aí que eu comecei a gostar realmente da Amber. E somos amigas até hoje.

E até hoje a Shannon faz, hm, propostas a Amber. Pra ela voltar ao grupinho. Essas coisas.

Mas ela recusa todas. Fala sério, amo muito ela! Quanto ao Scott... Bom ele é meu amigo, mas não é sempre que a gente conversa, já que ele tem outros amigos e amigas e talz. É, ele é meio popular. Mas só meio, porque não gosta muito de aparecer. O problema é que ser o astro do time de basquete da escola não foi uma das melhores idéias do mundo pra quem não quer chamar atenção. Na verdade, meu melhor amigo é o Drake. Ele é um pouco mais alto que eu, cabelos escuros encaracolados e rostinho de criança. Segundo a Amber, ele lembra muito o Dan de Gossip Girl. Mas eu nunca concordei totalmente com isso, porque, bom, o Drake não é tão gatinho assim, fala sério. Mas ele é um fofo. Quando quer, só pra esclarecer. A namorada dele é completamente LOUCA por ele. E bem ciuementa, constando. Mas ela até gosta da gente. E acho que ela não tem do que reclamar, já que o Drake parece bem apaixonado.

Conheci o Drake na 5ª série. Ele era lá da sala e não falou com ninguém nas duas primeiras semanas. Então a Amber virou pra mim:

– Ei, Cassie, sabe o garoto novo?

– Sei, o que é que tem?

– Ele parece você nos primeiros dias de aula da 3ª série!

– Para com isso!

– Sério! Todo tímido, não fala com ninguém... Dá até pena! Vô lá falar com ele.

– Que? Assim... do nada? Você é louca?

– Olhe, aprenda como se faz e, um dia, faça.

Mencionei o quão meiga a Amber é? ¬¬

Ela sentou-se ao lado do Drake.

– Oi!

–... Oi...

– Amber. Mas acho que você já sabe. – Ela sorriu.

– É, eu já... ouvi falar de você.

– Então, Drake não é?

– É.

Eu observava de longe, achando aquilo tudo meio... Familiar. Amber deu uma olhada nas coisas do Drake até bater o olho num lápis vermelho, com uma torre Eiffel desenhada na lateral.

– Ei, seu lápis é bem legal! Vai passar o recreio aonde hoje?

– Ah, valeu... Na biblioteca, eu acho. Tenho ido pra lá.

– Legal! Nos vemos lá então.

Ela se levantou como se acabasse de ter feito a coisa mais normal do mundo e veio ao meu encontro.

– Aprendeu?

– Fui só eu que tive um Déjà vu agora?

Ela riu e foi se sentar. Foi nesse recreio, hm, atualmente chamado de intervalo, que conhecemos o Drake e ele se tornou nosso melhor amigo. Até hoje. Bom, ele sempre foi fofinho e tal, e as meninas que ficaram com ele na 7ª série ficavam louquinhas por ele. Ele é o tipo de garoto que quando você conhece, se encanta com coisas como cavalheirismo, etc. Por isso não demorou muito pra ele começar a namorar. O nome dela é Cameron. No geral ela também é muito fofa, mas ela é meio rebelde e as vezes, hm... Estressada. Digamos que ela NÃO tem pavio. Ela é mais baixa que eu, mas não pode ser chamada exatamente de baixinha, a altura dela é aceitável. O cabelo é curto (batendo no ombro) e ruivo, num tom entre laranja e vermelho, normalmente liso, mas as vezes ela resolve ondular. Bem branquinha e com sardas no rosto, Cameron é bem divertida e sai com a gente muitas vezes durante a semana. Só que ela é meio que ciumenta DEMAIS. E isso as vezes irrita o Drake.

A Cameron era loira e quieta, assim, na medida do possível, mas quando seus pais se separaram, ela... Não sei bem, acho que se revoltou um pouco. Cortou o cabelo na nuca e tingiu de ruivo. Isso já tem quase um ano, assim como o namoro dela com o D.

Estamos no final do 1º ano e eu e a Amber estamos sozinhas. Por que eu estou sozinha? Falta de oportunidade. Porque a Amber está sozinha? AI EU JÁ NÃO SEI, PERGUNTA PRA ELA! –ok, não. É que ela é muito exigente. Pelo menos acho que é por isso.